Amade Almoctadir: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig|redir=al-Muqtadir|o [[califa abássida]]|Almoctadir (califa)}}
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'''Abu Jafar Amade ibne Solimão Almoctadir Bilá''' {{langx|ar|أبو جعفر أحمد "المقتدر بالله" بن سليمان||''Abu Ja'far Ahmad al-Muqtadir bi-Llah ibn Sulayman''|lit. "Abu Jafar Amade, filho de Solimão Almoctadir Bilá"}}, melhor conhecido somente como '''Amade Almoctadir'''{{sfn|Dias|1940|p=279}}, foi rei da [[taifa de Saragoça]] entre 1046 e 1081. Amade Almoctadir, da dinastia dos [[Banu Hude]], levou a [[Taifa de Saragoça]] ao seu máximo apogeu político e cultural. Foi mecenas das ciências, da filosofia e das artes. Mandou construir o belo [[palácio de la Aljafería]] onde se reuniram importantes intelectuais [[andaluzisAlandalus|andalusinos]].
 
Amade Almoctadir conseguiu reunir sob o seu mandato as terras dos domínios de [[Saragoça]] repartidas entre os seus irmãos por seu pai [[Solimão ibne Hude Almostaim]]. Apenas Iúçufe, governador de Lérida, resistiu durante mais de trinta anos as tentativas de integração do seu irmão, até ser feito prisioneiro em 1078.
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Em meados do {{séc|XI}}, a fronteira norte do reino [[hudi]] situava-se na atual [[Barbastro]], e dispunha de um forte em [[Graus]]. {{lknb|Ramiro|I|de Aragão}} tentou repetidas vezes apoderar-se destes pontos estratégicos que formavam uma avançada em forma de cunha entre os seus territórios. Em [[1063]] [[Batalha de Graus|cercou Graus]], mas Almoctadir em pessoa, à frente de um exército que incluía um contingente de tropas castelhanas no comando de Sancho, o futuro [[Sancho II de Castela]], que talvez contava na sua mesnada com [[Rodrigo Díaz de Vivar|El Cid]], conseguiu rejeitar os aragoneses, que perderam o seu rei nesta [[batalha de Graus|batalha]], aparentemente assassinado por um soldado árabe, chamado Sadaro, que falava romance e que ia disfarçado de cristão e que, achegando-se ao real de Ramiro I, cravou-lhe uma lança na testa. O seu sucessor, [[Sancho Ramírez]], com a ajuda de tropas de condados francos ultrapirenaicos chamadas a [[cruzada]] pelo [[papa Alexandre II]], tomou Barbastro em [[1064]].
 
No ano seguinte, Amade Almoctadir, reagiu solicitando a ajuda de tudo o [[al-AndalusAlandalus]], chamando pela sua vez à [[jiade]] e voltando a recuperar Barbastro em [[1065]]. Este triunfo induziu-o a tomar o apelido de Almoctadir Bilá ("o poderoso graças a Deus), que imediatamente mandou gravar em inscrições [[caligrafia árabe|cúficas]] nas [[gessaria]]s de ''[[la Aljafería]]'', que então estava construindo, com as lendas "Isto é o que mandou fazer o poderoso graças a Deus" (ou seja, Almoctadir Bilá).
 
Apesar da perda de Barbastro, o [[Reino de Aragão]] era uma força emergente e nesse mesmo ano tomou o castelo de Alquézar. Para contra-arrestá-lo, Almoctadir assinou tratados em 1069 e 1073 com {{lknb|Sancho|IV|de Navarra}}, rei de Pamplona, pelos quais obtinha a ajuda navarra em troca de párias. A aliança com o rei pamplonês deteve por um tempo o expansionismo aragonês, mas Sancho IV faleceu pronto, em junho de 1076, assassinado por obra de uma conjura dos seus irmãos Raimundo e Ermesinda.
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Nos seus três últimos anos de governo, de [[1078]] a [[1081]], Almoctadir concentrou as suas forças em conseguir submeter ao seu poder a [[taifa de Lérida]], onde resistia o seu irmão [[Iúçufe Almuzafar]]. Após muitos confrontos, fê-lo prisioneiro na fortificação de Rueda e conseguiu o reconhecimento do seu domínio sobre Lérida por parte do seu irmão. Em que pese a isso, e tal e qual fizera seu pai [[Solimão ibne Hude Almostaim]], voltou a dividir o reino ao entregar ao seu filho [[Almutamim de Saragoça]] e a zona ocidental, e ao seu filho [[Almundir de Lérida|Almundir]], Lérida, Tortosa e Dénia. No fim de 1081 Almoctadir, aparentemente gravemente doente, teve de delegar o poder nos seus filhos, falecendo em [[1082]].
 
Além do seu talento político e militar, Amade I Almoctadir foi um rei sábio, com amplas inquietudes artísticas e culturais. Como amostra do esplendor do seu reinado mandou erigir um palácio-fortificação na explanada da saria saragoçana, na Almozara, onde se celebravam as paradas militares, as festas das vitórias e os exercícios equestres:[[A Aljafería]] (''al-Jafariya'' deriva de um dos seus nomes, Jafar). Este suntuoso palácio foi a sede da sua Corte, criando nas suas dependências um centro de cultura onde acudiram intelectuais e artistas de todos os pontos do [[al-AndalusAlandalus]], buscando um refúgio de tolerância e mecenato na Taifa mais setentrional e afastada do influxo almorávida pela sua distância e por ser regida por uma dinastia hispano-árabe. Lá confluíram poetas, músicos, historiadores, místicos e, sobretudo, nasceu a melhor escola de filosofia do Islão, com a incorporação plena de Aristóteles à filosofia árabe, trabalho que, iniciado no Oriente por [[Avicena]] (''Ibn Sina''), foi desenvolvido com um critério independente por [[Avempace]] (''Ibn Bayya''). O trabalho de Avempace foi o ponto de partida da filosofia hispano-árabe, que foi continuada por [[Averróis]] (''Ibn Rushd'') e na cultura hebraica por [[Maimônides]].
 
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