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A migração europeia significou uma alteração profunda do mapa demográfico da Europa, embora o povoamento não tenha sido homogéneo. Algumas regiões, como a Península Ibérica, albergaram um número de colonos muito maior quando comparado com outras regiões. A ocupação da Gália foi também superior e em maior densidade no noroeste do que no sudeste. Os povos [[Eslavos]] ocuparam a Europa Central e de Leste até à [[Balcãs|península Balcânica]]. Esta migração foi também acompanhada por alterações profundas na língua. O [[latim]], língua oficial do Império Romano do Ocidente, foi gradualmente substituído por várias línguas de raiz latina, embora já bastante distintas, denominadas coletivamente por [[línguas românicas]]. No entanto, a evolução do latim para as novas línguas como o [[Língua francesa|francês]], [[Língua portuguesa|português]] ou [[Língua romena|romeno]] foi um processo que ocorreu ao longo de séculos, e atravessou uma série de fases. O [[Língua grega|grego]] permaneceu como língua oficial do Império Bizantino, mas as [[Invasões eslavas dos Balcãs|migrações dos Eslavos]] permitiram a assimilação de [[línguas eslavas]] no leste europeu.{{sfn|Davies|1996|p=235-238}}
 
=== Bizâncio Império Bizantino ===
{{AP|Império Bizantino|Dinastia heracliana}}
[[Imagem:Mosaic of Justinian I - San Vitale - Ravenna 2016.jpg|300px|thumb|esquerda|[[Mosaico]] onde se pode observar o imperador [[Justiniano I|Justiniano]] com o bispo [[Maximiano de Ravena|Maximiano]], governador de [[Ravena]], a par com a sua guarda pessoal e membros da corte]]
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A desagregação do Império Carolíngio foi acompanhada por invasões, migrações e incursões de forças externas. As costas atlântica e norte foram cobiçadas pelos [[Víquingues]], que já se haviam instalado no norte das [[Ilhas Britânicas]] e na ilha da [[Islândia]]. Em 911, o líder víquingue [[Rollo]] recebeu permissão do rei franco [[Carlos, o Simples]] para estabelecer uma colónia no território que viria a ser a [[Normandia]].{{sfn|Backman|2003|p=141-144}} Os territórios orientais dos reinos francos, sobretudo a Alemanha e a Itália, estiveram sob constante ataque dos povos [[Magiares]] até à sua derrota na [[batalha de Lechfeld]] em 955.{{sfn|Backman|2003|p=144-145}} A fragmentação do [[Califado Abássida]] trouxe consigo a desagregação do mundo islâmico numa série de pequenos estados políticos, alguns dos quais que viriam a expandir-se para a Itália e Sicília, chegando mesmo a instalar colónias nos [[Pirenéus]] e em áreas nas fronteiras a sul dos reinos francos ([[Fraxineto]], por exemplo).{{sfn|Bauer|2010|p=147-149}}
 
=== Os novos reinos e o renascimento dedo BizâncioImpério Bizantino ===
{{AP|História do Império Bizantino|Reino da Germânia|Cristianização da Escandinávia|Cristianização dos rus' de Quieve|Cristianização da Bulgária}}
[[Imagem:Christ Magdeburg Cathedral Met 41.100.157.jpg|thumb|esquerda|Peça de marfim [[Arte otoniana|otoniana]] do {{séc|X}}, mostrando Cristo a receber a [[Catedral de Magdeburgo]] das mãos do imperador {{lknb|Otão|I}} {{nwrap|r.|936|973}}]]
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Apesar de o [[Sacro Império Romano-Germânico]] continuar a existir, a [[Monarquia eletiva|natureza electiva]] da coroa imperial impediu a formação de qualquer dinastia estável capaz de manter um estado forte.{{sfn|Watts|2009|p=170-171}} Mais a leste, os reinos da [[Reino da Polônia (1385–1569)|Polónia]], [[Reino da Hungria|Hungria]] e [[Reino da Boémia|Boémia]] ganharam poder e influência.{{sfn|Watts|2009|p=173-175}} Na Península Ibérica, continuava o processo de reconquista dos reinos muçulmanos do sul,{{sfn|Watts|2009|p=173}} embora Portugal se tenha concentrado ao longo do {{séc|XV}} na expansão ultramarina, enquanto os restantes reinos lidavam com problemas sucessórios e instabilidade social no mesmo período.{{sfn|Watts|2009|p=327-332}} A Inglaterra, após a derrota na Guerra dos Cem Anos, entraria num longo período de guerra civil conhecido como [[Guerra das Rosas]], que duraria até ao fim da década de 1490{{sfn|Watts|2009|p=340}} e que só terminou após a vitória de {{lknb|Henrique|VII|de Inglaterra}} sobre {{lknb|Ricardo|III|de Inglaterra}} na [[batalha de Bosworth Field]] em 1485.{{sfn|Davies|1996|p=426}} Os reinos escandinavos da Noruega, Dinamarca e Suécia foram brevemente unificados durante a [[União de Kalmar]], no final do {{séc|XV}} e nas primeiras décadas do {{séc|XVI}}, mas voltariam a desagregar-se depois da morte da rainha {{lknb|Margarida|I|da Dinamarca, Noruega e Suécia}}. As maiores potências do [[mar Báltico]] continuavam a ser as [[Cidade-Estado|cidades-Estado]] da Liga Hanseática. cujas rotas comerciais se estendiam da Europa Ocidental até à Rússia.{{sfn|Davies|1996|p=431}} A [[Escócia]], liderada por {{lknb|Roberto|I|da Escócia}}, viu reconhecida pelo papa a sua independência do domínio Inglês em 1328.{{sfn|Davies|1996|p=408}}
 
=== Colapso dedo BizâncioImpério Bizantino ===
{{AP|Dinastia paleóloga|Queda de Constantinopla}}
 
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[[Imagem:Les Très Riches Heures du duc de Berry février.jpg|upright|thumb|esquerda|Ilustração do [[livro de horas]] ''[[Les très riches heures du duc de Berry]]'', {{séc|XV}}]]
 
A arte do fim do período medieval na generalidade da Europa contrasta com a arte italiana do mesmo período. Enquanto que em Itália o contexto artístico mostrava já sinais de que se preparava o [[Renascimento]], no norte da Europa e na Península Ibérica manteve-se o gosto e a preferência pela estética [[Arte gótica|gótica]] praticamente até o fim do {{séc|XV}}, culminando na exuberância e complexidade características do [[gótico internacional]].{{sfn|Benton|2002|p=253-256}} A encomenda de arte secular aumentou significativamente em quantidade e qualidade, muito impulsionada pelo patronato das classes mercadoras da Itália e [[Flandres]], fazendo encomendas de retratos de si próprios em óleo e comprando imensa joalharia, cofres, arcas e [[majólica]]. Entre os objetos muito apreciados e encomendados encontrava-se também a [[cerâmica mourisca]] produzida pelos ceramistas [[mudéjar]]es em Espanha. Embora entre a realeza prevalecesse o gosto por peças de prata, são poucos os exemplares que sobreviveram até aos nossos dias, como a [[Taça de Santa Inês]].{{sfn|Lightbown|1978|p=78}} O desenvolvimento da manufatura de seda em Itália veio tornar a Europa menos dependente das importações dedo Bizâncio Império Bizantino ou do mundo islâmico. Na França e na Flandres, os conjuntos de [[tapeçaria]] como a ''[[A Dama e o Unicórnio]]'' tornar-se-iam num dos mais cobiçados objetos de luxo.{{sfn|Benton|2002|p=257-262}}
 
As complexas gramáticas decorativas do alto gótico, até aí visíveis sobretudo no exterior dos templos, são progressivamente adaptadas a vários elementos do interior, sobretudo em túmulos e [[púlpito]]s, como o [[Púlpito de Santa Andreia]] em [[Pistoia]]. Os [[retábulo]]s pintados ou de madeira [[entalhe|entalhada]] tornam-se comuns, sobretudo à medida que se começa a criar capelas laterais nas igrejas. A própria [[Pintura flamenga (séculos XV e XVI)|pintura flamenga]] dos séculos XV e XVI, através de artistas como [[Jan van Eyck]] {{nwrap|m.|1441}} ou [[Rogier van der Weyden]] {{nwrap|m.|1464}}, rivaliza em qualidade com o próprio ''quattrocento'' italiano. Os [[manuscrito iluminado|manuscritos iluminados]] e os livros de temática secular, sobretudo [[conto]]s, começam a ser coleccionados em larga escala pela elite no {{séc|XV}}. A partir de 1450 e ainda que caros, os livros impressos tornam-se extraordinariamente populares, havendo já cerca de {{formatnum:30000}} [[incunábulo]]s impressos no ano 1500.<ref name=Incunabula /> A impressão tornou também obsoleta a iluminura, fazendo destas obras, no {{séc|XVI}}, um objeto com valor meramente artístico e encomendado apenas pela elite. Embora as pequenas [[xilogravura]]s, quase sempre de temas religiosos, fossem acessíveis até a camponeses, as [[gravura]]s eram mais caras e destinadas a um mercado mais abastado.{{sfn|Griffiths|1996|p=17–18; 39–46}}