Hormisda (filho de Hormisda II)

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Hormisda.

Hormisda (em persa médio: Hormezd; em grego: Ορμίσδας; romaniz.: Hormísdas) foi um oficial romano de origem persa, ativo durante o século IV.

Hormisda
Nacionalidade Império Romano
Ocupação Oficial

O teônimo Hormisda é a versão latina do persa médio Hormisde (𐭠𐭥𐭧𐭥𐭬𐭦𐭣; Hormizd),[1] Ormasde (Ōhrmazd),[2] Hormosde / Ormosde ((H)ormozd),[3] Ormusde (Ormozd)[4] ou Oramasde (Ohramazd), o nome da divindade suprema no zoroastrismo, cujo nome avéstico era Aúra-Masda (Ahura-Mazdāh). Foi registrao em persa antigo como Auramasda (Auramazdā),[5][6] em grego como Hormisdas (Ορμίσδας, Ormísdas), Hormisdes (Ορμίσδης, Ormísdēs), Horomazes (Ωρομάζης, Oromázēs) e Hormisdates (Ορμισδάτης, Ormisdátēs), em árabe era Hormuz (هرمز), em armênio como Oramasde (Օրամազդ; Oramazd)[7] e Ormisde (Որմիզդ, Ormizd) e em georgiano era Urmisde (ურმიზდი, Urmizd).[8][9]

Hormisda era filho mais velho do xá sassânida Hormisda II (r. 302–309/10) e pai de um nobre homônimo. Foi aprisionado por seus irmãos após a morte de seu pai e permaneceu encarcerado por vários anos até ser liberto com a ajuda de sua esposa.[10] Ele fugiu para junto do rei armênio Tiridates III (r. 298–330) e então para o Império Romano, onde foi recebido em 324 por Constantino (r. 306–337) ou Licínio (r. 308–324).[11] Em Constantinopla, Constantino deu-lhe um palácio que recebeu seu nome próximo da costa do mar de Mármara.[12]

Serviu Constâncio II (r. 337–361) como comandante de cavalaria e acompanhou o imperador a Roma em 357. Em 362, foi nomeado por Juliano, o Apóstata  (r. 361–363) com Vitor como comandante de um exército que deveria ser levado de Constantinopla para Antioquia. A Paixão de São Bonoso e Maximiliano, que menciona-o em Antioquia em 362/363, estiliza-o como conde (talvez conde dos assuntos militares) e cristão. Ele participou na expedição persa de Juliano em 363 e segundo Libânio era do interesse do imperador colocá-lo no trono sassânida.[13]

Hormisda comandou com Arinteu a cavalaria disposta na ala esquerda do exército romano. Em ca. 24 de abril, a Hormisda foi dado o comando de uma força de reconhecimento que foi emboscada pelos persas sob comando de Surena e o filarco Podosaces.[14][15] Depois, conseguiu induzir a guarnição em Anatas a se render. No Cerco de Perisapora de 27-29 de abril, foi enviado para negociar a rendição da cidade, mas foi insultado pelos habitantes, que chamaram-o de traidor e desertor.[16] Depois, foi insultado por Nabdates, o comandante da guarnição de Maiozamalca, que foi levado como refém após a rendição da cidade.[13][17]

Avaliação

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Segundo Zonaras, Hormisda foi um homem grande e forte e um habilidoso lançador de projéteis, de tal modo que ao lançar um projetil em alguém podia prever onde o inimigo seria atingido.[18] Com base na escassez do uso do nome iraniano Hormisda no mundo latino, Christian Settipani sugeriu que o prefeito pretoriano homônimo que esteve ativo em meados do século V era seu filho.[19] Além disso, sugeriu que este segundo Hormisda foi o avô (materno?) do papa Hormisda (r. 514–523), que era filho do campânio Justo e pai do papa Silvério (r. 536–537).[20]

Referências

  1. Lukonin 1967, p. 217.
  2. Kellens 2009, p. 292; 295.
  3. Aḥsan 1992, p. 312.
  4. Murray 1985, p. 35.
  5. Shayegan 2004, p. 462-464.
  6. Vevaina 2018, p. 1110.
  7. Justi 1895, p. 7-10.
  8. Schmitt 1986, p. 445–465.
  9. Rapp 2014, p. 341-343.
  10. Shahbazi 2004b, p. 461–462.
  11. Chaumont 1986, p. 418-438.
  12. Janin 1950, p. 333.
  13. a b Martindale 1971, p. 443.
  14. Amiano Marcelino 397, XXIV.2.4–5.
  15. Zósimo séculos V-VI, III.15.4–6.
  16. Amiano Marcelino 397, XXIV.2.11.
  17. Amiano Marcelino 397, XXIV.5.4.
  18. Dodgeon 2002, p. 131.
  19. Grumel 1958, p. 368.
  20. Settipani 2006, p. 506.

Bibliografia

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  • Aḥsan, ʻAbdushshakūr (1992). Studies in Persian Language and Literature. Laore, Paquistão: Bazm-e-Iqbal 
  • Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3 
  • Grumel, Venance (1958). Traité d'études byzantines : I. La Chronologie. Paris: Imprensa Universitária da França 
  • Janin, Raymond (1950). Constantinople Byzantine. Paris: Institut Français d'Etudes Byzantines 
  • Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Kellens, Jean (2009). Zarathushtra entre l'Inde et l'Iran études indo-iraniennes et indo-européennes offertes à Jean Kellens à l'occasion de son 65e anniversaire. Viesbade: L. Reichert 
  • Lukonin, Vladimir Grigorʹevich (1967). Persia II. Cleveland: World Publishing Company 
  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Hormisda 2». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • Murray, John (1985). Samarkand. Battle Creek, Michigão: Ellis. ISBN 9780856281518 
  • Rapp, Stephen H. Jr. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 1472425529 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Shahbazi, A. Shapur (2004b). «Hormozd (2)». Enciclopédia Irânica, Vol. XII, Fasc. 5. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Schmitt, R. (1986). «Artaxerxes». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 654–655 
  • Shayegan, M. Rahim (2004). «Hormozd I». Enciclopédia Irânica, Vol. XII, Fasc. 5. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 462–464 
  • Vevaina, Yuhan; Canepa, Matthew (2018). «Ohrmazd». In: Nicholson, Oliver. The Oxford Dictionary of Late Antiquity. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0-19-866277-8