Jacinto Fernandes Bandeira

Jacinto Fernandes Bandeira, 1.º Barão de Porto Covo da Bandeira (Viana do Castelo, 28 de abril de 1745Portugal, 30 de maio de 1806), foi um comerciante de grosso trato português. É considero o primeiro barão financeiro.

Jacinto Fernandes Bandeira
Jacinto Fernandes Bandeira
Jacinto Fernandes Bandeira
Conhecido(a) por 1.º Barão de Porto Covo da Bandeira, o primeiro barão financeiro de Portugal
Nascimento 28 de abril de 1745
Viana do Castelo
Morte 30 de maio de 1806

Biografia editar

Primeiros anos editar

Jacinto Fernandes nasceu em 28 de abril de 1745, na vila de Viana do Minho, no norte de Portugal. Era de uma família pobre, sendo filho de um sapateiro humilde. Quando ainda novo, a sua família migrou para a capital Lisboa, em busca de melhores condições de vida[1].

Em Lisboa, o pai de Jacinto Fernandes tornou-se sócio colaborador de Domingos Dias da Silva, seu cunhado, em uma casa comercial. O empreendimento também tinha o comerciante José Alves Bandeira como sócio.

O primeiro emprego de Jacinto Fernandes foi nessa casa comercial, como caixeiro - cuidando do atendimento de clientes, e do armazenamento dos produtos[1].

Uma fortuna acumulada editar

Em 1771, com o dinheiro que tinha acumulado por conta do seu trabalho, firmou sua primeira sociedade. Conjuntamente a Domingos Dias da Silva, João Baptista da Silva (seu primo) e Manoel Isidoro Marques, se envolveu no comércio Atlântico. Pouco depois, em Angola, desenvolveu negócios com José Antônio Pereira, famoso traficante de escravizados da região[1].

Na sua experiência anterior, como caixeiro, tinha se tornado amigo intimo do sócio José Alves Bandeira. Quando este faleceu, em 1776, deixou grande parte de seu patrimônio em testamento para Jacinto Fernandes, "por afeto e boa união". A partir disso passou a adotar o nome Bandeira, do falecido José Alves. Tornando-se Jacinto Fernandes Bandeira[1].

Junto ao afortunado patrimônio, Jacinto Fernandes também herdou as participações nos contratos de sal e de baleia. Depois adentrou nos contratos de marfim e do comércio de cativos africanas. Em 1779 já possuía vários procuradores (representantes) em Angola, Rio de Janeiro, Pernambuco, Luanda e Benguela, todos ligados ao comércio de pessoas. Jacinto Fernandes gerenciava uma ampla rede de comerciantes em todo o Império Português, o que o garantia acesso aos mercados locais, e facilitava a circulação de suas mercadorias[1].

Também era ativo, desde de 1792, no contrato geral do tabaco, em sociedade com os maiores capitalistas portugueses de sua época, como Anselmo José da Cruz Sobral, Policarpo José Machado, João Rodrigues Caldas, Geraldo Wenceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco, António Francisco Machado e João Pereira Caldas, e no contrato dos diamantes, na capitania de Minas Gerais. Além de fazer comércio com as colônias, também tinha relações com a Espanha (no contrato do tabaco), com a a Inglaterra (sobretudo na produção e exportação de vinho), com a Holanda, com a França (vendendo escravizados para as colônias francesas), e com a Rússia. Prova de sua riqueza era que, no periodo de 1777 a 1805, tinha um total de 17 embarcações, todas no comércio do Atlântico[1].

Para alcançar tal patrimônio contou com a ajuda de poderosos membros da aristocracia e da administração régia portuguesa. Era protegido de Bernardo José de Lorena, governador da capitania de São Paulo; Martinho de Mello e Castro, secretário de Estado da Marinha e Ultramar; D. Carlota Joaquina, princesa da corte espanhola e esposa de D. João, príncipe de Portugal; e o Arcebispo de Tessalónica, deputado da Real Mesa Censória e confessor de D. Maria I[1].

Prova de seu renome internacional é que, em 1801, com as pressões francesas e obrigatoriedade do pagamento de valores astronômicos para Portugal manter a neutralidade perante as Guerras Napoleonicas, lhe foi incubida a tarefa de conseguir um empréstimo para a Coroa com os Banqueiros Hope, de Amsterdã, e os Baring, de Londres. A missão foi bem sucedida[1].

Homenagens e cargos editar

Por sua riqueza e importância no Reino de Portugal recebeu diversos títulos nobiliásticos. Em 1794 ele foi feito fidalgo da Casa Real. Em 1796 ele foi feito Comendador de Forno do Paço do Conselho, em Setúbal, e membro da Ordem de Santiago. Em 1801 foi feito conselheiro do príncipe regente D. João VI e conselheiro honorário da Fazenda Real[1].

Em 1803 recebeu o título de Alcaide-Mor do Castelo de Vila Nova de Milfontes. Em 1805 foi agraciado com o título de 1.º Barão de Porto Covo da Bandeira por decreto assinado pelo príncipe regente, em 15 de Agosto de 1805. Sendo o primeiro barão financeiro de Portugal[1].

Era também, desde de 1793, deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação.

Sucessão editar

Jacinto Fernandes Bandeira morreu em 30 de maio de 1806, sem deixar herdeiros[1]. Todo o seu patrimônio e títulos ficaram com o seu sobrinho, Joaquim da Costa Bandeira[2][3].

Referências editar

  1. a b c d e f g h i j k Albuquerque, Tomás Pinto de (1 de janeiro de 2019). «Negociar a partir do centro a casa comercial de Jacinto Fernandes Bandeira 1745-1806». Finanças, economia e instituições no Portugal moderno: Séculos XVI-XVIII. Consultado em 14 de julho de 2023 
  2. Administrator. «Palácio de Porto Côvo». acasasenhorial.org. Consultado em 14 de julho de 2023 
  3. Nobreza de Portugal e do Brasil: bibliografia, biografia, cronologia, filatelia, genealogia, heráldica, história, nobiliarquia, numismática. [S.l.]: Editorial Enciclopédia. 1960