Maria Celina Sauvayre da Câmara

escritora portuguesa

Maria Celina Sauvayre da Câmara (Funchal, 1 de setembro de 1856 - Lisboa, 1929) foi uma escritora de literatura de viagem portuguesa, natural da Ilha da Madeira.

Maria Celina Sauvayre da Câmara
Maria Celina Sauvayre da Câmara
Nascimento 1 de setembro de 1856
Santa Luzia
Morte 1929
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Progenitores
  • João Sauvayre de Câmara Leme
  • Matilde Lúcia de Sant'Ana
Irmão(ã)(s) Matilde Sauvayre da Câmara
Ocupação escritora, escritora de viagens
Capa de De Nápoles a Jerusalém, 1899

Filha de João Sauvayre da Câmara e de Matilde Lúcia de Sant’Ana e Vasconcelos Moniz de Bettencourt, nasceu no Funchal, na freguesia de Santa Luzia, a 1 de setembro de 1856. Proveniente de uma família da aristocracia funchalense, cuja história se liga ao panorama social, político, literário e cultural da Ilha, a autora cresce num ambiente letrado, atenta à literatura e às artes. Era neta da escritora madeirense Matilde de Sant’Ana e de Vasconcelos (1805-1888), a viscondessa das Nogueiras, que publicou, em 1862, Diálogos entre Uma Avó e Suas Netas, escolhido pelo Conselho Superior de Instrução Pública para uso nas escolas.[1]

Na família da escritora não era só a avó a ter uma forte propensão para as letras: o tio Jacinto Augusto de Sant’Anna e Vasconcelos era poeta e também a sua tia-avó, Maria do Monte de Sant’Ana e de Vasconcelos, irmã do visconde das Nogueiras, colaborava na imprensa, mantinha um encontro regular de letrados em sua casa e dedicava-se à escrita, tendo publicado obras na área do romance histórico. A irmã mais nova de Maria Celina, Matilde Olímpia, destacou-se como compositora, poetisa e autora de comédia.

Maria Celina obteve considerável notoriedade no meio social e cultural português, como o comprovam as notícias publicadas no Diário Illustrado, de Lisboa, na secção “High-Life”, que dão conta dos seus passeios na avenida, do seu iminente regresso de Jerusalém e da sua chegada do estrangeiro, a 11 de maio de 1898. No Diário de Notícias, aquando do seu falecimento, é descrita como “senhora madeirense das mais ilustres pelo sangue, pelo espírito, pela inteligência”[2] Viajante pela Europa e Médio Oriente, era conhecida pelo seu carácter cosmopolita.

Em 1899, publicou, em Lisboa (pela Imprensa de Libanio da Silva), De Nápoles a Jerusalém: Diário de Viagem, relato das lembranças e impressões de uma longa viagem que tinha levado a autora da cidade italiana de Nápoles a Jerusalém (passando por Alexandria, Cairo e Jafa). Como escreve Luísa Antunes Paolinelli, a "obra de Maria Celina Sauvayre da Câmara insere-se no ambiente social e cultural do séc. XIX, quando a viagem começa a fazer parte do mundo da mulher, com o surgimento da ideia de “tempo livre” (na segunda metade do século) e da viagem pedagógica, o grand tour– longa viagem de “educação” e “europeização” das camadas mais elevadas da sociedade, que incluía paragens em Londres, Paris, Bruxelas, Roma –, iniciando-se, assim, o turismo feminino."[1] Misto de diário de viagem turístico e de diário de peregrinação, o livro da escritora madeirense contém recomendações de viagem, apontamentos sobre os monumentos, as paisagens, as gentes, os costumes, bem como uma outra parte em que se dedica à descrição dos espaços simbólicos do cristianismo.

Referências

  1. a b Antunes Paolinelli, Luísa (16 de janeiro de 2017). «câmara, maria celina sauvayre da - Aprender Madeira». Aprender Madeira 
  2. s. autor (28 de fevereiro de 1929). «Falecimento Maria Celina Sauvayre da Câmara». DNM 

Bibliografia

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  • CHAVES, Vania et al., As Senhoras do Almanaque: Catálogo da Produção de Autoria Feminina, Lisboa, CLEPUL/Biblioteca Nacional de Portugal, 2014;
  • Diário Illustrado, 18 dez. 1892;
  • Diário Illustrado, 1 maio 1898;
  • Diário Illustrado, 11 maio 1898;
  • DNM, 28 fev. 1929;
  • GOMES, A. F., “Algumas Notas sobre os Poetas das ‘Flores da Madeira’”, Das Artes e da História da Madeira, vol. III, n.º 15, Funchal, 1953, pp. 20–24;
  • MACEDO, L. S. Ascensão de, Da Voz à Pluma: Escritoras e património documental de autoria feminina de Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde: guia biobibliográfico, [Ribeira Brava]: Ed. de autor, 2013, s. v. [399]. DOI: 10.13140/RG.2.1.4595.1607;
  • OSÓRIO, Helena de Azevedo, Impressões sobre a Arte e o Património nas Cidades Europeias mais Visitadas por Viajantes Portugueses (Londres, Madrid, Nápoles e Paris): Notas para o Estudo de Uma Sensibilidade Estética (1860-1910), Tese de Doutoramento em História da Arte apresentada à Universidade de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela, texto policopiado, 2014;
  • PATO, Bulhão, Memórias, Homens Políticos, t. II, Lisboa, Typ. da Academia Real das Sciencias, 1894;
  • PORTO DA CRUZ, Visconde do, Notas e Comentários para a História Literária da Madeira, vols. II e III, Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 1915-1953;
  • SILVA, Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo de, Elucidário Madeirense, 4.ª ed., vol. I, Funchal, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1978.

Ligações externas

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