Partido Comunista Japonês

Partido político japonês

O Partido Comunista Japonês (PCJ) (Nihon Kyōsan-tō, em japonês) é um partido político do Japão de orientação marxista.

Partido Comunista Japonês
日本共産党
Nihon Kyōsan-tō
Partido Comunista Japonês
Presidente Kazuo Shii
Fundação 1922
Sede Tóquio,  Japão
Ideologia Social-democracia (de facto)[1]
Socialismo Democrático
Socialismo
Pacifismo
Anti-imperialismo
Espectro político Esquerda
Membros (2014) 320.000
Cores Vermelho
Símbolo eleitoral
Bandeira do partido
Site Oficial (em japonês):

http://jcp.or.jp/

Em Inglês:

http://jcp.or.jp/english/

O PCJ defende o estabelecimento de uma sociedade democrática e pacífica baseada no socialismo, e em oposição ao militarismo. Ele se propõe a alcançar esses objetivos por vias democráticas, contra o que descreve como "imperialismo e o seu subalterno, o capital monopolista". O partido não defende o conflito armado[2], e em vez disso propõe uma "revolução democrática" de forma a alcançar uma "mudança democrática na política e na economia" e a "restauração da soberania nacional japonesa", que teria sido infringida pelo acordo de segurança com os Estados Unidos. Apesar disso, o partido defende o artigo 9 da constituição devido à sua oposição à remilitarização do Japão.

O PCJ é um dos maiores partidos comunistas do mundo, com cerca de 415 mil filiados e mais de 25 mil seccionais. Durante a ruptura sino-soviética, o partido começou a se distanciar do bloco socialista, especialmente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Após o colapso da URSS, o PCJ lançou um comunicado na imprensa dizendo: "damos boas vindas ao fim de um grande mal histórico de imperialismo e hegemonia", enquanto ao mesmo tempo criticava os países do Leste Europeu por abandonarem o socialismo, descrito como um "revés histórico". Consequentemente, o partido não sofreu um desgaste interno com o fim da URSS, tampouco considerou mudar de nome ou se desfazer, como fizeram vários partidos comunistas ao redor do globo.

História editar

O PCJ foi fundado em 15 de julho de 1922 como uma associação política clandestina. Banido durante o governo de Kato Takaaki, o partido sofreu repressão e perseguição por parte do Exército e da polícia durante o Império do Japão. Foi o único partido político a se posicionar contra a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial. O partido foi legalizado durante a ocupação estadunidense no país em 1945 e desde então pôde concorrer às eleições livremente. O partido não se posicionou durante a ruptura sino-soviética da década de 1960. Foi nessa época que o partido atingiu seu pico de força eleitoral. De acordo com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, o partido tinha aproximadamente 120 mil filiados (0,2% da população em idade ativa).

O PCJ teve 11,3% dos votos em 2000, 8,2% em 2003 e 7,3% em 2005. Enquanto isso representa um pequeno declínio, o PCJ ainda obteve cerca 5 milhões de votos, o que faz do Japão o país com o maior partido comunista do G8, atrás da Rússia. Nas eleições de julho de 2007 para os membros da Câmara dos Conselheiros, o partido teve 7,5% dos votos.

O PCJ conseguiu manter-se como um dos maiores partidos do país graças ao colapso do antigo Partido Socialista Japonês, que já foi um dos principais partidos de oposição e hoje está reduzido a 5,5% dos votos. O maior partido de oposição, o Partido Democrático do Japão, se difere pouco das políticas do Partido Liberal Democrático, que governa o país desde 1955, o que faz com que grande parte dos eleitores de esquerda votem no PCJ. O partido também foi privilegiado pela recente reforma do sistema eleitoral japonês.

Atualidade editar

Como consequência da crise econômica mundial sobre os trabalhadores japoneses, o PCJ vem experimentando um acentuado aumento no seu número de filiados. O partido vem recebendo cerca de mil novos filiados a cada mês.[3]

Vale notar que a sociedade japonesa em geral vem se interessando cada vez mais pelo socialismo. Kanikosen, um romance de Takiji Kobayashi, publicado em 1929, sobre uma rebelião liderada por um militante socialista em uma empresa de pesca saltou de uma vendagem média de 5 mil exemplares anuais para 507 mil em 2008 (a versão mangá vendeu outros 200 mil). O Capital, de Karl Marx, em versão mangá, vendeu 6 mil nos primeiros dias.[3] Apesar disso, entretanto, o partido não conseguiu aumentar seu número de cadeiras no parlamento durante as eleições gerais de 2009.

Políticas editar

Forças Armadas editar

Um dos principais objetivos do PCJ é acabar com o tratado de cooperação militar mútua entre o Japão e os Estados Unidos, o que desmantelaria todas as bases militares dos EUA no Japão. O partido quer que o Japão seja um país neutro e não-alinhado, de acordo com os princípios de soberania nacional. Vale notar que existem cerca de 130 bases militares estadunidenses no Japão; a província de Okinawa tem a maior quantidade de bases militares estadunidenses de toda a Ásia.

Em relação às Forças Armadas japonesas, o PCJ atualmente não se opõe à existência destas. Em 2000, o partido decidiu que elas devam existir para defender o país caso seja atacado. Entretanto, o PCJ afirma que irá tentar abolir-as a longo prazo, mantendo-as apenas caso o país sofra ataques de outros países. O PCJ também se opõe à pose de armas nucleares por qualquer país, ao conceito de blocos militares e a qualquer tentativa de revisão do artigo 9 da Constituição, que diz "nunca mais (…) [o Japão] deve sofrer os horrores da guerra devido a ação do governo". No que diz respeito a disputas internacionais, o PCJ defende que a prioridade deve ser dada a meios pacíficos como a negociação e a diplomacia. O PCJ também defende a adesão do Japão à Carta das Nações Unidas.

O PCJ defende a ideia de que o Japão, como país asiático, deve parar de centrar suas relações diplomáticas no G8 e nos EUA, e dar mais ênfase à ideia de integração regional. O partido defende que o Japão se defina no cenário exterior com um "política internacional independente que defenda os interesses do povo japonês" e rejeita, sob qualquer hipótese, "seguir acriticamente qualquer potência estrangeira".

O PCJ defende o resgate da memória e mais desculpas pelas ações do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1930, o PCJ, ainda ilegal, foi o único partido político a se opôr à invasão da China e à participação do país na guerra.

Família imperial editar

O PCJ tradicionalmente se opõe à existência da Casa Imperial desde os anos pré-guerra. Hoje em dia, reconhece o Imperador como chefe de estado, desde que ele continue sendo uma figura meramente representativa. O PCJ declarou que se chegar ao poder não irá mais pedir a abdicação do Imperador. O partido também é contra o uso da bandeira e do hino nacional, que vê como relíquias do passado militarista.

Economia editar

O PCJ defende uma mudança no sistema econômico, de um que "está servindo aos interesses de grande corporações e bancos" para um que "defenda os interesses do povo". Para o partido, tem que ser estabelecidas "regras democráticas" que irão verificar as atividades das grandes corporações e "proteger as vidas e direitos básicos do povo". Quanto à economia estrangeira, o PCJ defende que seja estabelecida uma nova ordem, mais democrática, que seja fundada no respeito da soberania econômica de cada país. Para o partido, os EUA, as corporações transnacionais e o capital financeiro internacional estão empurrando a globalização aos países mais pobres o que, diz, está afetando seriamente a economia global e o meio-ambiente. O partido defende uma "regulação democrática das atividades de corporações transnacionais e do capital financeiro internacional em escala global".

Terrorismo editar

A posição do PCJ sobre o terrorismo internacional é que só pode ser eliminado com o "cerceamento das forças do terror através de forte solidariedade internacional com as Nações Unidas no centro". O partido defende que travar uma guerra como resposta ao terrorismo "produz uma brecha e contradiz a solidariedade internacional, o que, ao contrário, faz o campo fértil para o terror se expandir".

Resultados eleitorais editar

Eleições legislativas editar

Câmara dos Representantes editar

Data M. Uninominal M. Proporcional Deputados +/- Status
CI. Votos % +/- CI. Votos % +/-
1946 5.º 2 135 757
3,8 / 100,0
6 / 464
Oposição
1947 5.º 1 002 883
3,7 / 100,0
 0,1
4 / 466
 2 Oposição
1949 4.º 2 984 780
9,8 / 100,0
 6,1
35 / 466
 31 Oposição
1952 5.º 896 765
2,5 / 100,0
 7,3
0 / 466
 35 Extra-parlamentar
1953 6.º 655 990
1,9 / 100,0
 0,6
1 / 466
 1 Oposição
1955 5.º 733 121
2,0 / 100,0
 0,1
2 / 467
 1 Oposição
1958 3.º 1 012 035
2,5 / 100,0
 0,5
1 / 467
 1 Oposição
1960 4.º 1 156 723
2,9 / 100,0
 0,4
3 / 467
 2 Oposição
1963 4.º 1 646 477
4,0 / 100,0
 1,1
5 / 467
 2 Oposição
1967 5.º 2 190 564
4,8 / 100,0
 0,8
5 / 486
  Oposição
1969 5.º 3 199 032
6,8 / 100,0
 2,0
14 / 486
 9 Oposição
1972 3.º 5 496 827
10,5 / 100,0
 3,7
38 / 491
 24 Oposição
1976 4.º 5 878 192
10,4 / 100,0
 0,1
17 / 511
 21 Oposição
1979 3.º 5 625 527
10,4 / 100,0
 
39 / 511
 22 Oposição
1980 3.º 5 803 613
9,8 / 100,0
 0,6
29 / 511
 10 Oposição
1983 4.º 5 302 485
9,3 / 100,0
 0,5
26 / 511
 3 Oposição
1986 4.º 5 313 246
8,8 / 100,0
 0,5
26 / 512
  Oposição
1990 4.º 5 226 987
8,0 / 100,0
 0,8
16 / 512
 10 Oposição
1993 6.º 4 834 587
7,7 / 100,0
 0,3
15 / 511
 1 Oposição
1996 3.º 7 096 766
12,6 / 100,0
 4,9 4.º 7 268 743
13,1 / 100,0
26 / 500
 11 Oposição
2000 3.º 7 352 844
12,1 / 100,0
 0,5 4.º 6 719 016
11,2 / 100,0
 1,9
20 / 480
 6 Oposição
2003 3.º 4 837 952
8,1 / 100,0
 4,0 4.º 4 586 172
7,8 / 100,0
 3,4
9 / 480
 11 Oposição
2005 3.º 4 937 375
7,3 / 100,0
 0,8 4.º 4 919 187
7,3 / 100,0
 0,5
9 / 480
  Oposição
2009 3.º 2 978 354
4,2 / 100,0
 3,1 4.º 4 943 886
7,0 / 100,0
 0,3
9 / 480
  Oposição
2012 4.º 4 700 289
7,9 / 100,0
 3,7 6.º 3 689 159
6,2 / 100,0
 0,8
8 / 480
 1 Oposição
2014 3.º 7 040 130
13,3 / 100,0
 5,4 5.º 6 062 962
11,4 / 100,0
 5,2
21 / 475
 13 Oposição
2017 3.º 4 998 932
9,0 / 100,0
 4,3 5.º 4 404 081
7,9 / 100,0
 3,5
12 / 465
 9 Oposição

Referências

Ligações externas editar