Justa Canaviri

apresentadora de televisão boliviana


Justa Canaviri (nascida Justa Elena Canaviri Choque, em 13 de agosto de 1963, na Bolívia) é uma indígena da etnia aimará, mulher boliviana que se tornou conhecida por seu vestido tradicional Chola e chapéu-coco, franqueza em questões como violência familiar, direitos LGBT e direitos indígenas. Muitas vezes chamada de chola mais conhecida da Bolívia, Justa Canaviri mudou a face da televisão boliviana, quando começou a transmitir seu programa de culinária apresentando pela primeira vez uma mulher indígena como presença principal. Em 2014, ela foi homenageada como uma das 100 mulheres da série da BBC.

Justa Canaviri
Nascimento Justa Elena Canaviri Choque
13 de agosto de 1963
La Paz
Cidadania Bolívia
Ocupação apresentadora de televisão
Prêmios

Vida pregressa editar

Justa Elena Canaviri Choque nasceu em 13 de agosto de 1963 em La Paz, Bolívia, filha de Filomena Choque e Ambrosio Canaviri. Segunda de quatro filhas na família, Justa Canaviri estudou na Academia Tecnimod com foco em costura e design, serviço social e fez formação complementar em gastronomia boliviana, estudando a comida e confeitaria nacional. Ela criou três filhos, Indira, Addis e José,[1] trabalhando como faxineira para sustentá-los.[2]

Carreira editar

Em 1999, Justa Canaviri conheceu o roteirista boliviano Guillermo Aguirre, que pensou que ela poderia trabalhar na televisão. Ele a ajudou a conseguir um emprego como apresentadora de um programa de televisão, "La Cancha", que apresentava produtos aos consumidores.[2] Após o término do programa, ela trabalhou como apresentadora em dois programas de curta duração, "Sábado Estelar" e "Fiebre de Sábado con la Canasta de La Justa". Por não conseguir encontrar trabalho adicional na televisão e por gostar de trabalhar no meio, ela escreveu um programa chamado "La Wislla de La Justa" e começou a apresentá-lo a vários produtores independentes.[1][2] A Rádio Televisión Popular (RTP Bolívia) concordou em produzir o show em 2002. O programa de Justa Canaviri centrava-se na alimentação,[2] mas com Justa Canaviri discutindo questões políticas e sociais, bem como apresentando tradições culturais.[3] Em três meses, o programa se tornou um sucesso e ela começou a pensar em produzi-lo de forma independente. Após dez meses, foi trabalhar na P.A.T. Network e o programa passou a se chamar "La Justa",[2] onde permaneceu pelos três anos seguintes.[1]

Justa Canaviri foi uma criadora de tendências. Antes de ela ir ao ar, a televisão na Bolívia era dominada por descendentes de europeus. Orgulhosa de sua herança cultural, Justa Canaviri queria que seu programa retratasse quem ela realmente era. Ela usava o cabelo em tranças, encimado com o chapéu-coco tipicamente usado pelas cholas, e as tradicionais polleras multiplissadas.[1][4][5] Em 2006, Justa Canaviri transferiu seu programa para a TV Bolivia.[2] onde ela continuou a apresentar conversas animadas e receitas. Em 2013, quando sentiu que a TV Bolívia queria uma imagem mais jovem e tentava censurar suas discussões,[6] Justa Canaviri ampliou suas opções e começou a exibir seu programa na TV Virgen de Copacabana em El Alto, tornando-se a primeira apresentadora a exibir um programa em dois canais separados.[7]

Justa Canaviri quebrou os conceitos de beleza e estereótipos associados às mulheres indígenas, tornando-se "a chef mais famosa da televisão boliviana".[5] Ela discutiu temas como peso,[6] violência contra mulheres e abuso,[8] discriminação contra os povos indígenas e seus direitos,[9] e questões LGBT na Bolívia. Em 2014, ela foi homenageada pela BBC como uma das 100 mulheres mais inspiradoras do ano.[10] Nesse mesmo ano, ela foi selecionada pela Kimberly-Clark Bolívia como uma das modelos femininas em seus anos dourados que representariam sua marca de produtos Poise.[11] Ela se tornou uma das mulheres mais influentes da Bolívia e participou como chef e em workshops para mulheres na Argentina, Brasil, Chile, Panamá, Peru e Estados Unidos.[1]

Veja também editar

Referências

  1. a b c d e «justa canaviri - Gourmetravel.net». web.archive.org. 13 de fevereiro de 2014. Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  2. a b c d e f Aguirre, Liliana (7-11-2014). "Justa Canaviri: 'El golpe en la cara se borra, pero el que te llega al alma no'" (in Spanish). La Paz, Bolivia: La Razón. Disponível em: https://web.archive.org/web/20161208161719/http://la-razon.com/tv-radio/Entrevista-Justa_Canaviri-golpe-borra-llega-alma_0_2157384356.html
  3. «"La Justa" se suma a la campaña "Cartas de Mujeres" - Diario Pagina Siete». web.archive.org. 25 de dezembro de 2014. Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  4. «En Bolivia se aviva el orgullo indígena, pero crece tensión étnica - FEB. 10, 2008 - Internacionales - Historicos - EL UNIVERSO». web.archive.org. 8 de dezembro de 2016. Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  5. a b Colanzi, Liliana (17-4-2015). "La rebelión de las cholas" [The rebellion of the cholas] (in Spanish). Madrid, Spain: El País. DIsponível em: https://web.archive.org/web/20151214081743/http://elpais.com/elpais/2015/04/10/eps/1428661748_198900.html
  6. a b «'Que se frieguen los que no entienden nuestro programa' - La Razón». web.archive.org. 8 de dezembro de 2016. Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  7. Linarez, Iblin (27 February 2013). "Justa volvió a Bolivia Tv y no dejará CVC" [Justa returned to Bolivia TV and will not leave CVC] (in Spanish). La Paz, Bolivia: La Razón. Disponível em: http://la-razon.com/tv-radio/Justa-volvio-Bolivia-Tv-CVC_0_1786621424.html
  8. Redacción (19 de agosto de 2015). «La valentía boliviana de "La Justa" estuvo en DC». El Tiempo Latino (em espanhol). Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  9. Avendaño, Alberto (19-8-2015). "La valentía boliviana de "La Justa" estuvo en DC" [The courageous Bolivian "La Justa" was in DC] (in Spanish). Washington, D. C.: El Tiempo Latino. Disponível em: http://www.laprensa.com.bo/diario/entretendencias/cultura/20141029/la-cadena-bbc-destaca-a-la-justa_61936_102506.html
  10. «Bolivia TV chef: 'Shout about abuse'». BBC News (em inglês). Consultado em 10 de janeiro de 2023 
  11. «"La Justa" es Magnífica Dorada». www.eldiario.net (em espanhol). Consultado em 10 de janeiro de 2023