Fernando Barreto (boxeador)

Fernando Barreto (Campos dos Goytacazes.[1][3][4], 3 de julho de 1937[1] - abril de 1999[2]) foi um desportista pugilista brasileiro. Campeão brasileiro e sul-americano de boxe, categoria meio-médios, e chegou a ser o terceiro colocado no ranking do Conselho Mundial de Boxe[6]

Fernando Barreto
Informações pessoais
Categoria Peso-médio
Nacionalidade brasileiro
Data de nasc. 3 de julho de 1937 (86 anos)[1][2][3]
Local de nasc. Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro[1][3][4]
Falecimento abril de 1999 (61 anos)[2]
Cartel
Lutas 77[5]
Vitórias 67[5]
Derrotas 9[carece de fontes?]
Empates 1[carece de fontes?]

Biografia editar

De família de origem humilde..[7], vivendo em área rural do município de Campos dos Goytacazes - cidade onde nasceu, teve como primeiro oficio ainda jovem como carreiro (condutor de carros de bois) carregados de cana-de-açúcar que seriam usadas como matéria-prima pelas usinas sucroalcooleiras da região[4]. Tornou-se lavrador de canaviais como seu pai[1] Aos 14 anos vai para a cidade do Rio de Janeiro, onde se emprega como operário em uma indústria de calçados no bairro de São Cristóvão[1]

Envolveu-se no pugilismo ao conhecer, no novo emprego, Francisco de Assis e Antônio Ferreira, que lutavma boxe no Club de Regatas Vasco da Gama..[1][7]. Indicado pelos dois, no clube tentou jogar futebol, mas acabou indo para o Departamento de Pugilismo[3]. No Vasco começou a praticar o esporte para melhorar a situação da família[1][7] e no amadorismo se projetou pelo clube[3]. Frederico Buzzone, árbitro de boxe e integrante da Federação Metropolitana de Pugilismo[8], da cidade do Rio de Janeiro, foi um importante incentivador de Barreto no esporte em seu início de carreira[4] Fernando Barreto tornou-se membro da Federação Carioca de Pugilismo, entidade fundada em 1941[9]

Como amador, Barreto foi campeão sul-americano pela Light Middleweight Champion em Montevidéu, Uruguai, em 1956; e em Santiago, Chile, 1957..[10].Como profissinal chegou a ser treinado pelo uruguaio Horácio Molina. Em 5 de dezembro de 1959, disputou o Título mundial dos meio-médios enfrentando o inglês Don Jordan no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo; mas perdeu a luta por pontos e a sua invencibilidade[2][7] Contra o norte-americano Virgil Akins, em 1° de abril de 1960 também não obteria sucesso; sendo derrotado por pontos[3]

Em 26 de agosto de 1961, Fernando Barreto venceu por pontos o então invicto boxeador norte-americano, Vincent (Vince) Shomo..[2] (medalhista de ouro dos Jogos Pan-Americanos de Chicago em 1959[11]); no Madison Square Garden, em Nova Iorque, Estados Unidos[1][2] Barreto foi o primeiro e único brasileiro a lutar no Madison Square Garden[1] Anteriormente, no Auditório da TV Rio, na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de março, Barreto já havia vencido por K.O. (nocaute) o brasileiro Celestino Pinto[6], que tinha conquistado uma medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de 1955, na Cidade do México[12]

Já no ano seguinte, em 9 de janeiro Barreto teve Tony Mancini como seu adversário no Royal Albert Hall, em Kensington e Chelsea, Inglaterra.

Conquistou a supremacia regional em sua categoria em 6 de junho de 1964, quando derrotou o argentino Hector Mora, no Luna Park, em Buenos Aires, Argentina, ganhando o título Sul Americano.[5] Suas lutas chegaram a ser transmitidas tanto no auditório da TV Rio, na cidade do Rio de Janeiro como pela TV Excelsior, na cidade de São Paulo[2]

Morou em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, com sua esposa Ivone Barreto e seu filho Fernando César..[5] Por ter nascido na cidade de Campos dos Goytacazes, Fernando Barreto recebeu o codinome de "moço dos canaviais", já que na época a cidade era grande produtora de cana-de-açúcar[4] Ainda em 1965, a TV Rio, cogitou-se tornar Fernando em um ator galã de telenovelas, a emissora acabou por fazer-lhe uma proposta.[13]

Sua carreira no pugilato terminou na luta contra o argentino Jorge Fernandez, em 10 de junho de 1966, no Auditório da TV Excelsior de São Paulo; ao ser disputado o sétimo round, após Fernandez ter desferido com sucesso dois socos de esquerda e encaixado um cruzado de direita, Fernando Barreto é nocauteado (K.O.) bate forte com cabeça na quina do tablado, fora do ringue, e não se levanta por um tempo, logo depois acordou e vai para o vestiário chegando a cair novamente. Entrando em coma, foi do ringue para o Hospital da Beneficência Portuguesa e submetido à uma cirurgia para a retirada de um coágulo do cérebro.[1][5] O resultado final da luta com a consequente tragédia, televisionada "ao vivo", gerou grande comoção no país.

Sobreviveu ao infortúnio após 18 dias em estado de coma, um mês sem falar e três meses em cadeira de rodas, mas teve que abdicar definitivamente da carreira esportiva no boxe..[4][14] Fez fisioterapia por três anos na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), localizada no bairro Jardim Botânico , na cidade do Rio de Janeiro[1][15][16] Passou a ganhar uma Pensão por invalidez da Marinha Brasileira[17]

Em 1979 o Jornal da República informava, em uma matéria dedicada ao boxe, que Fernando Barreto, após 10 anos da luta que o vitimou, "caminhava com dificuldade e seu falar é um balbucio"..[18]. Em 1987, o Jornal do Brasil publicava que Barreto, ainda com sequelas do infortúnio ocorrido há 21 anos atrás, morava no bairro carioca de Vila Isabel e tornara-se vendedor de livros infantis, além de vender títulos do clube Vasco da Gama e de pertencer ao quadro móvel de funcionário da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro[1] Vendia revistas e "fichas telefônicas" nas proximidades do bar Petisco da Vila[6]

Cartel editar

  • 77 lutas
  • 67 vitórias
  • 1 empates
  • 9 derrotas

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m Geraldo Bezerra de Menezes (30 de junho de 1987). «O último round». Jornal do Brasil (Edição n°83): p.2 - Caderno "Cidade" 
  2. a b c d e f g «Fernando Barreto». site BoxRec. Consultado em 20 junho 2019 
  3. a b c d e f Paulo Godinho (6 de outubro de 1991). «Papos e Sopapos». Jornal dos Sports (Edição n°19538) 
  4. a b c d e f José Cândido de Carvalho (18 de novembro de 1967). «Fernando Barreto: Quem é Você». Revista O Cruzeiro (n°60 - Ano 39): 50-52 
  5. a b c d e Durval Ferreira (25 de junho de 1966). «Barreto: Um campeão Enfrenta a Morte». Revista Manchete (740 - Ano 14): 140-141. Consultado em 20 de junho de 2019 
  6. a b c Newton Zarani (19 de julho de 1992). «Fernando Barreto supera os problemas». Jornal dos Sports (Edição n°19821). 7 páginas 
  7. a b c d «Um mundo de suor e lágrimas». Jornal do Brasil (Edição n°127): p.5 - Caderno B. 13 de agosto de 1976 
  8. «Federação Metropolitana de Pugilismo: Reunião de jurados e juízes que integrarão a delegação carioca». A Noite (Edição n°11390): p.7. 26 de outubro de 1943. Consultado em 21 de junho de 2019 
  9. Eloir Maciel (30 de agosto de 1976). «Federação de Pugilismo luta para superar suas crises». Jornal do Brasil (Edição n°144): p.22 
  10. «Fernando Barreto». site BoxRec. Consultado em 20 junho 2019 
  11. «Panamerican Games - Chicago, USA - 27 de agosto - 7 de setembro de 1959» (em inglês). amateur-boxing.strefa.pl. Consultado em 25 de junho de 2019 
  12. COB - Brasil nos Jogos Pan-americanos de 1955 (em português)
  13. «Fernando Barreto tira as luvas para fazer Carinho». Revista InTerValo (edição 131- Ano 1965): p.18. 17 de julho de 1965. Consultado em 20 de maio de 2020 
  14. Durval Ferreira (25 de junho de 1968). «Uma Esperança em Cada Punho». Revista Manchete (845 - Ano 16). 166 páginas 
  15. Oldemário Oldeguinhó (31 de agosto de 1973). «A Recuperação do Paraplégico». Jornal do Brasil (Edição n°145): p.5. Consultado em 21 de junho de 2019 
  16. «Fernando Barreto: O Próximo Round». Revista O Cruzeiro (n°31): p.88-89. 31 julho de 1969 
  17. «Os ídolos que o esporte sacrificou». Jornal do Brasil (Edição n°123): p.1. 9 de agosto de 1973 
  18. Tonico Duarte (30 de agosto de 1979). «O Pantanoso Submundo do Boxe». Jornal da República (Edição n°4): p.16. Consultado em 21 de junho de 2019 

Ligações externas editar