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==== Liberdade de expressão ====
Durante a chamada [[Era de Ouro do Islã]], houve uma ênfase inicial na [[liberdade de expressão]], principalmente no período do [[Califado]] islâmico, declarada pela primeira vez pelo próprio califa [[Omar]], no {{séc|VII}}.<ref name=Boisard/> Posteriormente, durante o período [[Abássidas|abássida]], a liberdade de expressão também foi declarada por Alhaximi, primo do [[califa abássida|califa]] [[Almamune]] (786–833), na seguinte carta a um oponente religioso:<ref name=Ahmad>{{citation|primeiro=I. A.|último=Ahmad|contribuição=The Rise and Fall of Islamic Science: The Calendar as a Case Study|título=Faith and Reason: Convergence and Complementarity|publicado=[[Al Akhawayn University]]|data=3 de junho de 2002|url=http://images.agustianwar.multiply.com/attachment/0/RxbYbQoKCr4AAD@kzFY1/IslamicCalendar-A-Case-Study.pdf|formato=PDF|acessodata=2008-01-31|dataacceso=2009-03-02|urlarquivo=https://web.archive.org/web/20080227095928/http://images.agustianwar.multiply.com/attachment/0/RxbYbQoKCr4AAD%40kzFY1/IslamicCalendar-A-Case-Study.pdf|dataarquivo=2008-02-27|urlmorta=sisim|titulo=Cópia arquivada|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080227095928/http://images.agustianwar.multiply.com/attachment/0/RxbYbQoKCr4AAD%40kzFY1/IslamicCalendar-A-Case-Study.pdf|arquivodata=27 de fevereiro de 2008}}</ref>
{{Citação2|cinzabq=s|Traga adiante todos os argumentos que você desejar, e diga o que bem entender, e fale o que pensa abertamente. Agora que você está seguro e livre para dizer o que quer, por favor indique algum árbitro que deverá julgar imparcialmente entre nós, e se inclinar apenas em direção da verdade, livre do domínio da paixão, e este árbitro deverá ser a [[Razão]], onde quer que Deus nos faça responsáveis por nossas próprias recompensas e punições. Desta maneira eu lidei justamente com você, e lhe dei completa segurança, e estou pronto a aceitar quaisquer decisões que a Razão dê para mim ou contra mim. Pois "não há compulsão na religião" (Alcorão 2:256) e apenas lhe convidei para aceitar a nossa fé espontaneamente e por sua própria iniciativa, e apontei a hediondez de seu credo atual. Que a paz e as bençãos de Deus estejam com você!<ref name=Ahmad/>}}
Aqui também os acontecimentos posteriores na história do Ocidente e Oriente fizeram com que hoje em dia isto não seja mais o caso: a liberdade de expressão nos países islâmicos sofre de sérios limites. O verso do Alcorão citado (2:256) foi revogado<ref>{{citar web|url=http://www.meforum.org/1754/peace-or-jihad-abrogation-in-islam|titulo=Peace or Jihad? Abrogation in Islam (Paz ou Guerra Santa? Revogação no Islão) - em inglês|data=2007|publicado=The Middle East Forum|ultimo=Bukay|primeiro=David}}</ref> por outros mais recentes que o contrariam (9.5 - o Verso da Espada).<ref>{{citar web|url=http://www.theholyquran.org/?x=s_main&y=s_middle&kid=14&sid=9|titulo=QURAN BY A. YUSUF ALİ 9 - Repentance|data=Data não disponível|publicado=Kuran.Gen.Tr (The Holy Quran)}}</ref>
 
==== Paz e justiça ====
Como nas outras [[Religião|religiões]] [[fé abraâmica|abraâmicas]], segundo os muçulmanos, a [[paz]] é um conceito básico do [[islã]].<ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/52/177|titulo=Sahih al-Bukhari Book 52 Hadith 177 O Apóstolo de Allah disse: "A Hora não será estabelecida até você lutar contra os judeus, e a pedra por trás da qual um judeu se esconderá dirá." Ó muçulmano! Há um judeu escondido atrás de mim, então mate-o."|acessodata=28 de Setembro de 2017|publicado=Muflihun.com|ultimo=al-Bukhari|primeiro=Sahih}}</ref> O próprio termo [[Língua árabe|árabe]] ''Islam'' (إسلام) costuma ser traduzido como "submissão"; submissão dos desejos à vontade de [[Deus]] (''[[Alá|Ala]]''), e viria do termo ''aslama'', "render-se" ou "resignar-se".<ref>{{citar enciclopédia|título=Islam |enciclopédia=Encyclopaedia of Islam Online |autor =L. Gardet |coautor=J. Jomier |acessodata=2-5-2007}}; {{citar web|url=http://www.studyquran.org/LaneLexicon/Volume4/00000137.pdf|formato=PDF|título=Lane's lexicon}}</ref> A palavra árabe ''[[salaam]]'' (سلام) ("paz") tem a mesma [[Raiz (linguística)|raiz]] ([[S-L-M]]) que a palavra ''Islam'';<ref>{{citar web|título= Islam |publicado= Online Etymology Dictionary| url=http://www.etymonline.com/index.php?search=islam&searchmode=none |acessodata=2007-11-22 }}</ref> uma interpretação islâmica para o fato seria que a paz individual é obtida através desta submissão a Deus. A saudação ''"[[salaam aleikum]]"'', utilizada pelos muçulmanos, tem o significado literal de "a paz esteja com você".<ref>"Islam" - ''Online Etymology Dictionary''. Visitado em 22-11-2007.</ref> [[Maomé]] teria dito, certa vez: "A humanidade são os dependentes, ou a família, de Deus, e os mais amados dentre eles, para Deus, são aqueles que são mais excelentes com os Seus dependentes."{{Carece de fontes|data=novembro de 2017}} "Nem um de vocês crê até amar o seu irmão da mesma maneira que ama a si próprio."{{Carece de fontes|data=novembro de 2017}} A respeito desta última frase, grandes estudiosos islâmicos da tradição profética, como [[Ibn Hajar al-Asqalani]] e Sharafuddin al-[[Nawawi]] disseram que as palavras "seu irmão" se referem a qualquer pessoa, independente de sua fé.<ref>[[Fath al-Bari]] e o ''[[sharh]]'' ''[[Sahih al-Bukhari]], do [[imã]] Al-Nawawi.</ref><ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/83/17|titulo=Sahih al-Bukhari Book 83 Hadith 17|data=Data não disponivel|publicado=Muflihun.com|ultimo=al-Bukhari|primeiro=Sahih|acessodata=2016-11-20|arquivourl=https://web.archive.org/web/20161121103723/https://muflihun.com/bukhari/83/17|arquivodata=2016-11-21|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.usc.edu/org/cmje/religious-texts/hadith/bukhari/052-sbt.php#004.052.260|titulo=Fighting for the Cause of Allah (Jihaad) - Lutando pela causa de Alá (Jihad) - em inglês|publicado=Center for Muslim-Jewish Engagement|ultimo=Bukhari,|primeiro=Sahih|arquivourl=https://web.archive.org/web/20151016112616/http://www.usc.edu/org/cmje/religious-texts/hadith/bukhari/052-sbt.php#004.052.260|arquivodata=2015-10-16|urlmorta=yes}}</ref>Outros são de opinião contrária, como [[Muhammad Saalih al-Munajjid.]]<ref>{{citar web|url=https://islamqa.info/en/59879|titulo=59879: What is meant by taking the kuffaar as friends? Ruling on mixing with the kuffaar|acessodata=11 de Novembro de 2017|publicado=IslamQA|ultimo=Saalih al-Munajjid|primeiro=Muhammad|arquivourl=https://web.archive.org/web/20171112073833/https://islamqa.info/en/59879|arquivodata=12 de novembro de 2017|urlmorta=sim}}</ref>
 
==== Escravidão e divisões sociais ====
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Até o final de 1800, a grande maioria dos estudiosos Islâmicos nas escolas de [[jurisprudência]] [[Madhhab]] e Imamah (xiita) consideravam que para os homens adultos, a apostasia era um crime bem como um pecado, um ato de traição punível com a [[pena de morte]],<ref name="jstor.org"/><ref name=Lewis-1995-229>{{citar livro|último1 =Lewis|primeiro1 =Bernard|título=The Middle East, a Brief History of the Last 2000 Years|data=1995|publicado=Touchstone Books|isbn=0684807122|página=229|url=https://books.google.com/books?id=1ajwK7ejowwC&pg=PT234&lpg=PT234&dq=%22crime+as+well+as+a+sin%22+lewis&source=bl&ots=v1AyclN5kf&sig=xjzwt82NQw_zjElqRcexH9APgyA&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwj8nf-itrHJAhUDXh4KHYulCgcQ6AEIMDAE|acessodata=27 de novembro de 2015}}</ref> normalmente após um período de espera para permitir que o apóstata arrependa-se e volte ao Islã.<ref name="jstor.org"/><ref>{{citar livro|último =Omar|primeiro =Abdul Rashied|editor1=Mohammed Abu-Nimer|editor2=David Augsburger|título=Peace-Building by, between, and beyond Muslims and Evangelical Christians|url=https://books.google.com/books?id=HvrDWka4iRgC&pg=186|data=16 de fevereiro de 2009|publicado=Lexington Books|capítulo=The Right to religious conversion: Between apostasy and proselytization|isbn=978-0-7391-3523-5|páginas=179–194}}</ref><ref name="KEY">{{citar livro|autores=Kecia Ali and Oliver Leaman|título=''Islam: the key concepts''|publicado=Routledge|ano=2008|página=10|url=https://books.google.com/books?id=H5-CdzqmuXsC&pg=PA10|acessodata=2013-11-29}}</ref><ref name=johnesposito>{{citar livro|autor =John L. Esposito|título=''The Oxford dictionary of Islam''|publicado=Oxford University Press|ano=2004|página=22|url=https://books.google.com/books?id=6VeCWQfVNjkC&pg=PA22|acessodata=2013-11-28}}</ref> O tipo de apostasia geralmente considerada punível pelos juristas era a do tipo político, embora houvesse considerável diferença de opinião sobre este assunto no meio jurídico islâmico.<ref name="afsaruddin1">Asma Afsaruddin (2013), ''Striving in the Path of God: Jihad and Martyrdom in Islamic Thought'', p.242. </ref> Wael Hallaq afirma que "em uma cultura cujo principal instrumento é a religião, os princípios religiosos e a moral religiosa, a apostasia é, de alguma forma, equivalente a [[alta traição]] no moderno [[Estado-nação]]."<ref name="waelhallaq">{{citar livro|último1 =[[Wael Hallaq|Wael]]|primeiro1 =[[Wael Hallaq|B. Hallaq]]|título=Sharī'a: Theory, Practice and Transformations|data=2009|publicado=[[Cambridge University Press]]|isbn=978-0-521-86147-2|páginas=319}}</ref> No final dos anos 1800, a utilização de sanções penais por apostasia, caiu em desuso, apesar de sanções civis terem sido aplicadas.<ref name="jstor.org">Peters & De Vries (1976), [http://www.jstor.org/stable/1570336 Apostasy in Islam], Die Welt des Islams, Vol. 17, Issue 1/4, pp 16</ref><ref>{{citar web|url=http://www.reuters.com/article/us-religion-atheists/atheists-face-death-in-13-countries-global-discrimination-study-idUSBRE9B900G20131210|titulo=Atheists face death in 13 countries, global discrimination: study|data=10 de Dezembro de 2013|publicado=Reuters|ultimo=Evans|primeiro=Robert}}</ref>
De acordo com [[Abdul Rashied Omar]], a maioria dos estudiosos muçulmanos modernos continuam a manter uma visão tradicional de que a pena de morte por apostasia ou blasfémia é necessária de acordo com os [[Hádice|hádices]].<ref name=aromar>{{citar livro|último =Omar|primeiro =Abdul Rashied|editor1=Mohammed Abu-Nimer|editor2=David Augsburger|título=Peace-Building by, between, and beyond Muslims and Evangelical Christians|url=https://books.google.com/books?id=HvrDWka4iRgC&pg=186|data=16 de fevereiro de 2009|publicado=Lexington Books|capítulo=The Right to religious conversion: Between apostasy and proselytization|isbn=978-0-7391-3523-5|páginas=179–194}}</ref><ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/83/17|titulo=Sahih al-Bukhari Livro 83 Hadith 17|acessodata=13 de Outubro de 2017|publicado=Muflihun.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20161121103723/https://muflihun.com/bukhari/83/17|arquivodata=21 de novembro de 2016|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/84/57|titulo=Sahih al-Bukhari Livro 84 Hadith 57|acessodata=13 de Outubro de 2017|publicado=Muflihun.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170809085904/https://muflihun.com/bukhari/84/57|arquivodata=9 de agosto de 2017|urlmorta=sim}}</ref>. <ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997|acessodata=28 de Setembro de 2017}}</ref>
 
[[Yusuf Al-Qaradawi]], presidente da União Mundial de Sábios Islâmicos, declarou à TV egípcia: "Se eles (muçulmanos apóstatas) tivessem livrado-se dos castigo pela apostasia, hoje não existiria Islã". A declaração não foi uma desculpa, mas sim uma justificação lógica para preservar a pena de morte para o "crime" de apostasia.<ref>{{citar web|url=https://www.gatestoneinstitute.org/3572/islam-apostasy-death|titulo=Se os apóstatas se tivessem livrado da morte, hoje não existiria Islão|data=5 de Fevereiro de 2013|publicado=Gatestone Institute|ultimo=Darwish|primeiro=Nonie}}</ref> Mais de 20 países de maioria muçulmana punem a apostasia e blasfémia como um crime. À data de 2014, apostasia era um crime capital no Afeganistão, Brunei, Mauritânia, Qatar, Arabia Saudita, Sudão, Emirados Àrabes Unidos, e Iémem.<ref>{{citar web|url=http://www.loc.gov/law/help/apostasy/index.php|titulo=Laws Criminalizing Apostasy|acessodata=1 de Janeiro de 2018|publicado=The Library of Congress}}</ref>
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{{AP|Mulheres no Islã}}
 
O papel das mulheres na sociedade muçulmana mudou significativamente nos séculos desde que o Islã começou na [[Arábia]] no início do {{séc|VII}}. Sua posição variou com a mudança de circunstâncias sociais, econômicas e políticas. Embora o Islã considere homens e mulheres como moralmente iguais à vista de Alá, as mulheres não tiveram o mesmo acesso a muitas áreas da vida islâmica.<ref name="Women">{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t243/e370?_hi=13&_pos=2|titulo=Women (Mulher - em inglês)|publicado=Oxford Islamic Studies}}</ref> Antes das revelações recebidas por [[Maomé]] no {{séc|VII}}, era hábito na Arábia enterrar as suas filhas vivas. Isso, entre outras práticas exploratórias, tornava a mulher um ser submisso ao homem, tratada como de segunda espécie.<ref name="Women" /><ref name="sbmrj.org.br">[http://www.sbmrj.org.br/Mulheres-condic.htm] {{Wayback|url=http://www.sbmrj.org.br/Mulheres-condic.htm |date=20090216101602 }} - A condição da mulher no Islam, 27 de fevereiro de 2009</ref>
 
Durante e após a revelação do Alcorão, estes hábitos teriam sido abolidos, tendo em vista de que a condição da mulher na sociedade da Arábia foi revista, colocando-a como ser de igual nível ao homem, digna, respeitável, a ser protegida pelo homem.<ref name="Women" /><ref name="sbmrj.org.br"/> Já no {{séc|VII}}, com a revelação do Alcorão, a mulher possuía direitos a: individualidade, educação e instrução, liberdade de expressão, direito de contratar, direito à Herança, direito ao divórcio, entre outros; alguns destes foram conquistados na prática no [[Ocidente]] apenas no {{séc|XX}}.<ref name="sbmrj.org.br"/> Contudo, embora a lei islâmica tenha ampliado alguns direitos às mulheres e limitado os privilégios dos homens, não mudou a posição dominante dos homens na sociedade muçulmana. Por exemplo, o Alcorão exige que as mulheres sejam obedientes aos seus maridos e descreve os homens como um grau superior às mulheres em direitos e responsabilidades. As escrituras também permitem que os homens se divorciem de suas esposas sem causa e negam os direitos de custódia das mulheres sobre as crianças que atingiram uma certa idade.<ref>{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t243/e370?_hi=13&_pos=2|titulo=Women|acessodata=5 de Março de 2018|publicado=Oxford Islamic Studies OnLine}}</ref>
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{{referências|col=2|refs=
 
<ref name=houa>{{Citar web|título = Dicionário Houaiss|URL = http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=xaria|obra = houaiss.uol.com.br|acessadoem = 2015-08-03}}{{Ligação inativa|data=dezembro de 2019 }}</ref>
 
<ref name=xx>O aportuguesamento do árabe ''sharia'' deve ser feito com "x" inicial, em consonância com os ditames gramaticais históricos da língua portuguesa, que preconizam o uso de "x" em vez de "ch" na transliteração de palavras do árabe: xeque/xeique, almoxarifado, xiita, xarope, xadrez, enxaqueca, haxixe, oxalá etc.{{Carece de fontes|data=abril de 2017|}}</ref>