Josildeth Gomes Consorte

professora e antropóloga brasileira

Josildeth Gomes Consorte (Salvador, 21 de junho de 1930) é professora emérita da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e antropóloga, pioneira nos estudos sobre relações raciais e seus impactos na educação pública.


Josildeth Gomes Consorte
Josildeth Gomes Consorte
Josildeth Gomes Consorte
Nascimento 21 de junho de 1930
Salvador
Cidadania Brasil
Ocupação antropóloga

Josildeth da Silva Gomes é filha mais velha de Francisco da Silva Gomes e Idalina Angélica do Sacramento. Sua mãe foi a responsável por sua alfabetização. Nasceu na capital baiana, no bairro da Baixa do Sapateiro, e ali fez seus estudos de Ensino Fundamental. No Ensino Médio, concluiu o curso de magistério, tendo iniciado sua vida profissional como professora primária em escolas locais.[1]

Em 1951, concluiu o bacharelado em Geografia e História pela Universidade Federal da Bahia. Anos depois, em 1957, também concluiu a Licenciatura em Geografia e História pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estudou Antropologia e Sociologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1952, e na sequência fez sua pós-graduação em Antropologia na Universidade de Columbia e Universidade de Chicago, entre 1953 e 1955.[2] Doutorou-se em Ciências Humanas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1973, em cujo corpo docente ingressou em 1966, a convite da professora Carmem Junqueira. É professora titular desta mesma Universidade desde 1984, tendo sido responsável pela formação de dezenas de pesquisadores na pós-graduação.[3]

Foi casada com o ator Renato Consorte, com quem teve dois filhos.[4][5]

Realizações

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Durante o primeiro ano de sua graduação em 1949, foi convidada por Thales de Azevedo para participar do que viria a ser chamado Projeto Columbia University/ Estado da Bahia, o Programa de Pesquisas Sociais Estado da Bahia – Columbia University.[6][7][8] Dirigido por Anísio Teixeira entre 1950 e 1952, o programa abarcou projetos coordenados por Thales de Azevedo, Charles Wagley e Luiz Aguiar da Costa Pinto, com foco nos estudos de comunidade.[9] Josildeth realizou trabalho de campo na Chapada Diamantina, como auxiliar de Marvin Harris, responsável pelo estudo realizado em Rio de Contas. Ela participou, assim, "de uma das primeiras pesquisas de grande porte realizadas no Brasil no âmbito das ciências sociais, que no ano seguinte, em 1951, seria integrada ao projeto UNESCO sobre relações raciais".[10]

Posteriormente, tornou-se a primeira pesquisadora contratada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE),[11] instituição criada e dirigida por Anísio Teixeira, onde desenvolveu estudos sobre educação pública.[12] Seu artigo “A Criança Favelada e a Escola Pública”, publicado em 1957, tornou-se referência na reflexão sobre desigualdades sociais e exclusão produzidas pela escola pública.[1][13]

Foi uma das sócias fundadoras da Associação Brasileira de Antropologia.[14]. Na PUC/SP foi responsável pela implementação e coordenação do núcleo básico, responsável pela oferta de um ciclo comum de disciplinas nos primeiros semestres a todos os cursos de graduação da instituição. Esta experiência foi vigente entre 1971 e 1987.[15]

Prêmios

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Artigos

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  • "A Educação nos Estudos de Comunidade no Brasil". In: Educação e Ciências Sociais, Rio de Janeiro, ano I, v.1, nº 2, agosto de 1956.
  • "A Criança Favelada e a Escola Pública". In: Educação e Ciência Sociais. Rio de Janeiro, ano IV, v. 5, n. 11, p. 45-60, 1959.
  • "Os Estudos de Comunidade no Brasil: Uma Viagem no Tempo". In: FALEIROS, Maria Izabel; CRESPO, Regina Aída. (orgs.). Humanismo e Compromisso: Ensaios sobre Octávio Ianni. São Paulo: Unesp, 1996.

Referências

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  1. a b Silva, Antônio José; Alves, Dina; Carbone, Silvia (2020). «Josildeth Consorte: a Grande Dama da Antropologia». Ponto-e-Vírgula : Revista de Ciências Sociais (28): 136–141. ISSN 1982-4807. doi:10.23925/1982-4807.2020i28p136-141. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  2. «A menina que gostava de estudar». Museu da Pessoa. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  3. «Josildeth Gomes Consorte - Plataforma Acácia». plataforma-acacia.org. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  4. Moraes, Fernanda Azeredo de (2012). «"Pântanos de relações e colchões de cumplicidade": academia e conjugalidade na perspectiva de quatro mulheres intelectuais». Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  5. Consorte, Renato (2005). Renato Consorte : contestador por índole. Eliana Pace. São Paulo: Cultura, Fundação Padre Anchieta. OCLC 64022613 
  6. Consorte, Josildeth Gomes (2014). «O "Projeto Columbia" – um resgate necessário». Revista HISTEDBR On-line (56): 17–25. ISSN 1676-2584. doi:10.20396/rho.v14i56.8640431. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  7. Simpósio 15 - Josildeth Gomes Consorte, consultado em 24 de dezembro de 2021 
  8. Consorte, Josildeth Gomes (junho de 1996). «Thales de Azevedo: desaparece o último dos pioneiros dos antropólogos brasileiros de formação médica». História, Ciências, Saúde-Manguinhos: 133–171. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59701996000100009. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  9. Consorte, Josildeth Gomes; Pereira, João Baptista Borges; Torres, Lilian de Lucca (1 de agosto de 2010). «Estudos de Comunidade: Um Encontro». Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP (6). ISSN 1981-3341. doi:10.4000/pontourbe.1584. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  10. Figueiredo, Érika; Oliveira, Isabela (30 de março de 2009). «Entrevista com Josildeth Gomes Consorte: os 60 anos do Programa de Pesquisas Sociais do Estado da Bahia e Universidade de Columbia». Cadernos de Campo (São Paulo - 1991) (18): 201–215. ISSN 2316-9133. doi:10.11606/issn.2316-9133.v18i18p201-215. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  11. Ferreira, Márcia dos Santos (14 de dezembro de 2021). «Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo: diversificação de ações na Educação entre as décadas de 1950 e 1970». RIDPHE_R Revista Iberoamericana do Patrimônio Histórico-Educativo: e021010–e021010. ISSN 2447-746X. doi:10.20888/ridpher.v7i00.15774. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  12. Corrêa, Mariza (1988). «A revolução dos normalistas.». Cadernos de Pesquisa (66): 13–24. ISSN 1980-5314. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  13. Ferreira, Márcia Santos (2013). «Josildeth Consorte e a antropologia na escola excludente». Revista HISTEDBR On-line (53): 380–390. ISSN 1676-2584. doi:10.20396/rho.v13i53.8640210. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  14. «Informativo nº 18/2021 | 15/10/2021 | ABA». Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  15. «Josildeth Consorte e Luiz Eduardo Wanderley: professora e professor eméritos». Jornal PUC-SP. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  16. «Medalha Roquette Pinto». Associação Brasileira de Antropologia. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  17. «Cerimônia de premiação do Prêmio Almirante Álvaro Alberto, do título de Pesquisador Emérito e Menção Especial de Agradecimentos». Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
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