Dom de línguas: diferenças entre revisões

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{{minidesambig|a moderna interpretação de algumas seitas cristãs|Glossolalia}}
'''Dom de línguas''' é um fenômeno [[religião|religioso]] [[cristianismo|cristão]], que deriva da narrativa contida no livro de [[Atos dos Apóstolos]] do [[Novo Testamento]], onde, sob inspiração do [[Espírito Santo]], os primeiros seguidores de [[Jesus Cristo|Jesus]] teriam falado em [[Jerusalém]] e os estrangeiros ali presentes entenderam as preleções, cada qual em seu idioma, conforme grifado abaixo<ref name=aa>[[Bíblia Sagrada]], tradução de [[João Ferreira de Almeida]], 1969, Atos, capítulo 2</ref>:
# E CUMPRINDO-SE o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
# E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
# E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pusaram sobre cada um deles.
# E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a '''falar noutras línguas''', conforme o Espírito Santo lhe concedia que falassem.
# E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
# E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque '''cada um os ouvia falar na sua própria língua'''.
# E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
# Como, pois, '''os ouvimos, cada um, na nossa própria língua''' em que somos nascidos?
# Partos e medas, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia,
# E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
# Cretenses e árabes, todos os '''temos ouvido em nossas próprias línguas''' falar das grandezas de Deus.
# E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?<ref>{{citar web|url=http://pt.wikisource.org/wiki/Jo%C3%A3o_Ferreira_de_Almeida_1819_(ortografia_atualizada)/Atos/II|titulo=Atos, Capítulo II, versículos 1-12 - Wikisource|ultimo=Almeida|primeiro=João Ferreira de |data=1819|obra=Bíblia Sagrada|acessodata=03/05/2010}}</ref>
 
Por '''dom de línguas''', pode estar à procura de:
Ainda segundo o relato bíblico, os forasteiros primeiramente teriam zombado dos apóstolos, dizendo que estes estavam "cheios de [[mosto]]", isto é, bêbados. O Apóstolo [[São Pedro|Pedro]] então, levantando-se, procedeu a uma fala, ao final da qual quase três mil pessoas haviam se convertido.<ref name=aa/>
 
*[[Falar em línguas]] - interpretação teológica tradicional para os fatos narrados em Atos dos Apóstolos; não admite a repetição dos fatos do Pentecostes.
==Doutrina cristã tradicional==
*[[Glossolalia religiosa]] - interpretação teológica moderna sobre os mesmos fatos, onde a admissão de que os fenômenos de Pentecostes se reproduzem nos tempos atuais gerou os movimentos pentecostais e de renovação.
Segundo a doutrina cristã tradicional, antes do advento das [[seita]]s autodenominadas [[pentecostalismo|pentecostais e neo-pentecostais]], o fenômeno de '''falar em línguas''' foi restrito ao fato de [[Pentecostes]].<ref name=veritas>{{citar web|url=http://pibdivinomg.org/Estudoint/Linguas3.pdf|titulo=A Carta de II Coríntios confirma a solução dos problemas da Igreja em Corinto|ultimo=Pereira|primeiro=Pr. Luiz Fernando|obra=Cap. XV|formato=PDF|acessodata=03/05/2010}} Esse estudo baseia-se na seguinte bibliografia:<br>GARDINER, Jorge E. . A Catástrofe Corintiana. IBR, 1991<br>FRANKLIM, Wilson. A Ação do Espírito Santo nas Igrejas. JUERP, 2000<br>TARRY, Joe E. Paulo apoiou “as Línguas” em Cristo? 1989<br>LIMA, Delcyr de Souza, O Pentecoste e o dom de Línguas. 1ª Edição, JUERP<br>FERREIRA, Franklin. A Igreja Cristã – Da Origem aos dias atuais. Edições Vida Plena. 2000.<br>GROMACKI, Robert G. Movimento Moderno de Línguas. JUERP, 1.972</ref>
*[[Glossolalia]] - conceito psiquiátrico e linguístico para diversos fenômenos/fatos de fala incompreensível.
*[[Xenoglossia]] - conceito psiquiátrico e fenômeno reconhecido por alguns, em que o indivíduo fala idioma que desconhece.
 
[[Categoria:CristianismoDesambiguação]]
Segundo esse entendimento, o fenômeno de línguas narrado em Pentecostes não é o mesmo narrado em São Paulo, na primeira carta aos coríntios - sendo esse decorrente do [[paganismo]] que ainda se praticava naquela cidade da [[Grécia Antiga]].<ref name=veritas/>
 
==Interpretações para o ''Dom de línguas'' ==
Apesar da descrição bíblica ser clara, algumas denominações religiosas confundem o chamado ''dom de línguas'' com a [[Glossolalia]], ou mesmo com a [[xenoglossia]]. Assim, tem-se a glossolalia como a tradução para o dom de línguas em denominações como a [[Assembléia de Deus]] e a [[Congregação Cristã]], ambas de origem [[EUA|estadunidense]] e [[pentecostalismo|pentescotais]], aspecto que enfatizam em sua [[teologia]].<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000300010&script=sci_arttext&tlng=en|titulo=Expansão pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal|ultimo=Mariano|primeiro=Ricardo|data=2004|obra=revista Estudos Avançados, vol.18 no.52 |publicado=in: Scielo |acessodata=24/04/2010}}</ref> Já a xenoglossia, segundo estudos [[Antropologia|antropológicos]] feitos no [[Brasil]], são mais raros, pois consistem em falar-se uma língua, viva ou morta, existente; O sociólogo Pedro A. Ribeiro de Oliveira, por exemplo, consignou em sua pesquisa a existência de apenas um caso de xenoglossia (ou ''xenolalia''), entre os grupos evangélicos pesquisados, apontando que a grande maioria dizia falar em "..glossolalia, isto é, um conjunto de sons pronunciados de modo ritmico, sem significação aparente."<ref name=antropo>{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012003000100001&script=sci_arttext&tlng=en|titulo=''Bailando com o Senhor'': técnicas corporais de culto e louvor (o êxtase e o transe como técnicas corporais)|ultimo=Maués|primeiro=Raymundo Heraldo |data=2003|obra=Revista de Antropologia, vol.46 no.1, São Paulo|acessodata=24/04/2010}}</ref>
==Dom de línguas na modernidade ==
Existem, nas modernas acepções para o "''dom de línguas''", três formas de manifestação nos cultos religiosos: o ''falar'', o ''orar'' e, finalmente, o ''cantar'' em "línguas". Quanto à condição consciencial do momento diz-se que podem ser extáticos e não-extáticos, em suas variantes o orador mantendo quase sempre a consciência do quanto lhe ocorre ao redor, como em situações registradas em cultos afros e da [[Renovação Carismática Católica]].<ref name=antropo/>
 
Oliveira Júnior, estudioso da [[PUC]], refere-se à glossolalia como a "língua dos anjos" e que, portanto, não precisa de significado outro, senão aquele contextual no qual está inserido, chamando-a, entretanto, de "''glossolalia religiosa''".<ref>{{Ref-livro|sobrenome=Oliveira Junior |nome=Antonio Wellington de |título=Línguas de anjos: sobre glossolalia religiosa|editor=Editora Annablume|local=São Paulo|publicação=2000|páginas=80|id=8574191515}}</ref> Segundo este autor o embasamento para o dom de línguas pelas denominações cristãs modernas afastam-se do conceito dos Atos dos Apóstolos, e fiam-se nas epístolas de [[Paulo de Tarso]], notadamente com expressões que considera ligadas aos fatos narrados em Atos, tais como: "língua dos anjos" (1 Coríntios, 13,1), "palavras inefáveis ditas no paraíso" (2 Cor. 12,4), "cantos em espírito" (1 Cor. 14, 15; Efésios 5, 19), "gemidos inefáveis", dentre outras.<ref>Oliveira Júnior, op. cit., pág. 43 e seguintes - "São Paulo e o dom"</ref>
{{referências}}
 
{{esboço-cristianismo}}
 
[[Categoria:Cristianismo]]