Manuel de civilité pour les petites filles à l'usage des maisons d'éducation

O Manuel de civilité pour les petites filles à l'usage des maisons d'éducation (em português: Manual de Civilidade Destinado às Meninas Para Uso nas Escolas)[1][2] é uma obra literária erótica pelo escritor francês Pierre Louÿs, escrita em 1917 e publicada postumamente e anonimamente em 1926.[3]

Assume a forma de uma paródia dos rigorosos manuais educativos da época e, portanto, é composto por pequenos conselhos (geralmente uma ou duas frases) organizados em tópicos: "Em casa", "Deveres para com a mãe", "Em classe", etc.[4] O tom da obra é afiada, até mesmo concisa, o estilo particularmente crível e tagarela. Pierre Louÿs usa a ironia prontamente para evocar os amores baratos das jovens perversas, e essa distância relativa lhe permite desprezar qualquer censura moral (incesto, pedofilia...).[5] Na verdade, estamos longe do refinamento inestimável das Canções de Bilitis, por exemplo. O Manual de civilidade é sem dúvida a obra mais subversiva de Louÿs, um verdadeiro ataque ao puritanismo burguês da Belle Époque.[6]

A título de ilustração, o "Glossário" que abre a obra contém este aviso:

Consideramos inútil explicar as palavras: boceta, fenda, bunda, montículo, pau, rabo, bolas, testículo, gozar (verbo), gozo (substantivo), ereção, masturbar, chupar, lamber, bombear, beijar, felação, comer, foder, sodomizar, ejacular, consolo, lésbica, sapatão, sessenta e nove, cunilíngua, fofura, puta, bordel. Estas palavras são familiares a todas as meninas.[7]

A edição da obra publicada na Librio está marcada como "para leitores informados". Alguns dos conselhos do livro foram ilustrados pelo cartunista Loïc Dubigeon sob o título de Manual de comportamento para o uso de garotas "grandes".[8]

Edições editar

  • Manual de Civilidade para Meninas de Pierre Louÿs, tradutor não referido. Editora &etc, Lisboa, 1980.
  • Manual de Civilidade Destinado às Meninas Para Uso nas Escolas de Pierre Louÿs, tradutor não referido. Editora Imaginário, São Paulo, 1998.

Notas

  1. Não há pontuação no título francês e, portanto, não há na tradução em português.
  2. tr. Sabine D’Estrée, A Handbook...
  3. «Manuel de civilité pour les petites filles à l'usage des maisons d'éducation». Sens Critique. Consultado em 20 de abril de 2024 
  4. «The young girl's handbook of good manners : for use in educational establishments». Stanford University Libraries. Consultado em 20 de abril de 2024 
  5. Liger, Baptiste (7 de junho de 2012). «Pierre Louÿs l'érotique». L'Express. Consultado em 20 de abril de 2024 
  6. Giard, Agnès (31 de maio de 2013). «Qui est mon vrai père?». Libération. Consultado em 20 de abril de 2024 
  7. Francês: Nous avons jugé inutile d'expliquer les mots : con, fente, moniche, motte, pine, queue, bitte, couille, foutre (verbe), foutre (subst.), bander, branler, sucer, lécher, pomper, baiser, piner, enfiler, enconner, enculer, décharger, godmiché, gougnotte, gousse, soixante-neuf, minette, mimi, putain, bordel. Ces mots-là sont familiers à toutes les petites filles.
  8. «Notice bibliographique». BnF Catalogue général. Consultado em 20 de abril de 2024 

Bibliografia editar

  • Patrick J. Kearney, A History of Erotic Literature, Parragon, 1982, ISBN 1-85813-198-7, p. 171
  • Pascal Pia, Les Livres de l'Enfer: bibliographie critique des ouvrages érotiques dans leurs différentes éditions du XVIe siècle à nos jours, C. Coulet et A. Faure, 1978, ISBN 2-902687-01-X, pp. 425, 426, 778