Maria Dimpina Lobo Duarte

Maria Dimpina Lobo Duarte (Cuiabá, 15 de maio de 1891[1] - 10 de dezembro de 1966) foi a primeira funcionária pública do estado de Mato Grosso[2].

Maria Dimpina
 
Maria Dimpina
Nome completo Maria Dimpina Lobo Duarte
Nascimento 15 de maio de 1891
Cuiabá - Mato Grosso
Nacionalidade Brasileira
Ocupação Professora, redatora, educadora, editora, diretora, funcionária pública

Popularmente conhecida como Professora Maria Dimpina, formou-se em Ciências e Letras muito jovem, com apenas 18 anos e se dedicou ao magistério, lecionando na Escola Modelo Barão de Melgaço. Mais tarde, fundou o Colégio São Luiz (instituição particular), onde era proprietária, diretora e professora. Em sua adolescência, foi a primeira mulher a estudar na tradicional escola Liceu Cuiabano (onde, até então, só estudavam rapazes). Foi, também, uma das fundadoras da revista feminina A Violeta, que circulou entre 1916 e 1950 e funcionária dos Correios por determinado período.

Maria Dimpina era integrante da elite cuiabana, era casada e possui diversos escritos demonstrando como valorizava sua família. Seu marido foi funcionário dos Correios. Em determinado período, foi transferido para outra cidade do estado de MT, o que gerou um grande problema: Dimpina teria que abandonar seu trabalho para acompanhá-lo ou permanecer em Cuiabá, distante dele. De pronto, ela escreveu uma carta ao presidente Getúlio Vargas para expressar seu descontentamento, que era comum a muitas mulheres brasileiras. Sensibilizado pela situação, o presidente determinou que o casal permanecesse em Cuiabá e criou uma lei para garantir que todas as funcionárias públicas federais pudessem acompanhar seus maridos em caso de transferência sem perder o emprego. Esse direito ao exercício provisório em caso de deslocamento do cônjuge está atualmente estabelecido no artigo 84, parágrafo 2º da Lei 8.112/1990. [3]

Trajetória

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Na revista A Violeta, Maria Dimpina atuava como redatora e escrevia, entre outros textos, crônicas para o periódico. Nessas crônicas, além de relatar a vida cotidiana de Cuiabá, ela lutava por “melhorias nas condições educacionais das mulheres mato-grossenses”[4]. Sua perspectiva como educadora certamente moldou sua defesa pela educação e profissionalização das mulheres. Em suas palavras, “A educação da mulher deve ser uma das primeiras preocupações do governo.” Como cronista, ela advogava que às mulheres fosse concedido o direito de se profissionalizar.

O esforço de Maria Dimpina para fundar a Escola Doméstica em Cuiabá também se refletiu em seus escritos, e a instituição foi estabelecida em 1946. Entre os aprendizados propostos na Escola Doméstica, destacam-se jardinagem, cuidados pessoais de higiene, desenho, música e costura.

A educadora Maria Dimpina era uma mulher religiosa que valorizava, acima de tudo, a estrutura familiar. Nessa estrutura encontram-se as relações entre o casal (marido e mulher) e filhos, envolvendo equilíbrio entre fidelidade, cuidados e afetos. Apesar de se enquadrar na estrutura patriarcal de relações, Dimpina acreditava que a mulher tinha total legitimidade para buscar instrução sempre que fosse possível, mesmo que para a sociedade da época parecesse atípico.

É indiscutível o posicionamento dito feminista de Maria Dimpina na defesa da educação das mulheres, mesmo que de maneira discreta. Sua atuação como redatora e cronista da revista foi essencial para o compartilhamento de suas ideias. Por um longo período, foi a principal porta-voz das mulheres mato-grossenses, destacando-se na luta pelo direito ao voto e por outros direitos femininos.

Homenagem

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Três anos após seu falecimento, por suas contribuições à sociedade mato-grossense, a Prefeitura Municipal de Cuiabá homenageou-a ao dar seu nome a uma escola no bairro Coxipó da Ponte e a uma rua no bairro Boa Esperança.[5]

Referências

  1. «Maria Dimpina Lobo Duarte (1891 – 1966)». Memória Feminista Antirracista. Consultado em 27 de julho de 2024 
  2. «Maria Dimpina Lobo Duarte (1891-1966) – Mulher 500 Anos Atrás dos Panos». 13 de março de 2018. Consultado em 27 de julho de 2024 
  3. Moura da Silva, G., & Vieira Campos Ferreira , N. . (2020). Formação feminina na escola doméstica dona Júlia - Cuiabá-MT (1946-1949). Linhas Crí­ticas, 26, e31382.
  4. Moura da Silva, G., & Vieira Campos Ferreira , N. . (2020). Formação feminina na escola doméstica dona Júlia - Cuiabá-MT (1946-1949). Linhas Crí­ticas, 26, e31382.
  5. NUMDI - Núcleo de Estudos, IFMT (14 de Janeiro de 2019). «Por que NUMDI - Maria Dimpina Lobo Duarte?». numdi.ifmt.edu.br. Consultado em 27 de julho de 2024