Axé (gênero musical): diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Desfeita(s) uma ou mais edições de 189.111.100.140, com Reversão e avisos |
|||
Linha 16:
|outros tópicos = ''[[Samba-reggae]]'', [[pagode baiano]], [[arrocha]], ''[[black semba]]'', [[forró elétrico]]
}}
O '''axé
No entanto, o termo "axé" é utilizado erroneamente para designar todos os ritmos de raízes africanas ou o estilo de música de qualquer banda ou artista que provém da [[Bahia]].<ref>
[[
A palavra "axé" é uma saudação religiosa usada no [[candomblé]], que significa energia positiva.<ref name="pdf" /><ref name="ref_livro.3">{{Citar livro|url= |autor=GUERREIRO, Almerinda |coautor= |título=A trama dos tambores |subtítulo=a música afro-pop de Salvador |idioma= |edição= |local= |editora=Editora 34 |ano=2000 |página= |páginas= |isbn=9788573261752 |acessodata= }}</ref> Expressão corrente no circuito musical soteropolitano, ela foi anexada à palavra em inglês "''[[wikt:music|music]]''" pelo jornalista Hagamenon Brito em 1987 para formar um termo que designaria pejorativamente aquela música dançante com aspirações internacionais.<ref name="ref_livro.2" /><ref name="ref_livro.3" />
Linha 28:
== História ==
=== Origens e ascensão ===
As origens do [[carnaval da Bahia]] como conhecemos hoje estão na [[década de 1950]], quando [[Dodô e Osmar]] começaram a tocar o [[frevo]] [[Pernambuco|pernambucano]] em [[guitarra]]s elétricas de produção própria — batizadas de [[guitarra baiana|guitarras baianas]] — em cima de uma fobica (um Ford 1929). Nascia o [[trio elétrico]], atração do carnaval baiano para a qual [[Caetano Veloso]] chamou a atenção do país em [[1975]] na canção "Atrás do Trio Elétrico". Mais tarde, [[Moraes Moreira]], dos [[Novos Baianos]], teria a ideia de subir num trio (que era apenas instrumental) para cantar — foi o marco zero da tradição de grandes cantores "puxando" os [[trios elétricos]]. A partir da década de 1960, paralelamente ao movimento dos trios, aconteceu o da proliferação dos [[bloco afro|blocos afro]]: [[Filhos de Gandhi]] (do qual [[Gilberto Gil]] faz parte), [[Badauê]], [[Ilê Aiyê]], [[Muzenza]], [[Araketu]] e [[Olodum]]. Eles tocavam ritmos afro como o ijexá e o samba (utilizando alguns instrumentos musicais da percussão, comuns nas baterias das [[Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro|escolas de samba do Rio de Janeiro]]).
[[Imagem:IveteSangalo.jpg|thumb|180px|[[Ivete Sangalo]] é uma das cantoras de maior sucesso da música brasileira atualmente.]]
A ''axé music'' propriamente dita nasceu no estúdio WR, no bairro da [[Graça (Salvador)|Graça]], em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], com a formação de um grupo de músicos jovens que viria a substituir a banda residente, comandada por Toninho Lacerda (irmão do pianista Carlos Lacerda). O primeiro, da nova leva, a ser contratado foi o baterista Cesinha. Depois dele, o compositor, pianista e arranjador [[Alfredo Moura]], que na época estudava composição e regência na escola de música da [[Universidade Federal da Bahia]], tendo, como professores: Lindembergue Cardoso, Ernst Widmer, Jamary Oliveira, Paulo Costa Lima, entre outros. Luiz Caldas veio em seguida, trazendo o percussionista Tony Mola. [[Carlinhos Brown]] foi o último, dessa leva, a entrar, tendo sido submetido a uma audição e sendo aprovado já por Alfredo Moura, na altura o principal arranjador do estúdio.<ref name="interpretes">{{citar livro|último=SANTANNA
[[Imagem:The opening ceremony of the FIFA World Cup 2014 07.jpg|thumb|esquerda|180px|A cantora fluminense [[Claudia Leitte]] ganhou fama na banda [[Babado Novo]], na Bahia, e adotou o axé.]]
Essa banda que se formou do encontro de músicos contratados originaria a banda Acordes Verdes, que daria início ao movimento. Os [[Arranjo (música)|arranjo]]s de Alfredo Moura mostrariam ser fundamentais para o estabelecimento do novo estilo musical, pois encontrou um tipo de linguagem popular e altamente comunicativa que possibilitou a divulgação dessa nova música nas rádios e televisões por todo o Brasil.<ref name="interpretes"
O movimento adquiriu força e os arranjos e a estética original foram intensamente copiados, evoluindo para novas leituras e estilos, tendo uma durabilidade impressionante em termos de [[música popular brasileira]].<ref name="interpretes"
Estava criado, então, um polo criador, um centro musical poderoso, e o estilo, concebido por Alfredo Moura com a ajuda dos músicos da banda Acordes Verdes, principalmente [[Carlinhos Brown]], se tornaria referência para as três gerações vindouras, colocando a música da Bahia num cenário pioneiro, dinâmico, e inovador.<ref name="25 anos" /><ref name="interpretes"
{{quote|O estilo nasceu com carga pejorativa e sem saber a que servia. Hoje, ainda há polêmica na hora de definir a quais músicas o termo se aplica, mas todos fazem coro num ponto: seu papel foi o de fundar um novo mercado musical.|<ref name="revista época">{{citar periódico|último=ARANHA
Sob a influência das letras e canções de [[Bob Marley]] nos ouvidos, surgiu, no [[Olodum]] - sob a batuta do mestre [[Neguinho do Samba]] -, um ritmo que misturava ''[[reggae]]'' e [[samba]], num estilo com forte caráter de afirmação da [[negritude]], que fez sucesso em Salvador a partir da [[década de 1980]]: o ''[[samba-reggae]]''. Posteriormente, artistas como [[Gerônimo (músico)|Gerônimo]], [[Banda Reflexu's]] e a [[Bamdamel|Banda Mel]] aderiram a essa novidade rítmica, lançando canções que chegavam ao [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]] em discos na bagagem dos que lá passavam férias. Em meados da década de 1980, mais precisamente em [[1985]], [[Luiz Caldas]] e [[Paulinho Camafeu]] compuseram juntos o primeiro sucesso nacional daquela cena musical de Salvador: "[[Fricote]] (Nega do cabelo duro)", gravado por Luiz Caldas. O ritmo era o ''deboche'', criado por [[Alfredo Moura]] e [[Carlinhos Brown]]. O arranjo inovador e de alta qualidade técnica foi marcante para que a canção (de apenas dois [[acorde]]s) se tornasse um dos maiores sucessos brasileiros. A canção imediatamente tornou-se um ''[[Hit single|hit]]'' e espalhou-se por todo o país, virando um marco para o axé.<ref name="25 anos" /> Com uma introdução épica, onde os [[Teclado (instrumento musical)|teclados]] simulando [[metais]] eram precedidos por uma [[percussão]] dançante, a canção traduzia a necessidade de afirmação de uma geração de músicos que não queria ficar no ostracismo causado pela fuga de artistas para o [[eixo Rio–São Paulo]].
Linha 50 ⟶ 49:
Enquanto o ''axé music'' se fortalecia, alguns nomes buscavam alternativas criativas para a música baiana. O mais significativo deles foi a [[Timbalada]], grupo de percussionistas e vocalistas liderado por [[Carlinhos Brown]] (cuja música "''Meia Lua Inteira''" tinha estourado na voz de Caetano Veloso em 1989), veio com a proposta de resgatar o som dos [[timbal]]es, que há muito tempo estavam restritos à percussão dos [[terreiro (religião)|terreiros]] de [[candomblé]]. Paralelamente à Timbalada, Brown lançou dois discos solo – [[Alfagamabetizado]] ([[1996]]) e [[Omelete Man]] ([[1998]]), arranjados por Alfredo Moura. Com sua incorporação de várias tendências do [[música pop|pop]] e da [[MPB]] à música baiana, Brown obteve grande reconhecimento no exterior. Além disso, ele desenvolveu um trabalho social e cultural de alta relevância entre a população da comunidade carente do Candeal, no bairro de [[Brotas (Salvador)|Brotas]], em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], com a criação do espaço cultural Candyall Guetho Square, o grupo de percussão Lactomia (para formar uma nova geração de instrumentistas) e a escola de música Pracatum.
[[
Enquanto isso, os nomes de sucesso da música baiana multiplicavam-se: aos então conhecidos Banda Eva, Bamdamel, Araketu, [[Chiclete com Banana]] e [[Cheiro de Amor]], juntaram-se o ex-[[Banda Beijo|Beijo]] [[Netinho (cantor)|Netinho]] e os grupos [[Jammil e Uma Noites]] e [[Pimenta N'ativa]]. Em 2017, a revista [[Estados Unidos|norte-americana]] [[Billboard]] abriu uma enquete para saber quem é a "Rainha do Carnaval de Salvador" na lista estava as principais cantoras do
=== Perspectivas para o futuro ===
Muitos [[crítica|críticos]] avaliam que, nos últimos anos, o axé tem estado em declínio, não devido a queda de popularidade, mas sim porque novas canções de novos grupos musicais não têm a mesma força que as antigas. Os principais grupos de axé do país continuam sendo os mesmos da década da 1990, com novos grupos musicais não alcançando o mesmo nível de expressão dos grupos musicais mais antigos. Isso gera a preocupação de que o ritmo baiano não possa se renovar com uma nova geração e perca sua relevância quando os grupos musicais mais antigos gradualmente encerrarem suas atividades.
{{Commons|Category:Axé music}}▼
{{Referências}}▼
== Ver também ==
* [[Música no Brasil]]
* [[Cultura da Bahia]]
Linha 72 ⟶ 68:
** ''[[Axemusic - Ao Vivo]]''
{{Vercat|Álbuns de axé|Bandas de axé music|Cantores de axé|Singles de axé}}
▲{{Referências|col=2}}
== Ligações externas ==
Linha 84 ⟶ 82:
{{Portal3|Bahia|Música|Carnaval}}
[[Categoria:Axé music| ]]
[[Categoria:Música popular]]
|