Fazenda da Conceição

A Fazenda da Conceição, inaugurada em 1869, foi uma das mais importantes produtoras de café no auge do ciclo de exploração do grão no Brasil.

Fazenda da Conceição
Tipo fazenda
Inauguração 1869 (155 anos)
Geografia
Coordenadas 21° 7' 30.11" S 41° 54' 54.72" O
Mapa
Localização Natividade - Brasil

Através da BR-356 se tem acesso à RJ-220 (Rodovia Deputado Luiz Fernando Linhares), que conecta os municípios de Itaperuna-RJ e Natividade-RJ e também conduz à fazenda. A propriedade é banhada pelo Rio Carangola, que fornecia água para o consumo, irrigação e geração de energia.

História

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A origem da Fazenda da Conceição data da mesma época da ocupação da região Norte do Estado do Rio de Janeiro, onde se localizam os municípios de Itaperuna, Natividade, Porciúncula e Laje do Muriaé. O pioneiro na exploração da região, José de Lannes Dantas Brandão, chegou ali em 1831 e apossou-se das terras entre Porciúncula e o Bambuí.

Em 1834 se instalou na margem direita do Rio Carangola, na Fazenda São José, e doou aos seus irmãos Antônio e Francisco as terras à margem esquerda do rio. À sua irmã Maria do Carmo de Lannes Tinoco, casada com o Sr. Francisco Antônio de Sá Tinoco, doou, em 1836, as terras que se tornariam a Fazenda da Conceição. O casal se instalou inicialmente em uma casa às margens do leito do rio, local onde há uma charqueada atualmente.

A casa-sede da fazenda, também construída às margens do Carangola, foi inaugurada em 1869. Na mesma época, também foram construídos o engenho, a senzala, o terreiro de pedra para secagem dos grãos de café e a tulha.

Com a morte do primeiro proprietário, a fazenda passou às mãos de seu filho Francisco de Sá Tinoco, casado com Dona Maria José Tinoco, e os negócios da lavoura tiveram continuidade. Mais tarde, em 1918, também por herança, a propriedade passou a ser de Alcina Tinoco Ferraz, casada com o coronel Luiz Ferraz, filho de imigrantes italianos.

O início do século XX foi marcado por um grande dinamismo econômico na região graças aos lucros que a produção de café proporcionava. O município de Itaperuna era considerado o maior produtor cafeeiro em 1922, o que refletia diretamente na Fazenda da Conceição, já que sua produção era essencialmente voltada para esse produto. Foi também nesse período a inauguração da luz elétrica, gerada na própria fazenda com o auxílio de turbinas movidas pela água do açude construído no leito do rio. Além disso, também foram construídos a serraria, a máquina beneficiadora do café e outro moinho para o fubá.

No ano de 1924, o coronel Ferraz descobriu uma valiosa mina de água mineral nas terras da fazenda, a qual deu o nome de Água Avaí. Para poder explorá-la, criou a Empresa de Águas Minerais Avahy e um hotel com vinte dormitórios, para atender o turismo local, atraído pela qualidade terapêutica da água.

Com a crise de 1929 e o abalo da economia no país iniciou-se um período difícil para a fazenda, porque seu principal produto, o café, estava desvalorizado no mercado internacional. Isso implicou a procura por novas produções e a consequente diversificação da economia na região. Nesse momento ganham destaque as produções de algodão, milho, pecuária e outras lavouras de subsistência.

Em 1938, a morte do coronel Ferraz deu início ao abandono da fazenda, que permaneceu desamparada até 1979, quando os novos proprietários Sr. Galeno Tinoco Ferraz e sua esposa Dona Maria Antonieta Sobral Tinoco, incentivados por seus filhos, resolveram reformar e restaurar a Fazenda da Conceição, que hoje é uma das mais belas da região, resgatando seu passado e a memória do Vale do Carangola.

Arquitetura

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A casa-sede da fazenda da conceição tem partido em “L” e originalmente ficava sobre um porão alto e aberto, o qual servia para guardar os meios de transporte da fazenda – carros de boi, carroções e charretes. Mais tarde, com o aumento da produção de café, o porão foi fechado para servir de depósito para os grãos produzidos. A mais recente e última mudança aconteceu em 1979, quando os atuais proprietários realizaram a reforma e restauração do imóvel – todas as mudanças procuraram manter as características originais da casa. O acesso ao primeiro pavimento da casa é feito por entradas diversas, nas várias fachadas. Já para alcançar o segundo pavimento, existem duas possibilidades: um portão de ferro forjado na fachada principal protege uma das entradas e dá acesso à escada e, em segundo plano para os escravos e serviçais, existe uma outra escada nos fundos da edificação que parte do antigo setor de serviços da casa-sede, onde se localizavam a cozinha, despensa e quartos dos empregados domésticos.

O telhado possui quatro águas e é formado por telhas cerâmicas do tipo capa e canal, é ainda arrematado por um beiral com cimalha em todo seu perímetro.

O forro dos aposentos principais é de madeira, do tipo saia e camisa e arrematado por rodateto. Nos demais, é feito de bambu trançado.

As esquadrias das janelas são de dois tipos: externamente, de guilhotina com caixilhos de vidro, na cor marrom avermelhada e, internamente, com duas folhas lisas e pintadas de azul colonial.

Centralizada na fachada principal está localizada uma placa com o ano da construção da fazenda – 1869 – e as iniciais do proprietário – FAST (Francisco Antônio de Sá Tinoco).

A casa é ainda mobiliada e decorada com elementos de época, o que possibilita uma boa percepção de como era seu passado.

A antiga tulha da fazenda, localizada no lado esquerdo, foi transformada em área de lazer dos atuais proprietários e é também a residência dos empregados.

Curiosidades

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  • A fazenda possui um viveiro para cultivo de mudas de plantas, ao lado direito da casa-sede, no qual as espécies são produzidas até o transporte para o local desejado na fazenda, assim, os vasos são constantemente renovados.
  • No tabuado de piso de alguns cômodos, principalmente os da antiga ala de serviços, existem marcas de ferro de passar a brasa e de panelas de ferro, o que, segundo a caseira, foram feitas por uma senhora que viveu na fazenda durante o período de seu abandono.
  • O Cemitério da Conceição, localizado nas redondezas, servia de abrigo aos mortos da região e hoje está encoberto pela vegetação nativa da margem do Rio.
  • A Fazenda da Conceição está em processo de tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), junto com outras doze fazendas também representativas do Ciclo do Café.

Referências

http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/?p=1163

http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=330220

http://www.itaperunaonline.com.br/Portal/modulos/livrosetextos/o_desenv_de_um_municipio_dulce/parte_3/04-cap-03-natividade-e-seus-distritos.htm

http://www.aemerj.org.br/index.php/municipios/59-itaperuna

http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/fazenda-conceicao