Grifo: diferenças entre revisões

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[[imagem:History of Egypt, Chaldea, Syria, Babylonia and Assyria (1903) (14740557406).jpg|thumb|esquerda|180px|Reprodução da decoração de uma ânfora da [[Cítia]] com dois grifos atacando um cavalo.]]
 
Não se sabe ao certo qual a origem da figura do grifo, sendo propostas várias teorias. A que recebeu maior aceitação diz que a figura possivelmente é uma interpretação fabulosa de ossadas de [[dinossauro]]s vistas por povos pré-históricos.<ref name="Lymer"/><ref>Tsujita, Cameron J. [https://ir.lib.uwo.ca/wcse/WCSEEleven/Wed_July_6/2/ "Mythology as a Conceptual Bridge for Teaching Science"]. In: ''The Western Conference on Science Education''. Western University, 2019</ref> Há evidências de que a criatura já estava presente na [[mitologia]] de povos nômades pré-históricos que viviam na região das [[Montanhas Altai]].<ref name="Lymer"/>
 
Há evidências de que a criatura já estava presente na [[mitologia]] de povos nômades pré-históricos que viviam na região das [[Montanhas Altai]],<ref name="Lymer"/> e osOs mais antigos registros iconográficos foram encontrados no [[Egito]] e [[Elam]], a leste da [[Mesopotâmia]], em meados do quarto milênio a.C.,<ref name="Grasping">Wyat, Nicolas. "Grasping the Griffin: Identifying and Characterizing the Griffin in Egyptian and West Semitic Tradition". In: ''Journal of Ancient Egyptian Interconnections'', 2009; I (I):29-39</ref> e depois a figura se dispersosdispersou em uma larga área do [[Oriente Próximo]], incluindo a Mesopotâmia, [[Síria]] e [[Anatólia]], com datações que variam de três a dois mil anos a.C.<ref name="Lymer"/><ref name="Wood"/><ref>Basic, Rozmeri. "Between Paganism and Christianity: Transformation and Symbolism of a Winged Griffin". In: ''Ikon — Journal of Iconographic Studies'', 2009; 2</ref> O grifo pertence a uma grande família de seres híbridos alados encontrados nessas civilizações antigas, que incluem a [[esfinge]], o touro alado, o leão alado, homens alados com cabeças de ave e suas variantes.<ref name="Grasping"/>
 
No [[Antigo Egito]] a figura parece ter derivado de combinações variáveis do leão, do falcão e da esfinge, atestadas desde o [[período pré-dinástico]], e em sua forma clássica o mais antigo registro foi encontrado na Tumba Abusir, da [[V dinastia egípcia|5ª Dinastia]] (2491–2477 a.C.), onde o [[faraó]] é representado sob a forma de grifo derrotando seus inimigos.<ref name="Grasping"/> O grifo egípcio é também interpretado como uma manifestação do deus [[Hórus]], que tinha a função de proteger os faraós,<ref name="Lymer">Lymer, Kenneth. [https://crossasia-journals.ub.uni-heidelberg.de/index.php/ao/article/view/10616/10450 "Griffins, Myths and Religion — a review of the archaeological evidence from ancient Greece and the early nomads of Central Asia"]. In: ''Art of the Orient'', 2018 (7)</ref> além de ter funções de guardiãosguardião de lugares sagrados e das fronteiras entre o mundo visível e invisível,.<ref name="Grasping"/> e serFoi associado ao poder real e, através da sua condição de símbolos dos deuses [[Osíris]] e [[Sete (deus)|Sete]], aos pares de opostos luz/trevas e vida/morte. Aparecem descritos num papiro como os seres mais poderosos da Terra e como representantes da dividade solar, e em tal qualidade eram os dispensadores de bênçãos e executores da vontade divina.<ref name="Taylor"/>
 
O grifo egípcio parece ter sido uma das origens das formas primitivas dos [[querubim|querubins]] e [[serafim|serafins]] da tradição [[semita]] e [[palestina]], pois as palavras usadas para descrevê-los nos textos mais antigos parecem derivar de uma mesma raiz, assim como parecem ter desempenhado funções semelhantes no mito. Na Síria aparecem várias vezes em cilindros de argila com uma crista a partir do segundo milênio a.C., e se tornaram um motivo proeminente na arte [[assíria]] e [[mitani]], onde as características leoninas predominaram e seu simbolismo estava ligado à destruição, possivelmente associado ao poder régio.<ref name="Grasping"/>
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A figura foi introduzida na [[Grécia Antiga|Grécia]] continental através de contatos comerciais e culturais, onde sofreu transformações que levariam à consolidação da imagem clássica do grifo como uma criatura híbrida de águia e leão, com a cabeça, asas e patas dianteiras da ave e a parte posterior do corpo e cauda leoninos. Às vezes tem chifres na cabeça ou uma crista ao longo do pescoço. Nos séculos VII e {{AC|VI|x}} se tornara um motivo decorativo muito comum em uma vasta região, encontrado sob a forma de pintura, gravura, tapeçaria ou escultura em monumentos, templos e altares, palácios, sepulturas, habitações, vasos, espelhos, arreios e outros objetos utilitários da Grécia, Levante, Cáucaso, Pérsia, Síria, sul da Rússia, Afeganistão, Cazaquistão e outras regiões asiáticas.<ref name="Lymer"/>
 
É difícil interpretar com precisão o significado do grifo em todas essas várias culturas, e provavelmente desempenhava funções diferentes em cada uma delas, embora algumas características tenham sido muito comuns na maioria delas.<ref name="Lymer"/><ref name="Grasping"/> Sua forma também teve variações. Às vezes o aspecto da águia é dominante, e noutras vezes tem mais características leoninas. Parecem ter sido mais comuns as associações mágicas e religiosas, aparecendo como criaturas protetoras de ambientes sagrados e como companheiros de deuses ou heróis,<ref name="Wood">Wood, Juliette. ''Fantastic Creatures in Mythology and Folklore: From Medieval Times to the Present Day''. Bloomsbury Publishing, 2018, pp. 99-106</ref><ref name="Grasping"/> também foram um emblema frequentemente carregado de atributos de poder, dignidade e majestade, sendo usado por famílias reais ou pela nobreza, ou podiam ser um identificador de certos clãs, tendo associações com a ancestralidade e tradições familiares.<ref name="Lymer"/><ref name="Grasping"/>
 
==Grécia e Roma ==