Gerhard Dengler (Reinhausen, 24 de Maio de 1914Hennigsdorf, Hanover, 3 de Janeiro de 2007) foi um jornalista, político e militar alemão que serviu a Wehrmacht durante a Batalha de Stalingrado, Campanha da Polônia e da Batalha da França. Após capitular em Stalingrado, ele participou do Comitê Nacional por uma Alemanha Livre e, posteriormente, se tornou vice-presidente da Frente Nacional da República Democrática Alemã.[1]

Gerhard Dengler
Nascimento 24 de maio de 1914
Reinhausen, Império Alemão
Morte 3 de janeiro de 2007 (92 anos)
Hennigsdorf, Hanover, Alemanha
Nacionalidade Alemanha Nazista
Alemanha Oriental
República Federal da Alemanha
Profissão jornalista
militar
escritor
Filiação Partido do Socialismo Democrático
Partido Socialista Unificado da Alemanha
NSDAP
Stahlhelm, Bund der Frontsoldaten
Sturmabteilung
Serviço militar
País Alemanha Nazista Alemanha Nazista
Serviço Wehrmacht
Anos de serviço 1939–1943
Conflitos Batalha de Stalingrado
Batalha da França
Invasão da Polônia

Vida editar

O pai de Gerhard Dengler foi o notável cientista florestal Alfred Dengler (1874-1944). Gerhard estudou Jornalismo em Berlim e depois em Munique de 1934 até 1939 quando obteve seu doutorado. Entre 1935 e 1937 ele entrou no serviço militar no Regimento de Artilharia em Frankfurt. Em 1 de maio de 1937 ele foi admitido no NSDAP (Partido Nazista). Ele também foi membro da ala paramilitar do partido, o Sturmabteilung (SA), tendo estado no ramo juvenil de uma organização precursora, Der Stahlhelm desde 1932. [2] [3]

Guerra editar

Em 1939, ele foi chamado para agrupar a Wehrmacht pouco depois de obter seu doutorado. [4] Nesse período, sua unidade participou tanto da invasão da Polônia quanto da França. Em seguida, ele foi enviado para a Frente Oriental e participou da Batalha de Stalingrado como capitão da Wehrmacht. No início de 1943, Dengler capitula com a sua unidade e logo se torna um membro da Comitê Nacional por uma Alemanha Livre, um movimento de prisoneiros que haviam se tornado comunistas mantidos na URSS. Ao saber da notícia que seu filho se tornara um comunista, seu pai cometeu suícidio em outubro de 1944. Décadas depois, em uma entrevista de rádio ao Deutschlandfunk transmitida em 2001, ele explicou "como os preconceitos burgueses ultrapassados e a perspectiva social burguesa com a qual ele cresceu foram incinerados no caldeirão de Stalingrado".

Pós Guerra editar

Quando Dengler voltou a Alemanha, ele ingressou na zona de ocupação soviética. Em 1946, ele se tornou membro do recém criado Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED). Inicialmente, ele trabalhou para o jornal Sächsische Zeitung em Dresden mas se mudou para Leipzig, onde se tornou editor-chefe da Leipziger Volkszeitung. Entre novembro de 1948 e maio de 1949, foi editor-chefe de "Der Augenzeuge" ("A testemunha ocular"), que foi uma apresentação semanal de noticiário político produzida pela DEFA, um estúdio cinematográfico da Alemanha Oriental. Ele então começou a trabalhar no Neues Deutschland, o jornal da SED de grande circulação tendo sido o primeiro correspondente em Bonn entre 1953-1958. Voltando a Berlim, Gerhard Dengler substituiu Karl-Eduard von Schnitzler numa grande emissora da RDA e ingressou no Gabinete do Conselho Nacional da Frente Nacional, onde assumiu o cargo de vice-presidente entre 1966 e 1969.

De 1962 a 1967, Dengler trabalhou como editor-chefe da Braunbuch, Kriegs- und Naziverbrecher in der Bundesrepublik und Berlin (West), um livro que detalhava como numerosos nazistas continuaram a ocupar posições de poder e influência na Alemanha Ocidental e no Ocidente de forma mais geral. Em 1969 mudou-se para a Academia Alemã de Estado e Direito, onde trabalhou como chefe da Seção de Informações Estrangeiras até a idade de aposentadoria em 1979.

Gerhard Dengler viveu o suficiente para ver as mudanças que levaram à reunificação alemã em 1990. Já em idade avançada, ele deu uma série de entrevistas à mídia refletindo sobre algumas das decisões que havia tomado. Ele não expressou arrependimentos sobre sua decisão de se tornar comunista.

"Claro que éramos stalinistas. Stalin, para nós, foi o herói que nos derrotou diante de Moscou e na frente de Stalingrado."

"Em uma fazenda nos deram chá, um pedaço de torrada e alguns peixes secos. Os russos não atiraram em mim: eles compartilharam seu pão comigo." [5]

Até sua morte Gerhard Dengler permaneceu ativo na DRAFD (Liga dos Alemães na Resistência, nas Forças Armadas da coalizão anti-Hitler e no movimento Alemanha Livre / Deutscher em der Résistance, na den Streitkräften der Antihitlerkoalition).

Participou em 2003 do documentário The Assault: Stalingrad de Sebastian Dehnhardt. [6]


Prêmios e Honrarias editar

  • 1961 Ordem Patriótica do Mérito em Bronze [7]
  • 1964 Ordem Patriótica do Mérito em Prata [8]
  • 1989 Estrela da Amizade Popular [9]

Obras e Literatura editar

  • Zwei Leben in einem, Berlin, Militärverlag der DDR, 1989
  • Viele Beulen im Helm. Mein Leben als SED-Funktionär, Books-on-demand, 2000
  • Braunbuch. Kriegs- und Naziverbrecher in der Bundesrepublik und in Berlin (West) mit einem Gespräch mit dem Leiter der damaligen Arbeitsgruppe, Prof. Dr. Gerhard Dengler (Hrsg. Norbert Podewin), Reprint der Aushabe von 1968, edition ost, Berlin 2002, ISBN 3-360-01033-7

Referências

  1. Bernd-Rainer Barth; Helmut Müller-Enbergs. "Dengler, Gerhard *24.5.1914, † 3.1.2007 Vizepräsident der Nationalen Front, Chefredakteur der "Leipziger Volkszeitung"". Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur: Biographische Datenbanken. Visitado em 02 de Maio de 2021.
  2. Harry Waibel: Diener vieler Herren : Ehemalige NS-Funktionäre in der SBZ/DDR. Peter Lang, Frankfurt 2011 ISBN 978-3-631-63542-1 page 68
  3. Viele Beulen im Helm. Mein Leben als SED-Funktionär by Gerhard Dengler, page 7
  4. Hübert Henning (19 June 2001). "Gerhard Dengler: Ein Wehrmachts-Offizier läuft über". Deutschlandradio. Visitado em 02 de Maio de 2021.
  5. "In einem Bauernhaus bekamen wir Tee, ein Stück geröstetes Brot und Trockenfisch. Die Russen haben mich nicht erschossen, sondern ihr Brot mit mir geteilt."
  6. https://www.imdb.com/title/tt0376899/
  7. Neue Zeit, 6 October 1961, page 3
  8. Neues Deutschland, 17 June 1964, page 4
  9. Neue Zeit, 3 October 1989, page 2

Bernd-Rainer Barth; Helmut Müller-Enbergs. "Dengler, Gerhard *24.5.1914, † 3.1.2007 Vizepräsident der Nationalen Front, Chefredakteur der "Leipziger Volkszeitung"". Bundesstiftung zur Aufarbeitung der SED-Diktatur: Biographische Datenbanken. Retrieved 11 December 2014.

"Meine bürgerliche überkommene Anschauung und Gesinnung von dieser bürgerlichen Gesellschaft, in der ich groß geworden bin, die war in Stalingrad verbrannt."‎ Fontes alemãs frequentemente se referem à Batalha de Stalingrado como uma operação de "caldeira", lembrando a forma como o exército alemão estava cercado e "cozido" quando os ‎‎soviéticos‎‎ se reagruparam e contra-atacaram‎.

Olaf Kappelt: Braunbuch DDR. Nazis in der DDR. Reichmann Verlag, Berlin (West) 1981. ISBN 3-923137-00-1

Frank Junghänel (7 December 2002). ""Mein Inneres war ein Nullum": Als Offizier der Wehrmacht zieht Gerhard Dengler in die Schlacht um Stalingrad. Als Stalinist ist er nach Deutschland zurückgekehrt". Berliner Zeitung (online). Retrieved 12 December 2014.