Hilário Jovino Ferreira: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiqueta: Desfazer |
m manut. refs. |
||
Linha 11:
|ocupação = [[compositor]], [[letrista]] e [[Cultura|agitador cultural]]
}}
'''Hilário Jovino Ferreira''', o '''Lalau de Ouro''' (local de nascimento incerto{{nota de rodapé|Embora algumas fontes digam, como o [[Dicionário Cravo Albin de MPB]] (com vários erros e incoerências, como no verbete do próprio artista que o coloca como nascendo em 1873<ref name=hilarionaotemgraça/>, mas que se desmente ao informar noutro artigo que ele teria nascido no ano de 1855<ref name=datacoerente>{{citar web|
Presente em várias manifestações de cultura popular da cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], Hilário Jovino Ferreira foi o criador do primeiro [[rancho carnavalesco|rancho de carnaval]], o "Rei de Ouros", responsável por apresentar novidades como o [[enredo]], o uso de instrumentos de cordas e de sopro e personagens como o casal de [[mestre-sala e porta-bandeira]].<ref name="Folha"/>
==Biografia==
{{Quote frame|"Falsos filhos da Bahia<br>Que nunca pisaram lá<br>Que não comeram pimenta<br>Na moqueca e vatapá"|Hilário Jovino|in: "Entregue o Samba a seus Donos"<ref name=lisboa/>|}}
Filho de escravos libertos, Hilário Jovino Ferreira nasceu na [[Bahia]] ou em [[Pernambuco]], no ano de 1855. Fato inconteste foi que cresceu na Bahia, onde aprendeu música e a cultura afro-descendente e viria a tornar-se aprendiz de estaleiro, sendo transferido para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] em 17 de junho de 1872, e ali se identificava como sendo baiano e um dos migrantes responsáveis por levar o samba à então capital do país.<ref name=lisboa/><ref>{{citar web|
Hilário foi fundador de outros ranchos, como "Rosa Branca", "Botão de Rosa", "As Jardineiras", "Filhas da Jardineira", "[[Ameno Resedá]]", "Reino das Magnólias", "Riso Leal", e também [[Bloco carnavalesco|blocos]], como "Paredes têm ouvidos" e "Macaco é outro". Hilário era, contudo, adepto da malandragem, e chegou a passar um dia na cadeia por ameaça — ao senhorio que lhe cobrara o aluguel atrasado — e lesão corporal — pelos golpes de capoeira desferidos contra o policial que o perseguiu.
Frequentador da casa de [[Tia Ciata]], envolveu-se na polêmica da autoria do [[samba]] [[Pelo Telefone]]. A música não seria de Donga, mas uma criação feita de forma coletiva na casa da célebre mãe de santo e quituteira. Hilário seria um dos autores da canção.<ref name="Folha"/>
Linha 26:
==Depoimento sobre a criação dos "ranchos" ==
Numa entrevista de 1930 (domínio público), o então Tenente Hilário narrou o surgimento dos ranchos no carnaval do Rio de Janeiro: “Em 6 de janeiro de 1893, estava eu no botequim do ‘Paraíso’, na rua Larga de São Joaquim (hoje Marechal Floriano Peixoto), entre as ruas da Imperatriz e Regente, em companhia de vários baianos que costumeiramente ali se reuniam, quando lembrei-me da festa dos Três Reis Magos que na Bahia se comemorava naquele dia. Estavam presentes o Luiz de França, o Avelino Pedro de Alcântara, o João Câncio Vieira da Silva, e eu propus então a fundação de um rancho. Passando a ideia em julgado, ali mesmo eu dei o nome de “Rei de Ouro”! Na mesma hora, no armarinho de um turco fronteiro ao botequim, comprei meio metro de pano verde e meio metro de pano amarelo e fiz um estandarte no estilo da Bahia, para os ensaios. Ninguém mais descansou. O pessoal saiu avisando que à noite havia ‘um chá... dançante’ em minha casa” (...) “à hora aprazada, entre outros, lá estavam: Cleto Ribeiro, a Gracinda, que ainda hoje vende doces na Gruta Baiana, ao lado do frontão, e a Noelia, que eram duas baianas influentes. Às tantas da noite reuni o pessoal e disse qual o fim daquela brincadeira e então ficou definitivamente fundado o rancho, o primeiro rancho carioca, se bem que já existisse o ‘Dois de Ouros’, mas sem organização própria.” (...) “...o Rei de Ouro – Vagalume, quando se apresentou com perfeita organização de rancho, foi um sucesso! Nunca se tinha visto aquilo, aqui no Rio: porta-bandeira, porta-machado, batedores, etc.” (...) “Estas coisas eu costumo plantar e desde que pega de galho, eu solto nas mãos dos outros e vou fundar qualquer novidade (...) Assim é que, no terceiro ano, fundei a ‘Rosa Branca’ (...) Logo no ano seguinte fundei o ‘Botão de Rosa’...”<ref>{{citar periódico| periódico=Diário Carioca |número=491 |volume=III |página=5 |título=A Origem dos Ranchos |data=27
==Doença e morte==
Em janeiro de 1933 Hilário deixou de participar dos bailes carnavalescos, inclusive da entidade que presidia, por “se achar enfermo”.
Finalmente, no dia 2 de março o Diário Carioca publicou: “Faleceu, à primeira hora de ontem, quinze minutos após a despedida de Momo, este monarca sem pretensões nobilíssimas a quem ele serviu desde os dias da sua mocidade, o querido e veterano carnavalesco Hilário Jovino Ferreira” e, ainda: “Baiano, filho daquele pedaço do Brasil onde a nossa festa popular teve início com os ‘cordões’, os ‘ternos’, os ‘ranchos’, vindo para o Rio trouxe consigo o estilo do carnaval característico da sua terra natal”, completando: “seu enterramento realizou-se às 17 horas da tarde, tendo a acompanhá-lo um grande número de amigos e carnavalescos”.<ref>{{citar periódico| periódico=Diário Carioca |número=1400 |volume=V |página=11 |título=Um nome tradicional do carnaval que desaparece |data=2
== Ver também ==
Linha 61:
{{DEFAULTSORT:Hilario Jovino Ferreira}}
[[Categoria:Carnavalescos do Brasil]]
[[Categoria:Mestres-sala de escola de samba]]
|