João de Badajoz
João de Badajoz (ou João de Badajós) (fl. 1523/1558) foi um músico e compositor português do Renascimento.
Biografia
editarDe João de Badajoz subsistem poucos dados biográficos. A primeira referência ao músico encontra-se no "Auto de Inês Pereira" (1523) de Gil Vicente; é uma típica menção que este dramaturgo português frequentemente fazia a personalidades conhecidas na corte: "Falamos a Badajoz / musico, discreto, solteyro, / este fora o verdadeyro / mas soltousenos da noz".[1] Uma outra referência, esta de 1547 e novamente por um dramaturgo, António de Portalegre dá-o como músico de câmara do rei D. João III e autor de um romance para o seu auto "Pranto da Senhora a caminho do Monte Calvário".[2] O cargo real manteria até, pelo menos, 1558, ano em que surge numa lista de músicos do mesmo rei português, juntamente com Gonçalo de Baena.[3][4]
Controvérsia
editarJoão de Badajoz era nomeado pelo seu apelido, Badajoz[1][2] este facto fez com que fosse proposto por diversos autores como o poeta "Badajoz" e/ou "Badajoz el músico" presente no "Cancionero General" (1511) de Hernando del Castillo e também como o compositor "Badajos" presente no Cancioneiro de Palácio. Esta identificação não é unânime e, em verdade, o mesmo poderia ser dito de Garci Sánchez de Badajoz, autor de que não se conhece atividade como compositor mas como poeta. Existe também a hipótese de representarem personalidades distintas.[3]
Obras
editarAtribuição provável
editar- Gonçalo de Baena (1540) – Arte de Tanger (Lisboa: Casa de Germam Galharde):
Perdidas
editar- António de Portalegre (1547) – "Pranto da Senhora a caminho do Monte Calvário":
- Romance ([João de] Badajoz musico da camara del rey nosso senhor)[2]
Atribuição incerta
editar- Cancioneiro de Palácio:[7]
- "Malos adalides fueron" a 3vv (Badajos)
- "Mi mal por bien es tenido" a 4vv (Badajos)
- "¡Oh desdichado de mí!" a 3vv (Badajos)
- "Poco a poco me rodean" a 3vv (Badajos)
- "Puse mis amores" a 3vv (Badajos)
- "Quien pone su afición" a 3vv (Badajos)
- "Quien te hizo, Juan pastor" a 3vv (Badajos)
- "Suspiros, no me dejéis" a 3vv (Badajos)
- Hernando del Castillo (1511) – Cancionero General (Valência:Cristóbal Kofman):[8]
- "Carta bienaventurada" (Badajoz)
- "Mucho en estremo holgara" (Badajoz)
- "A los animales brutos" (Badajoz el musico)
- "Amores tristes crueles" (Badajoz el musico)
- "Muchas vezes vi por cierto" (Badajoz el musico)
- "O ymagen de mi gloria" (Badajoz el musico)
- "Sospiros no me dexeys" (Badajoz el musico)
- "Todo plazer me desplaze" (Badajoz el musico)
Ver também
editarReferências
- ↑ a b Vicente, Gil (1523). Auto de Ines Pereyra. Lisboa: João Álvares
- ↑ a b c Portalegre, António de (1547). Pranto da Senhora a caminho do Monte Calvário. Coimbra: João da Barreira & João Álvares
- ↑ a b Ros-Fábregas, Emilio (2003). «Badajoz el Músico» y Garci Sánchez de Badajoz Identificación de un poeta-músico andaluz del Renacimiento. Madrid: Casa de Velásquez
- ↑ Sousa, António Caetano de (1748). Provas Da Historia Genealogica Da Casa Real Portugueza. 6. Lisboa: Oficina Silviana da Academia Real
- ↑ Baena, Gonçalo (1540). Arte novamente inventada pera aprender a tanger. Lisboa: Casa de Germam Galharde
- ↑ Alvarenga, João (2010). «Some Notes on the Reception of Josquin and of Northern Idioms in Portuguese Music and Culture». Journal of the Alamire Foundation. ISSN 2032-5371
- ↑ Barbieri, Francisco Asenjo (1890). Cancionero Musical de los siglos XV y XVI. Madrid: Real Academia de Bellas Artes de San Fernando
- ↑ Castillo, Hernando del (1511). Cancionero general de muchos y diversos autores. Valência: Cristóbal Kofman