Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia: diferenças entre revisões
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|datas=[[27 de maio]] de [[1964]] - [[27 de junho]] de [[2017]]<ref>{{citar web|URL=https://noticias.r7.com/internacional/farc-entregam-armas-e-deixam-de-existir-como-guerrilha-27062017|título=Farc entregam armas e deixam de existir como guerrilha|publicado=[[R7]]|acessodata=10 de julho de 2018}}</ref>
|logo=Flag of the FARC-EP.svg
|líder=[[Manuel Marulanda Vélez]] †<ref>{{Citar periódico|url=http://www.nytimes.com/2008/05/26/world/americas/26marulanda.html?_r=0|título=Manuel Marulanda, Top Commander of Colombia’s Largest Guerrilla Group, Is Dead|publicado=The New York Times|data=26 de maio de 2008|autor=Simon Romero}}</ref><br />[[Raúl Reyes]] †<ref>[http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=newsarchive&sid=a5HnABwKGrZc Colombian Rebel Leader Raul Reyes Killed by Army, Minister Says] Bloomberg Newsweek. 28 de março de 2008. Joshua Goodman.</ref><br />[[Iván Ríos]] †<ref>[http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2008/03/07/ult34u200975.jhtm Saiba quem era Iván Ríos, o economista-guerrilheiro das Farc] Uol. 7 de março de 2008</ref><br />[[Alfonso Cano]] †<ref>
|motivos=Fundação de um estado [[Socialismo|socialista]] [[Colômbia|colombiano]]
|área={{COL}}<br />{{PER}}<br />{{VEN}} (2017)<br />{{BRA}}<ref>{{Citar web|url=http://colombiareports.com/colombia-news/news/9791-farc-have-drug-trafficking-networks-in-brazil.html|título=FARC have 'drug trafficking networks' in Brazil – Colombia news |publicado=Colombia Reports|data=19 de maio de 2010|acessodata=19 de dezembro de 2015}}</ref><br />{{ARG}}<br />{{PRY}}<br />[[América Central]]
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}}
'''Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia — Exército do Povo'''<ref>
As FARC eram consideradas uma [[terrorismo|organização terrorista]] pelo governo da Colômbia, pelo governo dos [[Estados Unidos]],<ref name="
A origem das FARC remonta as disputas entre [[liberalismo|liberais]] e [[conservadores]] na Colômbia, retratadas pela obra de [[Gabriel García Márquez]], "Cem Anos de Solidão", marcada por massacres, como o período da [[La Violencia]]. Em 1948, os liberais, com apoio dos comunistas, iniciam uma guerra civil contra o governo conservador. Após 16 anos de luta guerrilheira e a conquista de algumas reivindicações políticas, os liberais passaram a temer que a experiência cubana de 1959 se repetisse na Colômbia. Rompem com a esquerda e passam para o lado conservador.
Ao longo da história do grupo guerrilheiro, o [[Partido Comunista Colombiano]] teve relações mais próximas ou mais distantes com as FARC. Enquanto originaram-se como um puro movimento de [[guerrilha]], a organização já na década de 1980 foi acusada de se envolver no [[tráfico]] ilícito de [[droga|entorpecentes]],<ref name="drugrelation">
As FARC-EP se definiam como um movimento guerrilheiro paramilitar. Segundo estimativas do governo colombiano, as FARC, no seu auge, chegaram a possuir entre 6 000 e 16 000 membros, perto de [[2001]]<ref name="BBC estimate">
As FARC-EP tinham presença armada em 15-20% do território colombiano, principalmente nas selvas do sudeste e nas planícies localizadas na base da [[Cordilheira dos Andes]].<ref>{{citar livro|último =Leonard|primeiro =Thomas M.|título=Encyclopedia Of The Developing World|publicado=[[Routledge]]|ano=2005|month=October|isbn=1-57958388-1|página=1362}}</ref> Segundo informações do Departamento de Estado dos Estados Unidos, as FARC controlam a maior parte do refino e distribuição de [[cocaína]] dentro da Colômbia, sendo responsável por boa parte do suprimento mundial de cocaína e pelo tráfico dessa droga para os Estados Unidos.<ref>
Em junho de 2016, as FARC assinaram um acordo de [[cessar-fogo]] junto ao presidente da Colômbia, [[Juan Manuel Santos|Juan Manoel Santos]], em [[Havana]]. Embora o acordo de paz final exigirá um referendo, o acordo tem sido visto como um passo histórico para acabar com a guerra que já dura há cinquenta anos.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2016/06/governo-colombiano-e-farc-oficializam-acordo-de-cessar-fogo.html|titulo=Governo colombiano e as Farc oficializam acordo de cessar-fogo|data=2016-06-23|acessodata=2016-10-05|publicado=G1|ultimo=Santana|primeiro=Felipe}}</ref> Em 25 de agosto de 2016, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou que quatro anos de negociação já garantiu um acordo de paz com as FARC e que o referendo nacional será no dia 02 de outubro.<ref>{{Citar web|url=http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2016/08/governo-da-colombia-e-farc-assinam-acordo-de-paz-historico.html|titulo=Governo da Colômbia e Farc assinam acordo de paz histórico|data=2016-08-25|acessodata=2016-10-05|publicado=G1|ultimo=|primeiro=}}</ref> O referendo falhou com 50,24% de votos contra.<ref>{{Citar web|url=http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/02/internacional/1475420001_242063.html|titulo=Colômbia diz ‘não’ ao acordo de paz com as FARC|data=2016-10-03|acessodata=2016-10-05|publicado=El Pais|ultimo=Lafuente|primeiro=Javier}}</ref> Apesar do resultado, o líder das FARC e o presidente colombiano continuaram a assinar o tratado de paz.<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=2016-10-03|titulo=Farc mantêm sua vontade de paz, diz líder após derrota em plebiscito
Segundo a [[Organização das Nações Unidas|ONU]], as FARC e o [[Exército de Libertação Nacional (Colômbia)|ELN]] são responsáveis por 12
No final de 2016, as FARC anunciaram que teriam abandonado a luta armada, nos termos do cessar fogo firmado com o governo colombiano. Em 27 de junho de 2017, seu braço armado oficialmente deixou de existir, seus membros foram dispersados e suas armas de fogo entregues as [[Nações Unidas]]. Um mês mais tarde, eles se reformaram em um partido político, a [[Força Alternativa Revolucionária do Comum]], a fim de conseguir poder de forma legal na Colômbia.<ref>{{citar web|url=https://www.reuters.com/article/us-colombia-peace-politics/after-decades-of-war-colombias-farc-rebels-debut-political-party-idUSKCN1B705U
== Origem ==
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Em 26 de fevereiro de 1991, um grupo de 40 guerrilheiros das '''Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia''', que se autodenominava "Comando Simón Bolívar", adentrou em território brasileiro, próximo a fronteira entre [[Brasil]] e [[Colômbia]], às margens do [[Rio Traíra]] no [[Estado do Amazonas]], e atacou de surpresa o Destacamento Traíra do [[Exército Brasileiro]], que estava em instalações semi-permanentes e possuía efetivo muito inferior a coluna guerrilheira que o atacara. Operações de inteligência afirmam que o ataque foi motivado pela repressão exercida pelo destacamento de fronteira ao garimpo ilegal na região, uma das fontes de financiamento das [[FARC]]. Nesse ataque morreram três militares brasileiros e nove ficaram feridos. Várias armas, munições e equipamentos foram roubados.
Em [[3 de junho]] de [[1991]], reiniciam-se as negociações de paz em território neutro em [[Caracas]] e [[Tlaxcala]], no [[México]].<ref>
Porém a violência não cessou, com ataques de ambos os lados, até que em [[1993]], as negociações cessaram por falta de acordo e a coordenação das FARC se dissolveu e os grupos guerrilheiros passaram a agir de forma independente. As FARC se dividiram em 70 frentes espalhadas pelo país, com efetivo entre 7000 e 10000 membros.
Antes do fim das negociações, um grupo de intelectuais colombianos, entre os quais o escritor premiado com o Nobel da Literatura [[Gabriel Garcia Marquez]], escreveu uma carta à coordenação dos grupos guerrilheiros denunciando as consequência das ações das FARC-EP.<ref>
De 1996 a 1998, as FARC efetuaram uma série de ações contra o exército colombiano, incluindo uma batalha de três dias em [[Mitú]], departamento de [[Vaupés]], aprisionando um expressivo número de soldados, e iniciam o processo de criação do [[Partido Comunista Colombiano Clandestino]] (PCCC).
No final dos anos 2000, o grupo começou a se enfraquecer, devido a prisão de seus membros, morte ou captura de seus líderes e falta de apoio dentre a sociedade. Em junho de 2016, um acordo histórico de cessar-fogo foi firmado com o governo colombiano e em junho de 2017, o grupo entregou suas armas a ONU, formalmente encerrando suas atividades como uma organização paramilitar, anunciando que buscariam poder agora apenas pela "via política-democrática".<ref>{{citar web|URL=http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2017/06/guerrilha-das-farc-deixa-de-existir-nesta-sexta-apos-entrega-de-armas-a-onu-9823313.html|título=Guerrilha das FARC "deixa de existir" nesta sexta após entrega de armas à ONU|data=23/06/2017|acessodata=10 de julho de 2018|publicado=Jornal de Santa Catarina|ultimo=|primeiro=}}</ref>
== Os Paramilitares ==
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== Visão geral ==
As FARC-EP, o maior grupo paramilitar na América do Sul, eram dirigidas por um secretariado liderado desde março de 2008 por [[Alfonso Cano]] (morto em 2011),<ref>
As FARC estão organizadas segundo as linhas militares e incluem diversas frentes urbanas ou células de milícia. A organização adicionou o "-EP" (Ejército del Pueblo) ao seu nome oficial durante a sua sétima conferência em 1982 como expressão da expectativa de evolução de uma guerra de guerrilha a uma acão militar convencional, esboçada nessa ocasião.
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A [[Human Rights Watch]] estima que as FARC possuem a maioria das crianças-soldados na Colômbia, aproximadamente 20% a 30% dos guerrilheiros possuem menos de 18 anos.<ref name="Children">[[Human Rights Watch]]. "Colombia: Armed Groups Send Children to War." [[22 de Fevereiro]] de 2005. [http://hrw.org/english/docs/2005/02/22/colomb10202.htm Available online]. Visitado 1 de setembro de 2006.</ref> Crianças que tentam escapar às fileiras podem ser punidas com tortura e morte por um pelotão de fuzilamento.<ref name="hrw2003">Human Rights Watch. "'You'll Learn Not to Cry: Child Combatants in Colombia." September 2003. ISBN 1-56432-288-2. [http://www.hrw.org/reports/2003/colombia0903/colombia0903.pdf Available online]. Visitado em 1 de setembro de [[2006]].</ref> Quanto às mulheres membros, a Human Rights Watch constata que uma das razões pela qual elas integram a organização é a fim de escapar do abuso sexual. Mulheres guerrilheiras possuem as mesmas prerrogativas e chances de serem promovidas como os homens. Contudo, meninas na guerrilha ainda estão submissas às pressões sexuais. Mesmo que o violo e o molestamento sexual não seja tolerado, vários comandantes homens usam seu poder para ter relações sexuais com garotas de baixa idade. Meninas como de 12 anos são obrigadas a usar contraceptivos, e devem abortar caso fiquem grávidas".<ref name="hrw2003"/>
O [[Departamento de Estado dos Estados Unidos]] inclui as FARC-EP em sua ''Lista de Organizações Terroristas Estrangeiras'', bem como a [[União Europeia]]. Ao todo, 31 países as classificam como grupo terrorista ([[Colômbia]], [[Peru]],<ref>[http://es.noticias.yahoo.com/ap/20080117/twl-ams-gen-venezuela-colombia-peru-3fb9d3b_1.html Comprehensive List of Terrorists and Groups Identified Under Executive Order 13224]</ref> [[Estados Unidos]],<ref name=
Presentes em 24 dos 32 departamentos da Colômbia<ref>[http://www.elpais.com.co/historico/mar032007/NAL/elecciones.html El País: Grupos ilegales tienen en riesgo las elecciones]</ref> concentradas ao sul e leste do país, sobretudo nos departamentos e regiões do [[Putumayo (departamento)|Putumayo]], [[Huila]], [[Nariño (departamento)|Nariño]], [[Cauca (departamento)|Cauca]] e [[Valle del Cauca]].<ref>[http://www.fco.gov.uk/servlet/Front?pagename=OpenMarket/Xcelerate/ShowPage&c=Page&cid=1007029390518&a=KCountryAdvice&aid=1013618385774 Acciones armadas]</ref> Foi reportada a existência de operações militares e acampamentos nos países que fazem fronteira com a Colômbia como a [[Venezuela]],<ref>[http://www.clarin.com/diario/2005/01/17/um/m-905822.htm Clarin - Colombia reitera que aportará pruebas sobre la presencia de líderes de las FARC en Venezuela]</ref><ref>[http://actualidad.terra.es/nacional/articulo/uribe_chavez_farc_venezuela_2045475.htm Noticias Terra - Uribe entregó a Chávez datos sobre campamento FARC en Venezuela según radio]</ref> [[Equador]],<ref>[http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/latin_america/newsid_1875000/1875832.stm BBC Mundo - Campamento de las FARC en Ecuador]</ref> [[Panamá]]<ref name="Paises">[http://www.clarin.com/diario/1997/06/18/t-03001d.htm - La guerrilla colombiana se extiende a 5 países]</ref> e [[Brasil]].<ref name=Paises/>
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== Soldados adolescentes ==
As FARC foram acusadas de recrutar adolescentes como soldados. A [[Human Rights Watch]] estima em 2005 que as FARC possuem uma parte dos combatentes menores de idade na Colômbia. Estima-se que entre 10% a 20% dos combatentes da FARC têm menos de 18 anos, num total de aproximadamente 1500 combatentes adolescentes.<ref name="Crianças"
== As FARC e o governo de Álvaro Uribe ==
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