Ilhas De Long

arquipélago inabitado

As ilhas De Long (russo: Острова Де-Лонга, tr. Ostrova De-Longa; em iacuta: Де Лоҥ Aрыылара) são um arquipélago desabitado, normalmente incluído nas Ilhas da Nova Sibéria, a nordeste de Novaya Sibir. Têm no total uma área de 228 km2.[1] O arquipélago tem o nome do descobridor de três das ilhas do grupo, o explorador norte-americano George Washington De Long, que passou no local em 1881.

Ilhas De Long
Острова Де-Лонга
Ilhas De Long está localizado em: Rússia
Ilhas De Long
Localização das ilhas De Long
76° 39' N 153° 39' E

Mapa do arquipélago
Geografia física
Localização Ilhas da Nova Sibéria

Localização do arquipélago no Ártico russo

O arquipélago tem cinco ilhas. A ilha Bennett é a maior, e contém o ponto mais elevado, com 426 m de altitude. As ilhas são parcialmente cobertas por glaciares (cerca de 80,6 km²)[1].

Ilha Cirílico Área
(km²)
Altitude máx. Localização
Bennett Остров Беннетта 150 426 m 76° 42′ N, 148° 59′ L
Henrietta Остров Генриетты 12 340 m 77° 05′ 25″ N, 156° 34′ 00″ L
Jeannette Остров Жаннетты 3.3 250 m 76° 47′ 22″ N, 158° 05′ 28″ L
Zhokhov Остров Жохова 77 120 m 76° 09′ N, 152° 43′ L
Vilkitskogo Остров Вилькицкого 1.5 70 m 75° 42′ 45″ N, 152° 27′ 37″ L

Geologia editar

As ilhas De Long foram os principais montes na Grande Planície do Ártico, que no Pleistoceno tardio era a parte norte da Beríngia, entre a Sibéria e o Alasca, durante o último máximo glacial (época Weichselian tardia). Estas ilhas são o que resta de cerca de 1 600 000 km2 da Grande Planície do Ártico, agora sumersa sob o Oceano Ártico e o mar Siberiano Oriental. Na maior extensão desta planície, durante o último máximo glacial, o nivel do mar estava 100-120 m abaixo do nível do mar moderno e a linha de costa ficava entre 700 km a 1000 km a norte da sua posição atual. Esta planície não estava excessivamente glacializada nem durante o Pleistoceno Superior, nem durante o último máximo glacial, já que estava na sombra orográfica do campo de gelo da Europa do Norte. A Grande Planície do Ártico ficou sumbersa, à exceção das ilhas da Nova Sibéria e outras ilhas isoladas, num período de tempo relativamente curto de 7000 anos, durante o primeiro-médio Holoceno.[2][3][4]

Durante a extremamente fria região polar no último máximo glacial (época Weichseliana tardia), há cerca de 17000 a 24000 anos, pequenos pedaços de gelo surgiram sobre as ilhas De Long. Fragmentos destes pedaços de gelo conservam-se nas ilhas Jeannette, Henrietta e Bennett. Vestígios das antigas encostas e circos glaciares do Weichselian tardio conservam-se na ilha Zhokhov, conservados em forma de gelo enterrado nos depósitos de terra.[2][5][4]

Rochas do primeiro Paleozoico, Paleozoico Médio, Cretácico e Neogeno têm sido encontradas ao longo das ilhas De Long. As rochas do Paleozoico inicial são rochas sedimentares do Câmbrico e Ordovícico, interestratificadas com pequenas quantidades de calcário. As rochas do Paleozoico Medio consistem predominantemente em rochas muito dobradas e com falhas, vulcanoclásticas basálticas, andesíticas e dioríticas, tufos, lavas, diques e soleiras. As rochas do Cretácico compõem-se de basaltos interestratificados, argilitos, arenitos e em menor medida, carvões. As rochas mais jovens expostas nas ilhas De Long são rochas vulcânicas basálticas do Neogeno.[6][7]

História editar

 
O USS Jeannette, navio com o qual De Long queria alcançar o Polo Norte.

As ilhas Jeannette, Henrietta e Bennett foram descobertas em 1881 pela expedição liderada pelo tenente George Washington De Long no navio USS Jeannette. As ilhas De Long foram reclamadas pelos Estados Unidos[8] O Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que nenhuma reclamação foi feita pelos Estados Unidos sobre qualquer das ilhas[9] embora em 1882 o Departamento da Marinha dos Estados Unidos tenha afirmado que tinha tomado posse da ilha Henrietta.[10]

Em agosto de 1901, o navio ártico russo Zarya cruzou o mar de Laptev em busca da lendária Terra de Sannikov (Zemlya Sannikova), mas ficou bloqueado na banquisa nas ilhas da Nova Sibéria. Durante o ano de 1902, as tentativas continuaram, enquanto o Zarya estava encalhado no gelo permanente. O explorador russo Eduard Toll e três dos seus companheiros desapareceram para sempre em novembro de 1902, enquanto se deslocavam para sul a partir da ilha Bennett, sobre pedaços de gelo flutuantes.[11]

As ilhas Vilkitskogo e Zhokhov foram descobertas por Boris Vilkitsky durante a Expedição Hidrográfica ao Oceano Ártico, por si liderada em 1913 e 1914, respetivamente. Situam-se ligeiramente mais a sul (com latitude por volta de 76° N) e não estão glaciadas, sendo muito baixas. Na ilha Henrietta esteve instalada uma estação polar de investigação entre 1937 e 1963.[12]

Ver também editar

Referências

  1. a b Relatório IASC (1996). «Mass Balance of Arctic Glaciers» (PDF). 1996. Consultado em 12 de novembro de 2019 
  2. a b Anisimov, M.A., e V.E. Tumskoy, 2002, «Environmental History of the Novosibirskie Islands for the last 12 ka». 32nd International Arctic Workshop, Program and Abstracts 2002. Institute of Arctic and Alpine Research, Universidade do Colorado em Boulder, pp 23-25.
  3. Schirrmeister, L., H.-W. Hubberten, V. Rachold, e V.G. Grosse, 2005, «Lost world - Late Quaternary environment of periglacial Arctic shelves and coastal lowlands in NE-Siberia». 2nd International Alfred Wegener Symposium Bremerhaven, October, 30 - November 2, 2005.
  4. a b Alekseev, M.N., 1997, «Paleogeography and geochronology in the Russian eastern Arctic during the second half of the Quaternary», em Quaternary International. vol. 41-42, pp. 11-15.
  5. Makeyev, V.M., V.V. Pitul’ko, e A.K. Kasparov, 1992, «The natural environment of the De Long Archipelago and ancient man in the Late Pleistocene and Early Holocene». Polar Geography and Geology. vol. 17, no. 1, pp. 55-63.
  6. Kos’ko, M.K., 1992, «Major tectonic interpretations and constraints for the New Siberian Islands region, Russia Arctic». 1992 Proceedings International Conference on Arctic Margins, International Conference on Arctic Margins, US Marine Management Service, Alaska Region, Anchorage, Alaska, pp. 195-200.
  7. Kos’ko, M.K., e G.V. Trufanov, 2002, «Middle Cretaceous to Eopleistocene Sequences on the New Siberian Islands: an approach to interpret offshore seismic». Marine and Petroleum Geology. vol. 19, no. 7, pp. 901–919.
  8. De Long, George Washington, 1883, The Voyage of the Jeannette. Boston: Houghton, Mifflin and Company.
  9. Bureau of European and Eurasian Affairs, 2003, US State Department Fact Sheet. Washington, DC.
  10. Secretary of the Navy, 1882, The Jeannette Expedition in Report of the Secretary of the Navy, for the Year 1882. US Government Printing Office, Washington, DC
  11. Tchaikovsky, Yu. (2002). «Возвращение лейтенанта Колчака. К 100-летию Русской полярной экспедиции (1900–1903)» [Return of Lieutenant Kolchak. On the 100th anniversary of the Russian polar expedition RAS]. Vestnik RAN. 2: 152–161 
  12. Headland, R. K.,1994, OSTROVA DE-LONGA ('De Long Islands'), Scott Polar Research Institute