João Garcia de Guilhade

poeta português

João Garcia de Guilhade foi um trovador português, nascido em Milhazes, concelho de Barcelos. Desenvolveu a sua arte poética em meados do século XIII.

João Garcia de Guilhade
Nascimento Antes de 1239
Milhazes, Barcelos, Braga, Portugal
Morte Entre 1270 e 1288
Portugal
Ocupação Trovador
Escola/tradição Trovadorismo

Apesar de ser reconhecida a sua capacidade e mestria poética, muita da sua produção tem um carácter brejeiro. É autor de poemas mordazes e célebres, como «Ai Dona fea, fostes-vos queixar», e coube-lhe introduzir o tema dos «olhos verdes» na lírica portuguesa, com «Amigos, non poss'eu negar».

As Inquirições de Afonso III assinalam-no em Viatodos. Frequentou sem dúvida a Casa dos Correias na freguesia vizinha de Monte de Fralães, como aliás aceita Costa Lopes, o seu mais autorizado biógrafo.

Biografia editar

A referência mais antiga de João Garcia de Guilhade, trovador galego-português, é um documento, datado de 1239, no qual ele testemunha uma doação feita à Sé do Porto por Elvira Gonçalves de Toronho, na época já viúva do magnate e também trovador Garcia Mendes II de Sousa[1]. Este fato faz com que diversos pesquisadores acreditem que João Garcia era um dos cavaleiros ao serviço da importante linhagem dos Sousa, o que parece, de resto, confirmar-se pelo fato de o seu nome surgir, nas Inquirições de 1258, ao lado do conde e trovador Gonçalo Garcia de Sousa, filho de Garcia Mendes e Elvira Gonçalves.

Pelas suas composições se depreende que teria frequentado a corte castelhana de D. Afonso III, e permaneceu alguns anos na corte de Afonso X de Leão e Castela, acompanhando talvez o percurso inicial de Gonçalo Garcia, ou mesmo do seu irmão, Fernão Garcia de Sousa.

Em meados do século, João retornou a Portugal, provavelmente a Faria, perto Milhazes, onde criou os seus filhos e local onde se encontram duas de suas composições. Está ainda documentado aí em 1270, confirmando o testamento de um Lourenço Martins, marido de Sancha Pires de Guilhade, provavelmente sua familiar. O seu nome vem ainda referido nas O nome João de Guilhade é ainda referido nas Inquirições de 1288, a propósito da criação de um seu filho em S. Salvador de Fornelos. Não sabemos se ainda estaria vivo nesse ano, mas, a ser esse o caso, teria já certamente uma idade avançada.

Obra editar

 
Fólio do Cancioneiro da Ajuda, que integra as cantigas Que muitos me preguntarám, Amigos, nom poss'eu negar, Senhor, veedes-me morrer e a primeira parte da cantiga U m'eu parti d'u m'eu parti.
 
Fólio do Cancioneiro da Ajuda, que integra a segunda parte da cantiga U m'eu parti d'u m'eu parti, a cantiga A bõa dona por que eu trobava, e a primeira parte da cantiga Amigos, quero-vos dizer.
 
Fólio do Cancioneiro da Ajuda, que integra a segunda parte da cantiga Amigos, quero-vos dizer e a cantiga Quantos ham gram coita d'amor.

João Garcia de Guilhade deixou uma vasta obra escrita, sendo considerado um dos mais notáveis do períodoː conservam-se até hoje 53 textos deste autor (nos géneros de cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer) nos vários cancioneiros medievais portugueses. Cultivou, por vezes ironicamente, e de maneira deformada, os vários tipos de composição poética, destacando-se pelo seu humor, de que por vezes se torna ele próprio objeto. De estilo gracioso, introduziu ou desenvolveu de forma original alguns dos motivos da poesia trovadoresca[2].

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre João Garcia de Guilhade

Referências

Bibliografia editar

  Este artigo sobre literatura é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.