Francisco Raposo de Oliveira
Francisco Raposo de Oliveira (Nordeste, 8 de janeiro de 1881 — Lisboa, 17 de janeiro de 1933), mais conhecido como Raposo de Oliveira, foi um poeta e jornalista que se destacou no panorama jornalístico de Lisboa, onde foi redactor e director de alguns dos mais relevantes jornais portugueses do tempo.[1][2][3][4][5]
Francisco Raposo de Oliveira | |
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Nascimento | 8 de Janeiro de 1881 Nordeste |
Morte | 17 de Janeiro de 1933 Lisboa |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Poeta e jornalista |
Biografia
editarNasceu na vila do Nordeste, na Ilha de São Miguel, nos Açores,[6] de onde a sua família era originária, mas esta mudou-se para Ponta Delgada pouco depois do seu nascimento. Cresceu em Ponta Delgada, na freguesia de São Pedro, tendo frequentado o ensino secundário no Liceu daquela cidade. Empregou-se como caixeiro, mas desde cedo demonstrou apetência pela escrita, especialmente pela poesia, tendo publicado o seu primeiro livro de versos aos 17 anos de idade. Em 1899, começou a trabalhar como redactor no jornal O Heraldo, para fundar e dirigir em 1902, o semanário A Nova, ambos na cidade de Ponta Delgada.[1]
Em 1904, com 23 anos de idade, partiu para Lisboa, a convite do jornalista faialense António Baptista, com o objectivo de colaborar na redacção e coordenação do Álbum Açoreano, uma publicação da Casa Bertrand, em edição de luxo com grande recurso à ilustração e com cuidado grafismo. Esta obra, saída em fascículos, destinava-se a comemorar a visita do rei D. Carlos I aos Açores, ocorrida em julho de 1901. Divulga a vida económica, cultural e social açoriana, além de uma abordagem ligeira à história das ilhas,ainda considerada um fonte informativa relevante sobre o arquipélago nessa época.[7]
A partir de então iniciou a colaboração na imprensa de Lisboa, onde rapidamente ganhou fame de excelente redator. Dirigiu os periódicos Jornal das Colónias, Portugal, Diário Liberal, Diário Ilustrado, Diário Nacional e A Época. Chefiou as redações de A Vitória, Situação e A Luta. Terminou a sua carreira como redactor de A República e de O Século.
Paralelamente, em 1920 ingressou nos quadros do Ministério do Trabalho. Foi um dos fundadores da Casa dos Jornalistas, organismo depois integrado no Sindicato da Imprensa.[1]
É autor de uma extensa obra literária que inclui poesia, ficção em prosa e teatro. Sobre a sua obra o crítico Pedro da Silveira afirma que «é de entre os poetas açorianos da geração pós-simbolista, o mais açoriano de todos na temática, em especial na Via Sacra, o melhor dos seus livros. Impenitentemente romântico e sentimentalmente idealista, tinha o culto exaltado da mulher, e formalmente era parnasiano».[8] Ocasionalmente enveredou pela poesia de carácter social.[1] Uma das suas obras mais conhecidas é o livro de poesia Via Sacra.[6]
Em 1934, a autarquia de Nordeste prestou-lhe homenagem, tendo sido descerrada uma placa na casa onde nasceu.[6]
Publicações
editarPara além da sua obra dispersa por múltiplos periódicos, é autor, entre outras, das seguintes monografias:
- (1898), Ardentias. Ponta Delgada, s.n..
- (1901), Natal. Ponta Delgada, s.n..
- (1903), Orações de amor. Ponta Delgada, Tip. Diário dos Açores.
- (1906), Pão. Lisboa, Viúva Tavares Cardoso.
- (1927), Via Sacra. Lisboa, Livraria Universal de Armando.
- (1928), O Poeta do Só. Lisboa, Livraria Central.
Referências
editar- ↑ a b c d «Oliveira, Francisco Raposo de» na Enciclopédia Açoriana.
- ↑ M. J. Andrade, Açoriano Oriental, Ponta Delgada, edição de 24 de janeiro de 1995.
- ↑ Ruy Galvão de Carvalho, Antologia poética dos Açores, vol. I, p. 353. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1979.
- ↑ Eduardo Lisboa (coord.), Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. III, pp. 248-249. Mem Martins, Publicações Europa-América, 1994.
- ↑ O Século, edição de 18 de janeiro de 1933.
- ↑ a b c «Ecos e Comentários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1120). 16 de Agosto de 1934. p. 425. Consultado em 7 de Outubro de 2012 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ Centro do Conhecimento dos Açores: Album Açoriano (edição digital).
- ↑ Pedro da Silveira, Antologia de poesia açoriana do século XVIII a 1975, p. 219. Lisboa, Sá da Costa, 1977.