Bogudes ou Bogud (m. 31 a.C.) foi rei da Mauritânia com seu irmão mais velho Boco II no século I a.C.. Com a morte do pai, Boco I, Boco II assumiu o controle de todo o território a leste do rio Mouloya e Bogud, a oeste. Um importante aliado de Júlio César, Bogud posteriormente se aliou a Marco Antônio em sua disputa contra Otaviano. Bogud acabou deposto e morto por seu irmão — apoiado por Otaviano — no cerco de Metone, pouco antes da Batalha de Ácio.

Bogudes
Bogudes
Nascimento século I a.C.
Mauritânia romana
Morte 31 a.C.
Ancient Methone
Etnia Mauros
Progenitores
Cônjuge Eunoé
Irmão(ã)(s) Boco II da Mauritânia

Sua esposa, Eunoé, é conhecida como uma das várias amantes de Júlio César.

Apoio a César editar

Tanto César quanto Boco II apoiaram o general romano Júlio César na guerra civil contra os aliados de Pompeu na África (49-45 a.C.). Numa tentativa de minar o apoio a César, Pompeu, o Jovem, filho de Pompeu, atacou o território de Bogud, mas foi expulso. O único resultado prático desta campanha foi provocar Bogud a declarar uma guerra total contra os pompeianos. César enviou Públio Sício para ajudá-lo num ataque ao território do rei Juba I da Numídia, cujo exército estava em marcha para se juntar aos pompeianos. Bogud capturou a cidade de Cirta, a capital de Juba I, o que fez com que ele abandonasse a campanha romana.[1]

Com a vitória de César sobre as forças pompeianas lideradas por Metelo Cipião na Batalha de Tapso (na costa da moderna Tunísia), em 46 a.C., Boco II passou a comandar a maior parte do território númida tomado de Juba I. Bogud também participou da Batalha de Munda, na qual liderou um importante ataque à retaguarda pompeiana que resultou na desorganização completa de suas forças.[2]

Hispânia editar

Durante o governo de Quinto Cássio Longino na Hispânia Ulterior, a irrupção de uma revolta liderada por ele ameaçou o nascente regime de César, que jamais foi popular na região. Cássio pediu ajuda e Bogud respondeu. Marco Emílio Lépido interveio por ordem de César para mediar uma solução e restaurar a ordem, mas teve que negociar um tratado com os rebeldes de Cássio. Um ataque surpresa dos auxiliares de Bogud foi repelido, o que forçou Cássio a renunciar. Bogud regressou para a Mauritânia logo depois.[3]

Apoio a Marco Antônio editar

Depois que César foi assassinado em 44 a.C., os dois irmãos reis da Mauritânia se viram em lados opostos no cisma das forças cesarianas. Bogud passou a apoiar Marco Antônio e Boco II se aliou a Otaviano (o futuro imperador Augusto). Por volta de 38 a.C., Boco II ocupou o território de Bogud enquanto ele estava em campanha na Hispânia, obrigando Bogud a buscar a ajuda de Antônio no Egito. Boco II se auto-proclamou rei da Mauritânia reunificada e Otaviano confirmou o título como recompensa por sua lealdade. Bogud morreu durante a campanha de Marco Antônio enquanto lutava em Metone.

Em 33 a.C., depois de morrer sem descedentes, Boco II deixou o Reino da Mauritânia para a República Romana em seu testamento.

Referências

  1. Dodge, p.639.
  2. Hazel, p.38.
  3. Weigel, p.28.

Bibliografia editar

  • Dodge, Theodore Ayrault (1963). Caesar, a History of the Art of War among the Romans Down to the End of the Roman Empire, with a Detailed Account of the Campaigns of Caius Julius Caesar (em inglês). 2. New York: Biblo and Tannen 
  • Hazel, John (2001). Who's Who in the Roman World (em inglês). Londres: Routledge 
  • Weigel, Richard D. (1992). Lepidus: The Tarnished Triumvir (em inglês). New York: Routledge