Laura Veridiana Castro e Almeida

escritora portuguesa

Laura Veridiana Castro e Almeida (São Pedro, Funchal, 7 de Novembro de 1870 - São Pedro, 13 de Fevereiro de 1964) foi uma escritora portuguesa, natural da Ilha da Madeira. Usava como pseudónimo literário Maria Francisca Teresa.[1]

Laura Veridiana Castro e Almeida
Laura Veridiana Castro e Almeida
Nascimento 7 de novembro de 1870
São Pedro
Morte 13 de fevereiro de 1964
São Pedro
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação escritora, tradutora

Laura Veridiana nasceu na cidade do Funchal, na freguesia de São Pedro, a 7 de Novembro de 1870, filha de D. Francisco Xavier de Castro e Almeida, natural de Goa, na então Índia Portuguesa, e de Maria Antónia de Bettencourt Pestana, natural do Funchal.[2]

Cursou o liceu do Funchal, casando no Funchal em 1918 com o escritor e jornalista José Feliciano Soares, natural de Vera Cruz, em Aveiro.[2]

Dedicou-se à literatura, centrando-se em trabalhos de tradução, em textos para a infância e em temas católicos.

De acordo com o Visconde do Porto da Cruz, Laura Veridiana Castro e Almeida evoluiu no Funchal num círculo de senhoras refinadas, cultas e viajadas, como a escritora Luiza Grande (1875-1945). Durante as suas estadias em Lisboa, privava com intelectuais e artistas que encontrava em casa de sua prima, Virgínia de Castro e Almeida (1874-1945), ou na de Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921).[1]

Coordenou, no lapso de tempo que medeia outubro de 1927 e as vésperas da chamada “Revolta da Madeira”, em 1931, a secção quinzenal “Notícias Infantil” no Diário de Notícias do Funchal, então dirigido pelo marido, Feliciano Soares. Essa secção infanto-juvenil apresentava anedotas, adivinhas, poesias e sugestões de leitura.[1]

Morreu na freguesia de São Pedro, no Funchal, a 13 de Fevereiro de 1964.[2]

Análise

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No contexto da literatura portuguesa para a infância do primeiro quartel do século XX, os três livros de Maria Francisca Teresa inscrevem-se na linha dos textos que vão apelar, como era prática corrente das autoras de ficção infantil da época, a um realismo quotidiano que instala a criança num universo que ela conhece e com o qual se encontra familiarizada. A intencionalidade didática da escritora revela-se nas situações e nos diálogos ilustrativos dos princípios ideológicos das famílias favorecidas desse período, com discursos de pendor moralizante, através dos quais se faz uma apologia das virtudes cristãs, visando moldar a consciência e o carácter dos jovens.[1]

As obras Em Casa da Avó – na Ilha da Madeira (provavelmente o primeiro livro de literatura infanto-juvenil que tem como cenário a Madeira), Como Chica Conheceu Jesus e O Querido Tio Gustavo apresentam, no seu frontispício, a menção “livro para crianças”. Dos três volumes, apenas o segundo não é ilustrado.[1]

Podemos situar esta escritora “naquele movimento que esteve na origem do segundo grande fôlego da história descrita para a infância em Portugal”, de acordo com a periodização proposta por José António Gomes (GOMES, 2010, 10). Transitando do século XIX para o século XX, Maria Francisca Teresa vai evoluir nesse período “compreendido entre 1900 e os finais da década de 30 [que] constitui, em termos de qualidade e diversidade estética, a verdadeira época de ouro da literatura para crianças em Portugal” (Ibid.).[1]

Mulher da elite burguesa letrada, Maria Francisca Teresa participou nesse movimento empenhado e relacionado com a criação de uma moderna literatura para a infância, seguindo uma linha de pensamento aberto a uma pedagogia inovadora, mas defensora dos valores sociais e religiosos tradicionais. Além do mais, o pseudónimo adotado, Maria Francisca Teresa, parece reenviar para a então popularmente conhecida Santa Teresinha de Lisieux, nascida Marie Françoise Thérèse Martin, estabelecendo-se, assim, um forte vínculo espiritual católico.[1]

Os livros de Maria Francisca Teresa reduzem a vida à descrição do quotidiano, firmado nos hábitos mais significativos das personagens (modo de expressão verbal, organização doméstica, convívios, passeios, visitas, festas, refeições, roupas, adereços e decoração da casa, entre outros), figurando, assim, traços essenciais da existência da classe alta da sociedade portuguesa nos alvores do século XX. Por via das narrações, descrições e extensos diálogos, os protagonistas prestam-se a adotar um comportamento exemplar face a modos rudes ou desprovidos de boa intenção, justificando o papel social das famílias de elite, a quem incumbe a responsabilidade de ilustrar o país.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h Santos, Thierry Proença (11 de fevereiro de 2017). «soares, laura veridiana castro e almeida». Aprender Madeira. Consultado em 12 de março de 2018 
  2. a b c Livro de baptismos de São Pedro de 1871, fº 12 e verso, Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (registo e averbamentos)

Ligações externas

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