Harriet Taylor (Londres, 8 de outubro de 1807Avinhão, 3 de novembro de 1858), ou Harriet Taylor Mill, foi uma filósofa e defensora dos direitos das mulheres. Membro original da Sociedade Kensigton, que produziu a primeira petição requerendo votos para as mulheres, Harriet também defendeu o direito das mulheres no sentido de serem autorizadas a tomar parte no governo local.

Harriet Taylor
Harriet Taylor
Harriet Taylor, autoria desconhecida
Nascimento 8 de outubro de 1807
Londres, Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda
Morte 3 de novembro de 1858 (51 anos)
Avinhão, França
Nacionalidade britânica
Cônjuge
Ocupação Filósofa

Após a aprovação da Education Act 1870, foi membro da London School Board. Suas obras literárias existentes a respeito dessas causas são muito pequenas; ela é amplamente lembrada pelo trabalho conjunto com o seu segundo marido, John Stuart Mill, um dos proeminentes pensadores do século XIX, com o qual casou-se em 1851 numa incomum condição para a época de igualdade de direitos.[1]

Biografia editar

Primeiros anos editar

Harriet nasceu em 1807, em Walworth, ao sul de Londres. Seus pais eram Thomas Hardy, cirurgião e Harriet Hardy.[2] Foi educada em casa e logo cedo começou a expressar interesse pela poesia.[3] Em 1826, ela se casou com seu primeiro marido, John Taylor, com quem teve três filhos: Herbert, Algernon e Helen.[2]

Em 1831, ela conheceu John Stuart Mill, em um encontro orquestrado pelo líder da congregação unitarista de Harriet.[4] Seu marido, John Taylor, o convidou para um jantar em casa devido ao interesse da esposa nos direitos das mulheres. Harriet escrevia não apenas poesia, como também se interessava pelas reformas sociais e vinha escrevendo textos sobre ética, tolerância, casamento e direitos das mulheres, ainda que não publicados.[2]

John Stuart Mill editar

A amizade de John e Harriet floresceu. Ele a atraía e a tratava como uma igual. Cerca de 18 meses depois, algo aconteceu que fez Harriet terminar a amizade com John, que o fez escrever uma apaixonada carta em francês, no qual se recusava a ouvir um adeus de sua parte sem explicações e que deveriam se encontrar. Harriet concordou e logo estavam escrevendo apaixonados ensaios e poemas mais tarde publicados.[2] Em tais ensaios, Harriet e John discutiam as questões éticas envolvendo o casamento, separação e divórcio. Ela insistia que deveriam se criar condições de igualdade para as mulheres nos relacionamentos e que envolvessem afeição.[2][4]

Harriet criticava a forma como mulheres eram educadas para serem apenas meros objetos, onde o casamento era uma forma de conseguir status e ascensão social e que ser casada era tratado como a única forma de existir.[2] A morte do marido ou o fato de ser separada acabava com o propósito da mulher aos olhos da sociedade. Ela criticou o fato de uma mulher ser vista como apta para o casamento apenas sendo virgem e que ela não tinha a menor consciência do que lhe aconteceria no matrimônio. Defendia abertamente o divórcio, onde questionava como conviver com uma pessoa sem qualquer afeição a ela.[2][4][5]

Outro questionamento presente em seus escritos era sobre a presença constante de prazer na vida do homem, enquanto na vida da mulher havia sofrimento e dor e valorizava o sexo entre um homem e mulher como uma troca igual e bela em suas formas.[2] Muitos destes ensaios vinham com dedicatória para John Stuart Mill no final.[2][4]

No final de 1833, o marido de Harriet concordou com uma separação. Ela então foi para Paris, fugindo da reação negativa da sociedade diante de seu divórcio, onde John se juntou a ela. Ainda assim, ela tinha consciência da humilhação pública que seu marido e sua família sofreriam por sua decisão de deixá-lo e retornou a Londres em algum momento. No verão de 1834, ela morava em sua própria casa, onde John a visitava constantemente e viajava com ela e as crianças, sendo presença constante em suas vidas pelos próximos 20 anos.[2][4]

Casamento editar

Depois da morte de John Taylor em 1849, devido a um câncer retal, Harriet e Mill aguardaram por dois anos até se casarem oficialmente em 1851.[2] Ela hesitou muito pelo medo de gerar um escândalo ainda maior do que havia sido a separação. Seu casamento com Mill era algo inédito para a época, com total igualdade de direitos entre o casal.[4] Harriet escreveu diversos ensaios, alguns com co-autoria de Mill sobre violência doméstica.[2][6]

Morte editar

Harriet Taylor Mill morreu no Hotel d'Europe, em Avinhão, França, em 3 de novembro de 1858, após um grave problema pulmonar. Acredita-se que sua morte tenha sido causada por complicações devido à sífilis, que ela teria contraído do primeiro marido.[2][5]

Referências

  1. «MILL, John Stuart: Declaração sobre o Casamento (STATEMENT ON MARRIAGE)». Academia.edu. Consultado em 2 de maio de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k l m Mill, Harriet Taylor (1998). Jo Ellen Jacobs, ed. The Complete Works of Harriet Taylor Mill. Bloomington: University of Indiana Press. ISBN 978-0253333933 
  3. «BBC - History - Historic Figures: Harriet Taylor (1807 - 1858)». BBC. Consultado em 22 de setembro de 2015 
  4. a b c d e f Hayek, F.A. (1951). John Stuart Mill and Harriet Taylor, Their Correspondence and Subsequent Marriage. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 978-0849253492 
  5. a b Tong, Rosemarie (2009). Feminist Thought: A More Comprehensive Introduction. [S.l.]: Westview Press (Perseus Books). 417 páginas. ISBN 978-0-8133-4375-4 
  6. «The Enfranchisement of Women». Universidade do Texas. Consultado em 22 de setembro de 2018 

Ligações externas editar

 
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Ver também editar

Bibliografia editar

  • ROSSI, Alice S. (1970). Sentiment and Intellect: The Story of John Stuart Mill and Harriet Taylor Mill, in Rossi, Alice S. (Ed), Essays on Sex Equality. The University of Chicago Press.
  • Packe, M., 1954, The Life of John Stuart Mill, New York, MacMillan.
  • Stillinger, J., 1961, "Introduction," The Early Draft of John Stuart Mill's Autobiography, Urbana: University of Illinois Press, 1-33.