Crise do subprime: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Subprime Mortgage Offer.jpeg|thumb|250px|Oferta de empréstimos sem comprovação de renda, nos [[Estados Unidos]].]]
 
A '''Crise do ''subprime''''' é uma [[crise financeira]] desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do [[índice Dow Jones]] motivada pela concessão de empréstimos [[hipoteca|hipotecários]] de alto [[Risco (administração)|risco]] (em [[língua inglesa|inglês]]: ''[[subprime]] loan'' ou ''subprime mortgage''), prática que arrastou vários [[banco]]s para uma situação de [[insolvência]], repercutindo fortemente sobre as [[Bolsa de valores|bolsas de valores]] de todo o mundo. A crise foi motivada pela concessão desenfreada de créditos imobiliários, através das empresas como a Fannie Mae e Freddie Mac, controladas pelo governo americano, assim como por falhas na regulação do sistema financeiro que permitia a transferência dos créditos hipotecários (CDS, CDO, etc.) em série, permitindo a transferência de riscos para outras contrapartes. Alguns citam também que, a esse quadro, se acrescenta, como pano de fundo da crise, a manutenção de juros reduzidos pelo [[Fed]] (o sistema de [[bancos centrais]] dos Estados Unidos), como forma de estimular a economia norte americana, recém saída da chamada [[Bolha da Internet|crise da bolha da internet]] (falência das empresas ponto com), que teria ocorrido em 2001; a intenção do governo norte americano seria de incrementar os investimentos, promovendo uma economia aquecida. A troca de comando em 2006 impediu que um novato assumisse o ônus da freada obrigatória. Nesse cenário, incentivados pela desregulamentação, os bancos norte americanos acirraram a prática da alavancagem, elevando-a a margens nunca antes vistas, chegando, para exemplificar, ao inacreditável percentual de segurança (depósito compulsório) de 2%, 1%, ou até menos que isso, se consideradas as transações ocultas, não computadas nos registros contábeis dos bancos. Tornou-se comum no meio financeiro a adoção de práticas cada vez mais irresponsáveis, com a criação de inúmeras "inovações financeiras" de alto risco, muitas das quais aliadas a práticas de irregularidades, como fraude financeira na avaliação de risco dos chamados títulos podres, derivativos, CDO baseados nas hipotecas ''subprime'', que foram avaliados com o grau máximo de segurança de investimento (AAA), por agências de avaliação de risco acima de qualquer suspeita (até então), como a AIG e a ''Standard & Poor's''. É o que explica como tais títulos se espalharam pelo mundo inteiro, intensificando a vastidão da crise. A crise do ''subprime'' foi imediatamente percebida como grave (segundo muitos economistas, a mais grave desde [[crise de 1929|1929]]), com possibilidade de se transformar em uma [[crise sistêmica]],<ref>[[Bresser Pereira|BRESSER PEREIRA, L. C.]] [http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.26.DominacaoFinanceiraCrise.NovosEstudos.pdf Dominação financeira e sua crise no quadro do capitalismo do conhecimento e do estado democrático social.]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }} Revista ''Estudos Avançados'', 22 (64), 2008: 195-205.</ref> entendida como uma interrupção da cadeia de pagamentos da economia global, e que tenderia a atingir, de maneira generalizada, todos os setores econômicos. É considerada como um prenúncio da [[crise econômica de 2008]].<ref>[{{Citar web |url=http://www.msia.org.br/assuntos-asuntos-estrat-gicos/367.html |titulo=Instituto europeu vê agravamento da crise sistêmica] |acessodata=2008-09-29 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090502171229/http://www.msia.org.br/assuntos-asuntos-estrat-gicos/367.html |arquivodata=2009-05-02 |urlmorta=yes }}</ref><ref>[http://www.leap2020.eu/LEAP-2020-Annonce-Speciale-Crise-Systemique-Globale-Septembre-2008_a2140.html?PHPSESSID=d74a3cfd26cda6d16bf957ad516a15dc LEAP/2020 : Annonce Spéciale Crise Systémique Globale Septembre 2008]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>
 
== Antecedentes ==
As famílias americanas já vinham se endividando ao longo dos anos 1990. A partir de 1995, o [[mercado imobiliário]] voltou a se expandir, assim como o endividamento - através de crédito ao consumidor e hipotecas. Com a crise de 2000-2001 do [[mercado de ações]], o mercado imobiliário ganhou estímulos e se expandiu mais vigorosamente. As famílias, já endividadas, elevaram a contratação de empréstimos, fazendo novas hipotecas e adquirindo novas linhas de crédito<ref> ROSA, E. [http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000850671 O Papel Macroeconômico das Famílias e a Geração de Fragilidade Financeira] </ref> <ref>ROSA, E. [http://www.akb.org.br/upload/130820121548511055_Everton%20S.%20T.%20Rosa.pdf As Famílias a Abordagem Minskyana: aspectos e desdobramentos do endividamento das famílias americanas] {{Wayback|url=http://www.akb.org.br/upload/130820121548511055_Everton%20S.%20T.%20Rosa.pdf |date=20160202014517 }}</ref>. A partir de 2003, com a intensificação da valorização dos imóveis e o esgotamento dos clientes tradicionais, o crédito foi facilitado para as famílias e indivíduos sem histórico de crédito ou com histórico ruim, sem emprego e sem renda.
 
Os ''[[subprimes]]'' incluíam desde empréstimos hipotecários até [[cartão de crédito|cartões de crédito]] e aluguel de carros, e eram concedidos, nos Estados Unidos, a clientes sem comprovação de [[renda]] e com mau histórico de crédito - eram os chamados clientes ''ninja'' (do [[acrônimo]], em inglês, ''no income, no job, no assets'': sem renda, sem emprego, sem patrimônio). Essas dívidas só eram honradas, mediante sucessivas "[[Rolagem_de_dívida|rolagens]]", o que foi possível enquanto o [[preço]] dos imóveis permaneceu em alta. Essa valorização contínua dos imóveis permitia aos mutuários obter novos empréstimos, sempre maiores, para liquidar os anteriores, em atraso - dando o '''mesmo''' imóvel como garantia. As taxas de [[juros]] eram pós-fixadas - isto é, determinadas no momento do pagamento das dívidas. Quando os juros dispararam nos Estados Unidos - com a consequente queda do preço dos imóveis - houve [[wikt:inadimplência|inadimplência]] em massa.
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== Impactos no Brasil ==
Logo após a [[Câmara dos Representantes dos Estados Unidos]] ter rejeitado a proposta governamental de socorro ao setor financeiro, em 29 de setembro, a [[Bolsa de Valores de São Paulo]], a terceira maior do mundo em valor de mercado,<ref>[{{Citar web |url=http://www.bmfbovespa.com.br/portugues/QuemSomos.asp |titulo=Site da Bovespa] |acessodata=2008-09-29 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080928235338/http://www.bmfbovespa.com.br/portugues/QuemSomos.asp |arquivodata=2008-09-28 |urlmorta=yes }}</ref> chegou a cair 10,16% (a 45.622,61 pontos) e teve suas operações interrompidas.
 
Mas, de modo geral, os economistas acreditam que seja muito cedo para determinar o [[impacto]] da crise, a longo prazo, no [[Brasil]]. Apenas uma minoria, a exemplo de [[Stephen Kanitz]], pensa que o [[país]] está imune - ou quase imune - à [[crise]].<ref>[http://brasil.melhores.com.br/2009/02/vamos-definir-crise-corretamente-.html "Vamos definir crise corretamente", por Stephen Kanitz]</ref> A maioria dos economistas é mais cautelosa, embora acredite que a posição brasileira - assim como a da Índia, da China e a de alguns outros [[países emergentes|emergentes]] - seja menos vulnerável do que a dos países ricos. O Brasil tem obtido sucessivos [[superávit]]s fiscais e o governo tem sido cauteloso, mantendo altas taxas de [[juros]] e baixas taxas de [[inflação]]. Assim, embora a crise não possa ser subestimada, até o momento não há previsões de grandes baques na economia brasileira.
 
Todavia, as exportações - que dependem de fontes externas de financiamento - tendem a sofrer imediatamente os efeitos da redução da oferta internacional de crédito. Uma eventual diminuição das exportações tende a repercutir negativamente também sobre o setor produtivo, tocando enfim a chamada [[economia real]], isto é, a economia da produção de bens e serviços, ou a esfera da "riqueza real", definida por [[Adam Smith]] não como acúmulo de metais preciosos (conforme defendiam os [[mercantilismo|mercantilistas]]), mas como a "produção anual do trabalho e da terra da sociedade",<ref>Smith (1776) ''[[The Wealth of Nations]]'', v. I, [http://www.econlib.org/library/Smith/smWN1.html#B.I,%20Introduction%20and%20Plan%20of%20the%20Work Introduction and Plan of the Work, para. I.I.9] e [http://www.econlib.org/library/Smith/smWN2.html#B.I,%20Ch.5,%20Of%20the%20Real%20and%20Nominal%20Price%20of%20Commodities Ch.5, para. I.5.2.]</ref> e que corresponde à esfera do ''Güterwelt'' [[schumpeter]]iano,<ref>[Production Capitalism vs. Financial Capitalism - Symbiosis and Parasitism. An Evolutionary Perspective. Documents from a workshop-conference held in Oslo, September 3-4, 1998. Prolegomenon and Bibliography], por Erik S. Reinert & Arno Mong Daastøl. Norsk Investorforum, Oslo & SUM, Centre for Development and Environment, University of Oslo.]</ref> ou ao que [[Krugman]] define simplesmente como "a economia dos empregos, dos salários e da produção".<ref>[[Paul Krugman|KRUGMAN, Paul]]. ''A crise de 2008 e a economia da depressão''. Elasevier, 2009, p. 188.</ref> Além disso, a queda da demanda nos Estados Unidos afeta as exportações - não só no Brasil, mas também em outros países, particularmente na China, que, sendo grande exportadora para os EUA, tende a experimentar uma desaceleração no seu crescimento. De imediato, esperava-se que crescimento do [[PIB]] chinês caísse cerca de 1%..<ref>[{{Citar web |url=http://portalexame.abril.uol.com.br/economia/m0168464.html |titulo=Sem pacote, recessão pode se tornar mundial, dizem economistas ] |acessodata=2008-10-01 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20081003231651/http://portalexame.abril.uol.com.br/economia/m0168464.html |arquivodata=2008-10-03 |urlmorta=yes }}</ref> Mas essa queda foi bem maior e pode chegar a 4%, embora a taxa ainda se mantenha bastante alta (mais de 6% ao ano). O governo chinês fixou uma meta de crescimento de 8% a.a. Mas, no primeiro trimestre de 2009, a economia chinesa sofreu uma queda brusca nas suas exportações e o PIB cresceu à menor taxa dos últimos dez 10 anos: 6,1% em relação ao primeiro trimestre de 2008. No trimestre anterior, o país crescera 6,8%, em comparação com o mesmo período, no ano anterior. Estes números indicam que será difícil cumprir a meta de crescimento de 8%, definida pelo governo.<ref>[[Gazeta Mercantil]], 16 de abril de 2009. [http://www.gazetamercantil.com.br/GZM_News.aspx?Parms=2448156,1,20,1 PIB da China cresce 6,1% no 1º trimestre do ano.] {{Wayback|url=http://www.gazetamercantil.com.br/GZM_News.aspx?Parms=2448156,1,20,1 |date=20090425041304 }}</ref>
 
Desde 2006, a China tem crescido a aproximadamente 10% ao ano. Em 2008, cresceu de 9,8% <ref>[{{Citar web |url=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/print/ch.html |titulo=CIA - The World Factbook. Economia da China ] |acessodata=2009-05-05 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080813072716/https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/print/ch.html |arquivodata=2008-08-13 |urlmorta=yes }}</ref> a 11,4%.<ref>[http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=66&c=ch&l=pt indexmundi. China - Produto Interno Bruto (PIB) - Taxa de Crescimento Real (%)]</ref> Se conseguir chegar a 8%, em 2009, será uma vitória. Mas, por ora, o plano econômico do governo chinês, de [[USD]] 584 bilhões, não teve êxito em conter a queda no crescimento.
 
Na economia brasileira, espera-se, igualmente, uma desaceleração significativa do crescimento do [[PIB]] - ou seja, um crescimento igual a zero ou muito próximo de zero. A magnitude dessa desaceleração deve depender, em grande medida, do que acontecer à economia chinesa - e isso vale para todos os países que exportam para a China. Enquanto o crescimento chinês se mantiver alto, países que exportam para a China tenderão a sofrer menos com os efeitos da crise. No caso do Brasil, isto é particularmente verdadeiro sobretudo com relação aos alimentos (grãos e cereais, soja e óleos comestíveis), dos quais o Brasil é um grande produtor e a China é um grande importador.<ref>[http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080916_bolsasreflexobrasil.shtml BBC Brasil: Impacto da crise na China é chave para Brasil, diz economista]</ref><ref>[[Reuters]], 22 de agosto de 2008 [http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=25545 China torna-se importador líquido de alimentos no 1º semestre.]</ref>