Massacre na escola de Mpondwe

O Massacre na escola de Mpondwe ocorreu em 16 de junho de 2023 quando rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo jihadista supostamente vinculado ao Estado Islâmico,[1] atacaram uma escola secundária em Mpondwe, uma cidade no distrito de Kasese, no oeste do Uganda, na fronteira com a República Democrática do Congo. 42 pessoas foram mortas, incluindo 38 estudantes; 8 ficaram feridos.[2][3]

Antecedentes editar

A Escola Secundária Mpondwe Lhubiriha é um colégio interno localizado em Mpondwe, distrito de Kasese. É uma instalação de propriedade privada, construída pela ONG canadense Partnerships for Opportunity Development Association (PODA).[4] Na época do ataque de junho de 2023, 63 alunos moravam lá. De acordo com declarações da primeira-dama e ministra da Educação, Janet Museveni, a propriedade e o controle da escola eram motivo de disputa.[5][6]

Incidente editar

O ataque rebelde à escola ocorreu por volta das 23h30 EAT. Um grupo de cinco agressores incendiou o dormitório masculino e saqueou um armazém de alimentos durante a investida. Quarenta e duas pessoas foram mortas durante o ataque, incluindo 38 estudantes, um guarda escolar e três residentes locais;[7][8] de acordo com a polícia, os falecidos tinham idades entre 12 e 95 anos.[9] Dos estudantes mortos, 20 eram meninas que foram mortas a facadas, enquanto 18 eram meninos que morreram durante o incêndio criminoso.[10] Oito pessoas ficaram gravemente feridas e hospitalizadas em estado crítico. Relatórios preliminares indicaram que outras seis pessoas foram sequestradas, quase todas estudantes do sexo feminino.[11] Alguns dos corpos sofreram queimaduras extensas, necessitando de testes de DNA para fins de identificação.[6] Os agressores também confrontaram a esposa do diretor da escola em sua casa no complexo, mas como ela estava amamentando, permitiram que ela e seus filhos fugissem antes de atearem fogo à casa.[12]

Perpetradores editar

De acordo com o major-general Dick Olum, da Força de Defesa Popular de Uganda, as forças de segurança receberam informações de inteligência indicando a presença de rebeldes na zona fronteiriça do lado da República Democrática do Congo (RDC) durante um mínimo de dois dias antes do ataque. A Polícia Nacional identificou as Forças Democráticas Aliadas (ADF) como responsáveis pelo ataque.[6]

Consequências editar

Fred Enanga, porta-voz da polícia nacional, afirmou que um número significativo de corpos foi transportado para o Hospital de Bwera. As autoridades afirmaram que os soldados perseguiram o grupo, que fugiu em direção ao Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo. Além disso, o Exército do Uganda mobilizou aeronaves para ajudar na localização do grupo rebelde.[6]

Num comunicado de 19 de Junho, Enanga anunciou a detenção de 20 pessoas suspeitas de colaborar com as Forças Democráticas Aliadas, incluindo o diretor da escola. Também declarou que o número de alunos sequestrados permanecia incerto, mas era de cerca de seis.[9] No dia 21 de Junho, as forças ugandesas resgataram três dos estudantes raptados no Parque Nacional de Virunga. O porta-voz militar Felix Kulayigye disse que dois terroristas foram mortos e duas armas foram recuperadas durante o resgate. Uma mulher com dois filhos que havia sido sequestrada fora da escola também foi resgatada.[13]

O Ministério da Educação e Desportos compensou cada uma das famílias enlutadas com 5 milhões de xelins (cerca de 1.350 dólares, 1.058 libras ou 1.238 euros) para ajudá-las nas despesas funerárias. Os estudantes feridos receberam 2 milhões de xelins para ajudar a cobrir as suas despesas médicas.[14]

Reações internacionais editar

A União Africana, as Nações Unidas, a França e os Estados Unidos condenaram veementemente o ataque e apresentaram as suas condolências às famílias das vítimas.[15][16]

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, disse no seu discurso que “os responsáveis por este ato horrível devem ser levados à justiça”.[17]

Nota editar

Ver também editar

Referências

  1. West, Sunguta (31 de maio de 2019). «Has Islamic State Really Entered the Congo and is an IS Province There a Gamble?» (PDF). Jamestown Foundation. Terrorism Monitor. 17 (11): 7–9. Cópia arquivada (PDF) em 26 de julho de 2019 
  2. «Parents submit DNA samples to ID Uganda school massacre victims». Al Jazeera. 20 de junho de 2023 
  3. «Dozens killed, six abducted in an attack on Uganda school». Al Jazeera. 17 de junho de 2023 
  4. «School targeted in Uganda massacre was built with help from Canadian non-profit». CBC News. 18 de junho de 2023. Consultado em 20 de junho de 2023. Cópia arquivada em 19 de junho de 2023 
  5. Kamurungi, Elizabeth (17 de junho de 2023). «Attacked school had ownership wrangles: Janet». The Monitor 
  6. a b c d «Uganda: 25 killed by militants in school attack» (em inglês). BBC News. 17 de junho de 2023 
  7. «Ugandan border town buries victims of rebel massacre that left 42 dead, mostly students». Associated Press News. 18 de junho de 2023 
  8. Yee, Isaac; Feleke, Bethlehem; Lau, Chris (17 de junho de 2023). «ISIS-linked rebel group attacks Ugandan school, killing dozens» (em inglês). CNN 
  9. a b «Kasese attack: Police says 20 'collaborators' arrested». New Vision. 19 de junho de 2023 
  10. «Uganda school attack: What we know so far». Al Jazeera. 18 de junho de 2023 
  11. Mukiibi, Hellen (17 de junho de 2023). «ADF Attack Kasese, Over 25 Civilians Confirmed Dead». New Vision (em inglês) 
  12. Matege, Steven Denis; Amanyire, Samuel (17 de junho de 2023). «Kasese ADF attack: 'Breastfeeding saved my life'». New Vision 
  13. «Three students abducted in deadly school attack rescued by Ugandan forces». CNN 
  14. Amanyire, Samuel (18 de junho de 2023). «Kasese ADF attack: Families receive sh5m each for burial expenses». New Vision 
  15. «Uganda detains 20 rebel 'collaborators' after student massacre». Reuters. 19 de junho de 2023 
  16. «Dozens killed in militant attack on school in western Uganda». France 24 (em inglês). 17 de junho de 2023. Consultado em 20 de junho de 2023. Cópia arquivada em 19 de junho de 2023 
  17. «Families in Uganda bury their dead after school massacre». The Guardian (em inglês). Agence France-Presse. 18 de junho de 2023. ISSN 0261-3077. Consultado em 20 de junho de 2023. Cópia arquivada em 19 de junho de 2023