Estrênua (em latim: Strenua) ou Estrênia (em latim: Strenia), na religião da Roma Antiga, era uma deusa do Ano-Novo, purificação e bem-estar.[1] Ela tinha um santuário (sacelo) e arvoredo (luco) no topo da Via Sacra.[2] O filósofo e antiquário Varrão disse que ela era uma deusa sabina. O estudioso alemão Wilhelm Heinrich Roscher a incluí entre os indigitamentos (indigitamenta), as listas de divindades romanas mantidas por sacerdotes para assegurar que a divindade correta era invocada em rituais públicos.[3] A procissão dos Argeus (Argei) começou no seu santuário.[4]

Em 1° de janeiro, galhos do bosque de Estrênua eram conduzidos em uma procissão até a Cidadela do Capitolino.[5] O rito é referido pela primeira vez ocorrendo no dia de Ano Novo de 153 a.C., ano em que os cônsules começaram a assumir seu cargo no início do ano. Não está claro se isso era sempre realizado nessa data ou se tinha sido transferido esse ano para outro lugar no calendário, talvez o dia do Ano Novo inicial em 1º de março.[6]

Foi dito que o nome Estrênia tem origem da palavra estrenas (em latim: strenae; preservado no francês étrennes e no italiano strenne), os presentes romanos de Ano Novo trocados como bons presságios de uma extensão do rito público:[7]

Quase no início da cidade de Marte, o costume dos presentes de Ano Novo (estrenas) prevaleceu em conta o precedente do rei Tácio, que foi o primeiro a contar os ramos sagrados (verbenas) de uma árvore fértil (felix arbor) no bosque de Strenia como sinais auspiciosos de Ano Novo.[8]

Durante o Principado, estes strenae muitas vezes tomou a forma de dinheiro.[9]

João, o Lídio disse que estrenas era uma palavra sabina para o bem-estar ou de bem-estar (Hígia, em latim Salus). A suposta etimologia sabina pode ou não ser fatual, mas expressa a etnia sabina de Tácio.[10] Santo Agostinho de Hipona disse que Estrênia era a deusa que fazia alguém Estrênuo (Strenuus), "vigoroso, forte."[11]

Referências

  1. Robert E.A. Palmer, The Archaic Community of the Romans (Cambridge University Press, 2009), p. 101.
  2. Varrão, Da língua latina 5.47; Festo 290; William Warde Fowler, The Roman Festivals of the Period of the Republic (Londres, 1908), p. 278.
  3. W.H. Roscher, Ausführliches Lexikon der griechischen und römischen Mythologie (Leipzig: Teubner, 1890–94), vol. 2, pt. 1, p. 227.
  4. Palmer, The Archaic Community of the Romans, pp. 92, 100.
  5. Fowler, Roman Festivals, p. 278.
  6. Fowler, Roman Festivals, p. 278; Palmer, The Archaic Community of the Romans, p. 101.
  7. Ovídio, Fastos 1.71ff, 175.
  8. Símaco, Epistula 10.35: ab exortu paene urbis Martiae strenarum usus adolevit, auctoritate Tatii regis, qui verbenas felicis arboris ex luco Strenuae anni novi auspices primus accepit. … Nomen indicio est viris strenuis haec convenire virtute. Tradução de Palmer, The Archaic Community of the Romans, p. 100.
  9. Suetónio, Vida de Augusto 57.1, Tibério 34.2, e Calígula 42; Lawrence Richardson, A New Topographical Dictionary of Ancient Rome (Johns Hopkins University Press, 1992), p. 373.
  10. Palmer, The Archaic Community of the Romans, p. 100.
  11. Agostinho de Hipona, De Civitate Dei 4.16.