Lagosta-sapata[3] (nome científico: Bathyarctus ramosae) é um camarão da família dos escilarídeos (Scyllaridae).[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLagosta-sapata
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Estado de conservação
Espécie deficiente de dados
Dados deficientes (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Superclasse: Multicrustacea
Classe: Malacostraca
Subclasse: Eumalacostraca
Superordem: Eucarida
Ordem: Decapoda
Subordem: Pleocyemata
Infraordem: Achelata
Família: Scyllaridae
Subfamília: Scyllarinae
Género: Bathyarctus
Espécie: B. ramosae
Nome binomial
Bathyarctus ramosae
(Tavares, 1997)
Sinónimos
Scyllarus ramosae (Tavares, 1997)[2]

Identificação editar

Bathyarctus ramosae é conhecido apenas de sua localidade tipo, de 290 a 350 metros fora da costa do estado do Espírito Santo, no Brasil. Recebeu o epíteto específico ramosae em homenagem a Jeanete Maron Ramos, reitora da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, em reconhecimento por seu apoio ao estudo da biodiversidade do Brasil.[4] Seu basônimo foi Scyllarus, mas mais adiante foi transferido ao gênero Bathyarctus.[2]

Descrição editar

Carapaça editar

Scyllarus ramosae é muito próxima de Scyllarus faxoni, que ocorre nas águas do Caribe. Sua carapaça tem rostro rombudo, ligeiramente contraído atrás da ponta. O dente rostral é pequeno e arredondado e o dente pré-gástrico é bem desenvolvido, com tubérculos quase contíguos. O dente gástrico é afiado e maior do que o pré-gástrico, adornado com vários pequenos tubérculos arredondados.[5] O dente cardíaco é forte e afiado, posicionado imediatamente atrás do sulco cervical, com pequenos tubérculos baixos. O dente cardíaco é seguido por três pares de tubérculos baixos, um par atrás do outro; o último par é rodeado por vários pequenos. A crista submediana anterior têm poucos tubérculos pequenos, e entre as cristas submediana e branquial anterior há alguns tubérculos arredondados. A crista submediana posterior apresenta tubérculo distinto circundado por vários tubérculos baixos, enquanto a crista branquial posterior é formada por uma fileira longitudinal de cerca de nove tubérculos, que se iniciam atrás do sulco cervical e se estendem para trás quase até a marge posterior da carapaça. O primeiro tubérculo da crista branquial posterior, que é grande, agudo e coberto por pequenos grânulos, é por cerca de oito tubérculos menores.[6]

Exceto pelo tubérculo baixo localizado quase entre as cristas branquiais anterior e posterior, o sulco cervical não apresenta tubérculo. A crista branquial anterior é terminada anteriormente em um espinho afiado muito grande e a margem anterior da carapaça é terminada lateralmente no um dente agudo. A margem lateral da carapaça se divide em três partes: anterolateral, mediolateral e posterolateral. A parte anterior é armada com cerca de cinco dentes anterolaterais; o primeiro é muito grande e afiado e é seguido por cerca de quatro dentes menores. O primeiro dente mediolateral é grande e afiado, mas menor que o primeiro dente anterolateral; atrás dele há três pequenos dentes agudos. A parte posterolateral é composta por cerca de dez dentes agudos, com o primeiro maior e mais pontiagudo. A órbita tem bordas suaves e sua margem interna encontra o primeiro dente da crista branquial anterior. A extremidade anterior da margem orbital é armada com pequeno dentro triangular. Entre o ângulo formado pela crista branquial anterior e a margem posterior da órbita, há uma fileira transversal de quatro pequenos tubérculos e não há tubérculos imediatamente atrás da margem lateral da órbita. A crista intercervical mostra um grupo de cerca de doze tubérculos rombudos, às vezes fundidos. Não há dente dente intestinal e o sulco marginal é profundo e liso. Imediatamente atrás dele, há uma fileira transversal de tubérculos baixos, muitas vezes fundidos, e não apresenta dente posteromedial.[7]

Antena e antênula editar

A margem anterior do somito antenular se divide em três lóbulos; o mesial é mais produzido e mais nítido que os lóbulos laterais. O último segmento antenal possui sete dentes: os primeiros três da margem interna são agudos, e os seguintes são progressivamente arredondados em direção à margem externa. A margem anterior do quinto segmento antenal tem espinho agudo no ângulo interno e um pequeno dente agudo colocado quase no ângulo externo. A superfície superior do quarto segmento antenal tem duas cristas: a mediana e a adicional, muito mais curta que a mediana; a mediana possui tubérculo bem desenvolvido na base. A parte basal da crista adicional apresenta tubérculo contíguo ao botão na margem anterior da órbita. A margem externa do quarto segmento antenal está munido de quatro dentes afiados, dois dos quais localizados atrás da crista adicional. A margem interna é provida com cerca de oito dentes e a parte interna da margem anterior do segmento antenal dois e três é armado com dente afiado.[8]

Esterno torácico e pereópodes editar

O esterno torácico têm ângulos anterolaterais no quarto esternito produzidos para frente além da margem anterior e um tubérculo arredondado distinto imediatamente atrás da margem anterior. Os esternitos pertencentes a P2-4 têm fortes tubérculos arredondados nas partes centrais e o sétimo esternito é armado com tubérculo afiado. O quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo esternitos são lisos. Do segundo ao quinto esternito há pleópodes e exópodes lamelados providos de pelos curtos ao longo das margens. Os endópodes são muito mais longos e estreitos do que os exópodes, e dotados de apenas alguns pelos longos. O primeiro pereópode é mais pesado que as pernas seguintes. O segundo, terceiro e quarto pereópodes são semelhantes e o quinto é menor e mais esbelto do que os anteriores. O dáctilo tem quase três quartos do comprimento do própodo e apresenta aspecto delgado, com sulco muito raso nas superfícies lateral e ventral, e não é quelado. O própodo é provido de uma franja de cerdas bastante densas ao longo da superfície ventral e não apresenta sulco. O carpo é curto, com poucas cerdas na face mesial e lido ventralmente. O mero é forte, mostrando sulco raso na superfície lateral, e é provido de franja ventral de cerdas esparsas. A parte ventral do mero é densamente coberta com franja de cerdas. As franjas são mais esparsas dorsalmente.[8]

Abdome editar

O primeiro somito abdominal tem fileira transversal de tubérculos baixos, atravessando apenas as partes centrais do tergo, e as partes laterais são lisas. A pleura é muito pequena, terminando em dente triangular curto. Do segundo ao quinto somito abdominal apresenta carena mediana distinta. O tergo do segundo ao quinto somito abdominal é armado lateralmente com três grandes escamas. A margem posterior do quinto tergite abdominal armado com espinho forte e agudo. A pleura do segundo ao quarto somito termina em ponto espinhoso muito grande e pontiagudo direcionado posteriormente. A margem posterior desta pleura é armada com pequenos dentes. Já a pleura do quinto somito é armada com dois grandes dentes triangulares afiados na margem posterior.[8]

Conservação editar

Em 2005, foi classificado como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[9] Em 2011, foi registrado na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) sob a rubrica de "dados insuficientes".[1] Em 2018, foi classificado como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[3][10]

Referências

  1. a b Chan, Tin-Yam (2011). «Bathyarctus ramosae». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2011: e.T185013A8347846. doi:10.2305/IUCN.UK.2011-1.RLTS.T185013A8347846.en . Consultado em 1 de maio de 2022 
  2. a b c Chan, Tin-Yam (24 de fevereiro de 2009). «Scyllarus ramosae Tavares, 1997». World Register of Marine Species (Worms). Consultado em 30 de abril de 2022 
  3. a b «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  4. Tavares 1997, p. 716 e 719.
  5. Tavares 1997, p. 716 e 718.
  6. Tavares 1997, p. 718.
  7. Tavares 1997, p. 718-719.
  8. a b c Tavares 1997, p. 719.
  9. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  10. «Bathyarctus ramosae (Tavares, 1997)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 

Bibliografia editar