modeHuman é o álbum de estréia da banda de rock brasileira Far From Alaska, lançado em 13 de maio de 2014. O álbum foi gravado nos estúdios Tambor no Rio de Janeiro e produzido por Pedro Garcia, antigo baterista do grupo de rap rock Planet Hemp. Foi masterizado em Seattle por Chris Hanzsek, que já trabalhou com Soundgarden, Melvins e Skin Yard.[2][3]

modeHuman
ModeHuman
Álbum de estúdio de Far From Alaska
Lançamento 13 de maio de 2014[1]
Gravação Estúdio Tambor, Rio de Janeiro
Gênero(s) Rock alternativo, stoner rock
Duração 61:01
Idioma(s) Inglês
Formato(s) CD, Download digital
Gravadora(s) Deckdisc
Produção Pedro Garcia
Cronologia de Far From Alaska
Stereochrome
(2012)
Unlikely
(2017)
Singles de modeHuman
  1. "Dino vs. Dino"
    Lançamento: 8 de outubro de 2013

modeHuman é um álbum conceitual que trata de uma "roboa" — isto é, um robô do sexo feminino — que chega à Terra com a missão de assimilar as emoções e nuances dos relacionamentos humanos. A lista de faixas compõe, assim, uma espécie de "manual" para a roboa. Musicalmente falando, mistura estilos diversos, incluindo stoner rock, hard rock, grunge, heavy metal, música eletrônica, entre outros. Foi bem recebido pela crítica, com boa parte das resenhas elogiando a voz de Emmily e o instrumental do grupo, embora alguns tenham considerado o álbum longo demais e repetitivo.

Conceito e composição editar

De acordo com o criador da capa Alexandre Wake, o álbum "trabalha com o conceito de robótica através da humanização da máquina e aprendizado humano através da música".[4] Segundo a tecladista Cris Botarelli, a figura mostrada na capa é uma "roboa" — isto é, uma robô feminina — recém-chegada à Terra e cuja missão é substituir um ser humano na sociedade. Para isso, deverá aprender "várias nuances das pessoas, seus relacionamentos, suas conexões sentimentais e tudo aquilo que faz da gente mais que um monte de equações lógicas e números." As faixas do disco formam algo como um "manual de perspectivas pra roboa assimilar". Musicalmente falando, a tecladista diz não ter como explicar muito. "É essa doidera aí, [...] é guitarra pesada, tecladinhos malucos, baixo com synth."[5]

A imagem foi registrada na Praia de Pipa. A modelo é uma amiga dos integrantes e a roupa que ela usa foi emprestada pela vocalista Emmily Barreto ou por Cris. Alexandre completou a imagem com as estruturas que recobrem o busto e as mãos da modelo.[6]

Inicialmente, a intenção do grupo era incluir apenas músicas inéditas no disco, mas, durante as gravações, acabaram decidindo por regravar e incluir as quatro faixas do EP lançado anteriormente, Steriochrome, tanto pelo fato de terem percebido que as faixas são parte do momento de formação da banda e de sua identidade, quanto pela temática das letras terem se encaixado no conceito do álbum.[7]

modeHuman foi considerado por críticos e jornalistas como um trabalho de stoner rock,[8][9] sendo que alguns deles identificaram ainda elementos de grunge, [10] hard rock,[10] heavy metal,[10] rock progressivo,[8][10] música eletrônica,[10] indie rock e blues.[9] O trabalho é influenciado por artistas de grunge, stoner rock e rock de garagem como Nirvana, Queens of the Stone Age e Jack White.[11][12]

Informação das faixas editar

"Thievery" foi escolhida como faixa de abertura por ter sido a primeira composição da banda. A letra fala de ciúmes e o grupo considera seu riff o melhor que já fizeram. A faixa recebeu um clipe promocional. "Deadman" fala sobre chegar ao fundo do poço e sair dele. A composição foi feita em várias partes, chegando a uma versão final densa. Aos 2:13 da faixa, é possível ouvir o baterista Lauro Kirsch falando em alemão sobre falar em alemão. "Another Round", a favorita de Lauro, traz um tema parecido, falando sobre superação e persistência. "Politiks" foi a faixa mais rápida para ser composta, tendo sido criada numa viagem de carro para uma reunião da banda. O riff de lap steel, tocado por Cris, marca o primeiro contato dela com o instrumento. Ao final da faixa, Rafael usa um vocoder, mesmo não sendo falante do inglês. A letra fala sobre "politicagem, uso de influências para subjugar uma pessoa e restringir sua liberdade, em qualquer aspecto." A faixa levou o prêmio de Melhor Música do Ano no Prêmio Hangar de Música.[7]

"About Knifes" foi considerada por Cris como um resumo do álbum.[7] Foi a terceira faixa a receber um vídeo,[13] com cenas gravadas na Argentina, Chile, Brasil, Inglaterra e Índia.[14] A epígrafe da faixa vem do poema "O homem, as viagens", de Carlos Drummond de Andrade.[15] "Rolling Dice" aborda a hesitação em se fazer a coisa certa ou errada quando não são aquilo que se quer fazer.[7] Recebeu um lyric vídeo.[16] "Mama" foi a segunda composição do grupo e fala sobre "crescer e se descobrir em um mundo bem diferente das historinhas em quadrinhos, conflito comum do final da adolescência." "Greyhound", batizada com o nome de uma raça de cães ingleses notória pela sua velocidade trata de "greyhounds humanos", pessoas que seguem suas vidas da maneira que querem e de forma alheia às pressões sociais. Foi composta antes do lançamento de Stereochrome e por pouco não constou em sua lista de faixas.[7]

"Communication" é a única faixa que não foi totalmente feita pela banda. É fruto de uma parceria de 2008 entre Cris e um amigo da banda, Henrique Geladeira. Juntos, eles formavam uma banda de balada que só tocava covers e tinham duas músicas autorais. "Communication" é uma delas. A versão deste álbum difere muito da versão original e sua letra passou a tratar de como a falta de comunicação pode levar ao fim de um relacionamento amoroso. "The New Heal" foi a terceira composição da banda e é uma das faixas oriundas de Stereochrome. A regravação para o disco sofreu alterações no refrão.[7]

"Tiny Eyes" fala sobre o resgate de um passarinho, sendo que a ave em questão é uma metáfora para uma pessoa que engole seu orgulho e se deixa ser ajudada. "modeHuman, Pt.1" é a explicação do conceito do álbum, falando sobre uma pessoa que será substituída por um robô que deve aprender sobre as relações humanas. "Rainbows" fala sobre homossexualidade e foi a última faixa a ficar pronta. "Monochrome", a faixa de encerramento, conta a história de uma pessoa que "cansou de lutar contra sua própria natureza e aceitou o fato que não temos controle de nada e que não importa o que faça, problemas vão surgir independentemente do quanto você se proteja". Aos 6:29, há uma faixa escondida, "modeHuman, Pt. 2", que começa cheia de sons eletrônicos e lentamente vai se tornando mais limpa e com inconstâncias em seu andamento, simbolizando a transformação de um robô mecânico para uma criatura orgânica e imperfeita — a missão da "roboa", portanto, está cumprida.[7]

Faixas editar

N.º Título Duração
1. "Thievery"   4:02
2. "Deadmen"   3:08
3. "Dino vs. Dino"   4:10
4. "Politiks"   3:54
5. "Another Round"   4:00
6. "About Knives"   3:49
7. "Rolling Dice"   2:56
8. "Mama"   3:48
9. "Greyhound"   3:32
10. "Communication"   3:33
11. "The New Heal"   4:50
12. "Tiny Eyes"   4:09
13. "modeHuman, Pt. 1"   1:38
14. "Rainbows"   4:17
15. "Monochrome" (contém a faixa escondida "modeHuman, Pt. 2" a partir dos 6:29) 9:22
Duração total:
61:01

Todas as canções escritas e compostas por Emmily Barreto, Cris Botarelli, Rafael Brasil, Edu Figueira e Lauro Kirsch, Exceto Faixa 10 por Cris Botarelli e Henrique Geladeira.

Recepção da crítica editar

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Rolling Stone Brasil      [8]
Território da Música      [9]
Punk Net      [10]
O Grito!           [17]
Music on the Run      [18]

O álbum foi eleito o nono melhor disco nacional de 2014 pela Rolling Stone Brasil.[19] e recebeu resenhas positivas após seu lançamento. Leonardo Dias Pereira da Rolling Stone Brasil considerou o álbum "um debute dos mais surpreendentes do rock nacional" e afirmou que as faixas são "todas construídas com um instrumental consistente embalado pela voz poderosa e cheia de personalidade de Emmily Barreto".[8] Tate Montenegro, escrevendo para o Território da Musica, disse que o grupo é "bom de riff" e que cada uma das faixas tinha "sua própria personalidade, mas todas elas são coerentes, dando a [sic] banda uma identidade".[9]

Escrevendo para o Punk Net, Renata Py afirmou que as canções são "de boa qualidade com som agressivo, ousado e intrigante" e comparou o trabalho da vocalista Emily Barreto ao de Johnette Napolitano do Concrete Blonde, elogiando também a parte instrumental da banda.[10] Rafael Curtis, da Revista O Grito!, considerou o Far From Alaska uma "surpresa" do rock brasileiro e afirmou que "faixas como 'Dino Vs Dino', 'Thievery' e 'Politiks', lançadas antes do disco oficial sair, já antecipavam que a banda estava um passo adiante do que o independente brasileiro vinha fazendo em questão de rock pesado." Contudo, ele sentiu que o álbum perdeu força ao final por repetir passagens.[17] Fagner Morais, do Music on the Run, considerou o álbum bom e promissor, mas criticou-o por ser longo demais e por conter algumas faixas descartáveis e pouco empolgantes.[18]

Créditos editar

Pessoal técnico editar

  • Produzido, gravado e mixado por: Pedro Garcia no Estúdio Tambor (Rio de Janeiro)
  • Masterizado por: Chris Hanzsek no Hanzsek Audio (Seattle - EUA)
  • A&R: Rafael Ramos
  • Coordenação: Larissa Conforto e Luiz Caetano
  • 3D still: Alexandre Wake
  • Direção de arte: Alexandre Wake e Rafael Brasil
  • Fotografia: Jomar Dantas

Referências

  1. «Far From Alaska lança "modeHuman" em Natal nesse domingo». Tenho Mais Discos Que Amigos!. 2 de junho de 2014. Consultado em 17 de agosto de 2014 
  2. «Escute o novo álbum do Far From Alaska, "modeHuman"». Nação da Música. 7 de maio de 2014. Consultado em 17 de agosto de 2014. Arquivado do original em 19 de agosto de 2014 
  3. «Disco de estreia do Far From Alaska, de Natal, já pode ser ouvido online». Revista O Grito!. 7 de maio de 2014. Consultado em 17 de agosto de 2014. Arquivado do original em 19 de agosto de 2014 
  4. Wake, Alexandre (26 de outubro de 2014). «Album// Far From Alaska - Art direction». Behance. Natal: Adobe Systems. Consultado em 25 de novembro de 2014 
  5. Schwinn, Paulo (13 de maio de 2014). «Far From Alaska». Portal Rock Press. Consultado em 22 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2014 
  6. «ContaCAPA com Emmily Barreto (Far From Alaska)». Meninos da Podreira. YouTube. 27 de fevereiro de 2019. Consultado em 13 de fevereiro de 2021 
  7. a b c d e f g Arruda, Renata (16 de dezembro de 2014). «Revitalizando o peso». Revista O Grito!. Consultado em 22 de dezembro de 2014 
  8. a b c d Pereira, Leonardo Dias (15 de julho de 2014). «Guia de CDs - nheengatu». Rolling Stone Brasil. Spring. Consultado em 11 de março de 2015 
  9. a b c d Tate, Montenegro (25 de junho de 2014). «Far From Alaska: modeHuman». Território da Música. Consultado em 11 de março de 2015. Arquivado do original em 16 de março de 2015 
  10. a b c d e f g Py, Renata (1 de julho de 2014). «Far From Alaska – CD modeHuman (2014)». Punk Net. Consultado em 12 de março de 2015 
  11. «An Interview With Far From Alaska». Punchland. 14 de agosto de 2014. Consultado em 17 de agosto 2014 
  12. Cunha, Vinícius (26 de março de 2015). «Far From Alaska, operários a serviço do rock no Lollapalooza Brasil 2015». G.Show. Grupo Globo. Consultado em 10 de abril de 2015 
  13. «Exclusivo: Assista ao Clipe de "About Knives", Faixa do Álbum de Estreia do Far From Alaska». Noisey.com. Vice Media, Inc. 23 de março de 2015. Consultado em 23 de março de 2015 
  14. «Lançamos ontem o clipe de "About Knives", já viu?». Fanpage oficial do Far From Alaska. Facebook. 24 de março de 2015. Consultado em 10 de Abril de 2015 
  15. «A epígrafe de "About Knives" é do poema "O homem, as viagens", de Carlos Drummond de Andrade:». Fanpage oficial do Far From Alaska. Facebook. 27 de março de 2015. Consultado em 10 de Abril de 2015 
  16. Rodrigues, Rogério (4 de março de 2015). «Far From Alaska libera lyric video de 'Rolling Dice'». Som do Som. Consultado em 23 de março de 2015. Arquivado do original em 24 de Março de 2015 
  17. a b Curtis, Rafael (17 de maio de 2014). «Crítica – Disco: Far From Alaska | modHuman». Revista O Grito!. Plaf Editores. Consultado em 12 de março de 2015. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  18. a b Morais, Fagner (22 de julho de 2014). «Resenha: Far From Alaska – modeHuman». Music on the Run. Consultado em 12 de março de 2015 
  19. «Os melhores discos nacionais de 2014». Rolling Stone Brasil. Consultado em 23 de janeiro de 2015