Huamani

província do Império Inca

Huamani (em quíchua wamani, 'província') era uma divisão territorial usada no Império inca, que em seu conjunto formavam os Suyus ou as macrorregiões do império.

Huamanies no Império Inca.

Os huamanis eram orientados pelo vale principal da região e estes, por sua vez, eram divididos em sayas, ou setores. As sayas eram geralmente duas: Hanansaya ou «setor de cima», e Hurinsaya ou «setor de baixo».[1][2][3] Por essa razão muitas zonas e vales conservaram duas denominações até após a conquista espanhola, inclusive, até meados do século xx como no caso do vale de Coquimbo/Elqui no Chile.

A saya, afinal, compreendia um número variável de aillus, cuja extensão era variável também. O aillu era “dono” de um território determinado, que costuma se classificar marca, e dentro do qual a cada homem adulto (purej) recebia um lote de terreno (topu), para seu sustento e o de sua família. A extensão do topu variava segundo a qualidade da terra. Os lotes para sustento da população do aillu formavam um terço da totalidade dos terrenos cultivados; e os produtos dos dois terços restantes eram trabalhados por seus membros do aillu e arrecadados para o sustento da nobreza-Estado e para o da estrutura religiosa, respectivamente.

Religião editar

Esta divisão territorial se misturava com a religião. O wamani fazia parte da cosmovisão andina, cada região estava tutelada por um Apu Wamani ou "senhor das montanhas" representado nos mais altos cumes da região. Por exemplo a montanha de Las Tórtolas no wamani de Coquimbo, ou o monte Aconcagua no wamani de Chile.

Império Inca editar

No Noroeste Argentino editar

No nordeste argentino eram quatro huamanis, a de Chicoana ou Sikuani, estendia-se pela plataforma da Puna Atacamenha e a parte setentrional dos Vales Calchaquíes e abarcava provavelmente desde as Grandes Salinas deJujuy até o sul de La Paya, em Salta, onde estava sua capital, a antiga Chicoana. Para o sul localizava-se a província do Quire-Quire ou Kiri-kiri, que compreendia o restante dos vales Calchaquíes, todo o vale de Santa María e os vales de Andalgalá, Hualfín e Abaucán. A província do Tucumán ou de Tucma (chamada por alguns pesquisadores como de Humahuaca) compreendia os vales orientais e as serras subandinas, chegando pelo norte até Talina, atualmente situada no sul da Bolívia. A província mais austral, provavelmente estendia-se desde Rioja até as montanhas do Cordón de Plata, atingindo a colina Tupungato em Mendoza e quiçá fazia parte, com o nome de Cuyo ou Kuyun, da província ou Wamani de Chile ou Chili.[4]

Em Chile editar

No território prehispánico de Chile, segundo os pesquisadores, podem-se identificar dois wamanis: o de Coquimbo e o de Chile (Aconcagua).[5] O Wamani de Collao no norte do país era compartilhado com a actual Bolívia.

Em Peru editar

No Peru existiam os wamanis de Huánuco, Pachacamac, Chachapoyas, Huaylas, Cajamarca e Chinchaycocha.

Huamanis do Tahuantinsuyo editar

Durante o Império Inca existiram os seguintes huamanis, em relação aos suyus:

  • Em Antisuyo: Cochabamba, Collahuaya, Lare, Machiguengua, Omasayo, Omasuyo, Paucartampo, Piro, Shipibo.
  • Em Chinchaysuyo: Angara, Atawillu, Ayavaca, Cajamarca, Cajatampo, Calua, Cañari, Casma, Chachapoya, Chancay, Chao, Chicama, Chimbote, Chimu, Chincha, Chinchaycocha, Chira, Conchuco, Huacrachuco, Huamachuco, Huamali, Huambo, Huanbachu, Huanca, Huancabamba, Huancavilca, Huanuco, Huarco, Huarmey, Huaura, Huayla, Jauja, Karake, Kitu, Lambayeque, Latakuna, Lurin, Moyobamba, Ocro, Olmo, Pacasmayo, Palta, Paramonga, Pasto, Pishku, Piura, Rimaq,Tarama,Tumpis, Viru, Yauyo
  • Em Collasuyo: Arica, Atacama, Cana, Canche, Caruma, Cavina, Charca, Chicha, Chili, Colla, Collagua, Elki, Huamahuaca, Karanka, Kiri-Kiri, Loa, Locumba, Lupaca, Lupe, Pacajes, Quillaca, Sama, Tarapaca, Tarata, Tucuman, Ubina, Uru, Yampara.
  • Em Contisuyo: Acari, Arequipa, Atico, Aymara, Camana, Caraveli, Cavana, Chanca, Chilque, Choclococha, Chumbivilca, Contisuyo, Cotabamba, Ica, Moquehua, Nazca, Ocoña, Onocorvo, Parinacocha, Quechua, Quilca, Rucana, Sora, Tampo, Vilcas, Yanahuara, Yauca.

Referências editar

  1. Emilio Romero, Carlos. «Historia económica del Perú (Pag 42)» 
  2. Freder Lorgio Arredondo Baquerizo. «Tesis : Dualidad simbólica de plantas y animales en la práctica médica del curandero-paciente en Huancayo (Pags 35, 36)» (PDF). Pontificia Universidad Católica del Perú: PUCP: Pontificia Universidad Católica del Perú: PUCP. Consultado em 5 de fevereiro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 26 de junho de 2013 
  3. Jorge Hidalgo, Carlos Aldunate, Francisco Gallardo, Flora Vilches, Carole Sinclaire, Diego Sala (2001). «Tras la huella del Inka en Chile (pags 90, 91)». Museo Chileno de Arte Precolombino 
  4. Jorge Julio Chávez Pacheco. «El imperio de los incas» 
  5. Horacio Zapater Equioiz. «Los Incas y la conquista de Chile, Revista Historia N°16. pag. 252, 251» (PDF). Pontificia Universidad Católica de Chile. Cópia arquivada (PDF) em 3 de fevereiro de 2014 

Ligações externas editar