Hora de Ouro ou Hora Dourada (conhecida internacionalmente como Golden Hour), pode ser definida como a primeira hora pós parto, ou seja, os primeiros sessenta minutos de vida de um bebê (prematuro ou a termo) fora do útero.[1] São muitos os acontecimentos dessa primeira hora pós-natal. A começar pelas mudanças fisiológicas que ocorrem nos sistemas cardiovascular, respiratório, imunológico e metabólico do recém-nascido. Dessa forma, o bebê precisará passar por múltiplos mecanismos de adaptação para que possa viver no ambiente extrauterino,[2] e, para isso, algumas intervenções precisam ser praticadas na hora de ouro.[1][3] Essas intervenções baseiam-se nos três pilares da hora dourada, que são: o contato pele-a-pele (CPP) entre mãe e bebê, o corte tardio do cordão umbilical e a iniciação precoce da amamentação.[4]

A primeira mamada durante a Hora Dourada

Com a mãe e o bebê estáveis, o contato pele-a-pele deve ocorrer logo após o parto, colocando o recém nascido de bruços e nu - apenas com gorro para proteger a cabeça e com cobertor sobre as costas - e acomodá-lo sobre o tórax materno.[3][5] Essa prática deve ser incentivada e mantida durante a hora dourada já que promove benefícios como o controle da temperatura corporal (termorregulação) e colonização da pele do neonato, prevenção da hipoglicemia (já que poupa o gasto de reservas hepáticas de glicose), melhor adaptação da vida extrauterina e redução do estresse materno e neonatal, estímulo do início da amamentação precoce e auxílio da formação de vínculo entre a mãe e o bebê.[3][5][6][4]

A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda o clampeamento tardio do cordão umbilical após a interrupção da circulação placentária, ou seja, passados um a três minutos depois do nascimento, visto que promove: aumento das reservas de ferro no momento do nascimento, redução do risco de anemia na primeira infância e redução da hemorragia intraventricular.[6][7]

A amamentação precoce é decorrente do contato pele-a-pele, na qual o bebê é capaz de procurar o peito da mãe e dar início a movimentos de sucção, tal comportamento é denominado como Breast Crawl.[4] O aleitamento materno na primeira hora de vida é essencial para a saúde do neonato, pois assegura benefícios imunológicos, visto que o colostro é rico em nutrientes e anticorpos, previne o desmame precoce e contribui para menores taxas de mortalidade neonatal.[8] A Iniciativa Hospital Amigo da Criança recomenda que a amamentação ocorra na primeira meia hora após o nascimento. Ainda em sala de parto, a primeira mamada deve ocorrer com livre demanda do bebê e abrangendo todo suporte e auxílio informativo e demonstrativo para a mãe, mas ainda assim garantindo a privacidade do binômio mãe e filho.[9]

Referências

  1. a b Sharma, Deepak (19 de setembro de 2017). «Golden hour of neonatal life: Need of the hour». Maternal Health, Neonatology and Perinatology (1). 16 páginas. ISSN 2054-958X. PMC 5604187 . PMID 28932408. doi:10.1186/s40748-017-0057-x. Consultado em 21 de julho de 2022 
  2. Chaves, Ricardo Lêdo (agosto de 2014). «O nascimento como experiência radical de mudança». Cadernos de Saúde Pública: S14–S16. ISSN 0102-311X. doi:10.1590/0102-311XPE03S114. Consultado em 21 de julho de 2022 
  3. a b c Araújo, Kadja Elvira dos Anjos Silva; Santos, Camila Carvalho dos; Caminha, Maria de Fátima Costa; Silva, Suzana Lins da; Pereira, Juliana De Castro Nunes; Batista Filho, Malaquias (16 de agosto de 2021). «CONTATO PELE A PELE E AMAMENTAÇÃO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA: UM ESTUDO TRANSVERSAL». Texto & Contexto - Enfermagem. ISSN 0104-0707. doi:10.1590/1980-265X-TCE-2020-0621. Consultado em 21 de julho de 2022 
  4. a b c Schuengengue, N. Golden hour: os benefícios para mãe e bebê. PEBMED, 16 de Agosto de 2021. Disponível em: <https://pebmed.com.br/golden-hour-os-beneficios-para-mae-e-bebe/> Acessado em 13 de julho 2022.
  5. a b Brasil. Ministério da Saúde. Além da sobrevivência: práticas integradas de atenção ao parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. – 1. ed., 1. reimp. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 50p.
  6. a b Ledo, Beatriz Cabral; Góes, Fernanda Garcia Bezerra; Santos, Andressa Silva Torres dos; Pereira-Ávila, Fernanda Maria Vieira; Silva, Aline Cerqueira Santos Santana da; Bastos, Mayara Pacheco da Conceição (4 de setembro de 2020). «Fatores associados às práticas assistenciais ao recém-nascido na sala de parto». Escola Anna Nery. ISSN 1414-8145. doi:10.1590/2177-9465-EAN-2020-0102. Consultado em 21 de julho de 2022 
  7. WHO - Organização Mundial de Saúde,2013 . Disponível em: <https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/120074/WHO_RHR_14.19_por.pdf>Acessado em 14 de julho de 2022.
  8. Boccolini, Cristiano Siqueira; Carvalho, Márcia Lazaro de; Oliveira, Maria Inês Couto de; Pérez-Escamilla, Rafael (abril de 2013). «A amamentação na primeira hora de vida e mortalidade neonatal». Jornal de Pediatria: 131–136. ISSN 0021-7557. doi:10.1016/j.jped.2013.03.005. Consultado em 21 de julho de 2022 
  9. «Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC)». portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br. Consultado em 21 de julho de 2022 
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