Os guanás, também referidos como chanés,[2] Chané-Guaná[3][4] ou, ainda, isocenhos (do espanhol izoceño: "dos banhados de Izozog"),[5] constituem uma etnia indígena sul-americana aruaque.

Guanás
Guanás de Mato Grosso do Sul, por Hércules Florence, 1827
População total
Regiões com população significativa
 Argentina
 Bolívia
 Brasil[1]
Línguas
língua chané, língua guarani, língua castelhana, língua portuguesa
Religiões

História editar

Há aproximadamente 2 500 anos, o grupo abandonou a região das Guianas, migrando para o sul. Na sequência, uma parte do grupo se estabeleceu nos Llanos de Manso ou Chaco Central (setor do Gran Chaco delimitado, ao norte, pelo rio Pilcomayo (ou Araguay) e, ao sul, pela calha dos rios Bermejo e Teuco (também chamado Bermejo Nuevo, um braço do rio Bermejo formado em meados do século XIX, quando o curso principal foi desviado, criando-se uma bifurcação no departamento de Rivadavia), no noroeste chaquense da atual Argentina e ao sul da atual Bolívia e logo acompanhou os chiriguanos em sua migração para o norte da Argentina.

Subdividiam-se em exoaladi (também chamados de "Guaná", o que gera certa confusão[6]), laiana, quiniquinau e terena, dos quais os dois últimos são seus remanescentes atuais. Os quiniquinau (Kinikinau) encontram-se hoje na Terra Indígena Kadiwéu, na Aldeia São João, próxima à cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Os guanás propriamente ditos também eram conhecidos como exoaladi, chooronó ou chuala e são originários do Chaco Boreal, no Paraguai, e pertencem à família linguística aruak.[7]:3

Alguns chanés eram vassalos dos guaicurus, destinando a esses parte de sua produção agrícola. Posteriormente, passaram a adquirir parte dos saques realizados pelos guaicurus, oferecendo, em troca, parte de sua produção agrícola[8].

No século XVII, migraram do Chaco Paraguaio para as margens orientais do Rio Paraguai e, em 1819, reuniram-se na Missão de Nossa Senhora da Misericórdia, na povoação de Albuquerque (no atual município de Corumbá, Mato Grosso do Sul). Em 1843, novamente migraram e se fixaram em Cuiabá. Embora misturados à população local, continuaram a se autoidentificar como índios e faziam questão de receber os serviços da antiga Diretoria Geral dos Índios.[7]:9[9][10]

Guanás famosos editar

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 872.
  2. Terena. Por Maria Elisa Ladeira e Gilberto Azanha. Centro de Trabalho Indigenista (CTI), novembro, 2004. Instituto Socioambiental (ISA). Povos Indígenas no Brasil.
  3. JESUS, Naine Terena de. Kohixoti-kipáe, a dança da ema – memória, resistência e cotidiano terena. Brasília: UnB, 2007, p. 14s
  4. Segundo a grafia dos etnônimos brasílicos estabelecida na 1ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada no Rio de Janeiro, em novembro de 1953, os substantivos e adjetivos são invariáveis e grafam-se, no caso dos primeiros, com inicial maiúscula. Exemplo: os Apinayé, os Borôro, a cerâmica kadiwéu.
  5. Ricardo, Fany (org.) . Terras Indígenas & Unidades de Conservação da natureza : o desafio das sobreposições. São Paulo : Instituto Socioambiental, 2004, p. 91. ISBN 85-85994-31-2
  6. Kinikinau. Por José Luiz de Souza e Giovani José da Silva, maio de 2005. Instituto Socioambiental (ISA). Povos Indígenas no Brasil.
  7. a b Silva, Verone Cristina da. Missão, Aldeamento e Cidade. Os Guaná entre Albuquerque e Cuiabá (1819 - 1901). Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2001.
  8. HISTÓRIA DOS MBAYÁ-GUAICURÚ:, acesso em 06 de outubro de 2017.
  9. Trabalhadores livres no "Baixo Paraguai" do Império do Brasil. Por Divino Marcos de Sena. Fronteiras, Dourados, MS, v. 12, nº 22, p. 153-173, julho-dezembro de 2010.
  10. A Diretoria Geral dos Índios da Província de Mato Grosso foi criada em 1846, em obediência ao Decreto de 24 de julho de 1845, que oficializava o Regulamento das Missões, contrapondo-se à política de guerra contra os índios. Por determinação do governo imperial, as missões, também chamadas de "aldeias regulares", eram estabelecimentos oficiais presentes em cada província brasileira. Cada núcleo era administrado por um diretor, religioso ou não, subordinado ao diretor-geral da província. Ver Bravos Guerreiros. Por Rosely Batista Miranda de Almeida. Revista de História, 23 de abril de 2008.
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