Huamani
Huamani (em quíchua wamani, 'província') era uma divisão territorial usada no Império inca, que em seu conjunto formavam os Suyus ou as macrorregiões do império.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/21/Tahuantinsuyo.png/220px-Tahuantinsuyo.png)
Os huamanis eram orientados pelo vale principal da região e estes, por sua vez, eram divididos em sayas, ou setores. As sayas eram geralmente duas: Hanansaya ou «setor de cima», e Hurinsaya ou «setor de baixo».[1][2][3] Por essa razão muitas zonas e vales conservaram duas denominações até após a conquista espanhola, inclusive, até meados do século xx como no caso do vale de Coquimbo/Elqui no Chile.
A saya, afinal, compreendia um número variável de aillus, cuja extensão era variável também. O aillu era “dono” de um território determinado, que costuma se classificar marca, e dentro do qual a cada homem adulto (purej) recebia um lote de terreno (topu), para seu sustento e o de sua família. A extensão do topu variava segundo a qualidade da terra. Os lotes para sustento da população do aillu formavam um terço da totalidade dos terrenos cultivados; e os produtos dos dois terços restantes eram trabalhados por seus membros do aillu e arrecadados para o sustento da nobreza-Estado e para o da estrutura religiosa, respectivamente.
Religião
editarEsta divisão territorial se misturava com a religião. O wamani fazia parte da cosmovisão andina, cada região estava tutelada por um Apu Wamani ou "senhor das montanhas" representado nos mais altos cumes da região. Por exemplo a montanha de Las Tórtolas no wamani de Coquimbo, ou o monte Aconcagua no wamani de Chile.
Império Inca
editarNo Noroeste Argentino
editarNo nordeste argentino eram quatro huamanis, a de Chicoana ou Sikuani, estendia-se pela plataforma da Puna Atacamenha e a parte setentrional dos Vales Calchaquíes e abarcava provavelmente desde as Grandes Salinas deJujuy até o sul de La Paya, em Salta, onde estava sua capital, a antiga Chicoana. Para o sul localizava-se a província do Quire-Quire ou Kiri-kiri, que compreendia o restante dos vales Calchaquíes, todo o vale de Santa María e os vales de Andalgalá, Hualfín e Abaucán. A província do Tucumán ou de Tucma (chamada por alguns pesquisadores como de Humahuaca) compreendia os vales orientais e as serras subandinas, chegando pelo norte até Talina, atualmente situada no sul da Bolívia. A província mais austral, provavelmente estendia-se desde Rioja até as montanhas do Cordón de Plata, atingindo a colina Tupungato em Mendoza e quiçá fazia parte, com o nome de Cuyo ou Kuyun, da província ou Wamani de Chile ou Chili.[4]
Em Chile
editarNo território prehispánico de Chile, segundo os pesquisadores, podem-se identificar dois wamanis: o de Coquimbo e o de Chile (Aconcagua).[5] O Wamani de Collao no norte do país era compartilhado com a actual Bolívia.
Em Peru
editarNo Peru existiam os wamanis de Huánuco, Pachacamac, Chachapoyas, Huaylas, Cajamarca e Chinchaycocha.
Huamanis do Tahuantinsuyo
editarDurante o Império Inca existiram os seguintes huamanis, em relação aos suyus:
- Em Antisuyo: Cochabamba, Collahuaya, Lare, Machiguengua, Omasayo, Omasuyo, Paucartampo, Piro, Shipibo.
- Em Chinchaysuyo: Angara, Atawillu, Ayavaca, Cajamarca, Cajatampo, Calua, Cañari, Casma, Chachapoya, Chancay, Chao, Chicama, Chimbote, Chimu, Chincha, Chinchaycocha, Chira, Conchuco, Huacrachuco, Huamachuco, Huamali, Huambo, Huanbachu, Huanca, Huancabamba, Huancavilca, Huanuco, Huarco, Huarmey, Huaura, Huayla, Jauja, Karake, Kitu, Lambayeque, Latakuna, Lurin, Moyobamba, Ocro, Olmo, Pacasmayo, Palta, Paramonga, Pasto, Pishku, Piura, Rimaq,Tarama,Tumpis, Viru, Yauyo
- Em Collasuyo: Arica, Atacama, Cana, Canche, Caruma, Cavina, Charca, Chicha, Chili, Colla, Collagua, Elki, Huamahuaca, Karanka, Kiri-Kiri, Loa, Locumba, Lupaca, Lupe, Pacajes, Quillaca, Sama, Tarapaca, Tarata, Tucuman, Ubina, Uru, Yampara.
- Em Contisuyo: Acari, Arequipa, Atico, Aymara, Camana, Caraveli, Cavana, Chanca, Chilque, Choclococha, Chumbivilca, Contisuyo, Cotabamba, Ica, Moquehua, Nazca, Ocoña, Onocorvo, Parinacocha, Quechua, Quilca, Rucana, Sora, Tampo, Vilcas, Yanahuara, Yauca.
Referências
editar- ↑ Emilio Romero, Carlos. «Historia económica del Perú (Pag 42)»
- ↑ Freder Lorgio Arredondo Baquerizo. «Tesis : Dualidad simbólica de plantas y animales en la práctica médica del curandero-paciente en Huancayo (Pags 35, 36)» (PDF). Pontificia Universidad Católica del Perú: PUCP: Pontificia Universidad Católica del Perú: PUCP. Consultado em 5 de fevereiro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 26 de junho de 2013
- ↑ Jorge Hidalgo, Carlos Aldunate, Francisco Gallardo, Flora Vilches, Carole Sinclaire, Diego Sala (2001). «Tras la huella del Inka en Chile (pags 90, 91)». Museo Chileno de Arte Precolombino
- ↑ Jorge Julio Chávez Pacheco. «El imperio de los incas»
- ↑ Horacio Zapater Equioiz. «Los Incas y la conquista de Chile, Revista Historia N°16. pag. 252, 251» (PDF). Pontificia Universidad Católica de Chile. Cópia arquivada (PDF) em 3 de fevereiro de 2014
Ligações externas
editar- Toponimia de Coquimbo
- Chungará (Arica) em SciELO