Lista do Patrimônio Mundial na Síria

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Localização dos Sítios do Patrimônio Mundial na Síria. Síria

Esta é uma lista do Patrimônio Mundial na Síria, especificamente classificada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).[1] A lista é elaborada de acordo com dez principais critérios e os pontos são julgados por especialistas na área.[2] A República Árabe da Síria aceitou a convenção em 13 de agosto de 1975, tornando estes locais históricos elegíveis à inclusão na lista.[3] Em 2018, a Síria possui seis sítios incluídos na lista do Patrimônio Mundial.

O primeiro sítio do Patrimônio Mundial na Síria, a Cidade Antiga de Damasco, foi inscrito na lista durante a 3ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris em 1979.[4] A Cidade Antiga de Bostra e o Sítio de Palmira foram os inscritos no ano seguinte como o segundo e terceiro sítio no país,[5] enquanto a Cidade Antiga de Alepo foi acrescentada à lista em 1986.[6] O sítio da Fortaleza dos Cavaleiros e Fortaleza de Saladino foram acrescentados coletivamente à lista em 2006, sendo seguidos das Aldeias Antigas do Norte da Síria em 2011.

Em 2013, todas as seis propriedades da Síria foram acrescentadas à Lista do Patrimônio Mundial em perigo, uma vez que sua integridade têm sido agredida variavelmente pelos efeitos da Guerra Civil Síria;[7][8][9] Alepo, em particular, têm sofrido grandes danos, enquanto um diversas proeminentes estruturas em Palmira foram completamente destruídas.[10][11]

Bens culturais e naturais editar

A Síria possui atualmente os seguintes lugares declarados como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO:

  Cidade Antiga de Damasco
Bem cultural inscrito em 1979, modificada em 2011, em perigo desde 2013.
Localização: Damasco
Fundada no terceiro milênio a.C., Damasco é uma das mais antigas cidades do Oriente Médio. Durante a Idade Média, foi centro de uma próspera indústria artesanal especializada na fabricação de espadas e rendas. Dos 125 monumentos que abriga de seus distintos períodos históricos, um dos mais espetaculares é a Grande Mesquita dos Omíadas, erguida no século VIII sobre as ruínas de um santuário assírio. (UNESCO/BPI)[12]
  Sítio de Palmira
Bem cultural inscrito em 1980, em perigo desde 2013.
Localização: Homs
Localizado a nordeste de Damasco, no deserto sírio, o oásis de Palmira abriga as monumentais ruínas de uma grande cidade que foi um dos centros culturais mais importantes da Antiguidade. Sob a influência de diversas civilizações, a arquitetura e arte de Palmira mesclaram, nos séculos I e II, as técnicas greco-romanas com as tradições artísticas autóctones e persas. (UNESCO/BPI)[13]
  Cidade Antiga de Bostra
Bem cultural inscrito em 1980, em perigo desde 2013.
Localização: Dar`a
Antiga capital da província romana de Arábia e importante interseção da rota das caravanas que conduziam a Meca, Bostra conserva dentro de suas sólidas muralhas um magnífico teatro romano do século II, vestígios arqueológicos paleocristões e inúmeras mesquitas. (UNESCO/BPI)[14]
  Cidade Antiga de Alepo
Bem cultural inscrito em 1986, em perigo desde 2013.
Localização: Alepo
Situada na interseção de várias rotas comerciais desde o segundo milênio a.C., Alepo esteve sucessivamente sob dominação de hititas, assírios, árabes, mongóis, mamelucos e otomanos. A Grande Mesquita do século XII, a citadela do século XIII, palácios, caravançarais e termas (hammam) do século XVII constituem um tecido urbano harmonioso e único no gênero, que atualmente corre perigo por conta da superpopulação. (UNESCO/BPI)[15]
  Fortaleza dos Cavaleiros e Fortaleza de Saladino
Bem cultural inscrito em 2006, em perigo desde 2013.
Localização: Tartus
Estas duas fortalezas são exemplos significativos do intercâmbio de influências culturais e da evolução da arquitetura militar no Oriente Próximo na era das Cruzadas (século XI a XIII). A Fortaleza dos Cavaleiros (Krak des Chevaliers) foi construído pela Ordem de São João de Jerusalém entre 1142 e 1271. Em finais do século XII, os mamelucos ampliaram esta fortaleza, que é um dos castelos de sua época em melhor estado de conservação. Por sua vez, a Fortaleza de Saladino (Qal’at Salah Al Din), ainda que parcialmente em ruínas, é outro excepcional exemplo de edificações militares, tanto no que se refere à qualidade de sua construção, como a estratégia histórica subsistente. Esta última apresenta elementos bizantinos do século X, as transformações efetuadas pelos francos no final do século XII e as fortificações acrescidas pela dinastia dos aiúbidas (fins do século XII até meados do XIII). (UNESCO/BPI)[16]
  Aldeias Antigas do Norte da Síria
Bem cultural inscrito em 2011, em perigo desde 2013.
Localização: Alepo
Este sítio, que abrange quarenta aldeias do nordeste sírio agrupadas em oito parques arqueológicos, constitui um notável testemunho da vida rural no período da Antiguidade tardia bizantina. Erguidas entre os séculos I e VII e abandonadas entre os séculos VIII e X, estas aldeias se caracterizam pelo bom estado de conservação de sua paisagem cultural e os vestígios arquitetônicos de moradias, templos pagãos, igrejas, cisternas, termas e outros edifícios. A paisagem cultural subsistente das aldeias ilustra de forma notável a transição do mundo antigo pagão do Império Romano ao cristianismo bizantino. Os vestígios de técnicas hidráulicas, de muros de proteção e planos de fracionamento agrário da era romana demonstram também o domínio da agricultura pelos habitantes destas aldeias. (UNESCO/BPI)[17]

Lista Indicativa editar

Em adição aos sítios inscritos na Lista do Patrimônio Mundial, os Estados-membros podem manter uma lista de sítios que pretendam nomear para a Lista de Patrimônio Mundial, sendo somente aceitas as candidaturas de locais que já constarem desta lista.[18] Desde 2011, a Síria possui 12 locais na sua Lista Indicativa.[19]

Sítio Imagem Localização Ano Dados UNESCO Descrição
Noras de Hama   Hama 1999 Cultural: (i)(iv) Ao longo de seu curso, o rio Orontes preserva em ambas as margens vestígios de antigos lagos, reservatórios, canais, aquedutos e pontes além das noras, das quais apenas a cidade de Hama conserva alguns exemplares importantes que são hoje um parte integrante da sua paisagem urbana e que consagram a sua fama mundial.[20]
Ugarite   Lataquia 1999 Cultural: (iii)(vi) O Reino de Ugarite floresceu no segundo milênio na costa do Mediterrâneo. Escavações iniciadas em 1929 descobriram os bairros de uma capital, templos, uma fortificação, um vasto palácio real e inúmeras residências. O local preserva ainda tabuletas com inscrições em acadiano e ugarítico de excepcional importância em escala universal.[21]
Ebla   Alepo 1999 Cultural: (iii)(vi) É um dos mais extensos sítios arqueológicos da Idade do Bronze no oeste da Síria, onde escavações desde 1965 ampliaram o conhecimento sobre as origens da civilização urbana no terceiro milênio a.C.[22]
Mari (Tel Hariri)   Deir Zor 1999 Cultural: (iii)(vi) Mari é um importante sítio arqueológico que remonta a 2900 a.C. Foi uma das principais cidades-Estado do terceiro milênio e cuja redescoberta em 1933 (juntamente com a de Ebla, em 1963) ampliou o conhecimento sobre a Idade do Bronze.[23]
Dura Europo   Deir Zor 1999 Cultural: (ii)(iv) Dura Europo, capital regional no coração do Império Selêucida que se tornou um posto avançado na fronteira romano-parta, abriga vestígios das civilizações greco-romana e persa. Isso a torna um testemunho extraordinário e excepcional da evolução do Oriente mesopotâmico ao longo dos cinco séculos desde a conquista de Alexandre, o Grande.[24]
Apameia   Hama 1999 Cultural: (iv) Apameia é uma das cidades mais importantes construídas no norte da Síria durante a era selêucida, quando desempenhou um papel comercial e militar proeminente como sede estratégica da Síria central. Suas ruínas ocupam uma área de 250 hectares, ainda não totalmente escavadas.[25]
Qasr al-Hayr al-Sharqi, um castelo do deserto   Homs 1999 Cultural: (iv) Qasr al-Hayr al-Sharqi, que preserva melhor do que qualquer outro castelo elementos de suas origens omíadas, é o exemplar de um "castelo do deserto" do início do século VIII, onde as reminiscências da arte pré-islâmica e bizantina consagram a continuidade das tradições artísticas, culturais e civilizacionais da Síria, visíveis em muitos outros monumentos religiosos do mesmo período.[26]
Maalula   Rif-dimashq 1999 Cultural: (v)(vi) Criada nas fendas de um fajj de 165 metros acima do nível do mar, suas residências foram erguidas alinhadas umas contra as outras em terraços desde o topo do penhasco até a base do vale. A cidade abriga cerca de 5 mil sírios que falam o aramaico que se propagou como dialeto por todo o Oriente Próximo.[27]
Tartus, a cidade-cidadela dos Cruzados   Tartus 1999 Cultural: (ii)(iv) Uma antiga cidade de origem fenícia (Antaradus) tomada pelos Cruzados conserva vestígios vivos desta era que durou dois séculos (século XI ao século XII) e que a moldou completamente, transformando-a numa das mais seguras cidades francas nas margens do Mediterrâneo. Por sua posição estratégica, Tartus garantia a ligação com Chipre e o Ocidente cristão.[28]
Raqqa, a cidade abássida   Raca 1999 Cultural: (ii) Esta cidade do alto período abássida foi construída na confluência dos rios Eufrates e Balikh na região da Jazira sobre as ruínas de uma cidade selêucida (Nicephorion) ocupada pelos romanos e depois pelos bizantinos.[29]
Ilha de Arruade   Tartus 1999 Cultural: (ii)(v) Arruade é uma pequena cidade-ilha de frente ao litoral de Tartus. Uma das mais antigas cidades da região, Arruade surgiu no segundo milênio a.C. e perdeu sua importância como uma cidade portuária durante a era romana. Devido à sua localização estratégica para o comércio continental mediterrânico entre a Ásia Menor e o Egito, a ilha foi disputada por diversos povos antigos.[30]

Ver também editar

Referências

  1. «World Heritage Convention». UNESCO 
  2. «Critérios operacionais da Convenção para o Património Mundial» (PDF). UNESCO. Consultado em 8 de janeiro de 2018 
  3. «Síria». UNESCO 
  4. «Report to the Third Session of the Comittee». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  5. «Report to the Fourth Session of the Comittee». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  6. «Report to the Tenth Session of the Comittee». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  7. «Patrimínio Mundial da Síria em perigo na lista da UNESCO». Público. 20 de junho de 2013. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  8. «UNESCO inclui seis locais na lista do Patrimônio Mundial em perigo». RFI. 20 de junho de 2013. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  9. «Syria's Civil War: Aleppo's heritage sites 'in danger'». Al Jazeera. 12 de janeiro de 2017. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  10. «State of Conservation (SOC 2013) Ancient City of Aleppo (Syrian Arab Republic)». UNESCO 
  11. «State of Conservation (SOC 2016) Site of Palmyra (Syrian Arab Republic)». UNESCO 
  12. «Old Town of Damasco». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  13. «Palmira Site». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  14. «Ancient City of Bosra». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  15. «Ancient City of Aleppo». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  16. «Crac des Chevaliers and Qal'at Salah Al Din». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  17. «Ancient Villages of Northern Syria». UNESCO. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  18. «World Heritage List Nominations». UNESCO 
  19. «Tentative Lists - Syria». UNESCO 
  20. «Noras de Hama». UNESCO 
  21. «Ugarite». UNESCO 
  22. «Ebla». UNESCO 
  23. «Mari (Tel Hariri. UNESCO 
  24. «Dura Europo». UNESCO 
  25. «Apameia». UNESCO 
  26. «Qasr al-Hayr al-Sharqi, um castelo do deserto». UNESCO 
  27. «Maalula». UNESCO 
  28. «Tartus, a cidade-cidadela dos Cruzados». UNESCO 
  29. «Raqqa, a cidade abássida». UNESCO 
  30. «Ilha de Arruade». UNESCO 

Ligações externas editar