Grande doméstico: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 6:
A origem exata do título de grande doméstico é pouco clara: é mencionado pela primeira vez no {{séc|IX}}, e mais provavelmente deriva do ofício mais antigo de [[doméstico das escolas]], com o epíteto de "grande" (''megas'') sendo adicionado para conotar a autoridade suprema de seu titular, seguindo a prática contemporânea evidente em outros ofícios.{{harvref|Haldon|1999|p=119}} Ambos os títulos parecem ter coexistido por um tempo, com o grande doméstico sendo uma variante mais exaltada dos "simples" domésticos do Oriente e Ocidente, até o final do {{séc|XI}}, quando tornou-se um ofício separado e substituiu os domésticos "simples" como comandante-em-chefe. No entanto, o ofício foi ainda às vezes referido como o "grande doméstico das escolas" ou "do exército", criando alguma confusão a respeito de sua exata identidade.{{harvref|Kazhdan|1991|p=1329}}{{harvref|Guilland|1967|p=414–415, 454–455}} Durante a maior parte de sua existência, o ofício de grande doméstico foi por sua natureza confinado a um único titular. Contudo, a presente dos "grandes domésticos do Oriente/Ocidente" no final do {{séc|XII}} pode identificar o ressurgimento da prática bem-estabelecida de dividir comando supremo do exército, tal como com o doméstico das escolas, entre Oriente ([[Ásia Menor]] e Ocidente ([[Bálcãs]]), enquanto no final do {{séc|XIV}} várias pessoas parecem ter mantido o ofício ao mesmo tempo, talvez de forma colegiada.{{harvref|Kazhdan|1991|p=1329-1330}}{{harvref|Guilland|1967|p=414-415}}
 
Após a [[Quarta Cruzada]], parece que no [[Império Latino]] e nos demais [[Latinocracia|estados latinos]] formados em solo bizantino, o título de grande doméstico foi usado como um equivalente grego para o título ocidental de [grande] [[senescal]] ({{langx|la|''[magnus] senescallus''}}).{{harvref|Van Tricht|2011|p=180}} No [[período Paleólogo]], o grande doméstico foi o inconteste comandante-em-chefe do exército, exceto no caso do imperador realizar a campanha, quando ele funcionou como uma espécie de chefe do estado maior.{{harvref|name=Guill414|Guilland|1967|p=414}} Apesar de sua natureza puramente militar, foi também outorgado para generais e altos cortesãos na forma de uma dignidade honorífica, como nos casos de [[Jorge Muzalon]] ou [[Guilherme II de Villehardouin]].{{harvref|name=Guill416|Guilland|1967|p=416}}
 
O ofício variou em importância na hierarquia cortesã. Sob os imperadores Comnenos, veio imediatamente após os títulos imperiais de [[césar (título)|césar]], [[sebastocrator]] e [[déspota (título)|déspota]]. No {{séc|XIII}}, ascendeu e caiu de acordo com o desejo dos imperadores de honrar seu titular, mas esteve geralmente no sétimo lugar, abaixo do [[protovestiário]] e o [[grande estratopedarca]]. Não foi até concessão do título a [[João Cantacuzeno]] que o oficial firmemente estabeleceu-se mais uma vez como o mais alto título não-imperial, no quarto lugar da hierarquia palaciana.<ref name=Guill416 /> Sempre, contudo, foi considerado como uma das posições mais importantes e prestigiosas, e foi mantido tanto por membros da dinastia reinante ou por parentes próximos do pequeno círculo de famílias conectadas ao clã imperial. Como todos os oficiais bizantinos, não foi hereditário nem transferível, e sua outorga foi a competência do imperador reinante.{{harvref|Guilland|1967|p=416-417}} O ofício também incluía várias funções cerimoniais, como detalhado no registro de ofícios de [[Jorge Codino]].{{harvref|Kazhdan|1991|p=1330}}{{harvref|Bartusis|1997|p=282}}
Linha 15:
* Uma rica túnica de seda, o {{lknb|cabádio||kabbadion}}, decorado com listra de tranças de ouro.
* Um cajado de ofício ({{ilc|dicanício||dikanikion}}) com botões esculpidos, com o primeiro de ouro puro, o segundo de ouro limitado com trança de prata, o terceiro como o primeiro, o quarto como o segundo, etc.
 
== Lista de titulares conhecidos ==
 
=== Império Bizantino ===
Linha 205 ⟶ 207:
| {{lknb|João|VIII Paleólogo}}
| Mencionado pela primeira vez como sendo enviado em uma missão diplomática para a Sérvia em 1437, Andrônico Paleólogo Cantacuzeno foi o irmão da despotisa da Sérvia, [[Irene Cantacuzena]], e manteve o posto até a [[Queda de Constantinopla]] em 1453. Ele sobreviveu ao saque da cidade, mas foi executado pelo [[sultão otomano]] {{lknb|Maomé|II, o Conquistador}} poucos dias depois junto com [[Lucas Notaras]] e outros notáveis.
|<ref {{sfn|Guilland|1967|pname=414}}Guill414 />{{sfn|Nicol|1993|p=371, 390}}{{sfn|Trapp|2001|loc=10957. Καντακουζηνός, Ἀνδρόνικος Παλαιολόγος }}
|-
|}
 
=== Império de Trebizonda ===
 
{| class="wikitable" width="100%"
|- bgcolor="#FFDEAD"
|-
! width="18%" | Nome
! width="15%" | Mandato
! width="18%" | Nomeado por
! width="44%" | Notas
! width="5%" | Refs
|-
| Tzampas
| Desconhecido – 1332
| Desconhecido
| Nada se sabe sobre ele, exceto que foi executado em setembro de 1332 por [[Basílio de Trebizonda]] junto com seu pai, o [[mega-duque]] Leces Tzatzintzaios.
| {{sfn|Trapp|2001|loc=27738. Τζάμπας; 27815. Τζατζιντζαῖος Λέκης}}
|-
| [[Leão Cabazita]]
| 1344 – janeiro de 1351
| [[Miguel de Trebizonda]]
| [[Protovestiário]] e grande doméstico do [[Império de Trebizonda]]. Preso após uma rebelião fracassada contra o imperador [[Aleixo III de Trebizonda|Aleixo III]].
| {{sfn|Trapp|2001|loc=10011. Καβαζίτης Λέων}}
|-
| [[Gregório Meizomata]]
| 1345–1355
| [[Miguel de Trebizonda]]
|
| {{sfn|Trapp|2001|loc=17618. Μειζομάτης Γρηγόριος }}
|-
|}
 
=== Império Sérvio ===
{| class="wikitable" width="100%"
|- bgcolor="#FFDEAD"
|-
! width="18%" | Nome
! width="15%" | Mandato
! width="18%" | Nomeado por
! width="44%" | Notas
! width="5%" | Refs
|-
| [[Jovan Oliver]]
| Antes 1349
| {{lknb|Estêvão|IV Duchan}}
| Um poderoso magnata sérvio, ele manteve uma série de títulos bizantinos derivados na corte de Estêvão Duchan, posteriormente ascendendo ao posto de déspota.
| {{sfn|Trapp|2001|loc=14888. Λίβερος Ἰωάννης}}
|-
| [[Aleixo Ducas Raul]]
| ca. 1355–1366
| {{lknb|Estêvão|IV Duchan}}
| Um magnata local de [[Nea Zichni]], foi o grande doméstico do Império Sérvio.
| {{sfn|Trapp|2001|loc=24111. Ῥαοὺλ, Ἀλέξιος Δούκας}}
|-
|}
 
{{referências|col=2}}
 
== Bibliografia ==
 
{{refbegin|2}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Bartusis|nome=Mark C.|título=The Late Byzantine Army: Arms and Society 1204–1453|editora=University of Pennsylvania Press|ano=1997|isbn=0-8122-1620-2|lingua3=en|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Guilland|nome=Rodolphe|título=Recherches sur les Institutions Byzantines, Tomes I–II|editora=Akademie-Verlag|local=Berlim|ano=1967|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Haldon|nome=John F.|título=Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204|local=Londres|ano=1999|editora=University College London Press|isbn=1-85728-495-X|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Kazhdan|nome=Alexander Petrovich|título=The Oxford Dictionary of Byzantium|editora=Oxford University Press|local=Nova Iorque e Oxford|ano=1991|isbn=0-19-504652-8|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Macrides|nome=Ruth|título=George Akropolites: The History – Introduction, Translation and Commentary|editora=Oxford University Press|local=Oxford|ano=2007|isbn=978-0-19-921067-1|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Nicol|nome=Donald MacGillivray|título=The Last Centuries of Byzantium, 1261–1453|local=Cambridge|editora=Cambridge University Press|ano=1993|isbn=0-521-43991-4|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Trapp|nome=Erich|coautor=Hans-Veit Beyer; Sokrates Kaplaneres; Ioannis Leontiadis|título=Prosopographisches Lexikon der Palaiologenzeit|local=Viena|editora=Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften|ano=2001|ref=harv}}
 
* {{Citar livro|sobrenome=Van Tricht|nome=Filip|título=The Latin Renovatio of Byzantium: The Empire of Constantinople (1204-1228)|url=http://books.google.com.br/books?id=JlnPm2riK1UC&redir_esc=y|ano=2011|local=Leida|editora=Brill|isbn=978-90-04-20323-5|ref=harv}}
 
{{refend}}
 
[[Categoria:Grande doméstico]]