Lista de palavras galegas de origem celta

artigo de lista da Wikimedia

Esta é uma lista (não completa) de palavras galegas de origem celta, das quais também existem no português devido à sua estreita proximidade linguística. Algumas destas palavras existiam no latim como empréstimos de fontes celta, como o gaulês, enquanto que outras foram recebidas mais tarde em outras línguas, como o francês, o occitano e o castelhano. Por último, algumas dessas palavras são procedentes das línguas locais pré-romanas, isto é, do galaico. As palavras marcadas com um asterisco (*) não estão plenamente comprovadas e são por isso casos hipotéticos.

Ainda não existe uma investigação cuidadosa e sistemática sobre o léxico galego de origem celta.[1]

Lista editar

 
Leiras em Muxía.

4

 
Carro tradicional galego. As rodas são feitas de cambas; os laterais do carro são chamados chedas.
  • abanqueiro[2][3] (m.) 'cachoeira', formalmente um derivado em -arium de *abanco, do protocelta *abankos.[4][5] Relacionado co irlandês abacc, do galês afanc e do bretão avank.
  • abeneiro[6] (m.) 'amieiro', um derivado em -arium de *aben-no- 'rio (árvore)', uma formação similar no protocelta *abal-no- 'maçã-árvore' e *wer-no- 'auga (árvore)' (amieiro), relacionado co bretão auon, o galês afon e o irlandês antigo ab 'rio'.
  • agruño / abruño (m.) 'fruita produzida polo abrunheiro',[7] do protocelta *agrīnio,[4][5][8], influênciado polo latim PRUNUM 'ameixa', semelhante ao irlandês áirne, ao galês eirin 'ameixa'; relacionado co occitano agranhon, do provençal agreno, do catalão aranyó e o aragonês arañon.

Abruño e abruñeiro podem proceder diretamente do latim prunus (cfr. o abrunal asturiano).

  • albó, alboio (m.) 'alpendre, sobeira',[9] do protocelta *ɸare-bow-yo-[10], relacionado co irlandês antigo airbe 'coberto, fechado'.
  • alpendre (m.) 'coberta saliente, telheiro'.[11]
  • anaco (m.) 'parte que resulta da divisão doutra maior',[12] do celta *ann-. Da palavra galega poderia provir a castelhana añicos.[13]
  • O galego antigo ambas (f. pl.) 'augas, rios', ambas mestas (f. pl.) 'confluência',[14][15] do celta ambe[16] 'auga, rio', semelhante ao gaulês ambe 'rio', e ao irlandês antigo aub.
  • banastra (f.) 'cesta grande',[17] do francês antigo banaste, do celta *benna 'cesta'.[18]
  • banzo[2] (m.) 'degrau duma escadeira, tábuas que forram uma embarcação',[19] do protocelta *wank-yo-[4], relacionado co castelhano banzo; semelhante ao irlandês féige 'trave horizontal'.
Derivados: banza 'respaldo', banzado, banzao 'valado'.
  • barra (f.) 'plataforma superior', do protocelta *barro-,[4][5] relacionado co irlandês, galês e bretão barr 'cima, pico, cume'.
  • becerro (m.) ‘cria da vaca que tenha menos de dois anos’,[20] incerto: do protocelta *bicurru-, ou do ibero *ibicurri-[21], ou do latim *Ibex- ‘cabra livre’.
  • berce (m.) 'berço'.
  • berro (m.) 'agrião' relacionado com 'labaça', do protocelta *beru-ro-,[4][5][22][23] relacionado co castelhano berro; semelhante ao irlandês antigo biror, ao galês berwr, ao bretão antigo beror, ao francês berle (< berula ; em irlandês biolar, em bretão beler).
  • beizo (m.) ‘as duas partes carnosas que limitam a abertura da boca’,[24] do protocelta *beiccion- ‘boca de animal’, que provém de *baicciō ‘berrar’, relacionado co antigo irlandês béccim, irlandês béic ‘berro’, escocês beuc, galês beichio ‘bruar’, córnico begi ‘ornear’, bretão begiad ‘bear’, castelhano bezo ‘beiço grande’.
  • bico (m.) 'beixo', do protocelta *bekko-,[5][25][26] relacionado co bretão beg, do italiano becco e do francês bec.
Derivados: bicar, bicaño 'outeiro', bicallo (um peixe, Gadus luscus).
  • bidueiro[2] (m.) < *betūlariu, biduo (m.) < *betūlu, bidulo (m.) < *betūllu,[27] do celta *betu- ou *betū-[4][5], relacionado co castelhano biezo, co catalão beç, co occitano bèç (< bettiu); semelhante ao irlandês beith, ao galês bedw e ao bretão bezv.
Derivados: Bidueiral, Bidual 'terreo de bidueiros'.
  • billa,[2] (f.) 'espiga; vara' do protocelta *beljo- 'árvore, tronco'[28], semelhante ao irlandês antigo bille 'grande árvore, tronco d'árvore', ao manês billey 'árvore', ao galês pill 'tocón', ao bretão pil; relacionado co francês bille 'lenha, peça de madeira'.
  • bode (m.) ‘macho da cabra’,[29] do protocelta *bukko-, relacionado co francês bouc, empréstimo do holandês bok.
  • borba[2] (f.) 'lama, limo', do protocelta *borwâ-,[30] relacionado co francês bourbe 'lama'; semelhante ao irlandês bearbh 'ebulição', ao galês berw 'ebulição' e ao bretão berv 'caldo, borbulhoso'.
Derivados: borbento 'mucilaginoso'.
  • borne (m.) 'ferramenta para unir ou ramificar cabos dum aparelho elétrico',[31] do francês borne 'marco', do francês antigo bosne, bodne, do latim vulgar *bodĭna / *budĭna 'árvore da fronteira', do protocelta *botina 'tropa'.[32], semelhante ao irlandês antigo buiden e ao galês byddin 'exército' (*budīnā)
  • bosta (f.), 'excrementos sólidos do gado bovino'.[33]
  • braga[2] (f.),do protocelta *braco-,[34] relacionado co castelhano e occitano braga, co francês braie e co italiano brache.
Derivados: bragal, bragada 'massa de ovos de peixes', bragueiro.
  • braña (f.) 'pântano, prado, açude', do protocelta *bragno-,[5][35] relacionado co asturiano e cântabro braña, co catalão braina, semelhante ao irlandês brén, ao galês braen, e ao bretão brein 'podre', bréanar, braenar e breinar 'campo de barbeito'.
Derivados: brañal, brañeira, brañento 'idem'.
  • breixo[36] (m.) de *broccius,[37] do protocelta *vroiki-,[28], semelhante ao irlandês antigo froich, ao galês gwrug, ao córnico grig; relacionado co castelhano brezo, co occitano bruga e co francês bruyère.
  • O galego antigo bren (m.) 'farelo', provavelmente do provençal brem, do protocelta *brenno-,[38] relacionado co francês bran e o lombardo bren.
  • breña (f.) 'conjunto espesso de maleza ou de mato'[39] do celta *brigna- 'outeiro'.
  • bringa[40] (f.) 'talo, cana', de *brīnikā, do celta *brīnos 'cana'; semelhante ao galês brwyn 'junco', ao córnico broenn e ao bretão broen; relacionado co francês brin 'talo'.
  • brío[2] (m.) 'força, poder', do italiano brio, do occitano briu 'selvagem', do protocelta *brigos,[5] relacionado co occitano briu, co francês antigo brif 'delicadeza, estilo'; semelhante ao irlandês antigo bríg 'poder', ao galês bri 'prestígio, autoridade' e ao bretão bri 'respeito'.
  • O galego antigo busto (m.) 'gadaria, leitaria', do composto celta *bow-sto-[41] significa 'lugar com vacas', semelhante ao celtibérico boustom 'corte', ao irlandês buas 'riqueza em gado'; relacionado co português bostar e co castelán bustar
Derivatidos: bustar 'sujar com bosta'.
  • cai (m.) 'embarcadoiro', provavelmente do francéê (e por sua vez do normando) quai, do protocelta[42] *kag-yo-,[5][43][44] semelhante ao galês cae, ao córnico ke, ao bretão kae 'cobertura' e ao francês chai 'adega'.
  • callao (m.) 'pedra pequena, lisa e redonda pola erosão, calhau'[45] do protocelta *caljo,[46] relacionado co francês caillou.
  • cambiar, do latín vulgar cambiare, do protocelta *kambo-,[4][5][47] relacionado co francês changer, co occitano e castelhano cambiar, co catalão canviar, co italiano cambiare; semelhante ao bretão kemm 'intercambio', ao irlandês antigo cimb 'resgate'.
Derivados: cambio, cambiador.
  • camba[2] (f.) 'arco da roda' do protocelta *kambo-,[4][5][48] relacionado co irlandês antigo camm 'torto', co occitano cambeta 'parte do arado'.
Derivados: cambito, cambada, camballa, cambeira 'madeiro torto para pendurar peixes', cambela 'tipo de arado', cambota 'peça inferior da chaminé'.
  • camiño[2] (m.) 'caminho', do latim vulgar *cammīnus, do protocelta *kanxsman-,[5][49] relacionado co italiano cammino, co francês chemin, co castelhano camino, co catalão camí, co occitano camin ; semelhante ao irlandês antigo céimm e ao bretão cam 'passo'.
Derivados: camiñar.
  • camisa[2] (f.) do protocelta camisia.[50] relacionado co castelhano e occitano camisa, co italiano camicia e co francês chainse
  • canga[2] (f.) 'colar, jugo', do protocelta *kambika.[51][52]
  • canto (m.) 'esquina, canto', do protocelta *kanto-,[4] semelhante ao irlandês antigo cét 'soporte de pedra redonda', ao galês cant 'marco', ao bretão kant 'disco'; relacionado co francês antigo chant, co francês canton 'distrito', co occitano cant e co castelhano canto.
Derivados: recanto, cantón, acantoar, cantil.
  • carro (m.) do latim vulgar carrum, do protocelta *karro-,[4][5][53] relacionado co romeno car, co italiano carro, co francês char, co provençal car, co castelhano carro; semelhante ao irlandés carr, ao galês car e ao bretão karr.
Derivados: carreira, carregar.
  • caxigo (m.) Quercus faginea (árvore semelhante ao carvalho)',[54] de *CASSĪCOS, relacionado co castelhano quejigo, semelhante ao francês chêne (que provém de *CASSANOS), do protocelta *casso- 'trançado'.[55]
  • carballo' (m.) Quercus robur (carvalho)'[56] de *cassīcos, do celta *cassos, relacionado co irlandês cas, galês antigo cascord, francês chêne, asturiano caxigu, aragonês caixico, gascão casse.
  • cervexa[2] (f.), 'cerveja' do latim vulgar *cerevisia, de origem celta.[57] Relacionado co francês antigo cervoise, co provençal e castelhano cerveza; semelhante ao irlandês antigo coirm, ao galés cwrw e ao bretão korev.
  • cheda[2] (f.) 'lateral externo dum carro, onde as barras transversais estão fixadas', do latim medieval cleta, do protocelta *klētā,[4][5][58] relacionado co irlandês clíath 'obstáculo', co galês clwyd 'barreira, porta', co galês kloued; relacionado co francês claie 'andel', co occitano cleda, co catalão cleda 'cerco do gado' e co basco gereta.
  • choco (m.) 'lura', do protocelta *klokko-,[4][5][59] semelhante ao irlandês antigo clocc, ao galês cloch, ao bretão kloc'h; relacionado co asturiano llueca e llócara, co francês cloche 'campá', co alemão Glock.
Derivados: chocar, chocallo 'chocalho'.
  • chota (m.) 'pedaço de esterco arrancado do chão'.[60]
  • chousa (f.) terreno, parte de monte baixo delimitado e fechado.[61] Do latim clausa '(terra) fechada'.
  • colmea[2] (m.) da forma celta *kolmēnā 'feito de palha'[62] relacionado co castelhano colmena, de *kolmos 'palla', que vemos no leonês cuelmo; relacionado co galês calaf "cana, talo", co córnico kalav "palha" e co bretão kolo "talo".
  • cómaro, comareiro (m.) 'DRALG: pequena elevação de terreno de pouca extensão' possivelmente e por via semiculta do latim 'cumulus'[63] ou do protocelta *kom-ɸare-(yo)-,[5] relacionado co irlandês antigo comair 'diante de', co galés cyfair 'direção, lugar, acre'. Ou também de *kom-boros 'reunir'.[64]
Derivados: acomarar 'marcar os limites duma terra'.
  • comba (f.) 'vale, inflexião', do protocelta *kumbā,[4][5][65] relacionado co italiano comba, co francês combe, co occitano comba; semelhante ao irlandês com, coim 'cavidade torácica', co galês cwm 'conca (forma de terra)', co córnico komm 'vale pequeno, vale arvolado', co bretão komm 'vale pequeno'.
  • combarro (m.) combarrizo (m.) 'corte, alpendre',[66] do protocelta *kom-ber-o- 'juntar'.[5] Relacionado co francês medieval combres 'valado no rio para a pesca'.
  • combo (m.) (adj.) 'dobrado, curvado', do protocelta *kumbo-,[4][5][67] relacionado co provençal comb e o castelhano combo.
Derivados: combar.
  • comboa (f.) 'curral utilizado para a captura de peixes cercados na mareia baixa', do medieval combona, do protocelta *combā 'vale' ou *combos 'dobrado'.[67]
  • crica'(f.)Mactra corallina, vulva (popular)',[68] do protocelta *krīkʷā,[5] relacionado co irlandês medieval crích 'limite, suco', co galês crib 'crista' e co bretão krib 'dobrado'.
  • croa (f.) parte central e mais elevada dum castro. Lugar cuberto de pedras e elevado.
  • croio[2] (m.) 'pedra redonda', croia (f.) 'pedrinha', do protocelta *krowdi-,[4][5][69] semelhante ao irlandês antigo crúaid 'dura', ao galês cru e ao bretão kriz; relacionado co occitano croi 'cruel' e co italiano crojo.
Derivados: croio (adx.) 'feio, tosco'; croído, croieira 'praia, pedreira'.
  • crouca (f.) 'cabeça', do protocelta *krowkā-,[4][5][70] relacionado co provençal crauc 'cheio', co occitano cruca 'cabo (geografia)'; semelhante ao irlandês cruach 'pila, palheiro', co galês crug 'montículo, túmulo' e co bretão krug 'montículo, túmulo'.
Derivados: crocar 'abolar, cocar', croque 'golpe'.
  • curro (m.) 'curral, cerco', do protocelta *kurro-,[5] semelhante ao irlandês medieval cor 'círculo', corrán 'fouce', ao irlandês carr 'saliente', ao galês cwrr 'canto, bordo, bordo final'; relacionado co castelhano corro, corral.
Derivados: curruncho, currucho, currullo 'recanto', currusco 'parte sobrante do pão', curral.
 
Uma miñoca 'minhoca'.
 
Trobos ou colmeas tradicionais galegas.
 
Toxos e breixos, O Grove.
 
Engo ou irgo.
  • dolmen[71] (m.) 'dólmen'[72] do galo ou bretão *taol maen-.
  • dorna (f.) 'um tipo de barco; medição (volume)',[73] do protocelta *durno- 'punho'.[74] Semelhante ao francês médio dour, o francês dialetal dorne 'longitude tradicional que equivale ao punho duma mão', occitano dorn, 'uma presa', irlandês dorn, galês dwm e bretão dourn 'mão'.[75][76] Contudo, a forma asturiana duerna 'recipiente' exige uma forma **dorno-.
  • embaixada (f.), do provençal ambaissada, de ambaissa 'serviço, dever', do protocelta *ambactos 'servinte'[77], semelhante ao galês amaeth 'celeiro', ao córnico ammeth 'agricultura' e ao bretão antigo ambaith.
  • engo, irgo (m.) de *édgo, do latín vulgar EDUCUS, do galo odocos,[78] idem.[79] Relacionado co castelhano yezgo, co asturiano yeldu e co provençal olègue.
  • gabela (f.) 'feixe, taxa', do protocelta *gabaglā-,[80][81][82] relacionado co francês javelle, co provençal gavela e co castelhano gavilla; semelhante ao irlandês antigo gavael 'colher, captar'.
  • galga (f.) 'pedra lisa', de *gallikā, do protocelta *gallos 'pedra',[4] semelhante ao irlandês gall, ao francês galet 'gravel' gallete 'pastel simples' e ao castelhano galga.
Derivados: galgar 'talhar uma pedra para que seja simples e regular'.
  • gorar[2] 'chocar, criar (um ovo, ou uma doença)', do proto-Celtic *gʷor-,[83][84] semelhante ao irlandês antigo guirid 'quentar', ao galês e córnico gori 'criar, chocar (ovos)' e ao bretão goriñ.
Derivados: goro 'ovo incubado sem fertilizar'.
  • gubia (f.), 'goiva' do celta *gulbia, de *gulb- 'beak',[85][86] relacionado co castelhano gubia, co francês gouge, co italiano gubba; semelhante ao irlandês antigo gulba 'auillón', ao irlandês gealbhán 'pardal' e ao galês gylyf 'fouce', gylf 'pico'.
  • lándoa (f.) 'parcela sem cultivar', de *landula, derivado do protocelta *landā,[4][5][87] relacionado co irlandês antigo lann 'terra, igreja', co galês lann 'terras da igreja', co francês lande 'páramo areoso' e co provençal e catalão landa.
  • lavego (m.), lavega (f.) 'arado', from *ɸlāw-aiko-,[88] do protocelta *ɸlāwo-, relacionado co lombardo plovum, co alemão Pflug e co inglês plough.
  • laxe[2][88] (f.) 'pena lisa', da forma medieval lagena, do protocelta *ɸlāgenā,[89] relacionado co irlandês antigo lágan, láigean, co galês llain 'ponta de lança larga'; semelhante ao irlandês láighe 'enxada, pá'.
  • legua[90] (f.), do protocelta *leukā e celta leak,[91] relacionado co provençal legoa, co francês lieue, co castelhano legua; semelhante ao irlandês antigo líe (genitivo líac) 'pedra', irlandês liag
  • leira (f.) 'parcela, parte delimitada de terreno', da forma medieval laria, do protocelta *ɸlār-yo-,[5][92] semelhante ao irlandês antigo làr 'terreno', ao bretão leur 'terreno' e ao galês llawr 'chão'.
Derivados: leiro, leirar e leiroto, leiruca.
  • O galego antigo ler (m.) 'mar, costa', do protocelta *liros,[4][5] relacionado co irlandês antigo ler, co irlandês lear e co galês llyr 'mar'.
  • lousa[2] (f.), do protocelta *laws-,[93] relacionado co provençal lausa, co castelhano losa e co francês losenge 'diamante'.
Derivados: enlousar e lousado.
  • marulo (m.) 'rapaz gordo, grande', de *mārullu,[94] diminutivo do protocelta *māros 'grande, enorme', semelhante ao galês mawr e ao bretão meur.
  • meniño (m.) 'menino', do medieval mennino, o protocelta *menno-,[5] semelhante ao irlandês antigo menn 'rapaz', ao irlandês meannán, ao galês myn e ao bretão menn.
Derivados: meniñez.
  • miñoca (f.), 'minhoca' (dialetal mioca, miroca), do medieval *milocca, do protocelta *mîlo-,[4][5] semelhante ao asturiano milu, merucu e ao irlandês, galês e bretão mil 'animal'.
  • olga (f.), do protocelta *ɸolkā,[95][96][97] relacionado co francês ouche e co provençal olca. Porém *ɸolkā deve dar lugar a **ouca.
  • peza (f.), do latim vulgar *pettia, do galo petsi, do protocelta *kʷezdi,[5][98][99] relacionado co italiano pezza, co francês pièce, co castelhano pieza; semelhante ao irlandês antigo cuit, ao irlandês cuid, ao galês peth 'cousa' e ao bretão pez.
Derivados: empezar 'começar'.
  • rego (m.), rega (f.), do protocelta *ɸrikā,[100][101][102], semelhante ao galês rhych, ao bretão reg e ao gaélico escocês riach; relacionado co francês raie, co occitano e catalão rega, e co basco erreka.
Derivados: derregar, regato.
  • rodaballo[2] (m.), 'pregado' da forma composta celta *roto-ball-jo-,[103] que significa 'estremos redondos', semelhante ao irlandês roth 'roda', ao galês rhod, ao bretão rod e ao irlandês ball 'membro, órgão'.
  • saio [104] (m.) e saia (f.), da forma medieval sagia, duma forma celta antiga e também do latim sagum 'túnica'.[105]
  • seara, senra (f.) 'campo sementado recentemente, pero que deixa-se em barbeito', da forma medieval senara, compêndio celta de *seni- 'além, separado' (do irlandês antigo sain 'só', do galês han 'outro') e *aro- 'terra arada'[106] (do galês âr e do irlandês ár 'terra arada'). Correspondem co leonês senara e co castelhano serna.[76]
  • tasca (f.) e tascón (m.), 'espadela', relacionado co gálata taskós 'paridade'.[107]
  • tol e tola[108] (m.), (f.) 'canal de irrigação', do protocelta *tullo- 'furado, perforado',[28], semelhante ao irlandês toll 'cova, oco', ao galês twll 'cova', ao bretão toull 'fenda'; relacionado co castelhano tollo, co catalão toll e o francês antigo tolon 'outeiro, terra alta'.
  • tona (f.) 'capa gorda do leite', do protocelta *tondā,[5][109][110] relacionado co irlandês antigo tonn e co galês tonn.
Derivados: toneira[111] 'pota para obter a manteiga do leite'.
  • toxo (m.), do celta *togi-,[112] semelhante ao castelhano e gascão toja e ao francês tuie.
Derivados: fura-toxos, toxa, toxedo, toxa, toxeira.
  • trosma[113] (m.) 'pouco ajeitado, parvo', do protocelta *trudsmo- ou *truksmo- 'forte'[114], semelhante ao irlandês antigo tromm e ao galês trwm.
  • trado, trade (m.), 'ferramenta destinada à perforação' do protocelta *taratro-,[4][5][115] relacionado co irlandês tarathar, co galês taradr, co bretão tarar, co occitano taraire, co catalão taradre, co castelhano taladro, co francês tarière e do romanche tarader.
Derivados: tradar.
  • tranca (f.), tranco (m.), do protocelta *tarankā,[116][117] relacionado co castelhano tranca, co francês taranche, co provençal tarenco; semelhante ao irlandês antigo tairinge, ao irlandês tairne e ao gaélico escocês tairnge.
Derivados: taranzón < *tarankyon-, tarangallo, trancar.
  • trebo, trobo (m.), da forma medieval trebano, do protocelta *trebno-,[5] semelhante ao irlandês antigo treb 'celeiro', ao córnico tre 'casa; vila', ao galês tref 'vila'; semelhante ao asturiano truébanu, e ao provençal trevar.
  • trencha, trincha (f.), 'ferramenta para desbastar a madeira', do celta *trenco[118][119] 'curto'.
  • trincar 'cortar cos dentes'[120] incerto: do gaulês *trincare- 'cortar', também é possível que venha do latim *trinicāre- 'cortar em pedaços', relacionado co catalão e antigo provençal trencar, francês trancher.
  • trogo (m.) 'tristura, ansiedade, mágoa', do protocelta *trougos,[4][5] semelhante ao irlandês antigo tróg, ao irlandês trogha, ao galês tru 'miserento', ao bretão tru 'miserento'; relacionado co português trolho, co castelhano truhan e co francês truand 'esmoleiro'.
  • trollo (m.), 'lameiro', do celta tullon 'oco'.[121]
  • varga[122] (f.) 'cabana; parede feita de caniços; valado', do celta *wraga,[123][124] relacionado co castelhano varga 'cabana' e do francês barge, semelhante ao irlandês fraigh 'parede trançada, telhado'.
Derivados: vargo 'estaca que se crava na terra para construir um valado'; varganzo, vargado 'valado ou cerrado feito de vargos'.
  • vascullo (m.) 'feixe de palha; vassoira', do protocelta *baski- 'feixe',[5] relacionado co gascão bascojo 'cesta', do asturiano bascayu 'vasoira' e do bretão bec'h 'embalagem, carga'.
  • vasalo (m.), 'vassalo', do latim vulgar vassalus, do protocelta *wasto-,[5][125] relacionado co francês vassal, co castelhano vasallo, co irlandês medieval foss 'servente', co galês gwas 'servente; rapaz', bretão gwaz.
  • verea (f.) 'caminho largo, vereda', da forma medieval vereda, do celta *uɸo-rēdo-,[126][127], relacionado co castelhano vereda 'caminho'; semelhante ao galês gorwydd 'corcel', co latim vulgar veredus 'cavalo', ao francês palefroi 'corcel' (< *para-veredus).
  • xenreira (f.) 'ódio, zuna', do celta *senasra 'ódio hereditário'.[128]
  • xouba (f.) 'pequena sardinha'.

Referências editar

Bibliografia
  1. Bascuas López, Edelmiro (2006). La Diosa Reve y los trasancos. [ligação inativa] Estudios Mindonienses (22): 801-842.
  2. Bascuas López, Edelmiro (2008). La hidronimia de Galicia. Tres estratos: paleoeuropeo, celta y latino. [ligação inativa] Estudios Mindonienses (24): 521-550.
  3. Carvalho Calero, Ricardo (1976). Gramática elemental del gallego común. Galaxia. ISBN 84-7154-037-1. Google Books (em castelhano)
  4. Coromines, J. (1997). Breve diccionario etimológico de la lengua castellana. Gredos. ISBN 978-84-249-3555-9.
  5. Donkin, T. C. (1864). An etymological dictionary of the Romance languages; chiefly from the Germ. of F. Diez. Williams and Norgate. Online at the Internet Archive.
  6. Mariño Paz, Ramon (1998). Historia da lingua galega. Sotelo Blanco. ISBN 84-7824-333-X.
  7. Matasovic, R. (2009). Etymological Dictionary of Proto-Celtic. Brill. ISBN 90-04-17336-6.
  8. Meyer-Lübke, W. (1911). Romanisches etymologisches Wörterbuch. Carl Winter's U. Online at the Internet Archive.
  9. Moralejo, Juán J. (2007) Callaica Nomina. A Coruña: Fundación Barrié. 2007. ISBN 978-84-95892-68-3.
  10. Prósper, Blanca María (2002). Lenguas y religiones prerromanas del occidente de la península ibérica. Ediciones Universidad de Salamanca. ISBN 978-84-7800-818-6.
  11. Ward, A. (1996). A Checklist of Proto-Celtic lexical Items. Online at Scribd.

Referências

  1. cf. Koch, John T. (ed.) (2006). Celtic culture: a historical encyclopedia. [S.l.]: ABC-CLIO. 790 páginas. ISBN 1-85109-440-7 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s Mariño Paz, Ramón (1998). Historia da lingua galega 2. ed. Santiago de Compostela: Sotelo Blanco. 30 páginas. ISBN 84-7824-333-X 
  3. Prósper (2002) p. 90.
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v Ward A. (1996), s.v.
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai Matasovic R. (2009), s.v.
  6. Bascuas, Edelmiro (2002). Estudios de hidronimia paleoeuropea gallega. Santiago de Compostela: Universidade, Servicio de Publicacións e Intercambio Científico. pp. 257–262. ISBN 84-9750-026-1 
  7. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  8. cf. Meyer-Lübke 294.
  9. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  10. Ward A. (1996), s.v. AREBOWION.
  11. «CURSO DE GALEGO PRÁCTICO». www.laopinioncoruna.es. Consultado em 6 de julho de 2016 
  12. «Anaco». p. Real Academia Galega. Consultado em 5 de janeiro de 2016 
  13. «Añicos». p. Real Academia Española. Consultado em 5 de janeiro de 2016 
  14. Bascuas, Edelmiro (2002). Estudios de hidronimia paleoeuropea gallega. Santiago de Compostela: Universidade, Servicio de Publicacións e Intercambio Científico. 212 páginas. ISBN 84-9750-026-1 
  15. Moralejo (2007) p. 50.
  16. Matasovic R. (2009), s.v. *abon-
  17. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  18. Remacle, Louis (1997). Etymologie et phonétique wallonnes : Questions diverses. Liège: Faculté de Philosophie et Lettres de l'Université de Liège. pp. 15–21. ISBN 978-2-87019-267-2 
  19. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  20. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  21. «bezerro». infopédia. Consultado em 1 de julho de 2016 
  22. Meyer-Lübke 1054
  23. Donkin (1864), s.v. berro
  24. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  25. Ward A. (1996), s.v. BECLOS
  26. Meyer-Lübke 1013
  27. Meyer-Lübke s. v. *betulus, *betullus
  28. a b c Matasovic (2009) s.v.
  29. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  30. Ward A. (1996), s.v. BORWOS
  31. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  32. Meyer-Lübke 1235
  33. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  34. Meyer-Lübke 1252
  35. Ward A. (1996), s.v. MRAKNOS
  36. Báscuas (2006) p. 134.
  37. Cf. Coromines (1973) s.v. brezo.
  38. Meyer-Lübke 1284
  39. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  40. Coromines (1973) s.v. brizna.
  41. Matasovic R. (2009), s.v. *bow-
  42. «cais». infopédia. Consultado em 5 de julho de 2016 
  43. Ward A. (1996), s.v. KAGOS
  44. Meyer-Lübke 1480
  45. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  46. «calhau». infopédia. Consultado em 5 de julho de 2016 
  47. Meyer-Lübke 1540
  48. Meyer-Lübke 1542
  49. Meyer-Lübke 1552
  50. Meyer-Lübke 1550.
  51. Meyer-Lübke 1541.
  52. «canga». infopédia. Consultado em 5 de julho de 2016 
  53. Meyer-Lübke 1721
  54. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  55. Coromines (1997) s.v. quejigo; Matasovic (2009) s.v. *casso-
  56. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  57. Meyer-Lübke 1830.
  58. Meyer-Lübke 1988
  59. Donkin (1864), s.v.
  60. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  61. «Dicionario de Dicionarios da lingua galega». sli.uvigo.es. Consultado em 6 de julho de 2016 
  62. cf. Varela Sieiro, Xaime. Léxico Cotián na Alta Idade Media de Galicia: A arquitectura civil. Santiago, 2008. ISBN 978-84-9750-781-3. pp. 205-206.
  63. Hector IGLESIAS "TOPONYMES PORTUGAIS, GALICIENS, ASTURIENS ET PYRÉNÉENS : AFFINITÉS ET PROBLÈMES HISTORICO-LINGUISTIQUES"
  64. Prósper (2002) p. 242.
  65. Meyer-Lübke 2386
  66. Varela Sieiro, Xaime (2008). Léxico cotián na alta Idade Media de Galicia : a arquitectura civil. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela. 207 páginas. ISBN 9788497507813 
  67. a b Meyer-Lübke 2387
  68. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  69. Meyer-Lübke 2338
  70. Meyer-Lübke 2340
  71. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  72. «dólmen». infopédia. Consultado em 6 de julho de 2016 
  73. Varela Sieiro, Xaime (2003). Léxico cotián na Alta Idade Media de Galicia : o enxoval. A Coruña: Do Castro. pp. 293–294. ISBN 84-8485-120-6 
  74. Matasovic R. (2009), s.v. *durno-
  75. Meyer-Lübke 2754
  76. a b «Toponimia maior da parroquia de Taragoña (Rianxo, O Barbanza). Estudo etimolóxico». p. USC revistas. Consultado em 18 de junho de 2016 
  77. Meyer-Lübke 448.
  78. «Marcellinus De Medicamentis, 7.13» 
  79. Cf. Coromines (1997) s.v. yezgo
  80. Ward A. (1996), s.v. GABIT
  81. Matasovic R. (2009), s.v. *gab-yo-
  82. Meyer-Lübke 3627
  83. Ward A. (1996), s.v. GORIT
  84. Matasovic R. (2009), s.v. *gwer-o-
  85. Matasovic R. (2009), s.v. *gulb-
  86. Meyer-Lübke 3911
  87. Meyer-Lübke 4884
  88. a b Búa, Carlos (2007). Dieter Kremer, ed. Onomástica galega: con especial consideración da situación prerromana : actas do primeiro Coloquio de Trier 19 e 20 de maio de 2006. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela. 34 páginas. ISBN 978-84-9750-794-3 
  89. Ward A. (1996), s.v. LĀGENĀ
  90. Coromines (1973) s.v. legua.
  91. «légua». infopédia. Consultado em 5 de julho de 2016 
  92. cf. Meyer-Lübke 4911.
  93. Cf. Matasovic (2009), s.v. Lîwank-.
  94. Moralejo Laso, Abelardo (1981). «Notas acerca de algunos topónimos de la comarca de Betanzos» (PDF). Anuario Brigantino (em espanhol). 36 páginas 
  95. Ward A. (1996), s.v. OLCĀ
  96. Matasovic R. (2009), s.v. *folkā
  97. Meyer-Lübke 6050
  98. Ward A. (1996), s.v. QEZDI
  99. Meyer-Lübke 6450
  100. Matasovic R. (2009), s.v. frikā-.
  101. Ward A. (1996), s.v. RIKS.
  102. Meyer-Lübke 7299.
  103. Ward A. (1996), s.v. ROTIS
  104. Varela Sieiro, Xaime (2003). Léxico cotián na Alta Idade Media de Galicia : o enxoval. A Coruña: Do Castro. pp. 103–105. ISBN 84-8485-120-6 
  105. de Vaan, Michiel (2008). Etymological dictionary of Latin and the other Italic languages. Leiden: Brill. 534 páginas. ISBN 9789004167971 
  106. Coromines (1997) s.v. serna; Matasovic s.v. *aro-
  107. Coromines (1997) s.v. tascar
  108. Bascuas (2006) p. 151
  109. Ward A. (1996), s.v. TONDOS
  110. Meyer-Lübke 8987
  111. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  112. Ward A. (1996), s.v. TOGIT.
  113. Martins Estêvez, Higinio (2008). As tribos calaicas: proto-história da Galiza à luz dos dados linguísticos. Sant Cugat del Vallès, Barcelona: Edições da Galiza. pp. 535–537. ISBN 978-84-936218-0-3 
  114. Cf. Matasovich R. (2009) s.v. *trummo-.
  115. Meyer-Lübke 8570
  116. Matasovic R. (2009), s.v. *tarankyo-
  117. Meyer-Lübke 8585
  118. «Trencha». p. Portal das Palabras. Consultado em 17 de junho de 2016 
  119. «Trencha». p. DIGALEGO. Consultado em 17 de junho de 2016 
  120. «Dicionario-Portada - Real Academia Galega». academia.gal. Consultado em 6 de julho de 2016 
  121. «Trollo». p. DIGALEGO. Consultado em 31 de maio de 2016 
  122. «Varga». p. Real Academia Galega. Consultado em 5 de janeiro de 2016 
  123. Coromines (1997) s.v. varga
  124. «TLFi s.v. barge3» 
  125. Meyer-Lübke 9166
  126. Ward A. (1996), s.v. WORÊDOS
  127. Matasovic R. (2009), s.v. *ufo-rēdos
  128. «Xenreira». p. DIGALEGO. Consultado em 25 de maio de 2016 

Ligações externas editar