João de Lobeira

trovador português

João Pires de Lobeira (c. 12331301)[nota 1][1] foi um jurista, escritor e trovador português, que viveu na corte de Afonso III. Crê-se que possa ser o autor da adaptação, em prosa, do romance de Amadis de Gaula.

João de Lobeira
Nascimento 1233
Morte 1301 (67–68 anos)
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação trovador, poeta, compositor, escritor

Filho ilegítimo, só foi legitimado a pedido do pai, o cavaleiro Pero Soares de Alvim, por volta de 6 de Maio de 1272, dando assim origem a esta ramificação da família Riba de Vizela, com o apelido Lobeira.[1]

No entanto, a documentação alusiva a este cortesão é já bastante anterior à data da sua legitimação.[1] Com efeito, a primeira referência a João Pires de Lobeira data de 1258, quando foi beneficiado no testamento de D. Aires Vasques de Lima, bispo de Lisboa.[1] A partir de 1261, e até 1285, frequentou a corte, não só como testemunha ou confirmante de diversos diplomas régios, mas também como trovador.[1] Terá tido Martim Afonso, o Chichorro, filho ilegítimo de D. Afonso III, à sua guarda, durante a juventude.[2]

Descendência

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Desconhece-se a mulher com quem casou, conhecendo-se-lhe como descendentes: Estevão Anes de Lobeira, Martim Anes de Lobeira, João Anes de Lobeira, Fernão Anes de Lobeira, Afonso Anes de Lobeira e Sancha Anes de Lobeira.[1]

Amadis de Gaula

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Até o século XIX, considerava-se que o autor da obra fosse um certo Vasco de Lobeira. Entretanto, em 1880, foi publicado o Cancioneiro da Biblioteca Nacional,[3] contendo cantigas medievais, em galaico-português, dentre as quais figura, subscrito por João de Lobeira, o lai de Leonoreta, poema que também aparece na versão do Amadis de Gaula elaborada por Garci Rodríguez de Montalvo. É possível, portanto, que João Lobeira tenha sido o autor dos três livros originais do romance, o qual o seu descendente, Vasco de Lobeira, teria apenas revisto e completado.[4]


Das que vejo

nom desejo

outra senhor se vós nom,

e desejo

tam sobejo,

mataria um leon,

senhor do meu coraçom:

fim roseta,

bela sobre toda fror,

fim roseta,

nom me meta

em tal coita voss'amor!


João de Lobeira (c. 1270–1330)

Referências

  1. a b c d e f Pizarro, José Augusto de Sotto Mayor (1997). Linhagens medievais portuguesas : genealogias e estratégias (1279-1325). Porto: Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família, Universidade Moderna. pp. 576–577. ISBN 9789729801839. OCLC 47990149 
  2. Pizarro, José Augusto de Sotto Mayor (1997). Linhagens medievais portuguesas : genealogias e estratégias (1279-1325). Porto: Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família, Universidade Moderna. pp. 172–173; 554. ISBN 9789729801839. OCLC 47990149 
  3. Também conhecido como Cancioneiro Colocci-Brancuti, foi publicado originalmente como Il Canzoniere portoghese Colocci-Brancuti, publicato nelle parti che completano il Codice Vaticano 4803. Halle, Niemeyer, 1880
  4. "Amadis de Gaula ou o mito da soledade", por António Cândido Franco.

Notas

  1. A 28 de Janeiro de 1299, e de acordo com as disposições testamentárias de Dom Martim Anes do Vinhal, o mestre de Santiago doou ao mosteiro de Santos 150 libras anuais, as quais deveriam ser entregues a João Pires de Lobeira, enquanto fosse vivo; muito possivelmente já estaria morto em Janeiro de 1301, quando os seus filhos, sem a sua intervenção, fizeram um acordo de partilhas de bens da mãe, entre eles. De qualquer forma, é certo que em 1304 já tinha falecido, altura em que lhe são referidos bens em Montemor-o-Novo

Bibliografia

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