Generala

Burlista
(Redirecionado de Maria Teresinha Gomes)

Tito Aníbal Paixão Gomes (1933, Funchal - 2007, Alenquer), denominado coloquialmente como Generala, foi burlista e arguido num julgamento que se tornou mediático por viver quase 20 anos sob a identidade de um general do exército de sexo masculino.

Biografia editar

Gomes nasce na ilha da Madeira e recebe o nome de baptismo Maria Teresinha Gomes. Foge de casa aos 16 anos, fruto de um desgosto de amor, partindo para Lisboa, e deixa de contactar a família, que assume a sua morte. Em Lisboa, adopta o nome de Tito Aníbal Paixão Gomes, que pertencia a um irmão mais velho que morrera na infância.[1]

No Carnaval de 1974 obtém uma réplica de uniforme militar de um alfaiate do Rossio, e é então que adopta a identidade de General.[2] Faz-se passar por militar, e também por advogado, Director da CIA em Portugal e tesoureiro da embaixada dos EUA, e usa as falsas posições de autoridade para persuadir vizinhos e amigos a entregar parte das suas poupanças para investimento.[3] Promete juros elevados que nunca se realizam.[4]

Em Novembro de 1992, as autoridades detêm Gomes por usurpação de identidade e burla. Gomes é obrigado a despir-se para fotos e então identificado como sendo do sexo feminino, o que é confirmado no Instituto de Medicina Legal.[2][3] Isto causa significativa atenção mediática. Maria José Morgado é a procuradora do Ministério Público encarregada de dirigir o processo-crime por três crimes de burla que decorre no Tribunal da Boa-Hora em 1993.[2]

Vivera desde 1975 com Joaquina Costa, conhecida como Quininha, enfermeira, e companheira de Gomes até à data do seu julgamento. Costa alega durante o julgamento que dormiam em quartos separados e que não suspeitava que Gomes usasse uma identidade falsa.[1][2][4] Gomes declara que os pais lhe tinham dado uma educação repressiva e que as mulheres eram cidadãs de segunda categoria, sem liberdade. Recebe pena suspensa de três anos.[1][4]

Depois da sua sentença, retira-se para uma casa isolada em Carambancha de Cima, uma aldeia perto de Alenquer, sem qualquer forma de rendimentos, pelo que vive em quase miséria.[4][2] Para evitar a atenção mediática que rodeara o seu julgamento, cobre as janelas de casa com placas de zinco.[1]

Vive os últimos 15 anos de vida com Maria Augusta, sobrinha de Joaquina Costa. Morre em casa em 2007, e o seu corpo é encontrado em 1 de Julho desse ano. Sem ninguém que reclame o corpo, o funeral é pago pela Santa Casa da Misericórdia.[1]

Na cultura popular editar

A Generala foi uma mini-série biográfica ficcionalizada baseada na vida de Gomes, que ficou disponível em streaming na plataforma OPTO em 2020.

Referências

  1. a b c d e Mora, Miguel (18 de julho de 2007). «La Generala no tiene quien la entierre». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  2. a b c d e Martins, Rui Cardoso. «Morte duma general». PÚBLICO. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  3. a b Soyer, François, (2012). Ambiguous gender in early modern Spain and Portugal : inquisitors, doctors and the transgression of gender norms. Leiden: Brill. OCLC 811140490 – via Google Books 
  4. a b c d «Portugal's cross-dressing 'general' dies after 20 years as a man». the Guardian (em inglês). 19 de julho de 2007. Consultado em 4 de dezembro de 2020 
  Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.