Sistema Solar: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Lhborbits.png|thumb|esquerda|400px|Simulação da órbita dos planetas gigantes a) no início; b) durante o intenso bombardeio tardio (ilustra-se igualmente a eventual troca de posição entre Urano e Netuno) e c) após o processo de migração planetária. Note como os objetos além da órbita inicial de Netuno são espalhados.<ref name="Gomes">{{citar jornal | url=http://www.nature.com/nature/journal/v435/n7041/pdf/nature03676.pdf|arquivourl=http://www.webcitation.org/6EGLsx6kN|arquivodata=7 de fevereiro de 2013|título=Origin of the cataclysmic Late Heavy Bombardment period of the terrestrial planets|autor=R. Gomes, H. F. Levison, K. Tsiganis, A. Morbidelli| jornal=Nature|ano=2005|volume=435|páginas=466| doi=10.1038/nature03676|formato=PDF|acessodata=7 de fevereiro de 2013}}</ref>]]
Essa mudança afetou a órbita dos outros dois gigantes externos, Urano e Netuno, tornando-as também mais alongadas. Netuno, então, passou a interceptar uma região povoada por rochas e gelo, dando início a um dos períodos mais violentos da história do Sistema Solar. Ao adentrar nessa região, o planeta provocou um distúrbio na órbita dos corpos menores, direcionando-os para dentro ou para fora do Sistema Solar. Muitos deles atingiram os planetas internos, durante o período denominado [[intenso bombardeio tardio]], ocorrido há quatro bilhões de anos <ref group="nota" name="números"/> e cujas marcas ainda são evidentes na superfície da Lua e de Mercúrio. Ao longo de quinhentos milhões de anos, essa região foi completamente varrida, sendo que somente uma pequena fração dos objetos que nela existiam (estima-se 0,1%) permanece, atualmente formando o Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort.<ref name="Gomes"/><ref name="migration"/>
 
Apesar de conseguir responder a muitas questões que até então se colocavam, o modelo de Nice originalmente não explicava como puderam os gigantes gasosos formar-se no intervalo de tempo atualmente considerado pela comunidade científica, exigindo várias centenas de milhões de anos para lá deste. Aplicando a lógica do modelo, mas pressupondo que a nebulosa inicial seria mais densa do que a teoria original estimava, mostrou-se que a formação dos planetas exteriores no prazo indicado era exequível. Simulações de computador, respeitando o modelo de Nice, mas partindo de uma nebulosa mais densa, confirmaram a hipótese. No entanto, introduziram igualmente uma possibilidade que não havia sido equacionada: em metade das simulações efetuadas, Netuno formava-se entre Urano e Saturno, sendo progressivamente levado para uma órbita exterior a Urano. Perante a incerteza que as probabilidades registram neste aspecto particular, a hipótese da troca de posição entre os dois planetas mais exteriores mantém-se em aberto.<ref name="Steve Desch e a troca Netuno/Urano">{{citar web|url=http://www.eurekalert.org/pub_releases/2007-12/asu-sss121107.php|título=Solving solar system quandaries is simple: Just flip-flop the position of Uranus and Neptune|acessodata=24 de agosto de 2013|autor=Nikki Staab|data=11 de dezembro de 2007|publicado=eurekalert.org|língua=Inglês}}</ref><ref name"National Geo e a troca Netuno/Urano">{{citar web|url=http://news.nationalgeographic.com/news/2007/12/071219-planet-swap.html|título=Uranus, Neptune Swapped Spots, New Model Says|acessodata=24 de agosto de 2013|autor=Anne Minard|data=19 de dezembro de 2007|publicado=National Geographic News|língua=Inglês}}</ref>
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O maior planeta telúrico e o quinto maior do Sistema Solar, é o terceiro a contar do Sol. Seu [[núcleo terrestre|núcleo]] é constituído principalmente por [[ferro]], ao redor do qual encontra-se uma [[manto|camada de rochas fundidas]], por sua vez cercada por uma [[crosta terrestre|crosta]] relativamente fina e dividida em [[Placa tectónica|placas tectônicas]] em constante movimento, responsáveis pelas atividades [[Sismo|sísmica]] e [[vulcão| vulcânica]] na Terra. O núcleo metálico e a [[Rotação da Terra|rotação do planeta]] [[teoria do dínamo|permitem a formação]] de um substancial [[campo magnético terrestre|campo magnético]]. Com mais de setenta por cento de sua superfície coberta por [[água]], a Terra apresenta uma peculiaridade em relação aos demais planetas, já que é o único conhecido a abrigar [[vida]]. Os seres que nele habitam influenciam a composição e a dinâmica da [[atmosfera terrestre]], formada principalmente por [[Azoto|nitrogênio]] e [[Oxigénio|oxigênio]]. A [[Inclinação axial|inclinação]] do [[eixo terrestre|eixo de rotação]] é responsável pela ocorrência de [[Estação do ano|estações]] que regulam o [[clima]].<ref>{{citar web|url=http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Earth&Display=OverviewLong|arquivourl=http://www.webcitation.org/6Dv3hj3LJ|arquivodata=24 de janeiro de 2013|título=Earth|autor=[[NASA]]|publicado=Solar System Exploration|língua=Inglês|acessodata=24 de janeiro de 2013}}</ref>
 
Nosso planeta possui somente um satélite natural, a [[Lua]]. Como [[Atmosfera da Lua|praticamente não possui atmosfera]] nem está sujeita a outros agentes erosivos, a superfície lunar encontra-se coberta por marcas de impacto de outros corpos na forma de inúmeras crateras. Visualmente, a Lua é dividida em duas regiões conforme sua coloração: as terras altas, geralmente mais claras, e os ''[[Mare (Lua)|mares]]'', bacias de impacto preenchidas com lava que se mostram mais escuras. O período de rotação do satélite (cerca de 27 dias) é exatamente igual ao período de translação em torno da Terra, o que faz com que a Lua tenha sempre a mesma face voltada para o planeta (fenômeno denominado [[rotação sincronizada]]). Dentre as influências que a presença da Lua provoca na Terra, pode-se ressaltar a ocorrência das [[maré]]s e a estabilidade no eixo de rotação do planeta.<ref group="nota">Modelos computacionais sugerem que a presença da Lua faz com que o eixo da Terra se mantenha relativamente estável com uma inclinação de cerca de 23°. Do contrário, o eixo vagaria aleatoriamente o que, ao longo de milhões de anos, afetaria o clima e possivelmente a evolução da vida no nosso planeta. </ref><ref>{{Harvnb|McFadden|2007|p=227-228}}</ref>. As primeiras sondas para explorar o satélite foram enviadas em 1959 e, dez anos depois, uma [[Apollo 11|missão tripulada]] veio a realizar uma [[alunissagem]], o que fez da Lua o primeiro e único corpo celeste visitado por humanos até o presente.<ref>{{citar web|url=http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Moon&Display=OverviewLong|arquivourl=http://www.webcitation.org/6Dv5AYbUz|arquivodata=24 de janeiro de 2013|título=Moon|autor=[[NASA]]|publicado=Solar System Exploration|língua=Inglês|acessodata=24 de janeiro de 2013}}</ref>
 
==== Marte ====
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{{Distância dos corpos do Sistema Solar}}
 
Tomando-se como ponto de visão a parte norte do Sistema Solar,<ref group="nota">Como se o Sistema Solar fosse observado a uma gigantesca altitude imediatamente acima do polo norte terrestre</ref>, todos os planetas e a maioria dos demais corpos orbitam o Sol em [[Sentido dos ponteiros do relógio|sentido anti-horário]], assim como a maior parte dos satélites naturais ao redor de seus respectivos planetas. Esse fato favorece a teoria mais aceita de formação deste sistema planetário, de acordo com a qual todos os corpos teriam se formado de uma mesma nuvem e, portanto, herdaram seu movimento.<ref>{{Harvnb|Koupelis|2010|p=187-188}}</ref>
 
[[Imagem:Earth's Axis (small).gif|thumb|esquerda|O movimento de [[rotação da Terra]] leva aproximadamente 24 horas para se completar.]]
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== Observação e exploração ==
Por milênios a humanidade não reconheceu a existência do Sistema Solar. Contudo, ainda nos séculos [[Anno Domini|antes de Cristo]], [[Civilização grega|gregos]] e [[Babilônia|babilônios]] foram os primeiros a utilizar a matemática para tentar prever a posição das "estrelas errantes" que apresentavam um movimento irregular.<ref>{{citar web|url=https://dept.astro.lsa.umich.edu/ugactivities/Labs/planetMotions/index.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2SAmOAv|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=Motions of the Inner and Outer Planets|autor=Universidade de Michigan - Departamento de Astronomia|língua=Inglês|data=25 de outubro de 2010|acessodata=27 de janeiro de 2013}}</ref> Embora não existam registros escritos, acredita-se terem sido os [[Escola pitagórica|pitagóricos]], durante o século V a.C., a introduzir a noção de que a Terra possuía um formato esférico e que os demais corpos orbitavam à sua volta.<ref name="geocentric">{{Harvnb|McFadden|2007|p=53}}</ref> Uma das primeiras teorias para explicar o movimento planetário foi criada pelo [[filósofo]] grego [[Aristóteles]] e propunha a existência de várias esferas cristalinas que giravam ao redor da Terra. Em cada uma delas estaria incrustado um corpo celeste, como o Sol, a Lua, os planetas e o conjunto das estrelas fixas. A última esfera seria a do "movimento primordial", cuja rotação seria transmitida de uma esfera para outra, promovendo, assim, o movimento de todos os corpos. Ajustando-se as [[velocidade angular|velocidades angulares]] dessas esferas seria possível explicar o movimento planetário.
[[File:Ptolemaic elements.svg|thumb|Esquema do modelo de epiciclos de Ptolomeu, em que o planeta girava em torno de um ponto imaginário que, por sua vez, girava em torno da Terra. Note que o centro da órbita localiza-se em um ponto imaginário chamado [[deferente]], criado para explicar as irregularidades no movimento planetário.]]
Logo surgiram as incoerências na teoria, cuja solução aparente foi apresentada por [[Ptolemeu|Ptolomeu]] na sua obra [[Almagesto]]: um modelo planetário cujo centro ainda era a Terra, onde os planetas não permaneciam fixos em sua órbita mas giravam em torno de um ponto imaginário, formando um [[epiciclo]], o que explicaria diversos aspectos observados, especialmente o movimento retrógrado aparente. Essa teoria, no entanto, ainda não era capaz de descrever com exatidão a trajetória dos planetas, pelo que passou por diversos ajustes.<ref name="idade media">{{citar web|url=http://csep10.phys.utk.edu/astr161/lect/retrograde/aristotle.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E9vQSdW9|arquivodata=4 de fevereiro de 2013|título=The Universe of Aristotle and Ptolemy|autor=Departamento de Física e Astronomia da [[Universidade do Tennessee]]|língua=Inglês|acessodata=4 de fevereiro de 2013}}</ref> Contudo, ainda antes de Ptolomeu, [[Aristarco de Samos]] foi o primeiro a propor que a Terra e todos os demais planetas orbitavam o Sol, embora sua ideia não tenha se popularizado.<ref name="geocentric" />
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[[Imagem:Voyager 1 entering heliosheath region fr.jpg|thumb|Representação da helisofera e a localização das sondas Voyager.]]
Quando a matéria proveniente do Sol passa a interagir com a [[meio interestelar|matéria interestelar]], sua velocidade é drasticamente reduzida a valores [[subsônico]]s, formando uma onda de choque terminal<ref group="nota">Ou uma onda de choque de terminação, a partir da tradução literal do inglês ''termination shock''.</ref> onde o material é comprimido e sua temperatura aumenta.<ref>{{citar web|url=http://ibex.swri.edu/students/IBEX_heliosphereposter.pdf|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2TUUV1d|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=IBEX: The edge of our Solar System|autor=[[NASA]]|língua=inglês|formato=PDF|acessodata=27 de janeiro de 2013}}</ref> Até o presente momento somente duas sondas conseguiram chegar a essa área, a [[Voyager 1]] e a [[Voyager 2]], cujas leituras indicaram que a distância dessa região ao Sol era de 94 e 83,7 unidades astronômicas,<ref group="nota" name="UA"/>, respectivamente; a diferença provavelmente se deve à forma assimétrica da bolha, que possui menor volume em sua porção sul.<ref>{{Harvnb|Linsky|2009|p=46}}</ref> As partículas, então, continuam seu trajeto lentamente percorrendo uma região denominada ''[[heliosheath]]'', onde o vento continua aquecido e avança até um certo ponto, quando não mais consegue vencer a pressão imposta pela interação com o meio interestelar. Esse limite é chamado de [[heliopausa]] e circunscreve o máximo alcance do vento solar no espaço. Nessa região, a colisão do vento solar com as partículas do meio interestelar resulta num efeito denominado [[Choque em arco|arco de choque]].<ref name="heliosphere"/>
 
=== Contexto local ===
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O Sol e os corpos que o orbitam movem-se através de uma região da galáxia repleta de gases do meio interestelar conhecida como [[nuvem interestelar local]]. Atualmente o Sol segue em direção a uma das áreas com menor densidade da nuvem chamada de [[bolha local]] e, segundo estimativas, provavelmente a cruzará em toda a sua extensão nos próximos dez mil anos. Pouco se sabe sobre essa região do espaço e como ela afeta o Sistema Solar. O fluxo da nuvem interestelar, por sua vez, é influenciado pela [[Cinemática estelar#Associações estelares|associação Scorpius-Centaurus]], uma área de [[formação estelar]] a algumas centenas de anos-luz de distância que, por sua intensa atividade, produz um [[Vento estelar|vento de plasma]] quente e de baixa densidade.<ref>{{citar web|url=http://www.nasa.gov/mission_pages/ibex/news/interstellar-difference.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2TwM03C|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=IBEX: Glimpses of the Interstellar Material Beyond our Solar System|autor=[[NASA]]|data=31 de janeiro de 2012|língua=inglês|acessodata=28 de janeiro de 2013}}</ref><ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/ap000411.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2U0LMUv|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=The Local Interstellar Cloud |autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|data=11 de abril de 2000|acessodata=28 de janeiro de 2013|língua=inglês}}</ref><ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/ap020217.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2U3c4Kj|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=The Local Bubble and the Galactic Neighborhood|autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|data=17 de fevereiro de 2002|acessodata=28 de janeiro de 2013|língua=inglês}}</ref><ref>{{Harvnb|McFadden|2007|p=27}}</ref> Entre 450 e 1 500 anos-luz de distância do Sol se encontra a [[Nebulosa de Gum]], o [[remanescente de supernova]] mais próximo de nós.<ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/ap001107.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2U7iuKu|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=The Gum Nebula Supernova Remnant|autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|data=7 de novembro de 2000|acessodata=28 de janeiro de 2013|língua=Inglês}}</ref> Outro objeto celeste relativamente próximo do Sistema Solar é a [[Nebulosa de Órion]], a cerca de 1 500 anos-luz, onde é intensa a formação de estrelas.<ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/ap120715.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UBHmBD|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=Orion Nebula: The Hubble View|autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|data=15 de julho de 2012|acessodata=28 de janeiro de 2013|língua=inglês}}</ref>
 
A [[Lista de estrelas próximas|estrela mais próxima do Sistema Solar]] é a [[anã vermelha]] [[Proxima Centauri]], uma das componentes do [[sistema estelar]] triplo [[Alpha Centauri]]. A [[magnitude aparente]] combinada deste sistema, essencialmente definida pela Alpha Centauri A e, em menor grau, pela Alpha Centauri B, resulta [[Lista das estrelas mais brilhantes|numa das estrelas mais brilhantes do céu]], visível no hemisfério sul, encontrando-se a uma distância média de 4,3 anos-luz de nós. Orbitando a segunda maior constituinte, Alpha Centauri B, que é parecida com o Sol em tamanho e brilho, foi [[Alfa Centauri Bb|descoberto um planeta]] com dimensões um pouco maiores que as da Terra, sendo, portanto, o mais próximo [[planeta extrassolar]] conhecido.<ref>{{citar web|url=http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1241/|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UEQZgE|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=Encontrado Planeta no Sistema Estelar mais Próximo da Terra|autor=[[Observatório Europeu do Sul]]|data=16 de outubro de 2012|acessodata=28 de janeiro de 2013}}</ref> Outras estrelas relativamente próximas são a [[estrela de Barnard]], uma [[anã vermelha]] muito pequena e visível somente com telescópio, mas com um notável [[Estrela de movimento próprio|movimento próprio]], a cerca de 5,9 anos-luz de distância, e [[Sirius]], a mais brilhante vista da Terra (depois do Sol), a 8,6 anos-luz. Em geral as proximidades do Sistema Solar são pouco povoadas por estrelas, a maior parte delas com dimensões e brilho menores que os do Sol e constituintes de [[Estrela binária|sistemas binários]] ou [[Estrela múltipla|múltiplos]]. Num raio de treze anos-luz a partir do centro do Sistema Solar existem 25 sistemas estelares e, segundo estimativas, até 32 anos-luz de distância poderão vir a ser confirmados alguns que não foram ainda descobertos, por causa de seu brilho extremamente fraco.<ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/ap010318.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UJUpye|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=The nearest stars|autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|data=18 de marcomarço de 2001|acessodata=28 de janeiro de 2013|língua=inglês}}</ref><ref name="nearest stars">{{Harvnb|McFadden|2007|p=26}}</ref>
 
De acordo com os dados obtidos pelo [[satélite artificial]] [[Hipparcos]], colocado em órbita para medir a distância e o movimento das estrelas próximas, concluiu-se que a cada um milhão de anos, pelo menos doze estrelas em média passam a uma distância menor que um [[parsec]] (equivalente a 3,26 anos-luz) do Sol. Baseado em estimativas, acredita-se que, durante toda a existência do Sistema Solar, a menor distância que uma estrela passará do Sol será de aproximadamente 900 unidades astronômicas,<ref group="nota" name="UA"/>, bem além da heliosfera. Contudo, tal encontro resultaria na perturbação do movimento dos corpos da Nuvem de Oort, que seriam lançados em direções aleatórias, podendo provocar, inclusive, uma chuva de cometas que bombardearia a Terra e os demais planetas e que se estenderia por mais de dois milhões de anos.<ref name="nearest stars"/>
 
=== Contexto galáctico ===
[[Imagem:Artist's impression of the Milky Way (updated - annotated).jpg|thumb|esquerda|Impressão artística da Via Láctea, com a localização indicada do Sistema Solar.]]
O Sistema Solar faz parte de uma [[galáxia espiral]] denominada [[Via Láctea]]. O Sol está localizado entre 26 e 28 mil anos-luz do [[Centro da Via Láctea|núcleo galáctico]] e a cerca de vinte anos-luz acima do [[plano galáctico]], na parte mais interna de uma formação conhecida como [[Braço de Órion]] que, na verdade, é uma mera conexão entre duas estruturas mais massivas, o [[Braço de Sagitário]] e o [[Braço de Perseus|Braço de Perseu]]. Por nos encontrarmos dentro da galáxia, vemos seu plano como uma faixa brilhante percorrendo todo o céu, cujo centro se localiza na direção da [[constelação]] do [[Sagittarius|Sagitário]]. A Via Láctea possui cerca de cem mil anos-luz de diâmetro e pelo menos 200 bilhões de estrelas, embora estimativas recentes estimem mais de 400 bilhões desses objetos,<ref group="nota" name="números"/>, além de milhares de [[Aglomerado estelar|aglomerados estelares]], [[nebulosa]]s e inúmeros planetas. Nos [[Braços da Via Láctea|braços da galáxia]] predominam as estrelas mais jovens, matéria interestelar e nebulosas difusas, enquanto na parte central existem majoritariamente aglomerados de estrelas velhas.<ref name="Milky Way">{{citar web|url=http://www.eso.org/public/outreach/eduoff/cas/cas2002/cas-projects/austria_milky_1/|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UOa0Qr|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=The Milky Way - Our galaxy|autor=Reiterer Martin, Reiterer Stefan, Dinhobl Erhard|publicado=[[Observatório Europeu do Sul]]|data=3 de abril de 2007|língua=Inglês|acessodata=29 de janeiro de 2013}}</ref> A galáxia como um todo apresenta um movimento de rotação em sentido horário quando vista da parte norte, mas com períodos que diferem de acordo com a distância ao centro. Percorrendo esse trajeto, o Sistema Solar viaja a cerca de 828 mil quilômetros por hora, por isso são necessários cerca de 225 milhões de anos para completar uma volta, o que caracteriza um [[ano galáctico]]. Estima-se que o Sol completou esse trajeto somente vinte vezes desde sua formação.<ref>{{citar web|url=http://hypertextbook.com/facts/2002/StacyLeong.shtml|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UT7XWg|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=Period of the Sun's Orbit around the Galaxy (Cosmic Year)|autor=Stacy Leong|ano=2002|língua=inglês|publicado=The Physics Factbook|acessodata=29 de janeiro de 2013}}</ref><ref>{{citar web|url=http://starchild.gsfc.nasa.gov/docs/StarChild/questions/question18.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6E2UWfuwv|arquivodata=29 de janeiro de 2013|título=StarChild Question of the Month for February 2000|autor=[[NASA]]|língua=inglês|acessodata=29 de janeiro de 2013}}</ref><ref name="nearest stars"/>
 
Nossa galáxia pertence a um [[Aglomerado de galáxias|grupo]] esparso chamado de [[Grupo Local]], composto por três galáxias dominantes e cerca de trinta outras de menores dimensões. Dentre todas, a mais extensa é a [[Galáxia de Andrômeda]], que se localiza a cerca de 2,9 milhões de anos-luz de nós, porém, de acordo com estudos, a Via Láctea possui maior massa. A mais próxima é a [[Galáxia Anã do Cão Maior]], a 42 mil anos-luz do centro galáctico, seguida pela [[Galáxia Anã Elíptica de Sagitário]]. A [[Grande Nuvem de Magalhães|Grande]] e a [[Pequena Nuvem de Magalhães]] são as maiores dentre as [[Galáxia satélite|galáxias satélites]] da Via Láctea.<ref name="Milky Way"/><ref>{{citar web|url=http://apod.nasa.gov/apod/local_group.html|arquivourl=http://www.webcitation.org/6MtkTXfcp|arquivodata=25 de janeiro de 2014|título=Index - Galaxies: Local Group|autor=[[Astronomy Picture of the Day]]|publicado=[[NASA]]|língua=inglês|acessodata=25 de janeiro de 2014}}</ref>
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=== Colisões planetárias ===
[[Imagem:Massive Smash-Up at Vega.jpg|thumb|esquerda|Os planetas podem entrar em rota de colisão no futuro.]]
Uma das questões debatidas entre os cientistas refere-se à estabilidade do Sistema Solar. Sabe-se que os planetas exercem atração gravitacional entre si e, portanto, suas órbitas não são perfeitamente estáveis. Uma vez que essas variações são cumulativas, o Sistema Solar poderá entrar em um [[Teoria do caos|período caótico]] no qual a relativa estabilidade existente hoje não mais prevalecerá. Os cenários acerca do movimento planetário a longo prazo são extremamente difíceis de prever, por conta da enorme quantidade de objetos e de fatores envolvidos. Não obstante, estima-se que pelo menos nos próximos quarenta milhões de anos os planetas devam ocupar aproximadamente suas órbitas atuais. Num futuro distante a órbita de Mercúrio, por exemplo, tenderá a se tornar cada vez mais excêntrica, levando o planeta a possivelmente cruzar com a órbita de Vênus ou mesmo com a da Terra, perturbando a trajetória de todos os planetas interiores e propiciando, de acordo com cenários projetados, uma colisão de Mercúrio com Vênus em 3,5 bilhões de anos<ref group="nota" name="números"/>ou a ejeção do primeiro para fora do Sistema Solar. Essas perturbações podem causar, ainda, uma colisão entre o nosso planeta e Mercúrio ou Marte em alguns bilhões de anos,<ref group="nota" name="números"/>, o que varreria completamente qualquer forma de vida ainda presente na Terra. Os gigantes gasosos, por outro lado, não devem sofrer mudanças significativas em suas órbitas devido a esse processo, por conta, sobretudo, de suas massas consideravelmente superiores às dos planetas internos.<ref>{{citar web|url=http://www.newscientist.com/article/dn13757?feedId=online-news_rss20|arquivourl=http://www.webcitation.org/6EBiJCd1Z|arquivodata=4 de fevereiro de 2013|título=Solar System could go haywire before Sun dies|autor=David Shiga|publicado=New Scientist|data=23 de abril de 2008|língua=inglês|acessodata=4 de fevereiro de 2013}}</ref><ref>{{citar web|url=http://iopscience.iop.org/0004-637X/683/2/1207/pdf/0004-637X_683_2_1207.pdf|arquivourl=http://www.webcitation.org/6EBiaJXhU|arquivodata= 4 de fevereiro de 2013|título=On the dynamical stability of the Solar System|autor=Konstantin Batygin e Gregory Laughlin|publicado=[[Astrophysical Journal|The Astrophysical Journal]]|data=20 de agosto de 2008|língua=inglês|acessodata=4 de fevereiro de 2013|formato=PDF}}</ref><ref>{{citar web|url=http://articles.adsabs.harvard.edu/cgi-bin/nph-iarticle_query?1994A%26A...287L...9L&data_type=PDF_HIGH&whole_paper=YES&type=PRINTER&filetype=.pdf|arquivourl=http://www.webcitation.org/6EBipCDcK|arquivodata=4 de fevereiro de 2013|título=Large-scale chaos in the Solar System|autor=J. Laskar|publicado=[[Observatório Europeu do Sul]]|data=17 de maio de 1994|acessodata=4 de fevereiro de 2013|língua=inglês|formato=PDF}}</ref>
 
=== Colisão galáctica ===
{{VT|Colisão de galáxias}}
[[Imagem:Andromeda Collides Milky Way.jpg|thumb|Início da colisão das galáxias tal como seria observada a partir da Terra, daqui a quatro bilhões de anos.<ref group="nota" name="números"/>.]]
 
Daqui a cerca de quatro bilhões de anos<ref group="nota" name="números"/>a Via Láctea entrará em um processo de fusão com a [[Galáxia de Andrômeda]], atualmente a 2,5 milhões de anos-luz de distância. Apesar de o [[Expansão métrica do espaço|Universo estar em expansão]], com a maioria das galáxias se afastando umas das outras, as duas exercem interação gravitacional mútua, direcionando-as para uma colisão a uma velocidade de aproximação de cerca de 400 mil quilômetros por hora em relação à Via Láctea. As chances de ocorrerem embates entre as estrelas que as compõem são muito remotas, devido à imensa distância a que se encontram umas das outras; no entanto, serão direcionadas para órbitas aleatórias totalmente diferentes em torno do novo centro galáctico que se formará. Por isso, o Sol e consequentemente os outros corpos do Sistema Solar serão movidos para outra região da galáxia, provavelmente bem mais afastada do centro, mas sem o risco de serem destruídos. A fusão das galáxias levará mais dois bilhões de anos<ref group="nota" name="números"/>para se completar, e no fim formarão uma imensa [[galáxia elíptica]].<ref>{{citar web|url=http://www.nasa.gov/mission_pages/hubble/science/milky-way-collide.html|título=NASA's Hubble Shows Milky Way is Destined for Head-On Collision|autor=[[NASA]]|data=31 de maio de 2012|acessodata=31 de janeiro de 2013|língua=inglês}}</ref>
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=== Anã branca, negra e o fim do Sistema Solar ===
Após a ejeção das camadas externas da estrela, seu núcleo remanescente continua a se contrair, mas agora a pressão central não é mais suficiente para dar origem a novos processos de fusão e gerar energia. Com isso, por ação da gravidade a estrela se contrai até um certo ponto e irradia sua energia restante, mas não é capaz de realizar a fusão nuclear e produzir mais luz e calor. A massa restante corresponde a somente trinta por cento da massa original do Sol e suas dimensões são semelhantes às da Terra. O Sol agora se torna uma estrela [[anã branca]]. Os possíveis corpos remanescentes do Sistema Solar entrarão numa era de frio profundo, já que o pequeno núcleo que ainda permanece libera lentamente sua energia, e seu brilho e temperatura vão gradualmente diminuindo durante um período que se prolonga por cerca de um bilhão de anos,<ref group="nota" name="números">Este artigo está redigido em [[português brasileiro]] e, portanto, é utilizada a [[Escalas curta e longa|escala numérica curta]], diferente dos [[Geografia da língua portuguesa|outros países lusófonos]], nos quais é utilizada a [[escala longa]]. Por isso, o numeral um bilhão, na escala curta, equivale a mil milhões, na escala longa. Da mesma forma, um trilhão equivale a um bilião.</ref>, até que a luminosidade se torna extremamente baixa, a ponto de impossibilitar sua detecção à distância por aparelhos atuais. O Sol se torna, então, uma [[anã negra]], um objeto frio e escuro que vaga em meio a outras estrelas sem emitir nenhum tipo de radiação, cercado por possíveis remanescentes do que um dia foi o Sistema Solar.<ref name="red giant"/><ref name="red giant 2"/>
 
{{wide image|Ciclo de vida do Sol.png|1500px|Ciclo de vida do Sol, onde estão descritas as principais etapas da evolução da estrela (tamanhos fora de escala e intervalos de tempo<ref group="nota" name="números"/>desiguais, conforme indicado).}}
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* {{citar livro|url=http://catdir.loc.gov/catdir/samples/cam032/99019679.pdf|sobrenome=Murray|nome=Carl D.|coautor=Stanley F. Dermott|título=Solar System Dynamics|editora=Cambridge University Press|ano=1999|isbn=0-521-57295-9|páginas=608|língua=Inglês|acessodata=26 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=5iacbufd4kEC&pg=PA52&lpg=PA52&dq=planets+elongation+transit+conjunction&source=bl&ots=M3axDqwlxD&sig=vah2RhnczTVjnI8eyqLXsuXPnI0&hl=pt&sa=X&ei=n1wGUY7vGIqo9gSm5YDIBA&redir_esc=y#v=onepage&q=planets%20elongation%20transit%20conjunction&f=false|título=Unfolding our Universe|sobrenome=Nicolson|nome=Iain|ano=1999|editora=Cambridge University Press|língua=Inglês|isbn=0-521-59270-4|acessodata=27 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar jornal|título= The astronomical system of Copernicus|sobrenome=Rufus|nome=W. Carl|jornal=Popular Astronomy|volume=31|url=http://adsabs.harvard.edu/full/1923PA.....31..510R|publicado=NASA Astrophysics Data System|accessodataacessodata=23 de janeiro de 2013|língua=Inglês|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Oliveira Filho|nome=Kepler de Souza|coautores=Maria de Fátima Oliveira Saraiva|título=Astronomia e Astrofísica|local=São Paulo|editora=Livraria da Física|ano=2004|edição=2ª|isbn=85-88325-23-3|páginas=557|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Serway|nome=R.A.|coautores=J.W Jewett Jr. |título=Princípios de Física|local=São Paulo|editora=[[Cengage Learning]]|ano = 2008|volume=1|isbn = 85-221-0382-8|ref=harv}}