Germânia Superior: diferenças entre revisões

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Os termos "Superior" e "Inferior" para a Germânia não aparecem na ''[[De Bello Gallico]]'' de [[Júlio César]], mas ainda assim ele descreve os povos que viviam na região. A [[Germânia Inferior]] era habitada pelos [[Belgas (tribo)|belgas]] e a Superior, por tribos [[gauleses|gaulesas]], incluindo os [[helvécios]], [[sequanos]], [[leucos]] e [[treveros]]. Estavam ali também, na margem norte do Médio Reno, o que sobrou das tropas germânicas que haviam tentado tomar [[Vesôncio]] sob o comando de [[Ariovisto]] e que foram derrotadas por César em 58 a.C.
 
Os romanos não abandonaram mais a região depois disso. Durante os primeiros cinco anos do reinado de [[Otaviano]] (28-23 a.C.), [[Dião Cássio]]<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/53*.html 53.12]</ref> conta que ele assumiu diretamente o comando das maiores [[província senatorial|províncias senatoriais]] alegando que elas perigavam se revoltar e apenas ele seria capaz de comandas as tropas necessárias para restaurar a segurança de Roma. Elas seriam devolvidas ao [[Senadosenado romano]] dez anos depois e passariam a ser governadas por [[procônsul]]es eleitos pelos senadores.
 
Entre elas estava a Germânia Superior. Aparentemente ela tornou-se uma província nos últimos anos da [[República Romana]]. [[Tácito]] também a menciona como "província da Germânia Superior" em seus [[Anais (Tácito)|Anais]] (3.41, 4.73, 13.53). Dião Cássio entendia que as [[tribos germânicas]] da região eram [[celtas]], uma impressão que talvez lhe tenha sido passada pelo nome "[[Gália Bélgica|Bélgica]]", dado à Germânia Inferior na época. Ele não menciona onde estava a fronteira, mas relata que a Germânia Superior chegava até a nascente do Reno. Não é claro se ele sabia da existência do [[Alto Reno]], na Suíça, a continuação do rio depois do [[Lago Constança]].
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O plano por trás do desenvolvimento do ''[[limes]]'' era relativamente simples. Do ponto de vista estratégico, a ''[[Agri Decumates]]'', a região entre o Reno e o Danúbio, era como uma cunha na fronteira (vide imagem) entre celtas e germânicos, que estes tentaram explorar sob a liderança de Ariovisto. Ela dividia os assentamentos celtas densamento populados ao logo de todo o rio em dois. Forças invasoras podiam, por conta disso, penetrarem na região protegidas pela [[Floresta Negra]]. As obras defensivas romanas, portanto, cruzavam a base desta "cunha", negando assim ao inimigo um corredor seguro e diminuindo o comprimento da fronteira.
 
O ponto chave era a quina da cunha em Moguntiaco, a capital da província, onde estavam localizadas as reservas militares estratégicas romanas e era a base da [[Legio I Adiutrix|Legio I ''Adiutrix]]'' e da [[Legio XXII Primigenia|Legio XXII ''Primigenia]]''. Os fortes que atravessavam a floresta eram relativamente pouco defendidos justamente por estarem sempre sob ataque e, com frequência, terminavam incendiados pelos [[alamanos]]. Porém, como os ataques eram sempre conhecidos com antecedência, as legiões podiam atacá-los em campanhas punitivas ou preventivas a partir de Moguntiaco, [[Argentorato]] ou ainda de [[Augusta Vindelicoro]], do outro lado.
 
Nos anos seguintes, muito mais pacíficos, a ''limes'' perdeu seu caráter temporário e diversas comunidades se desenvolveram à volta das fortalezas. Em 150, muitos dos fortes e torres já haviam sido reconstruídos em pedra e os soldados viviam bons quartéis, também em pedra, com paredes decoradas com [[afresco]]s. As tribos germânicas também mudaram: onde antes César havia queimado miseráveis choupanas de palha dos [[suevos]] de Ariovisto, agora viviam os catos e os [[alamanos]] em confortáveis vilas romanizadas do outro lado do ''limes''.