Charles Astor

O franco-brasileiroAchiles Hypolito Garcia Charles Astor mais conhecido apenas como Charles Astor (Castiglione, 24 de agosto de 1900 - Barbacena (Minas Gerais) , 17 de agosto de 1972) foi um militar escritor,aviador,instrutor de paraquedismo,acrobata aéreo, atleta de rugby, professor de jiu-jitsu, e professor de Educação Física, mentor da criação do Esquadrão Aeroterreste de Salvamento (Para-SaR), a unidade de elite da FAB, e também foi o primeiro instrutor de paraquedismo da Força Aérea Brasileira, considerado o pioneiro do paraquedismo civil e militar do Brasil.

Achiles Hypolito Garcia Charles Astor
Dados pessoais
Nascimento	24 de agosto de 1900 Castiglione, Argelia
Morte	17 de agosto de 1972 (71 anos) Barbacena (Minas Gerais)
Cônjuge	Elgita Leite Ribeiro
Vida militar
País	Brasil
Força	Força Aérea Brasileira
Anos de serviço	30
Hierarquia	3° Sargento
Unidade	Para-SaR
Batalhas	Operação Caiabi
Honrarias	Medalha Militar do Atlântico Sul - Força Aérea Brasileira Diploma de Paraquedista Militar - Exército Brasileiro (único concedido a um civil) Medalha Comemorativa Santos Dumont - Força Aérea Brasileira Medalha do Mérito Santos Dumont - Força Aérea Brasileira Medalha do Pacificador - Exército Brasileiro Diploma de Honra ao Mérito - Ministério da Educação Medalha de Ordem do Mérito do Trabalho - Ministério do Trabalho Ordem do Mérito Aeronáutico - Grau Comendador - Força Aérea Brasileira Placa ao Pioneiro do Paraquedismo no Brasil - Exército Brasileiro

BIOGRAFIA

Charles Astor era filho de Salvador Garcia, renomado fotógrafo espanhol radicado na França, e da francesa Helena Barthie Astor, falecida pouco tempo depois do nascimento de Charles.

Charles Astor nasceu na cidade de Castiglione, hoje conhecida como Bou Ismaïl, no norte da África, na região onde hoje se localiza a Argélia, em 24 de agosto de 1900, época em que este país ainda era uma colônia francesa.

Boxe, Atletismo e Rugby

Dos 14 aos 18 anos o jovem Charles Astor praticou atletismo, boxe e rugby, tornando-se o capitão do primeiro time da Section Atletique de Limoges, entre 1917 e 1918.

Já em 1922, aos 22 anos, na horas vagas se dedicava ao rugby, sendo membro fundador do Rugby Club de Argel, e se tornou campeão norte africano de rugby em 1924.

Legião Estrangeira Francesa

Aos 19 anos, Charles Astor alistou-se como soldado de infantaria na Legião Estrangeira Francesa, com apenas seis meses de serviço, fez o curso de metralhador e foi promovido a cabo, depois combateu na missão ao Forte Sahel, em Marrocos, época em que conheceu um outro legionário, o brasileiro chamado Queiroz,, cujas habilidades e personalidade extrovertida impressionaram Charles Astor.Em 1920 Charles Astor foi transferido para o Centro Regional de Educação Física em Argel, se tornando instrutor de Educação Física militar e sendo promovido a Sargento, o mais jovem da Legião até então. Neste momento o sargento Charles Astor tem os primeiros contatos com a aviação militar, realizando seus primeiros voos e conhecendo os segredos da pilotagem de aeronaves, do paraquedismo e da acrobacia aérea.

Após terminar o curso da Escola Normal de Educação Física, em Joinvile-Le-Pont, Charles tinha como principal hobby as acrobacias aéreas seguidas de saltos de paraquedas, e por isso, ao término do seu tempo de serviço na Legião Estrangeira Francesa, em 1926, recusou a patente de 2º Tenente para renovar o contrato oferecida por seu comandante, o famoso Coronel Rollet, para viajar pelo mundo fazendo apresentações de acrobacias aéreas e paraquedismo.

Acrobacias Aéreas

Após dar baixa na Legião Estrangeira Francesa, entre 1926 e 1927, Charles Astor criou uma equipe chamada Deux Astors, se unindo a alguns parceiros que viajaram pelo norte da África, França, França, Suécia, Estados Unidos e Argentina, fazendo acrobacias aéreas em cima de aeronaves em vôo e saltos de paraquedas, algo extremamente arriscado nesta época.

Brasil

Em 1927, o até então apenas francês Charles Astor chega ao Brasil para fazer shows de acrobacias aéreas e paraquedismo, o Brasil é o país onde se radicaría e onde viveu a maior parte de sua vida, obtendo também a nacionalidade brasileira através de processo legal de naturalização, Charles Astor considerava o Brasil a sua pátria de coração.

Primeiro Homem a Se Lançar de Paraquedas no Brasil

Ainda em 1927, Charles e sua dupla passaram um mês se apresentando no Rio de Janeiro em shows de acrobacias aéreas e paraquedismo,fazendo com que Charles Astor tenha sido o primeiro homem a se lançar de paraquedas no Brasil. Depois saíram em caravana pelo Brasil onde fizeram milhares de shows que tiveram grande cobertura dos principais meios de comunicação da época. Nesta época, Charles Astor ajudou a fundar o Departamento de Paraquedismo do Aeroclube do Brasil, onde se tornou diretor e tambem começou a dar aulas de paraquedismo para interessados civis e militares, onde formou mais de dois mil paraquedistas em cerca de 30 anos de serviços prestados, ajudando a difundir e popularizar este esporte do Brasil.

Travessia da Baía de Guanabara em Acrobacias Aéreas

Em 1929 Charles Astor ficou muito famoso por atravessar a Baía de Guanabara fazendo acrobacias em cima de um trapézio que ia fixado abaixo de uma aeronave.

Elgita Leite Ribeiro

Nesta época, Charles Astor conheceu aquela com quem iria compartilhar o resto de suas vidas juntos, a mineira Elgita Leite Ribeiro, considerada uma mulher belíssima e que além de ser uma paraquedista formada pelo próprio Charles Astor, também era piloto de aeronaves, foi a primeira mulher a pilotar um avião de caça no Brasil, em 1954, vencedora de competições aeronáuticas, e a primeira mulher sul-americana e quarta do mundo a ultrapassar a barreira do som em um vôo de avião caça, em 1959.

Força Aérea Brasileira

Charles Astor não foi apenas pioneiro do paraquedismo civil no Brasil, sua história está estritamente ligada à história do paraquedismo militar brasileiro, e iniciou-se em 1941, na antiga Escola de Aeronáutica da Base Aérea dos Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro, quando foi convidado pelo ministro Salgado Filho para instruir cadetes nas técnicas do paraquedismo,já que em breve a Força Aérea Brasileira passaria a usar assentos ejetores em suas aeronaves de caça, e por consequencia desta nova missão, também se tornou o primeiro homem a se lançar de uma aeronave militar em voo no Brasil.

Esquadrão Aeroterreste de Salvamento (Para-SaR)

O Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento – EAS (PARA-SAR), deve a Charles Astor parte importante de sua existência, Por ocasião de um congresso da Federação Aeronáutica Internacional, realizado em Petrópolis, RJ em 1947, Charles Astor apresentou um plano de organização de soldados de infantaria paraquedistas para salvamento e resgate de pilotos que se ejetaram em combate ou de qualquer pessoa em locais de difícil acesso A ideia mereceu menção honrosa e inspirou a criação de serviços de salvamento ao redor do mundo. Assim, se deu a inspiração da trajetória embrionária do PARA-SAR, iniciada em 1959, através da primeira turma de paraquedistas militares da Aeronáutica. Em 1966, mesmo no Brasil sendo um civil, Charles Astor cumpriu uma missão real com os militares do Para-SaR, o grupo de elite a quem ajudou criar, a Operação Caiabi no Mato Grosso.

Charles Astor recebeu diversas medalhas da Força Aérea Brasileira e do Exército Brasileiro pelos serviços prestados ao paraquedismo militar nestas instituições,

Escritor

Charles Astor também foi escritor, tendo escrito diversas obras, sendo a mais famosa "Estórias Rudes", onde relata de maneira romanceada as suas experiências militares na Legião Estrangeira Francesa, também foi Chefe da Seção de Livros Raros da Livraria Civilização Brasileira no Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar em 1930 e se aposentou em 1960.

Falecimento

Charles Astor faleceu em 17 de agosto de 1972, em Barbacena, MG, onde foi sepultado, recebendo da Força Aérea Brasileira honras fúnebres militares, em reconhecimento de seus 30 anos de serviços prestados ao Brasil.