Farol

Um farol é uma estrutura elevada, habitualmente uma torre, equipada com um potente aparelho ótico dotado de fontes de luz e espelhos refletores, cujo facho é visível a longas distâncias.[1]
São instalados junto ao mar, na costa ou em ilhas próximas, tendo o objetivo de orientar os navios durante a noite.
HistóriaEditar
Utilizados desde a Antiguidade, quando eram acesas fogueiras ou grandes luzes de azeite (de oliveira ou de baleia), os faróis foram concebidos para avisar os navegadores que se estavam a aproximar da terra, ou de porções de terra que irrompam pelo mar adentro.
As fontes de alimentação da luz foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás, e posteriormente pela electricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro.
Historicamente, este tipo de construções ganhou características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de zonas para zonas.
O primeiro farol de que se tem registro é o farol de Alexandria, construído em 280 a.C. na ilha de Faros. Os romanos também construíram diversos faróis ao longo do Mar Mediterrâneo, Mar Negro e até o Oceano Atlântico. Mas, com a derrocada do Império Romano do Ocidente, o comércio marítimo diminuiu e os faróis romanos desapareceram. Somente no século XI os faróis passariam a renascer na Europa Ocidental e, com a expansão marítima das grandes navegações, para o novo mundo. Um dos faróis dessa nova era dos faróis era a Lanterna de Gênova, cujo faroleiro era Antônio Colombo, tio do navegador Cristóvão Colombo por volta de 1450.
Atualmente são construções de alvenaria que incluem para além da torre (geralmente redonda para minimizar o impacto do vento na estrutura), a habitação do faroleiro, armazéns, casa do gerador de emergência, a "casa da ronca" (onde estão instalados os dispositivos de aviso sonoro que são utilizados em dias de nevoeiro).
Frequentemente associado aos faróis e aos faroleiros surge um outro personagem: os afundadores. Este termo designa aqueles que criavam falsos faróis com o intuito de atrair os navios para zonas perigosas, causando o seu afundamento, para posteriormente saquearem os destroços. Em Portugal esta prática nunca assumiu a dimensão que teve no norte da Europa, pois ao contrário do que aí acontecia, os salvados de um naufrágio em Portugal pertenciam à Coroa e não a quem os recuperasse.
Origem do termoEditar
O termo farol deriva da palavra grega Faros, nome da ilha próxima à cidade de Alexandria onde, no ano 280 a.C., foi erigido o farol de Alexandria — uma das sete maravilhas do mundo antigo. Faros deu origem a esta denominação em várias línguas românicas; como em francês (phare), em espanhol e em italiano (faro) e em romeno (far).
Luz característicaEditar
DuraçãoEditar
A luz emitida pelos faróis pode ser de vários tipos:
- Fixa (F) - Luz contínua com intensidade e cor constante
- Ocultações (Oc) - A duração da luz é maior que a duração da obscuridade
- Isofásica (Is) - A duração da luz e da obscuridade são iguais
- Relâmpagos (R) - A duração da luz e menor que a duração da obscuridade
- Cintilante (Ct) - A duração da luz e da obscuridade são iguais, mas com relâmpagos muito rápidos, (mais de 50 relâmpagos/minuto)
- Alternada (Alt) - Luz que apresenta alternadamente cores diferentes
O alcance da luz dos faróis varia de acordo com vários fatores, tais como a potencia do aparelho ótico, localização do observador, etc, pelo que é expresso de duas formas diferentes:
- Alcance luminoso - distância máxima que a luz pode ser vista em função da potência da luz do aparelho, da transparência atmosférica e da capacidade ótica do observador;
- Alcance nominal - é o alcance "oficial" do farol, aquele que vem indicado nas carta hidrográfica, Lista de Faróis e outras publicações oficiais (Expresso em milhas - M ). É o alcance luminoso de um farol verificado num determinado momento de homogeneidade atmosférica e com visibilidade média de 10 milhas.
Para o cálculo do alcance é fundamental ter conhecimento da altura (a distância entre a base e a luz) e a altitude (a diferença entre o nível médio do mar e o plano focal da luz).
CorEditar
A cor da luz dos faróis pode variar de acordo com convenções:
- Branco (br) - é a cor tradicional, mais usada, na luz dos faróis
- Encarnado (e) - o vermelho é utilizado em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar bombordo à luz
- Verde (v) - o verde é utilizado em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar estibordo à luz
Nota: o texto entre parêntesis é válido para as indicações em língua portuguesa
Nota: a indicação do bordo a dar é válido para a Região A (IALA A) do Sistema de Balizagem Marítima. No Brasil é adotado o sistema IALA B (em que o vermelho/encarnado mostra que a embarcação tem de dar boreste à luz e o verde mostra que a embarcação tem de dar bombordo à luz).
Editar
Luzes de navegação ou luzes de bordo. Um veleiro tem uma vermelha (vm) a bombordo e uma luz verde (vd) a estibordo além de uma luz branca (farol de mastro). Ao cruzarem-se fazem-no a ver a luz vermelha do outro [2].
Código Internacional de LuzesEditar
CorEditar
- Amarela (Y) - Yellow
- Azul (Bu) - Blue
- Branca - (W) - White
- Laranja (Or) - Orange
- Verde (G) - Green
- Vermelha - (R) - Red
- Violeta (Vi) - Violet
Classe da LuzEditar
Legenda
A coluna 'Exemplo' inclui:
- a) Característica Abreviada.
- b) Nº de ocorrências (relâmpago ou ocultação) dentro do grupo.
- c) Cor (conforme a tabela de cores).
- d) Período (em segundos, corresponde à duração total de cada cíclo).
Ex: Fl(3) R 15s (linha 4.3)
- a) Fl - Relâmpagos, flashing
- b) (3) - Agrupados (grupo de 3 relâmpagos)
- c) R - Vermelho, Red
- d) 15s - Duração total do cíclo, 15 segundos.
Ver tambémEditar
- Farol de Alexandria
- Navio farol
- Lista de faróis
- Lente de Fresnel
- Os maiores faróis do mundo
- Sistema de Informação para o Património Arquitetónico - Atlas SIPA: Faróis (ArcGIS online)
- Sistema de Informação para o Património Arquitetónico - Atlas SIPA: Faróis (Catálogo de Downloads)
Faróis no BrasilEditar
Faróis em PortugalEditar
Referências
- ↑ Infopedia
- ↑ «Ass. Nac. de Cruzeiros». Consultado em 6 de outubro de 2011. Arquivado do original em 11 de agosto de 2011
- ↑ Portugal. Instituto Hidrográfico (2003). Ajudas à Navegação. Lista de Luzes, Bóias, Balizas e Sinais de Nevoeiro. 1 6ª ed. Lisboa: I.H. 154 páginas. ISBN 972-8486-23-5
- SIQUEIRA, Ricardo. Fortes e Faróis. Rio de Janeiro: R. Siqueira, 1997. 183 p. il. color. ISBN 85-900258-1-0.
- LOURO, Maria Regina; VILHENA, João Francisco. Faróis de Portugal. Gradiva.