Em cálculo com múltiplas variáveis, os limites iterados são apresentados como expressões do tipo

Temos, assim, uma expressão cujo valor depende de, ao menos, duas variáveis. Tomando o limite em relação a uma dessas variáveis, ou seja, tomando , nos aproximamos de uma expressão cujo valor depende apenas da outra e, então, tomando o limite em relação a essa outra variável, , nos aproximamos de um número, que representa um dos limites iterados para essas variáveis. O outro limite iterado é dado por .

Essa definição difere da expressão , que não é um limite iterado, mas sim um Limite Duplo. Nesse caso, o significado da expressão é que o limite da função de mais de uma variável se aproxima tanto de um determinado número L tanto quanto aproximamos do ponto . Ou seja, não envolve tomar um limite e, então, o outro, mas sim analisar o comportamento da função em torno do ponto desejado por vários caminhos.

Deve-se considerar que, em geral, os três limites acima (os dois iterados e o duplo) não levam a resultados comuns, ou seja, em geral

.

Exemplos e condições nos quais as trocas de ordem dos operadores de limite são aceitas serão analisados nas seções seguintes.

Definição formal editar

Suponha  , onde   é um espaço métrico completo e, ainda   e  , onde   e   são os conjuntos de pontos de acumulação de   e  , respectivamente. Sejam, então,   e  , chamamos de limites iterados as expressões   e  . Chamamos, ainda, de limite duplo a expressão  

Exemplos editar

Acima atentamos para o fato de que os limites iterados e duplo nem sempre tem resultados iguais. Aliás, pode-se adicionar o fato de que os limites iterados nem sempre existem. Abaixo seguem alguns exemplos de funções e o cálculo dos limites iterados relacionados a essas funções.

Sejam as funções abaixo definidas de forma que,  ,

(1)  

Temos   e  , de onde segue

  e  , ou seja

 .

.

(2)  

 , de onde  .

Mas,   e, portanto,  .

.

(3)  ,  

Temos  , mas  .

Deve-se atentar ao fato de que os limites iterados nem sempre são iguais e, mesmo que sejam, isso não é condição suficiente para garantir que o limite duplo também o seja. Tomemos o seguinte exemplo,

(4)  [1]

Oras,  , logo  

Mas o limite duplo em torno do caminho   é dado por,

 

Troca da ordem dos operadores de limite editar

Já vimos que a operação de limites não é comutativa. Existem, contato, algumas condições que permitem a troca de operadores de limites.[2]

Proposição editar

Seja   uma função de um subconjunto   em   e  , onde   são espaços métricos. Se

(i)  

(ii) para cada  

então  .

DEMONSTRAÇÃO

Como  , então, da definição,

 ,  .

Usando o fato de que   e a continuidade da função norma, então  .

Segue que  , de modo que  .

Teorema do intercâmbio de limites editar

Seja   uma função em um espaço métrico completo, onde   e   são subconjuntos dos espaços métricos   e  , respectivamente, e seja  . Se

(i)  , 

(ii)   existe uniformemente em  

então os três limites     existem e são iguais.

DEMONSTRAÇÃO

Seja   arbitrário.

De (ii) temos, pela definição

(1)  

Seja  , usando (i), segue

(2)  

Seja a vizinhança do ponto   dada na forma

  e sejam os pontos  

Da desigualdade triangular segue

  

Por (1) e (2), cada termo do lado direito da desigualdade são menores que  

Decorre disso que

    Assim, a função satisfaz o critério de Cauchy no ponto   e, como   é um espaço métrico completo, existe  .

Da proposição anterior, junto com (i), segue   e, com (ii) que   . O que conclui a demonstração.

Referências

  1. Stewart, James (2008). «Capítulo 15.2 Limites e Continuidade». Cálculo Multivariável 6ª ed. [S.l.: s.n.] ISBN 0495011630 
  2. Zoran Kadelburg; Milosav M. Marjanovi´ (2005). «Interchanging Two Limits» (PDF). THE TEACHING OF MATHEMATICS. VIII: 15-29. Consultado em 14 de dezembro de 2014