Ocupação húngara de Vidin

A ocupação húngara de Vidin foi um período na história da cidade e redondezas de Vidin, hoje no noroeste da Bulgária, quando ela esteve sob o controle do Reino da Hungria entre 1365 e 1369.[1]

Ocupação húngara de Vidin
Guerras búlgaro-húngaras
Data 13651369
Local Czarado de Vidin
Desfecho Inconclusivo
Mudanças territoriais Território de Vidin foi ocupado pelos húngaros por 5 anos.
Beligerantes
Segundo Império Búlgaro Império Búlgaro
Principado da Valáquia
Reino da Hungria Reino da Hungria
Comandantes
Segundo Império Búlgaro João Alexandre
Segundo Império Búlgaro João Esracimir
Vladislau I Vlaicu
Reino da Hungria Luís I
Forças
Desconhecida Desconhecida
Baixas
Desconhecidas Desconhecidas

Invasão editar

Antes de 1359-1360, o antigo herdeiro da coroa búlgara, João Esracimir se estabelecera como déspota de Vidin, um apanágio do Império Búlgaro e o transformara numa entidade majoritariamente independente. No início de 1365, Luís I da Hungria, que, como seus predecessores, se intitulava "rei da Bulgária" (rex Bulgariae) entre outros títulos, exigiu que João Esracimir reconhecesse sua suserania e se tornasse seu vassalo. Depois que Esracimir se recusou, o rei inciou uma campanha para conquistar seu Czarado de Vidin. Em 1 de maio de 1365, ele iniciou a campanha na Hungria e alcançou Vidin em 30 de maio, capturando a cidade em 2 de junho depois de um brevíssimo cerco.[2]

Os húngaros prenderam Esracimir e sua família, aprisionando-os na fortaleza de Humnik (em Bosiljevo, atualmente na Croácia). Logo depois, os eles tomaram todo o território do Czarado, conhecido como Bodony em húngaro[1]) e o transformaram numa província do Reino da Hungria governado por um bano.[1] Inicialmente, a região foi governada por Pedro Himfi, o bano de Bratislava (Pozsony) e, posteriormente, por Dionísio Laczkfi, que intitulava "voivoda da Transilvânia, governador de Vidin e governante dos condados de Temes e Szolnok".[2]

Depois de estabelecer o controle administrativo, os húngaros começaram a conversão da população local, que ortodoxa búlgara, para o catolicismo romano, com a ajuda de monges franciscanos. Apesar de curta duração, esta foi uma das primeiras dioceses missionárias húngaras.[3] De acordo com dados húngaros, os franciscanos converteram 200 000 pessoas, um terço da população local. Embora o número seja considerado um exagero grosseiro e pouco realista, entre os convertidos estavam certamente João Esracimir e sua família.[2] Esta intolerância religiosa se refletiu na forte reação negativa contra os senhores húngaros entre a população, atestada numa nota margina num livro religioso ortodoxo do período: "Este livro foi escrito pelo pecador e pouco inteligente Dragan juntamente com seu irmão Rayko 'nos dias em que os húngaros governavam Vidin e era muito doloroso para o povo na época'.".[4]

Final da ocupação editar

 Mais informações : Cruzada Saboia

O pai de João Esracimir, tsar João Alexandre, que comandava o Império Búlgaro, nada pôde fazer para conter a invasão húngara e a captura de seu filho. Diversos anos depois, porém, ele se aproveitou da detenção do imperador bizantino João V Paleólogo em Vidin e da Cruzada Saboia do conde Amadeu VI de Saboia contra a costa do Mar Negro da Bulgária para organizar uma coalizão ortodoxa e recuperar Vidin. Por ter se juntado à aliança, João Alexandre ofereceu ao imperador bizantino os portos no Mar Negro ao sul de Mesembria; em troca, porém, João V teve que pagar 180 000 florins para Vladislau I Vlaicu, o voivoda da Valáquia. Este, por sua, vez, tomou Vidin e cedeu-a para João Alexandre.[2]

Em 1369, a ocupação húngara foi encerrada. Embora a campanha inicial não tenha sido totalmente vitoriosa por permitir que os húngaros retomassem a cidade, as negociações que se seguiram entre o Reino da Hungria e os aliados de João Alexandre, Vladislau I Vlaicu e Dobrotitsa, o déspota do também semi-independente estado vassalo búlgaro de Carvuna (em Dobruja), resultou na cidade sendo devolvida aos búlgaros.[2] Acredita-se que João Esracimir tenha sido renomeado o monarca da região no outono de 1369.[5]

Referências

  1. a b c Tringli, István (1997). «Knight kings: the Anjou and Sigismund age in Hungary: Neighbouring countries and provinces». Encyclopaedia Humana Hungarica 03. Consultado em 14 de novembro de 2008 
  2. a b c d e Божилов, p. 202.
  3. Rácz, György (1997). «Knight kings: the Anjou and Sigismund age in Hungary: Church and society». Encyclopaedia Humana Hungarica 03. Consultado em 14 de novembro de 2008 
  4. Божилов, p. 209, note 61.
  5. Божилов, p. 203.

Bibliografia editar

  • Божилов, Иван (1994). «Иван Срацимир, цар във Видин (1352/1353 — 1396)». Фамилията на Асеневци (1186–1460). Генеалогия и просопография (em búlgaro). София: Българска академия на науките. ISBN 954-430-264-6. OCLC 38087158