Forte de Nossa Senhora da Vitória

O Forte de Nossa Senhora da Vitória localizava-se no povoado da Vitória, na freguesia de Guadalupe, concelho de Santa Cruz da Graciosa, na ilha Graciosa, nos Açores.

Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

História

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No vizinho porto pesqueiro de Porto Afonso registou-se, em 1623, uma incursão de piratas da Barbária. O episódio encontra-se referido em uma anotação de João Teixeira Soares de Sousa, acredita-se que a partir de um extrato das "Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores" (c. 1695), de Frei Agostinho de Monte Alverne:

"Sendo o capitão maior d'esta villa de Santa Cruz, Manoel de Quadros Machado, e capitão maior da villa da Praia, Gaspar Velho d'Azevedo, em 19 de maio de 1623, chegaram a esta ilha, oito fragatas d'Argel, e ancoraram onde chamam Affonso do Porto, e está uma Ermida de Nossa Senhora da Victoria, donde comettendo duas com Barcas e um Patacho para botarem gente em um caes feito pela natureza, os moradores da ilha com tanto valor lhe resistiram que não poderam entrar, sem morrer pessoa, nem ainda ficar ferida. Vinha n'estes navios um capitão, natural d'esta mesma ilha, o qual sendo resgatado em Argel pela Redempção geral, veio para Lisboa onde com as esmollas que tirou, mandou fazer uma imagem de Nossa Senhora da Victoria que hoje está na Ermida que fez o povo, nella viveu hermitão, e morreo como hermitão."[1]

De acordo com a tradição, os moradores conseguiram matar o líder do assalto, que terá ficado sepultado em local próximo à atual ermida. O capitão escravizado referido era Pedro Cunha Ávila.

Datará desse período também a fortificação da povoação. No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte de Nossa Senhora da Victoria." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[2]

Encontra-se citado como desaparecido no "Catálogo provisório" em 1884.[3]

A estrutura não chegou até aos nossos dias.

Referências

  1. "Como os moradores excluiram os mouros querendo entrar n'esta ilha em 1623". in Arquivo dos Açores, vol. IV (reprod. fac-similada da ed. de 1882). Ponta Delgada (Açores): Instituto Universitário dos Açores, 1981. p. 185.
  2. "Fortificações nos Açores existentes em 1710" in Arquivo dos Açores, p. 180. Consultado em 8 dez 2011.
  3. PEGO, 1997:265.

Bibliografia

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  • CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
  • PEGO, Damião. "Catalogo provisorio dos edificios, fortificações e terrenos pertencentes ao Ministério da Guerra – Propriedades na posse do Ministério da Guerra - Concelho reunido de Sta. Cruz e Praia". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 263-265.

Ver também

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Ligações externas

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