Emanuel Araújo: diferenças entre revisões

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'''Emanuel Oliveira de Araújo''', ([[Aracaju]], [[24 de dezembro]] de [[1942]] - [[Brasília]], [[15 de junho]] de [[2000]]) foi um historiador, tradutor e editor brasileiro.
== Biografia e obras ==
'''Emanuel Oliveira de Araújo''', historiador, tradutor e editor brasileiro, nasceu em [[24 de dezembro]] de [[1942]] em [[Aracaju]], no estado de [[Sergipe]], no [[Brasil]], e faleceu em [[15 de junho]] de [[2000]] em [[Brasília]], [[Brasil]]. Foi casado com Sônia Maria S. de Lacerda, professora do departamento de História da [[Universidade de Brasília]], e autora de ''Metamorfoses de Homero: história e antropologia na crítica setecentista da poesia épica''.
 
== Biografia e obras ==
Exerceu a docência e a pesquisa no Departamento de História da Universidade de Brasília, entre 1968 e 1971, retornando em 1989, na condição de professor reintegrado. Em 22 de março de 1995, tornou-se professor titular, tendo recebido nota máxima nas provas de títulos e na argüiçãoarguição. Recebeu o título de [[Professor Emérito]] (''post mortem'') da Universidade de Brasília em 2002.
 
Concluiu em 1965 o curso de teoria do teatro da Escola de teatro da [[Universidade Federal da Bahia]], onde chegou a ministrar cursos de dramaturgia e literatura dramática. Também foi crítico de teatro, escrvendoescrevendo para o ''Jornal da Bahia'', em Salvador.
 
Em 1966, Emanuel Araújo foi para Brasília, sendo orientado pelo Professor [[Eudoro de Sousa]], helenista português, criador e diretor do Centro de Estudos Clássicos da UnB, tradutor de obras como a ''Poética'' de [[Aristóteles]] e ''As Bacantes'' de [[Eurípedes]] e autor de livros como ''Dioniso em Creta'' e ''Horizonte e Complementariedade''. A convivência com Eudoro de Sousa possibilitou a Emanuel Araújo uma sólida e erudita formação nas ''Klassische Altertumswissenschaft'', fazendo dele um dos raros brasileiros a dominar a [[grego]], [[latim]], [[hebraico]] e línguas egípcias. É deste período seu primeiro livro, baseado em seu doutorado: ''O êxodo hebreu: raízes histórico-sociais da unidade judaica'', de 1970.
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''A construção do livro'' continua sendo a obra de referência mais consultada por profissionais e leigos interessados no processo de produção editorial. Apostando na existência do livro-objeto pelos séculos futuros, e ciente dos avanços tecnológicos gráficos e editoriais, o autor explica os antecedentes históricos da produção, e detalha os procedimentos mais recentes de sua época. Uma nova edição revista e atualizada foi lançada em 2008 pela Lexikon Obras de Referência e a Fundação Editora da [[UNESP]], com apoio da Fundação [[Biblioteca Nacional]]. O texto original foi acrescido das técnicas surgidas nas últimas duas décadas desde sua primeira publicação. Para facilitar o entendimento e a aplicação dos procedimentos editoriais, o livro é dividido em duas partes. Na primeira, são tratados os problemas de normalização, a fim de solucionar dúvidas e auxiliar os editores, revisores e tradutores quanto à padronização. Na segunda parte, o autor trata do processo industrial do livro, mostrando a designers, supervisores editoriais e produtores gráficos os elementos essenciais para o desempenho de suas tarefas. Por sua clareza e riqueza de informações, ''A construção do livro'' destina-se a todos que se interessam por livros e pelo processo de produção editorial.
 
'''Emanuel Oliveira de Araújo''', historiador, tradutor e editor brasileiro, nasceu em [[24 de dezembro]] de [[1942]] em [[Aracaju]], no estado de [[Sergipe]], no [[Brasil]], e faleceu em [[15 de junho]] de [[2000]] em [[Brasília]], [[Brasil]]. Foi casado com Sônia Maria S. de Lacerda, professora do departamento de História da [[Universidade de Brasília]], e autora de ''Metamorfoses de Homero: história e antropologia na crítica setecentista da poesia épica''.
 
Mesmo após sua reintegração ao quadro docente da Universidade de Brasília, Emanuel continuou na área editorial a serviço da Editora Universidade de Brasília/EDU. Foi seu diretor nos anos de 1992 e 1993 e, depois, Presidente do Conselho Editorial – cargo que somente a morte, em 2000, o afastou. Segundo o professor Amado Luiz Cervo:
 
 
<small>Toda a Universidade de Brasília reconhece o êxito de Emanuel Araújo na consolidação da EDU como uma editora universitária moderna, pluralista em seu escopo, acadêmica em sua qualidade e comunitária em seu alcance. Não perderia, ademais, nosso Professor de múltiplos méritos, a oportunidade de imprimir o toque do humanista às linhas de ação da EDU. Basta percorrer o catálogo para verificar quantos títulos de autores clássicos e de estudos clássicos foram lançados.</small> [http://www.unb.br/unb/titulos/emanuel.php]
 
 
Se ''A construção do livro'' tornou-se obra incontornável e referencial para os editores brasileiros, dois de seus outros livros, ''O Teatro dos Vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial'', publicado em 1993, e ''Escrito para a Eternidade: a literatura no Egito Faraônico'', obra póstuma, publicada três meses após sua morte, não são menos brilhantes.
''Escrito para a Eternidade'' é a tradução de textos originais da literatura faraônica, representantes dos gêneros literários do antigo Egito: literatura fantástica; literatura aventuresca; literatura dramática; literatura crítica ; e literatura gnômica. ''Escrito para a Eternidade'' possibilta a recuperação de preciosas mensagens de sabedoria dos antigos egípcios, um legado deixado pelo erudito Historiador aos leitores brasileiros. O próprio Emanuel Araújo afirma sobre sua obra que
 
 
<small>Este livro, assim, pretende antes de tudo fornecer uma seleção de textos academicamente séria em língua portuguesa, que proporcione uma visão de conjunto do acervo literário do Egito antigo. Acha-se aqui traduzido um corpo representativo (ao que julgo) daquela produção literária que ressalta sua riqueza temática e, na medida do possível, seus recursos estilísticos. Essa tradução, em conseqüência, procurou manter o essencial do espírito da dicção egípcia, por mais que nos soem estranhas certas locuções, repetições, fórmulas etc., ficando descartado por definição qualquer tipo de paráfrase ou interferência maior não assinada devidamente. Assim o leitor tem a possibilidade de uma aproximação mais segura com aquele universo literário, sem evitar as dificuldades e a complexidade inerentes à natureza dos originais. Afinal, como observa um egiptólogo, esses textos "interessam não somente à história da literatura, mas talvez ainda mais à da civilização"</small>
 
 
Já ''O Teatro dos Vícios – Transgressão e Transigência na Sociedade Urbana Colonial'' é um texto de grande importância para a história social e das mentalidades do Brasil colônia. Nas palavras do autor:
 
 
<small>
Ora, desde 1500 o Brasil mudou de regime político, grosso modo, nada menos de três vezes: foi colônia, foi império e hoje é república [...] É inquietante pensar, no entanto, que situações sociais básicas tivessem permeado incólumes quase cinco séculos. [...] Não se trata, evidentemente, de “continuidade”, como se muito do que vemos hoje de distorções e desequilíbrios tivessem chegado a nós da mesma forma como se apresentavam havia séculos. Na verdade, o que permanece incólume e incólume não no sentido de imóvel ou igual a si mesmo é a estrutura de poder, a forma e a fórmula geral com que o Estado, ou quem o representa, mantém seu domínio sobre as pessoas.</small>
 
 
Emanuel Araújo, em sua "conversa com os mortos" não pretende apresentar uma explicação totalizante da sociedade colonial, empreendimento tido por ele como "insano". Seu foco situa-se no comportamento dito como desviante da ordem que o Estado português e a Igreja pretendiam instaurar nos trópicos. Uma sociedade no qual os homens usavam unhas grandes para mostrar que não exerciam nenhuma atividade manual. O trabalho era a tarefa exclusiva do enorme contingente de africanos escravizados. No Brasil colonial a vontade de ser “distinto” era intensa. A hierarquização social parecia despertar este desejo de ser notado, de ser importante. Segundo o autor, esse desejo se revelava nos gastos excessivos com roupas, jóias, escravaria, os quais possibilitavam certo desfrute de superioridade perante outros membros da sociedade, muitas vezes, em detrimento dos bens de necessidade mais imediata como alimentação ou mobiliário. Dessa maneira, “Por que, então, ostentar dentro de casa um luxo que não serviria para ‘provar’ aos outros o quanto se deveria ser pecuniariamente folgado e despreocupado em seu viver?”
 
É notável como Emanuel Araújo pode produzir três importantes livros em áreas distintas: [[editoração]], história do antigo Egito e história do Brasil colonial. Sabe-se que, apesar de toda apologética pela interdisciplinaridade, o atual ''zeitgeist'' ainda privilegia especialização. Por isso a obra de Emanuel Araújo apresenta algo quase impossível para os padrões acadêmicos atuais: uma produção que, mesmo focada em temas tão diversos, nem por isso se rendeu a superficialidade ensaística que ronda muitos de nossos acadêmicos em suas incursões fora de suas paragens intelectuais de origem. Mais que isso: o rigor acadêmico dos textos de Emamuel Araújo apresentam-se vazados numa linguagem que em muito se distancia do puro e simples uso esotérico de jargões.
 
Vale ressaltar que a produção de Emanuel não foi contaminada pelo nocivo espírito hodierno que julga a produção acadêmica a partir de parâmetros industriais, no qual a quantidade de publicações acaba por impossibilitar a qualidade de cada uma delas. Pode-se afirmar que o número relativamente pequeno de publicações por parte de Emanuel Araújo, é um exemplo acabado do preceito defendido pelo filósofo Michael Dummett de que “a única possibilidade que existe de manter a qualidade do trabalho publicado tão alta, e a sua quantidade tão baixa, quanto possível” é só “publicar um trabalho quando já não se visse a possibilidade de o melhorar”.
 
== Formação acadêmica ==
 
 
Graduação pela Universidade Federal da Bahia em Teoria do Teatro em 1965.
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== Obras ==
 
=== Livros ===
*'''O Êxodo Hebreu''': Raízes Histórico-Sociais da Unidade Judaica. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1970.
 
*'''CartasPublicação de PedroDocumentos I à marquesa de SantosHistóricos'''. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/Nova Fronteira, 19841985.
'''O Êxodo Hebreu''': Raízes Histórico-Sociais da Unidade Judaica. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1970.
*'''A Construção do Livro''': Princípios da Técnica de Editoração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
 
*'''PublicaçãoO deTeatro Documentosdos HistóricosVícios''': Transgressão e Transigência Na Sociedade Urbana Colonial. Rio de Janeiro: ArquivoJosé NacionalOlympio, 19851993.
 
'''A Construção do Livro''': Princípios da Técnica de Editoração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
 
'''O Teatro dos Vícios''': Transgressão e Transigência Na Sociedade Urbana Colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.
 
=== Capítulos de livros publicados ===
*A Arte da Sedução: Sexualidade Feminina Na Colonia. In: Mary Del Priore. (Org.). '''História das mulheres no Brasil'''. São Paulo: Contexto, 1997
 
 
A Arte da Sedução: Sexualidade Feminina Na Colonia. In: Mary Del Priore. (Org.). '''História das mulheres no Brasil'''. São Paulo: Contexto, 1997
 
 
 
=== Artigos completos publicados em periódicos ===
Vida*O novaTempo àEm força:Que degredadosOs emAnjos SalvadorEnsinaram noSegredos séculoAos XVIHomens. '''Textos de História''', Brasília, v.6 3, n. 1-2, p. 57128-75144, 19981995.
 
O*Pobres TempoFaraós Em Que Os Anjos Ensinaram Segredos Aos HomensDivinos.... '''Textos de História''', Brasília, v. 34, n. 12, p. 1285-14429, 19951996.
Pobres*Vida Faraosnova Divinos...à força: degredados em Salvador no século XVI. '''Textos de História''', Brasília, v. 46, n. 1-2, p. 557-2975, 19961998.
 
Pobres Faraos Divinos.... '''Textos de História''', Brasília, v. 4, n. 2, p. 5-29, 1996.
 
Vida nova à força: degredados em Salvador no século XVI. '''Textos de História''', Brasília, v.6, n. 1-2, p. 57-75, 1998.
 
 
=== Tradução ===
*TRAUNECKER, Claude. '''Os deuses do Egito'''. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995.
 
TRAUNECKER, Claude. '''Os deuses do Egito'''. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995.
 
 
=== Tradução, Introdução, Notas e Apêndices ===
*'''Papiro Dramatico do Ramesseum'''. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 1974.
 
*'''Escrito para a eternidade''': a literatura no Egito faraônico. Brasília: EdUnB, 2000.
'''Papiro Dramatico do Ramesseum'''. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 1974.
 
'''Escrito para a eternidade''': a literatura no Egito faraônico. Brasília: EdUnB, 2000.
 
=== Introdução, Notas e Apêndices ===
*VILHENA, Luís dos Santos. '''Pensamentos políticos sobre a Colônia'''. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1987.
 
 
VILHENA, Luís dos Santos. '''Pensamentos políticos sobre a Colônia'''. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1987.
 
 
 
=== Coordenação editorial ===
*'''Cartas de Pedro I à marquesa de Santos'''. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/Nova Fronteira, 1984.
 
'''Cartas de Pedro I à marquesa de Santos'''. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/Nova Fronteira, 1984.
 
 
=== Preparação e notas ===
*MATOS, Gregório de. '''Obra Poética'''. Rio de Janeiro: Record, 1992.
 
MATOS, Gregório de. '''Obra Poética'''. Rio de Janeiro: Record, 1992.
== Ligações externas ==
*[http://www2.jornaldacidade.net/artigos_ver.php?id=8776 "Um historiador profícuo"], por Petrônio Domingues
*[http://www.unb.br/unb/titulos/emanuel.php "Emanuel Oliveira de Araújo, Professor Emérito da Universidade de Brasília, post mortem"], de Professorpor Amado Luiz Cervo [http://www.unb.br/unb/titulos/emanuel.php]
*[http://www.senado.gov.br/senado/ilb/BrasildasLetras/mod3_07.html "Princípios e Meios do Pensamento Brasileiro"], Senado Federal
*[http://peufrj.wordpress.com/2008/09/01/emanuel-araujo-como-sempre-essencial-como-nunca/ "Emanuel Araújo como sempre, essencial como nunca"], por Renato Tomaz
 
"Um historiador profícuo" de Petrônio Domingues [http://www2.jornaldacidade.net/artigos_ver.php?id=8776]
 
"Emanuel Oliveira de Araújo, Professor Emérito da Universidade de Brasília, post mortem" de Professor Amado Luiz Cervo [http://www.unb.br/unb/titulos/emanuel.php]
 
"Princípios e Meios do Pensamento Brasileiro" Senado Federal [http://www.senado.gov.br/senado/ilb/BrasildasLetras/mod3_07.html]
 
"Emanuel Araújo como sempre, essencial como nunca" de Renato Tomaz [http://peufrj.wordpress.com/2008/09/01/emanuel-araujo-como-sempre-essencial-como-nunca/]
 
== Ver também ==
 
* [[Universidade de Brasília]]
* [[Egiptologia]]
* [[Brasil Colônia]]
* [[Livro]]
* [[Editoração]]
* [[Tradução]]
 
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