Mendes

Município fluminense, Brasil
(Redirecionado de Mendes (Rio de Janeiro))
 Nota: Este artigo é sobre um município brasileiro. Para a cidade da Antiguidade, veja Mendes (Antigo Egito).

Mendes é um município brasileiro do estado do Rio de Janeiro, Região Sudeste do país. Sua população estimada era de 18 614 habitantes, datada à época, em 2019.[1] Localiza-se a uma latitude 22º31'36" sul e a uma longitude 43º43'58" oeste, estando a uma altitude de 446 metros.

Mendes
  Município do Brasil  
Estação do trem - Estrada de Ferro Central do Brasil
Estação do trem - Estrada de Ferro Central do Brasil
Estação do trem - Estrada de Ferro Central do Brasil
Símbolos
Bandeira de Mendes
Bandeira
Brasão de armas de Mendes
Brasão de armas
Hino
Gentílico mendense[1]
Localização
Localização de Mendes no Rio de Janeiro
Localização de Mendes no Rio de Janeiro
Localização de Mendes no Rio de Janeiro
Mendes está localizado em: Brasil
Mendes
Localização de Mendes no Brasil
Mapa
Mapa de Mendes
Coordenadas 22° 31' 37" S 43° 43' 58" O
País Brasil
Unidade federativa Rio de Janeiro
Municípios limítrofes Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi, Piraí, e Vassouras
Distância até a capital 92 km
História
Fundação 11 de julho de 1952 (71 anos)
Administração
Prefeito(a) Jorge Henrique Costa de Oliveira[2] (SD, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [1] 95,324 km²
População total (estatísticas IBGE/2019[1]) 18 614 hab.
Densidade 195,3 hab./km²
Clima tropical de altitude (Cwa)
Altitude 446 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010[3]) 0,736 alto
 • Posição RJ 18º
PIB (IBGE/2016[4]) R$ 292 643,80 mil
PIB per capita (IBGE/2016[4]) R$ 16 158,35
Sítio www.mendes.rj.gov.br (Prefeitura)

História editar

 
Igreja Matriz de Santa Cruz

A cidade de Mendes tem origem em um simples rancho para pouso de tropas, erguido às margens do “Caminho Novo do Tinguá”, num atalho que ligava a aldeia de Valença com a cidade do Rio de Janeiro. O pequeno aglomerado, de temperatura agradável e solo fértil, começou lentamente a se desenvolver graças à constante circulação de tropeiros.

Suas primeiras e rústicas construções foram levantadas por volta de 1820, ainda na fase inicial do ciclo do café.[5] A cidade teve, originalmente, características de núcleo de apoio às atividades rurais. Segundo a tradição, a ocupação das terras teve início com a Fazenda Santa Cruz, de propriedade do Barão de Santa Cruz, transferida para a família Mendes. O Arraial dos Mendes tem seu primeiro registro em 1847 e a partir daí a vila cresceu e, por volta de 1850, passou a ser conhecida por Santa Cruz dos Mendes. A partir daí, desenvolveu-se na região o cultivo do café. A versão tradicional de que Mendes tenha sido fundada em terras da Fazenda Santa Cruz, pertencente ao Barão do mesmo nome não encontra respaldo histórico,[6] porque o 2º Barão de Santa Cruz, Bartholomeu Torquato de Souza e Silva era um pernambucano e exerceu o cargo de promotor em Pau D'Alho por volta de 1865, e que posteriormente adquiriu seu título em Portugal em 1870. Veio, portanto, a residir em Mendes muito depois da vila ter sido formada, mantendo negócios na capital, inclusive tendo sido concessionário de uma rede de bondes junto com o coronel Julio Braga. Não existe registro histórico de nenhuma Fazenda Santa Cruz, de propriedade de alguma família Mendes, mas somente da antiga Imperial Fazenda de Santa Cruz, tomada dos jesuítas pela Coroa, cujas terras foram distribuídas em Sesmaria. Já o 1º barão de Santa Cruz ganhou seu título das mãos de D. Luis, em Portugal em 1806, mas dele, Antonio Vicente Peixoto de Mendonça e Costa, não se tem notícia de ter alguma vez vindo ao Brasil, quanto mais a comprar fazendas. Outro nobre com título semelhante foi o Principe estrangeiro D. Augusto Carlos Eugênio Napoleão,duque de Leuchtenberg, genro e cunhado de D. Pedro, que dele ganhou o título de Duque de Santa Cruz, e que nunca possuiu nenhuma propriedade no Vale do Paraíba Fluminense. Dessa forma, dentre os três detentores de título de nobreza sob a alcunha de Santa Cruz, dois nunca vieram ao Brasil, e o outro só se estabeleceu no município já quase no fim da economia cafeeira na região e, mais de meio século após o surgimento das primeiras habitações, portanto, não pode ser considerado fundador ou pioneiro do município.

 
Centro da cidade

O grande crescimento da lavoura cafeeira provocou a vinda da ferrovia para a região. Em 1864, foi inaugurada a estação da Estrada de Ferro D. Pedro II. Às margens dessa ferrovia foram sendo construídas as seguintes estações: Mendes, Humberto Antunes, Martins Costa, Nery Ferreira e Morsing.

Em 1889, lá se instalou a companhia de papel Itacolomy, iniciando a fase industrial do município, onde depois surgiriam outras fábricas, como a cervejaria Teutônia, a fábrica de fósforos Serra do Mar, o Frigorífico Anglo e outras. No entanto, é com a inauguração da iluminação elétrica, ocorrida em 12 de outubro de 1912, que o município demonstra um potencial para o desenvolvimento. Desta forma, a região vivenciou duas fases distintas de desenvolvimento: a primeira ligada ao cultivo do café, no século XIX, e a segunda, no século XX, com a implantação das indústrias.

Mendes já foi parte de Piraí, Vassouras e Barra do Piraí mas, graças ao seu grande crescimento econômico, conseguiu emancipação em 1952, por força da Lei n.º 1.559, de 11 de julho daquele ano, e foi definitivamente instalado em 11 de janeiro de 1953.

A cidade situa-se após a escarpa da Serra do Mar, na borda do Planalto Fluminense.

Geografia editar

De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE,[7] o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Volta Redonda-Barra Mansa.[8] Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Vassouras, que por sua vez estava incluída na mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro.[9]

Turismo editar

Mata Atlântica editar

A exuberância da Mata Atlântica proporciona inúmeras opções de lazer rural, com seus passeios ecológicos. Trilhas levam aos mirantes Boa Esperança, do Cruzeiro, do Sítio Rancho Fundo; ao gigantesco jequitibá com 23 metros de altura e 5,95 metros de circunferência, localizado numa área particularmente agradável com açudes e belo visual. Os rios oferecem as cachoeiras do Amaral, do Hotel Cascatinha e do Sanatório. De se ressaltar ainda que a Mata Atlântica, presente em boa parte do município, favorece a exploração de muitas trilhas de turismo ecológico. As excelentes condições climáticas e paisagísticas provenientes do relevo da Serra do Mar, favorecem cada vez mais o desenvolvimento das atividades turísticas do município. Na região de Mendes, a Serra se identifica pelos vales estreitos entre elevações colinas, que se estendem com seus morros recobertos com densa vegetação.

Matriz de Santa Cruz editar

Localizada no centro da cidade, a Igreja Matriz de Santa Cruz está situada em um terreno arborizado doado pela Baronesa Adélia Vieira Nunes e pelo Barão de São Carlos, Carlos Pereira Nunes, onde encontrava-se a praça que se integrava ao belíssimo Mendes Hotel de propriedade dos mesmos. Tempos depois, com o falecimentos do Barões, tornou-se colégio comercial, e hoje centro comercial mendense.

A fundação da igreja matriz é datada de 1857, ou seja final do século XIX. A igreja é de arquitetura simples, em seu interior encontram-se quadros em gesso, retratando a via sacra, e duas imagens em suas laterais. Ao fundo, encontra-se uma cruz de um metro de comprimento, em bronze. A Igreja possui ainda, vitrais em forma de círculo e um coro de 10 metros de largura.

Prédio do SENAI editar

Um dos prédios de maior valor histórico para o município, abrigou a Cervejaria Teutônia, no final do século XIX, e o Frigorífico Anglo, de 1915 aos anos setenta.

Casa do Barão de Santa Cruz

A suposta Casa do Barão de Santa Cruz é uma construção do século XIX, e sediava uma das fazendas cafeeiras da região, pertencendo, segundo a lenda, até então ao referido Barão. Trata-se de uma construção de pavimento único coberta por telhas coloniais feitas por escravos, uma residência típica do ciclo do café.

Sede da Câmara dos Vereadores editar

Seu prédio de dois pavimentos com uma belíssima influência da arquitetura inglesa do início do século XX, sediava ali, na era industrial que tanto contribuiu para o progresso de Mendes, a inspeção Sanitária do Frigorífico Anglo. Em 1909 teve início a sua construção, sendo inaugurado em 1913, com a denominação de Cia. Frigorífica e Pastoril. Este grupo inglês comprou a antiga Cervejaria Teutônia na cidade, transformando-se em Matadouro Frigorífico. Depois do incêndio em 1967, que destruía o Frigorífico Anglo, o prédio foi reformado anos depois para abrigar o Poder Legislativo do município, preservando o valor histórico do seu aspecto externo.

Capela São José do Colégio dos Irmãos Maristas editar

Ruínas do Hotel Santa Rita editar

Foi, primeiramente, uma grande fazenda de café do Barão de Benevente, quando transformado em hotel, tornou-se famoso. Contava com luz elétrica e uma linha de bondes puxados a burro. Recebia um grande número de veranistas em busca de repouso e diversão, além de pessoas convalescentes, atraídas pela qualidade do clima. Um grande incêndio destruiu quase tudo que havia, restando apenas suas majestosas colunas, o paredão de pedras e algumas palmeiras imperiais.

Estação Ferroviária de Mendes editar

O prédio da Estação Ferroviária, inaugurado em 1911, é apontado como a imagem mais significativa de Mendes, pois foi construído para atender à grande demanda das indústrias locais que estavam em intensa atividade, além dos moradores da região. Todo construído em pinho de Riga, sua edificação representa o que houve de mais belo e bom gosto outrora e, por conseguinte, representa um período extremamente próspero do município. Esteve ativa para passageiros até 1996, fazendo parte da antiga Linha Barrinha, que ligava Japeri, na Baixada Fluminense, a Barra do Piraí, no Médio Paraíba, e era operada pela CBTU.[10]

Frigorífico Anglo editar

O surgimento do Frigorífico Anglo está interligado ao ciclo do gado, de um lado, e aos trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, do outro, ligando Barretos, o maior entreposto de bovinos do frigorífico de São Paulo. Em 1909 teve início a sua construção, sendo inaugurado em 1913, com a denominação de Cia. Frigorífica e Pastoril, abatendo no início 28.251 bovinos e 1334 suínos.

Nessa época em Londres, no tradicional mercado mundial de carnes da West Smithfeld, empresa de sucesso no ramo de carnes procurava expandir seus negócios, tendo em vista o início da guerra que eclodiu em 1914. Este grupo inglês comprou uma antiga cervejaria situada na cidade, transformando-se em Matadouro Frigorífico, constituindo-se a Brazilian Meat Company.

Mitos e Lendas editar

Sítio assombrado no bairro Gonzalês.

Bairros editar

  • Água Fria
  • Bela Vista
  • Boa Esperança
  • Centro
  • Cinco Lagos
  • Morro do Mathias
  • Coqueiros
  • Cruzeiro
  • Engenheiro Morsing
  • Estação Velha
  • Gaudência
  • Gonzalês
  • Grajaú
  • Humberto Antunes
  • Independência
  • Jabuticabeiras
  • Martins Costa
  • Nova Reta
  • Nossa Senhora Das Graças (Ventania)
  • Oscar Rudge
  • Ponte do Rocha
  • Santa Rita
  • Santa Rosa
  • Tupinambá
  • Vila Mariana

Ver também editar

Referências

  1. a b c d Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Mendes». Consultado em 27 de junho de 2019. Cópia arquivada em 27 de junho de 2019 
  2. [https://politica.estadao.com.br/eleicoes/2020/candidatos/rj/mendes
  3. Atlas do Desenvolvimento Humano (29 de julho de 2013). «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil» (PDF). Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Consultado em 29 de julho de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 8 de julho de 2014 
  4. a b Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2016). «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2016». Consultado em 27 de junho de 2019. Cópia arquivada em 27 de junho de 2019 
  5. SANTOS, Adelci Silva dos. (2012). À Sombra da Fazenda: a pequena propriedade agrícola no Século XIX. [S.l.: s.n.] ISBN 9788536238395 
  6. "Mendes, de Sant'Anna do Pirahy à Emancipação", ROZA, NILO GARCIA DA e ALMEIDA, JOVINO R. DE, 2a. edição, 2011.
  7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2017). «Divisão Regional do Brasil». Consultado em 11 de fevereiro de 2018. Cópia arquivada em 11 de fevereiro de 2018 
  8. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome IBGE_DTB_2017
  9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2016). «Divisão Territorial Brasileira 2016». Consultado em 11 de fevereiro de 2018 
  10. «Neri Ferreira -- Estações Ferroviárias do Estado do Rio de Janeiro». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 12 de agosto de 2020 

Ligações externas editar