Melo Viana: diferenças entre revisões

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ClaudioMassena (discussão | contribs)
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| imagem = Fernando de Mello Vianna como Presidente do Senado.jpg
| imagem_tamanho = 220px
| mandato = [[15 de novembro]] de [[1926]]<br />atéa [[24 de outubro]] de [[1930]]
| vice_título = Presidente
| vice = [[Washington Luís]]
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| depois = [[Nereu Ramos]]
| título2 = [[Lista de governadores de Minas Gerais|14.º Presidente de Minas Gerais]]
| mandato2 = [[21 de dezembro]] de [[1924]]<br />atéa [[7 de setembro]] de [[1926]]
| antes2 = [[Olegário Maciel]]
| depois2 = [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (IV)|Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]]
| título3 = [[Secretário de Estado|Secretário Estadual do Interior]] de [[Minas Gerais]]
| mandato3 = [[7 de setembro]] de [[1922]]<br/>até [[4 de agosto]] de [[1924]]
| vice3 = [[Raul Soares de Moura|Raul Soares]]
| vice_título3 = Governador
| nome_de_nascimento = Fernando de Melo Viana
| nascimento_data = {{dni|lang=br|15|3|1878|sem idade}}
| nascimento_local = [[Sabará]], [[Minas Gerais]]
| morte_data = {{morte|1|2|1954|15|3|1878|lang=br}}
| morte_local = [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], [[Distrito Federal do Brasil (1891-1960)|Distrito Federal]] <!-- NÃO ALTERAR: entre 24/02/1891 e 21/04/1960, o Rio de Janeiro era a capital federal e se situava no Distrito Federal. Brasília sedia o DF desde 21/04/1960 -->
| profissão = [[Advogado]] e <br/>[[professorProfessor]]
| partido = [[Partido Republicano Mineiro|PRM]]
}}
'''Fernando de Melo Viana'''<ref group="notanb">A grafia original do nome do biografado, ''Fernando de Mello Vianna'', deve ser atualizada conforme a [[onomástica]] estabelecida a partir do [[Formulário Ortográfico de 1943]], por seguir as mesmas regras dos [[Substantivo|substantivossubstantivo]]s comuns ([http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=20 Academia Brasileira de Letras – Formulário Ortográfico de 1943]). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes [[Acordo Ortográfico|Acordos Ortográficos]] da língua portuguesa ([http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1945 Acordo Ortográfico de 1945] e [http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1990 Acordo Ortográfico de 1990]). A norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário Ortográfico de 1943, IX).</ref> ([[Sabará]], [[15 de março]] de [[1878]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[10 de fevereiro]] de [[1954]]) foi um [[advogado]], [[professor]] e [[político]] [[Brasileiros|brasileiro]], tendotenso sido o [[Lista de governadores de Minas Gerais|14.º presidentePresidente de Minas Gerais]] entre [[1924]] e [[1926]] e o [[Lista de vice-presidentes do Brasil|11.º viceVice-presidente do Brasil]] no governo de [[Washington Luís Pereira de Sousa|Washington Luís]].
 
Depois de [[Nilo Peçanha]], Melo Viana foi o segundo mulato a ocupar a vice-presidência.
Depois de [[Nilo Peçanha]], Melo Viana foi o segundo mulato a ocupar a vice-presidência.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=pQJDDwAAQBAJ&pg=PT23&lpg=PT23&dq=fernando+melo+viana+mulato&source=bl&ots=Zhl_d1krj3&sig=ACfU3U0sLB8UcPlPUz88UVHOVKpsWvrfcQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwj4yJKLk57pAhVTA9QKHYZvCicQ6AEwA3oECAoQAQ#v=onepage&q=fernando%20melo%20viana%20mulato&f=false|título=Histórias da gente brasileira: República: memórias (1889-1950) - Volume 3|ultimo=Priore|primeiro=Mary del|data=2017-08-01|editora=LEYA|lingua=pt-BR}}</ref>
 
==Biografia==
Formou-se em [[ciências jurídicas]] pela [[Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais|Faculdade de Direito de Ouro Preto]] (atual Faculdade de Direito da [[Universidade Federal de Minas Gerais]]). Foi advogado em [[Uberaba]], no início da sua carreira, onde se declarou ateu. O [[Fórum]] de Uberaba é nomeado em sua homenagem.
 
Foi juiz de direito em [[Carangola]] de 1912 a 1919. Segundo o cientista político João Batista Damasceno, em 3 de agosto de 1914, Fernando de Melo Viana proferiu sentença extintiva de punibilidade de Olímpio Joventino Machado, acusado juntamente com João Baptista Martins pelo evento dos qual tinham sido vítimas e denominado Mazorca, após eleição distrital em [[Orizânia]], em 1899, perpetrados pelo chefe político local de Carangola, Coronel Novais, aliado do Governador Silviano Brandão. A mudança na política mineira com a ascensão do grupo político de [[João Pinheiro]] levou João Baptista Martins a ocupar o cargo de procurador-geral do Estado, cargo criado para ele. Fernando de Melo Viana exerceu a judicatura em Carangola, período no qual conviveu com Pedro Baptista Martins, filho do advogado João Baptista Martins, e que viria a redigir o CPC de 1939.
=== Família e casamento ===
Nasceu em [[Sabará]], [[Minas Gerais]], no dia 15 de março de 1878, filho do comendador Manuel Fontes Pereira de Melo Viana, comerciante e fazendeiro, e de Blandina Augusta de Araújo Viana.<ref name=":0">{{Citar web|titulo=memória|url=https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ATrx1cyg97MJ:https://www.mpmg.mp.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A91CFA9555839B401555991F1F3779F+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br}}</ref> Em primeira núpcias, foi casado com Maria José de Souza, com quem teve um filho, Fernando de Melo Viana Filho. Do seu segundo casamento com Alfida Leite de Magalhães Pinto, teve dois filhos: Alfida e Eros. Viúvo em janeiro de 1928,<ref>http://memoria.bn.br/pdf/761753/per761753_1928_00098.pdf</ref> casou-se pela última vez em novembro do mesmo ano com Clotilde de Souza Elejalde, com quem teve seu quarto filho, Fernando Antônio.<ref>http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/para_todos/para_todos_1928/para_todos_520.pdf</ref><ref>http://memoria.bn.br/pdf/116408/per116408_1928_00900.pdf</ref><ref>http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1978_00010.pdf</ref>
 
Em agosto de 1924 assumiu o governo do estado de Minas Gerais, permanecendo no cargo até setembro de 1926. Neste mesmo ano foi eleito vice-[[Presidente do Brasil|presidente da República]], ao lado de [[Washington Luís]], que conquistou a chefia do governo.
=== Estudos ===
Após fazer os primeiros estudos em Sabará, cursou o Colégio Caraça e o externato do Ginásio Mineiro de Ouro Preto, em Minas Gerais. Estudou na Faculdade de Direito de Ouro Preto, bacharelando-se em dezembro de 1900 já em [[Belo Horizonte]], para onde fora transferida, em 1897, a capital do estado.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Em [[1929]], aliou-se à Concentração Conservadora, movimento político mineiro de apoio à campanha de [[Júlio Prestes]], candidato governista á Presidência da República. Em [[6 de fevereiro]] de [[1930]], poucos dias antes da eleição presidencial, foi ferido com três tiros no pescoço quando fazia campanha em [[Montes Claros]]. Seu secretário particular, Dr. Rafael Fleury da Rocha, morreu no local.<ref>DEBES, Célio, ''1930 revisitado: A Revolução'', Revista da Academia Paulista de Letras, Volume 114, São Paulo, julho de 2001.</ref> O famoso "''Atentado de Montes Claros''" causou no total 5 mortos e 14 feridos.<ref>''Mais uma vítima do atentado de Montes Claros - Falece o industrial Moacir Dolabela Portela'', Folha da Manhã, São Paulo, 21 de fevereiro de 1930</ref>
== Carreira profissional ==
 
Com a vitória da [[Revolução de 1930|Revolução de 30]] exilou-se por oito anos na [[Europa]].
=== Promotor ===
Nomeado promotor da comarca de [[Mar de Espanha]], em 1901, pelo presidente do estado [[Silviano Brandão]], permaneceu no cargo até 1903, quando foi eleito deputado estadual. Por motivo de saúde, renunciou a seu mandato em 1905 e passou a exercer a advocacia em [[Sete Lagoas]]. Foi também vereador em Mar de Espanha.<ref name=":0" />
 
Em [[1945]] foi eleito [[senador]] à [[Assembleia Nacional Constituinte]] na legenda do [[Partido Social Democrático (1945-2003)|Partido Social Democrático]] (PSD). Logo depois foi eleito presidente da Assembleia, obtendo a maioria dos votos junto aos constituintes. Após a promulgação da nova carta, em setembro de [[1946]], passou a exercer a vice-presidência do Senado.
=== Juiz de direito ===
[[Ficheiro:Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1946 p. 41.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Assinatura de Melo Viana na promulgação da [[Constituição brasileira de 1946]]. ]]
A partir de 1909, foi juiz de direito nas cidades mineiras de Conceição do Serro (atual [[Conceição do Mato Dentro]]), Santa Luzia do Carangola (atual [[Carangola]]), [[Uberaba]] e [[Pará de Minas]]. Convidado por [[Artur Bernardes]], que assumiu a presidência de Minas Gerais em 1918, tornou-se subprocurador-geral do estado e depois advogado-geral do estado.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
Durante a [[Constituição brasileira de 1946|Assembleia Nacional Constituinte de 1946]], foi colocada em votação a emenda nn<sup>o</sup> 3165 de autoria de [[Miguel Couto Filho]] que dizia: ''"É proibida a entrada no país de [[Imigração japonesa no Brasil|imigrantes japoneses]] de qualquer idade e de qualquer procedência"''. Tal emenda obteve votação empatada de 99 votos contra e 99 votos a favor, cabendo a Melo Viana, como presidente da assembleia, dar o [[voto de Minerva]] que a rejeitou.<ref name="suzuki">[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2004200804.htm SUZUKI Jr, Matinas. História da discriminação brasileira contra os japoneses sai do limbo ''in'' Folha de S. Paulo, 20 de abril de 2008(visitada em 17 de agosto de 2008)]</ref>
 
[[Ficheiro:Escolarinscricao.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/FicheiroImagem:Escolarinscricao.jpg|direita|miniaturadaimagemthumb|Citação de Melo Viana na entrada do Grupo Escolar Pedro II, em [[Belo Horizonte]]: ''A escola atual é a escola da vida. Os professores e os pais devem conjugar o pensamento de tal maneira que a criança, em casa, encontre um mestre e, na escola, tenha um pai.'']]
== Presidente do estado de Minas Gerais ==
{{Notas}}{{Referências}}
Em 1922, Bernardes foi eleito presidente da República e substituído no governo de Minas por [[Raul Soares de Moura|Raul Soares]]. Nesse momento, Melo Viana assumiu a Secretaria do Interior do estado. Com a morte de Raul Soares em agosto de 1924, no mês de dezembro Melo Viana foi escolhido para completar seu período de governo, que se estenderia até 7 de setembro de 1926. Na presidência do estado, realizou vários melhoramentos. Tornou-se popular dentro e fora de Minas, sobretudo por ter defendido a anistia para os revoltosos de 1922 e 1924.<ref>{{Citar web|titulo=Fernando de Mello Vianna {{!}} Estado de Minas Gerais|url=https://www.mg.gov.br/governador/fernando-de-mello-vianna}}</ref>
 
* {{citar livro
== Vice-presidente do Brasil ==
|autor=Alzira Alves de Abreu e Israel Beloch
[[Ficheiro:Constituição_da_República_dos_Estados_Unidos_do_Brasil_de_1946_p._41.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Constitui%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_dos_Estados_Unidos_do_Brasil_de_1946_p._41.jpg|alt=|miniaturadaimagem|291x291px|Assinatura de Melo Viana na promulgação da [[Constituição brasileira de 1946]].]]
|título=Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, 1930-1983
Na sucessão de Artur Bernardes, com o apoio dos revoltosos e de algumas situações estaduais, teve seu nome cogitado para candidatar-se à presidência da República pelo [[Partido Republicano Mineiro]] (PRM). No entanto, obedecendo ao acordo vigente durante toda a [[República Velha]] segundo o qual Minas e [[São Paulo]] deveriam se alternar no poder, Artur Bernardes indicou como candidato oficial [[Washington Luís]], do [[Partido Republicano Paulista]]. Melo Viana aceitou então pleitear a vice-presidência, visando evitar a cisão no bloco situacionista. Ambos foram eleitos em março de 1926 para um mandato que se estenderia até 15 de novembro de 1930.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
|editora=Forense-Universitária/FGV-CPDOC/Finep
|local-publicação=[[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]]
|ano=[[1984]]
}}
 
== MorteNotas ==
Em 1929, foi articulada a [[Aliança Liberal]], movimento de oposição à candidatura situacionista de [[Júlio Prestes]] à presidência da República nas eleições marcadas para 1º de março de 1930. Nessa mesma data seriam realizadas eleições para a [[Câmara dos Deputados do Brasil|Câmara Federal]] e para a presidência de Minas. De início, Melo Viana seguiu a posição de seu partido, que, ao lado do [[Partido Republicano Rio-Grandense]], constituiu o núcleo da Aliança Liberal. Por outro lado, pretendendo reassumir o governo estadual e tendo boa cotação política para tanto, tentou assegurar o lançamento de sua candidatura pelo PRM. Na verdade sua solidariedade à Aliança Liberal estava condicionada a essa indicação. Se ela não se concretizasse, aderiria a Júlio Prestes e a Washington Luís, de quem esperava obter apoio para tornar-se presidente de seu estado. Em julho, Melo Viana esteve presente à reunião da comissão executiva do PRM em que foram lançadas as candidaturas de [[Getúlio Vargas]] à presidência da República e de [[João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque|João Pessoa]] à vice-presidência. Em setembro, compareceu à chegada do presidente mineiro [[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (IV)|Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]] ao Rio, onde este presidiria a convenção da Aliança Liberal. Na mesma época, entretanto, esteve presente à chegada de Júlio Prestes ao Rio.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
<references group="nb"/>
 
Em outubro, Melo Viana foi a Belo Horizonte participar da reunião da comissão executiva do PRM que indicaria o sucessor de Antônio Carlos. Após o fracasso dos primeiros encontros, Antônio Carlos reuniu-se com Artur Bernardes, [[Venceslau Brás]] e Melo Viana, propondo a candidatura do presidente do Senado estadual, [[Olegário Maciel|Olegário Dias Maciel]], que julgava aceitável pelos três. Os dois primeiros aceitaram-na de fato, mas Melo Viana a recusou, afirmando que só abriria mão de sua candidatura em prol de Venceslau ou Bernardes. Todavia, as candidaturas desses dois políticos eram inviáveis, pois eram chefes de correntes hostis dentro do partido. Finalmente, a reunião plenária da comissão executiva do PRM indicou os nomes de Olegário Maciel e de Pedro Marques de Almeida, presidente da Câmara estadual, para a presidência e a vice-presidência do estado.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Melo Viana rompeu então com o PRM, levando consigo [[Alfredo Sá]], vice-presidente do estado, oito deputados estaduais e um senador. O secretário de Segurança de Minas também pediu exoneração. Após lançarem a candidatura de Melo Viana em oposição à de Olegário Maciel, os dissidentes passaram a apoiar Júlio Prestes em nível federal. Desse modo, uniram-se à Concentração Conservadora, movimento encarregado da campanha de Prestes em Minas, que se incumbiu também da de Melo Viana, apoiada por Washington Luís.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
== Na Concentração Conservadora ==
[[Ficheiro:Escolarinscricao.jpg|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escolarinscricao.jpg|direita|miniaturadaimagem|Citação de Melo Viana na entrada do Grupo Escolar Pedro II, em [[Belo Horizonte]]: ''A escola atual é a escola da vida. Os professores e os pais devem conjugar o pensamento de tal maneira que a criança, em casa, encontre um mestre e, na escola, tenha um pai.'']]
Segundo os adeptos da Aliança Liberal, a partir de novembro de 1929 Melo Viana e a Concentração Conservadora buscaram, através de inúmeros expedientes, provocar a intervenção federal em Minas. Em seu livro ''Minas na Aliança Liberal e na Revolução'', Aurino de Morais alinha uma série de fatos que comprovariam tais acusações. Em dezembro, Melo Viana foi a Belo Horizonte fazer propaganda de sua candidatura e compareceu a uma cerimônia realizada na sede do [[Automóvel Clube de Minas Gerais|Automóvel Clube]], onde foi lida a plataforma de Júlio Prestes.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Em janeiro do ano seguinte, a Concentração Conservadora apresentou uma chapa completa de candidatos à Câmara Federal. Ao nível da sucessão estadual, no entanto, Melo Viana não havia conseguido um companheiro de chapa.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Em fevereiro, a Concentração Conservadora procurou atrair os empresários mineiros, prometendo-lhes um plano de transportes e obras de infraestrutura. Propôs-se também a promover congressos industriais e agrícolas no interior do estado, um deles dedicado ao algodão, em [[Montes Claros]], e outro à siderurgia, em Itabira. No dia 6 de fevereiro, uma caravana liderada por Melo Viana e Manuel Tomás de Carvalho Brito, chefe da Concentração Conservadora, dirigiu-se para Montes Claros. Grande número de trabalhadores foi levado ao local, para onde foram transportadas também máquinas agrícolas e material de propaganda. Um incidente provocado pela explosão de fogos de artifício deu início a um acirrado tiroteio entre os partidários da Concentração Conservadora e os aliancistas locais, causando baixas em ambos os lados e pondo fim ao encontro.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Carvalho Brito telegrafou em seguida a Washington Luís e ao ministro da Justiça comunicando-lhes que sua comitiva fora agredida e Melo Viana, ferido. Além disso, sempre segundo os aliancistas, deu ordens para que fossem interceptadas as comunicações telegráficas, devendo ser transmitidos apenas os comunicados que tivessem seu visto. Dessa forma, o delegado militar de Montes Claros ficou impedido de entrar em contato com o governo estadual e Carvalho Brito, através do telégrafo mantido à sua disposição, passou a pedir a intervenção em Minas Gerais. Washington Luís pôde então aumentar os efetivos das forças federais no estado.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Apesar das tentativas da Concentração Conservadora de incriminar o governo estadual, o inquérito policial então instalado comprovou que o presidente mineiro não havia tido participação nos acontecimentos. Ao mesmo tempo, o congresso de siderurgia de [[Itabira]] foi cancelado. Ainda durante o mês de fevereiro, Carvalho Brito e Melo Viana foram acusados pelos aliancistas de neutralizar sua propaganda política através do controle que mantinham sobre os correios e telégrafos, as estradas de ferro, as coletorias e os estabelecimentos de ensino. Foram acusados também de violar e reter a correspondência e o material eleitoral a ser distribuído pelos aliancistas, enquanto a Concentração Conservadora remetia suas cédulas e livros em invólucros do gabinete do diretor dos [[Correios]], com sinete de “Serviço Postal”, isento de despesas. Como as reclamações dos aliancistas ao governo federal de nada adiantassem, o governo mineiro propôs-se a organizar uma rede de serviço radiotelegráfico, montando estações nas diversas zonas do estado.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
As irregularidades atribuídas à Concentração Conservadora nas eleições de março de 1930 foram típicas do comportamento das oligarquias na República Velha: indicação de todos os mesários em alguns municípios entre seus partidários, composição da mesa apuradora em seu benefício e adulteração de livros eleitorais. As apurações, em lugar de serem fiscalizadas, segundo a tradição, pela polícia estadual, foram acompanhadas pelas forças federais. A presença de tropas federais na capital mineira deu margem a novos conflitos entre aliancistas e partidários da agremiação governista.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Encerradas as apurações — relativas apenas aos votos para a presidência do estado — Melo Viana foi derrotado por Olegário Maciel. Esgotado o prazo legal, a junta apuradora enviou à Câmara dos Deputados os livros eleitorais sem ter apurado o resultado do pleito para o Legislativo federal. Dessa forma, Washington Luís afastou a bancada mineira dos trabalhos preliminares da sessão legislativa, já que não havia candidato diplomado. Logo depois, a Comissão de Verificação de Poderes do Congresso Nacional, incumbida de dar parecer sobre as eleições estaduais, decidiu reconhecer a vitória, nos diversos distritos em que se dividia o estado de Minas, dos elementos fiéis à Concentração Conservadora, “degolando”, para lhes dar lugar, 14 deputados federais ligados à Aliança Liberal.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
== Revolução de 1930 e exílio ==
Nos meses seguintes, os aliancistas intensificaram a conspiração que resultou na [[Revolução de 1930]], vitoriosa com a deposição de Washington Luís em 24 de outubro. Nesse momento, Melo Viana exilou-se na [[Europa]], onde permaneceu durante dois anos.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Voltando ao Brasil, abriu um escritório de advocacia em Belo Horizonte. Mais tarde, foi nomeado advogado de Minas Gerais no Rio, onde passou a residir.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
== Senador por Minas Gerais ==
[[Ficheiro:Melo Viana, Fundo Correio da Manhã.tif|miniaturadaimagem|314x314px|Melo Viana em 1947.]]
Em 1945, foi eleito senador por Minas Gerais à Assembléia Nacional Constituinte na legenda do [[Partido Social Democrático (1945)|Partido Social Democrático]] (PSD).<ref>{{Citar web|titulo=Senador Mello Vianna - Senado Federal|url=https://www25.senado.leg.br/web/senadores/senador/-/perfil/1633}}</ref> Em seguida, foi eleito presidente da Assembléia com votos da grande maioria dos parlamentares, só não contando com o apoio dos comunistas.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
Depois de presidir os trabalhos de elaboração da nova Carta, no dia 9 de setembro recebeu o texto final da Constituição e o submeteu ao plenário para o recebimento de emendas de redação. No dia 18, foi promulgada a [[Constituição brasileira de 1967|Constituição]], que vigoraria até 1967. A partir de então, Melo Viana exerceu por quatro anos a vice-presidência do Senado, já que a presidência era atribuição do vice-presidente da República. Durante esse período, presidiu a Comissão de Relações Exteriores do Senado, ao mesmo tempo em que exercia a advocacia no Rio de Janeiro.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
== Presidente da OAB ==
Melo Viana foi presidente da [[Ordem dos Advogados do Brasil]], eleito em 1938 e reeleito para dois mandatos.<ref>{{Citar periódico|titulo=OAB {{!}} Ordem dos Advogados do Brasil {{!}} Conselho Federal|url=https://www.oab.org.br/institucionalconselhofederal/honorarios|lingua=pt-br}}</ref> Foi membro da Comissão do Imposto Sindical do Ministério do Trabalho, como representante das profissões liberais, membro do conselho superior do [[Instituto dos Advogados Brasileiros]] e membro do Comitê Coordenador de Propaganda Interamericana contra o Totalitarismo. Presidiu a Cia. de Seguros Colúmbia e várias instituições bancárias.{{Sfn|FGV|2020|nome=FGV2020}}
 
== Morte ==
Morreu em 10 de fevereiro de 1954, no Rio de Janeiro, interrompendo seu mandato de senador.
 
== Bibliografia ==
 
* [http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/fernando-de-melo-viana Fernando de Melo Viana]
{{Notas}}{{Referências}}
 
== Ligações externas ==
{{começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
|título=[[Lista de governadores de Minas Gerais|14.º Presidente de Minas Gerais]]
|anos=[[1924]] — [[1926]]
|antes=[[Olegário Maciel]]
|depois=[[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (IV)|Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]]
}}
{{Caixa de sucessão
|título=[[Lista de vice-presidentes do Brasil|11.º Vice-presidente do Brasil]]
Linha 104 ⟶ 66:
|antes=[[Estácio Coimbra]]
|depois=[[Vital Soares]]
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{{Caixa de sucessão
|título=[[Lista de governadores de Minas Gerais|14.º Presidente de Minas Gerais]]
|anos=[[1924]] — [[1926]]
|antes=[[Olegário Maciel]]
|depois=[[Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (IV)|Antônio Carlos Ribeiro de Andrada]]
}}
{{Termina caixa}}
 
{{Vice-presidentes do Brasil}}{{Governadores de Minas Gerais}}
== {{Vice-presidentepresidentes do Brasil ==}}
{{Gabinete de Washington Luís}}
{{Presidentes do Senado Federal do Brasil}}