Karen, em alguns países anglófonos, é um termo pejorativo, fazendo referência a uma mulher que se percebe como detentora de direitos ou exigências além do normal. O termo também pode se referir a memes que retratam mulheres brancas que tentam usar seus privilégios para exigir suas vontades.[1][2] As representações também podem incluir exigir "falar com o gerente", ser racista ou ostentar um corte de cabelo bob em particular.[3]

Karen se manifestando contra COVID-19 e vacinas
Vídeos externos
Vídeo de Karen sendo racista no Central Park no Twitter
Karen rouba pacote e depois simula agressão no Reddit
Karen anti-mascaras tenta intimidar policiais e é presa meme no Youtube

O termo porém, foi criticado por ser sexista, preconceituoso, misógino e por tentar controlar o comportamento feminino.[4] A partir de 2020, o termo é cada vez mais usado na mídia e nas redes sociais como um termo de uso geral para mulheres brancas de classe média, especialmente durante a pandemia do COVID-19 e protestos Black Lives Matter.[5] O termo também foi aplicado a certos comportamentos masculinos.[4] O Guardian chamou 2020 de "o ano de Karen".[6]

Origem editar

Na cultura afro-americana, há uma longa história de chamar uma mulher branca intrometida por um determinado nome. Na era antebellum (1815-1861), ela foi referida como "⁣Miss Ann".[7] No início dos anos 1990, "⁣Becky⁣" foi usado.[8] Ainda em 2018, antes de o uso de "Karen" se popularizar, nomes aliterativos correspondentes a incidentes específicos eram usados, como "Barbecue Becky", "Cornerstore Caroline" e "Permit Patty".[9]

Para o termo "Karen", várias origens possíveis foram propostas.[10] Os primeiros usos de Karen como piada incluem a cabeça de vento Karen do filme Meninas Malvadas de 2004, o esboço de Dane Cook de 2005 "The Friend Nobody Likes" em seu álbum Retaliation[11] e um meme da Internet de 2016 sobre uma mulher em um anúncio do console Nintendo Switch que exibe comportamento antissocial e recebe o apelido de "Karen antissocial".[12][13] Em dezembro de 2017, memes de Karen sobre mulheres com direitos se tornaram virais no Reddit, o primeiro sendo do usuário "karmacop9", que discursou sobre sua ex-esposa Karen.[carece de fontes?]

Significado e uso editar

A professora da Universidade Estadual do Kansas, Heather Suzanne Woods, cujos interesses de pesquisa incluem memes, disse que as características definidoras de uma Karen são um senso de direito, uma vontade e desejo de reclamar e uma abordagem egocêntrica para interagir com os outros.[14] De acordo com Woods, uma Karen "exige que o mundo exista de acordo com seus padrões, com pouca consideração pelos outros, e ela está disposta a arriscar ou rebaixar os outros para atingir seus objetivos".[14] Rachel Charlene Lewis, escrevendo para a Bitch, concorda, dizendo que uma Karen não vê os outros como indivíduos e, em vez disso, se move "pelo mundo preparada para lutar contra um conglomerado sem rosto de pessoas inferiores que não lhe darão o que ela quer e sente que merece".[15]

O meme carrega vários estereótipos, o mais notável que uma Karen exigirá "falar com o gerente" de um provedor de serviços hipotético.[16][17] Outros estereótipos incluem crenças anti-vacinação,[18][16][19][20][21] racismo,[22] uso excessivo de Facebook.[carece de fontes?]

Contexto masculino editar

O termo é geralmente usado para se referir a mulheres, mas o The Atlantic observou que "um homem pode facilmente ser chamado Karen", com o escritor David A. Graham chamando o então presidente Donald Trump de "Karen chefe".[23][24] Da mesma forma, em novembro de 2020, um tweet chamando Elon Musk de "Space Karen" sobre os comentários que ele fez sobre a eficácia dos testes de COVID-19 se tornou viral.[25][26] Vários nomes para um equivalente masculino de Karen foram sugeridos, com pouca concordância sobre um único nome,[27][28] embora 'Ken'[29][28] e 'Kevin' estão entre os nomes mais comuns usados. O equivalente masculino da era Jim Crow à Srta. Ann era o senhor Charlie.[30]

Ações de Karens editar

Falar com o gerente editar

  Vídeos externos
  Karen's xingam funcionário mexicano do burguer king e chamam o gerente que defende o funcionario

Originalmente, o meme das Karens era classificado pela necessidade das mesmas em falar com um gerente. Geralmente eram clientes arrogantes que tentavam descredibilizar a informação passada pelo atendente/vendedor assim requisitando a presença de um gerente para confirmar as informações já passadas pelos atendentes. Estas Karens tinham a ideia de menosprezar os atendentes duvidando da capacidade intelectual dos mesmos para resolver pequenos problemas.[31][1]

Racismo editar

  Vídeos externos
  Karen liga para policia pois uma criança de 9 anos escreveu com giz no chão "Black Lives Matter"
  Karen intimida homem negro após falsa afirmação de roubo

Karens também são estereotipadas por serem racistas, geralmente, visto que sempre que são colocadas em algum ambiente em conjunto com um negro, elas o acusam de agressão, mesmo que nada seja feito contra elas. Elas também costumam falar N-words para provocar grupos de negros assim tentando incitar um ato violento para mostrar "o perigo gerado pelos negros".[carece de fontes?]

Durante as manifestações do Black Lives Matter, muitas Karens se uniram ao movimento All Lives Matter na intenção de descredibilizar os protestos feitos pelas comunidades afro-americanas contra o racismo estrutural nos EUA, assim afirmando que "todas as vidas importam e que não devemos se manifestar apenas pelas negras."[32][33][6]

Negacionismo relacionado a COVID-19 editar

  Vídeos externos
  Karen é presa após não utilizar máscara em estabelecimento
  Karen é "escoltada" para fora do avião por não querer utilizar mascara durante o voo
 Ver artigo principal: Negacionismo da COVID-19

Karens também são marcadas por diversos relatos contra máscaras, afirmando que "máscaras deixam os usuários sufocados e a ideia do uso delas é intoxicar as pessoas com dióxido de carbono". Karens também utilizam de vídeos que se tornaram virais de vítimas de claustrofobia passando mal ao utilizarem máscaras por um longo tempo relatando que "o que ocorreu com a pessoa foi uma intoxicação". Desde o início, sob o contexto de a esquerda apoiar o uso de máscaras e restrições e a direita apoiar a abertura do comércio evitando danos à economia, as Karens defendem que máscaras e isolamento social são "politicas ideológicas", muitas chamando as máscaras de "focinheiras ideológicas". A polícia, principalmente nos Estados Unidos, recebeu ordens claras de detenção a pessoas que recusassem a utilização de máscaras. Quando colocadas nesta situação, Karens costumam inventar direitos inexistentes e relatar que estão "violando seus direitos humanos".[carece de fontes?]

Karens também são contra a vacinação e acreditam que nas vacinas existam substâncias que supostamente controlariam os humanos, por isso elas não tomariam as vacinas contra a COVID-19.[8][34][6]

Controvérsias reversas editar

Racismo editar

 Ver artigo principal: Racismo reverso

As Karen's retratam que chamar alguém de Karen seria como ser racista, assim afirmando uma espécie de racismo reverso por conta do estereótipo de branca e classe média. Em contrapartida, entende-se que Karen não é apenas um estereótipo e sim um grupo de ações tomadas por um grupo de pessoas que normalmente são brancas de classe média.[8]

Além do mais, é um consenso entre brancos e negros que nem toda branca de classe média é uma Karen, porém brancas de classe média que tomam atitudes ridículas são sim, Karens. Já houve casos de Karens afirmando que ser chamada Karen seria como um negro ser chamado por alguma "N-word", assim já tendo casos registrados na polícia, porém a polícia não reconhece que o apelido é uma forma de preconceito.[35][36]

Sexismo editar

Outra questão levantada pelas Karens, é o sexismo que o apelido traz, pois, em teoria só existiriam mulheres tomando atitudes estúpidas. Para combater isto, e para também mostrar que homens podem ter atitudes estúpidas, foram criados os "Kevins" ou as versões masculinas das Karens que podem também serem simplesmente chamados de "male karen (karen masculino)".[37]

Referências

  1. a b Nagesh, Ashitha. «What exactly is a 'Karen' and where did the meme come from?». BBC News. BBC 
  2. Greenspan, Rachel. «How the name 'Karen' became a stand-in for problematic White women and a hugely popular meme». Insider. Insider 
  3. «The Mythology of Karen». The Atlantic. ISSN 1072-7825  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  4. a b «The Mythology of Karen». The Atlantic. ISSN 1072-7825  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  5. Nagesh, Ashitha. «What exactly is a 'Karen' and where did the meme come from?». BBC News. BBC 
  6. a b c Wong, Julia Carrie. «The year of Karen: how a meme changed the way Americans talked about racism». The Guardian 
  7. «What's In A 'Karen'? : Code Switch». NPR 
  8. a b c Tiffany, Kaitlyn. «How 'Karen' Became a Coronavirus Villain». The Atlantic (em inglês) 
  9. Narizhnaya, Khristina; Lapin, Tamar; Brown, Ruth. «'Cornerstore Caroline' says she's not racist, apologizes to kids». New York Post 
  10. Greenspan, Rachel. «How the name Karen became a stand-in for problematic white women and a hugely popular meme». Business Insider. While there are many origin stories for the Karen meme, it's not completely clear where it came from — as is the case with many popular memes. 'The origins of Karen are kind of really hard to pin down,' Schimkowitz said. 
  11. Greenspan, Rachel. «How the name Karen became a stand-in for problematic white women and a hugely popular meme». Business Insider 
  12. Romano, Aja. «Karen: The anti-vaxxer soccer mom with speak-to-the-manager hair, explained». Vox 
  13. Frank, Allegra. «Nintendo Switch's best, most revealing meme is antisocial 'Karen'». Polygon (em inglês) 
  14. a b Tiffany, Kaitlyn. «How 'Karen' Became a Coronavirus Villain». The Atlantic (em inglês) 
  15. «'Karen' Isn't a Slur – It's A Critique of Entitled White Womanhood». Bitch  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  16. a b Romano, Aja. «Karen: The anti-vaxxer soccer mom with speak-to-the-manager hair, explained». Vox 
  17. «10+ Memes of Karen, the Infamous 'Speak to the Manager' Haircut». Know Your Meme 
  18. «The Mythology of Karen». The Atlantic. ISSN 1072-7825  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  19. Tiffany, Kaitlyn. «How 'Karen' Became a Coronavirus Villain». The Atlantic (em inglês) 
  20. «Is calling someone 'Karen' a slur? An investigation.». The Philadelphia Inquirer 
  21. Nagesh, Ashitha. «What exactly is a 'Karen' and where did the meme come from?». BBC News. BBC 
  22. Asmelash, Leah. «How Karen became a meme, and what real-life Karens think about it». CNN 
  23. «The Karen in Chief». The Atlantic (em inglês)  |nome2= sem |sobrenome2= em Authors list (ajuda)
  24. Queen, Robin. «How 'Karen' went from a popular baby name to a stand-in for White entitlement». The New Zealand Herald (em inglês) 
  25. Rahman, Khaleda. «Scientist's "Space Karen" response to Elon Musk goes viral». Newsweek (em inglês) 
  26. Geske, Dawn. «Why Elon Musk Is Being Called 'Space Karen' After Latest Launch». International Business Times. IBT Media 
  27. «The Internet Attempts to Name the Male 'Karen'». MSN/Audacy|Radio.com 
  28. a b Berical, Matt. «What Is the Male Version of a Karen?». Fatherly 
  29. Nagesh, Ashitha. «What exactly is a 'Karen' and where did the meme come from?». BBC News. BBC 
  30. Jaynes, Gerald David (2005). Encyclopedia of African American society, Volume 2. [S.l.]: Sage Publications. 551 páginas. ISBN 9780761927648 
  31. «Florida singer apologizes after telling Asian nail salon worker to go back to her country». NBC News (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2021 
  32. «NYPD releases new video of woman who falsely accused Black teenager of stealing her phone». The Independent (em inglês). 1 de janeiro de 2021. Consultado em 26 de julho de 2021 
  33. «SF 'Karen' Filmed Confronting Pacific Heights Man Over Writing 'Black Lives Matter' on His Property». web.archive.org. 19 de setembro de 2020. Consultado em 26 de julho de 2021 
  34. Haasch, Margot Harris, Palmer. «Videos of people labeled 'Karens' have flooded the internet, drawing curiosity, condemnation, and criticism. Here's how they took over our feeds during quarantine.». Insider (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2021 
  35. «Opinion: Karen is not the equivalent of the N-word for white women. If you're offended, you might be one». The Independent (em inglês). 8 de abril de 2020. Consultado em 26 de julho de 2021 
  36. «How the Karen Meme Confronts History of White Womanhood». Time (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2021 
  37. «The 'Karen' meme is everywhere – and it has become mired in sexism». the Guardian (em inglês). 13 de abril de 2020. Consultado em 26 de julho de 2021